Análise Arkade: voltando aos primórdios dos JRPGs em Asdivine Hearts

25 de janeiro de 2017

Análise Arkade: voltando aos primórdios dos JRPGs em Asdivine Hearts

Nostalgia é algo que agrega muito valor em certos games atualmente. Não é por menos que muitas produtoras investem em games com aquela cara de old-school justamente para atender a demanda de games nesse “estilo”. Sejam com gráficos estilo retrô, inspirações em grandes clássicos no passado e etc.

E quão grande é a surpresa de em pleno ano de 2017 encontrar um game que vai além disso. Que não se atém somente a simples referências ao passado, mas que literalmente volta completamente no tempo e trás exatamente o tipo de game que se encontrava décadas atrás, porém com um toque de modernidade que lhe dá ainda mais personalidade. E esse é Asdivine Hearts, um RPG totalmente old-school lançado inicialmente para Smartphones e que agora chega a família Playstation. E nós vamos agora entrar nesse mundo mágico e avaliar como o RPG da Kemco se sai!

A Luz, a Sombra e a humanidade

Análise Arkade: voltando aos primórdios dos JRPGs em Asdivine Hearts

Asdivine Hearts coloca o jogador no mundo mágico de Asdivine, um mundo prestes a testemunhar uma mudança que ninguém consegue entender. Um ano antes dos eventos do game, uma forte luz cobriu todo o mundo e logo após isso, monstros começaram a aparecer em maior quantidade e com muito mais ferocidade, e as forças da Sombra passaram a ter um crescimento anormal de poder.

E então somos apresentados aos jovens Zack Stella, dois órfãos que vivem juntos desde a infância em um orfanato e vivem uma vida tranquila. Até o momento em que toda a perspectiva de mundo que eles tem é expandida ao participarem de um evento inimaginável. Um pequeno gato selvagem que acompanhava os dois acaba sendo possuído por uma misteriosa entidade que clama ser a própria Divindade da Luz, que prevê que o mundo está prestes a entrar em colapso. Os dois amigos, duvidando das palavras do gato que repentinamente aprendeu a falar, acabam se vendo sem escolha a não ser se envolver nos eventos que se seguem e que está prestes a transformar todo o mundo em que vivem.

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E dessa forma ZackStella, o gato que recebeu o nome (a contra-gosto) de Felix e outros companheiros que encontrarão em suas viagens partem em uma perigosa missão para impedir a Divindade das Sombras, cujos planos são totalmente desconhecidos. Mas apesar dessa temática já bem conhecida de Luz contra Sombra, conforme eles progridem eles passam a descobrir mais as razões de tudo o que está acontecendo, e entendem toda uma nova complexidade para esse grandioso evento.

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O melhor de tudo é que o game não parte simplesmente da premissa de Bem x Mal, mas entrega uma história muito envolvente e cativante, que vai além desse esterótipo e em que há uma razão para o que está acontecendo, com acontecimentos surpreendentes, tramas bem desenvolvidas e um humor muitíssimo divertido. Em resumo, uma complexidade muito boa para um game que provavelmente ninguém daria valor olhando superficialmente.

Um game da década de 80 com cara de atual

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A primeira coisa que alguém pensa quando bate o olho em Asdivine Hearts normalmente é: Esse jogo parece até os primeiros Final Fantasies. E isso é a mais pura verdade. O game é basicamente como o início dessa série, em praticamente toda a sua base. Batalhas por turno com seus personagens do lado direito da tela, um Overworld extremamente simples e de visual totalmente antiquado, e personagens com pequenos sprites e animações simples.

Tudo isso está aqui, mas com uma refinação bem interessante. Os personagens mais importantes dos game possuem um belo visual estilo animê, com pequenos sprites pixelados com poucas animações. Os personagens principais do game, Zack, Stella, Felix, Uriel Celine, que foram a sua party completa, possuem sprites mais detalhados e com animações durante as batalhas, bem como os monstros, muito bem desenhados e ricos em detalhes. Além de todos os cenários extremamente simples, quase como um game feito em RPG Maker. 

