Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

25 de agosto de 2015

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Quem disse que videogame não é arte, precisa conferir Back to Bed, jogo que leva o surrealismo dos quadros de arte até os nossos consoles.

Produzido pela Bedtime Digital Games e distribuído pela Loot Interactive, Back to Bed é um quebra-cabeças ambientado em um mundo surrealista e fantástico onde precisamos guiar o sonâmbulo Bob, com segurança, de volta a sua cama. Para isso, o jogador tem a sua disposição Subob, o guardião do subconsciente em formato de um quadrúpede, que guia o sonâmbulo pelo cenário e deve evitar que ele se dê mal.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

O visual do título lembra a obra de Salvador Dalí (1904-1989), pintor espanhol surrealista, e é recheado de elementos que atrapalham Subob em sua tarefa. O jogo, que já se encontra disponível para PC e dispositivos móveis, também ficou disponível hoje para os consoles Playstation (3, 4 e Vita).

A primeira versão do game foi desenvolvida por um grupo de estudantes dinamarqueses da Danish Academy for Digital Interactive Entertainment (DADIU) e foi publicada graças a uma bem-sucedida campanha no Kickstarter. Durante uma edição da Gamescom, a Loot Interactive conheceu o jogo e decidiu trazê-lo para os consoles, e é esta versão do game que a gente jogou e analisa agora!

Outro uso para maçãs verdes

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

O título começa com a seleção de dificuldade Normal e Nightmare. São dois cenários “Problemas no Telhado” e “Perigos do Porto”, totalizando 30 níveis. Apenas após a conclusão de cada cenário um novo mais complexo é desbloqueado.

Para complicar, o sonâmbulo Bob anda sempre no sentido horário por um cenário cheio de abismos e armadilhas, o que torna um verdadeiro desafio guiá-lo até sua cama, evitando quedas e ataque de criaturas como um cão-porco e despertadores malvados (?!). Quando Bob chega na cama, ele deita e é possível voltar a sonhar, ou seja, prosseguir para o estágio seguinte.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Enquanto Bob caminha, balbucia frases como: “Camas são boas”, “Não acorde Bob” ou “A maçã é um chapéu”. Falando na fruta, as maçãs são super importantes para o gameplay, pois é com elas que Subob — que é quem controlamos no jogo — pode bloquear o caminho de Bob, mudando sua trajetória, evitando quedas e direcionando o protagonista a sua cama.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Cada fase é um desafio diferente, com layout próprio e a cama posicionada em um local aleatório. É fácil travar em algum momento e não encontrar uma solução. Nesse momento é bom rever as possibilidades, tentar novos caminhos, posicionar as maçãs em novos lugares e aproveitar elementos do cenário para buscar novas soluções.

Canção de ninar e pintura à mão

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

A trilha sonora, exclusiva para a versão de console, combina o tema surrealista do jogo e é muito relaxante, contribuindo para o raciocínio. Os balbucios do sonâmbulo Bob completam o clima e fornecem dicas sutis para resolução dos quebra-cabeças. A jogabilidade é simples e fácil de aprender; são poucos os botões para se preocupar e tudo é bem intuitivo.

O cenário parece um conjunto de fragmentos do quarto de Bob, com gavetas, gravatas, chapéus com asas, chaminés e janelas. São verdadeiras obras de arte pintadas meticulosamente a mão, que seguem as tendências das peças mais marcantes da Arte Moderna, sempre acompanhada do surrealismo que é o que mais se destaca no visual do game.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Os quebra-cabeças desafiam a gravidade e todos os elementos estão posicionados nos lugares mais absurdos. Escadas nos tetos, chaminés no lugar de janelas, relógios derretendo (em referência direta a Dalí) e peças de xadrez aladas incentivam a imaginação e a criatividade. Após terminar os dois cenários, o jogador tem acesso ao modo Nightmare,que oferece quebra-cabeças mais complicados.

Gosta de testar seu raciocínio?

Back to Bed é um jogo para quem gosta de quebrar a cabeça e aprecia um visual artístico e surpreendente a cada estágio novo. O gameplay tem fluidez e clima leve, sem se tornar cansativo, levando em consideração que o tema é relacionado ao mundo dos sonhos e tenha acompanhamento de uma trilha sonora relaxante.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Você não percebe o tempo que passa jogando e as primeiras fases, do primeiro cenário “Problemas no Telhado”, são resolvidas facilmente. Já “Perigos no Porto” introduz novos desafios e mais dificuldade, proporcionando momentos prazerosos para os amantes de quebra-cabeça e preparando terreno para o nível Nightmare, que oferece o teste máximo de raciocínio e rapidez de pensamento.

Back to Bed está sendo lançado hoje para PS3, PS4 e PS Vita e chega com menus e legendas em português. Já existem versões do game para PC e mobile.

*O que é surrealismo?

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

Surgido na França da década de 1920, o Surrealismo foi um movimento inspirado pelas teorias do psicanalista Sigmund Freud sobre a importância do subconsciente nas atividades diárias. O marco do início do movimento foi a publicação do Manifesto Surrealista por André Breton (1896-1966), poeta e psiquiatra francês, que exaltava a adoção de uma realidade maravilhosa, liberdade criativa, ausência da lógica, entre outros.

Análise Arkade: jogue com o subconsciente de um sonâmbulo no surrealista Back to Bed

A obra de Dalí é uma forte influência no visual surreal do game.

Nas artes plásticas, seus maiores representantes foram Salvador Dalí , o pintor belga René Magritte (1898-1967) e o ceramista e pintor espanhol Joan Miró (1893-1983). Na Literatura, além de Breton, tivemos o poeta Paul Éluard (1895-1952), autor de Capital da Dor. Nosso país não ficou de fora e os ideais surrealistas foram absorvidos pelo Movimento Modernista, o que resultou em obras como o Abaporu de Tarsila do Amaral.

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