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O contraponto da “antiguidade” do game está em suas mecânicas, com um sistema de batalhas bem intuitivo e que exige bastante estratégia de combate e gerenciamento da Party, o uso de jóias para se aprender magias, e um enredo muito divertido, carregado de humor e discussões hilárias entre os personagens.

Gameplay e batalhas

Jogar Asdivine Hearts é extremamente simples. Basicamente tudo o que o jogador precisa fazer é caminhar e conversar com NPCs, até entrar em uma batalha com encontros aleatórios em dungeons e no Overworld. A jogabilidade do game não podia ser mais simples, porém isso trouxe uma incômoda limitação ao game. Sua movimentação é basicamente presa a oito direções: Cima e baixo, esquerda e direita e diagonais. Porém andar na diagonal nem sempre é possível, pois o game tem certa dificuldade em reconhecer comandos para andar nessas direções.

Dentro das batalhas tudo continua bem simples. As batalhas do game são baseadas em turnos, com uma barra no topo da tela se movendo a cada turno e mostrando quem é o próximo a atacar. Cada personagem do game possui habilidades únicas. Zack é muito forte, mas só ataca inimigos na lina de frente (até aprender Skills melhores), Stella é especialmente eficaz contra inimigos voadores, Felix pode paralisar e roubar jóias de inimigos, Uriel possui grande vantagem contra inimigos do elemento luz, e Celine é excelente em causar dano massivo e status negativos.

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As Skills são habilidades únicas para cada personagem, que são aprendidas ao se subir de nível. As Skills consomem uma barra específica que se recarrega a cada turno, dessa forma esses serão os ataques mais usados pelo jogador em qualquer batalha. As Magias são aprendidas equipando os personagens com jóias elementais. No game existem apenas três elementos mágicos: Luz, Sombra Nulo. Dessa forma, cada personagem da party tem uma familiaridade melhor com um desses três elementos. Luz envolve ataques de eletricidade, habilidades de cura e boost da party. Sombra ataca com poderes explosivos e diminui os status dos inimigos, como ataque, defesa e velocidade. E Nulo envolve ataques baseados em Terra e status negativos.

Para usar as jóias, os personagens devem equipá-las num item chamado Rubix, um tabuleiro que inicialmente tem tamanho de 3 x 3, mas que é aumentando encontrando Rubix maiores. As joias possuem diversas formas diferentes, e são idênticas a peças de Tetris, quando mais poderosa a joia, maior ela é. E para equipá-las basta encaixá-las na Rubix aproveitando seus espaços vazios.

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Cada personagem ainda possui um ataque especial, chamado Trust Charge. Conforme se participa de batalhas e ataca, uma barra vai gradualmente se enchendo, e ao chegar em 100% pode ser liberada. Para usá-la, basta ativar durante o turno do personagem que você quiser usar a habilidade. Mas já adianto que a melhor habilidade de todas é da Stella, ela recupera todo o HP, MP e a barrinha de Skill da party, além de anular todos os status negativos e dar um boost completo para todos. Essa habilidade é literalmente milagrosa!

E ainda há os Limit Breaks, mas não como os de Final Fantasy VII. Quando se causa danos muito grandes em inimigos é possível que um Limit Break ocorra. Quando ele acontece, o personagem que o causou ganhará um número aleatório até de 5 de ataques livres. Esses eventos só ocorrem com Skills e magias, e o personagem poderá usar o respetivo tipo de ataque sem nenhum custo. Por exemplo, se você usa uma Skill que causa muito dano em um inimigo e receber um Limit Break, pode acabar recebendo 5 ataques extras e então usar várias skills combinadas e acabar com a party inimiga instantaneamente!

Formações

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Um ponto importante do game são as formações. A party do game é composta apenas de 5 personagens, assim não há aquele trabalho de trocar personagens para determinadas batalhas e gerenciar como aumentar o level de cada um. Porém uma coisa interessante do game são as formações. Os personagens se posicionam num tabuleiro 3 x 3, e dependendo da posição de cada um poderão ganhar vantagens e desvantagens em luta.

As formações são aprendidas de NPCs e encontrando itens em dungeons, e cada uma tem uma função, como  por exemplo aumentar o ataque, mas ao mesmo tempo diminuir a defesa. Aumentar ataque mágico mas sacrificando a velocidade dos turnos e etc. A escolha de uma formação adequada antes das batalhas pode fazer bastante a diferença. E com as formações, as linhas de combate tanto dos personagens como dos inimigos fica dividida em três: Vanguarda, Meio e Retaguarda. Certos personagens, como Zack, só podem atacar inimigos na vanguarda.

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Os inimigos também possuem formação, e podem receber bônus dependendo do tipo de inimigo presente. Existem três variações de inimigos: Anões, que são pequenos e rápidos, Titãs, lentos e muito fortes, e Líderes, que dão certos bônus para a Party inimiga, e também são muito fortes. Saber quais inimigos atacar e como atacá-los ajudará muito durante as batalhas.

Audiovisual

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Não há muito o que falar dos gráficos de Asdivine Hearts, como já dito, ele possui gráficos extremamente simples, como se fosse um Final Fantasy antigo, porém com sprites mais novos e detalhados. Todo o game tem um visual antigo, e não se preocupa em competir com outros games na questão de gráficos, o que é uma jogada corajosa da Kemco com o game, e que acabou sendo bem sucedida, pois afinal o que importa no game é seu conteúdo, não seu visual.

Apesar disso, os monstros do game são muito bem feitos. Os sprites deles são muito bem desenhados, e alguns monstros possuem um visual realmente incrível. Porém existe pouca variação de monstros. Na verdade o que temos é um reaproveitamento de monstros, porém com diferenças de cor e detalhes. Não que isso seja algo negativo, mas bem que o game poderia ter mais variações reais de monstros. Mas de certa forma isso ajuda durante os combates, pois monstros parecidos normalmente possuem ataques parecidos, então fica mais fácil se preparar para os combates.

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O departamento sonoro do game é puramente oldschool. O game possui músicas realmente belíssimas, como um bom RPG antigo, com temas para todo tipo de situação. E as próprias músicas do game possuem uma certa identidade antiga, como se tivessem sido gravadas para antigos games de cartucho. As música são incríveis, mas deixam aquela sensação de que há algum tipo de “filtro sonoro” que propositalmente faz as músicas parecerem que foram tiradas de um game antigo e trazido para um novo.

Conclusão

Análise Arkade: voltando aos primórdios dos JRPGs em Asdivine Hearts

Asdivine Hearts é um game muito surpreendente. Tem cara de game antigo, uma simplicidade muito evidente e ainda assim é um game muito divertido e empolgante de se jogar. E um com uma longa vida útil, pois só para terminar o game em seu final normal se vão lá pra 40 horas de jogatina! E olha que são 40 horas muito divertidas, cheias de revelações interessantes, batalhas dificílimas contra bosses muito poderosos e diálogos simplesmente hilários entre todos os personagens do game. E após terminar o game, novas quests e muito mais inimigos ficam disponíveis para expandir ainda mais a vida útil do game, que conta inclusive com vários finais diferentes!

Kemco fez um excelente trabalho com esse game, entregando uma experiência nova e bastante cativante num pacote que vai fazer qualquer old gamer se interessar instantaneamente. E se você é um jogador novo e quer ter um gosto de como eram os JRPGs em seus primórdios, Asdivine Hearts é uma excelente pedida pra você!

Asdivine Hearts chegou no dia 10 de janeiro nos consoles da Sony: PS3, PS4 PS Vita. O game também possui versões para PC, Android, iOS e até WiiU.

Uma resposta para “Análise Arkade: voltando aos primórdios dos JRPGs em Asdivine Hearts”

  • 26 de janeiro de 2017 às 13:53 -

    mikemwxs

  • A Kemco tem um acervo enorme desse tipo de jogo, cheguei a jogar algumas versões free de uns deles.

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