Análise Arkade: caindo para cima em Gravity Rush Remastered

10 de fevereiro de 2016

Análise Arkade: caindo para cima em Gravity Rush Remastered

Hora de desafiar as leis da gravidade, ajudar pessoas, reconstruir uma cidade e chutar traseiros de alguns monstros: é a nossa resenha de Gravity Rush Remastered que está no ar!

Do Vita para o PS4

Como você deve saber, Gravity Rush é um jogo de PS Vita, que foi lançado em 2012 plea Sony Computer Entertainment japonesa e fez bastante sucesso no portátil.

Em setembro do ano passado, a Sony anunciou uma sequência exclusiva para o Playstation 4, e para ninguém ficar perdido nos acontecimentos, a empresa anunciou que também que traria o primeiro jogo — em versão remasterizada — para seu console da nova geração.

Análise Arkade: caindo para cima em Gravity Rush Remastered

Não sei você, mas eu não tive a oportunidade de jogar o game em sua plataforma original, então esse foi um remaster que me agradou muito (apesar do excesso de remasterizações para o console), pois seria a minha chance de curtir um exclusivo com visual melhorado e já com todas as DLCs inclusas. Então, vamos falar sobre o jogo!

Salvando a cidade

Gravity Rush se passa em uma cidade flutuante chamada Hekseville. Já no início somos apresentados à Kat — na verdade ela só recebe esse nome depois — uma garota que acorda em um beco sem memória e sem nem saber quem é ou onde está.

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A maçã é uma referência óbvia a Isaac Newton e a Lei da Gravidade.

Logo ela encontra Dusty, seu parceiro felino — que lhe concede uma habilidade surreal: graças ao bizarro gato (que parece feito de uma constelação), Kat pode manipular a gravidade como bem entender. Isso significa “cair para cima” (e para os lados ou qualquer outra direção), andar em tetos e paredes, planar, interromper quedas e gerar campos de êxtase capazes de carregar objetos/pessoas.

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Seu companheiro Dusty tem um visual muito bacana.

Não demora para Kat perceber que seus novos poderes virão bem a calhar: diversos distritos de Hekseville “caíram” e precisam ser restaurados. Há monstros — chamados de Nevi — aparecendo pela cidade e pessoas precisando de ajuda. Kat também busca respostas sobre si mesma: Quem ela é? De onde ela veio? Para completar, há toda uma treta política/militar na cidade, e a sempre bem disposta Kat será uma peça chave para trazer a paz à Hekseville.

Como diria Buzz Lightyear: “Isso não é voar, é cair com estilo”

Manipular a gravidade é o cerne do gameplay de Gravity Rush. A cidade de Hekseville é um pseudo-mundo aberto relativamente grande, de modo que a maneira mais fácil de você se locomover entre um objetivo e outro é planando para lá e para cá. Kat não voa “de verdade”, mas pode cair para qualquer direção, e faz isso da maneira correta é a chave para o sucesso.

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O combate também abusa das habilidades gravitacionais da protagonista: ela possui um combo básico (e fraco) de chutes, mas a maneira mais simples de dar cabo dos inimigos é com os chutes voadores de Kat. Todo inimigo têm pontos fracos luminosos espalhados pelo corpo, de modo que você deve posicionar a retícula de mira em um destes pontos e pressionar quadrado para Kat aplicar uma poderosa voadora.

Confira no vídeo abaixo um pouco do combate do game:

Como você deve ter percebido, as habilidades de Kat não são ilimitadas: há um medidor que vai se esvaziando conforme você manipula a gravidade. Quando esse medidor acaba, a gravidade volta a funcionar da maneira tradicional e você despenca de onde estiver. Felizmente, o medidor se restaura rapidamente, e você ainda pode coletar orbes que o preenchem instantaneamente, e também pode usar pedras preciosas para comprar upgrades que turbinam seus poderes.

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Além destes inimigos comuns, você também vai enfrentar vários chefes no decorrer do game. A maioria deles são enormes, mas a mecânica em si é a mesma: acerte voadoras nos pontos fracos e esquive-se dos ataques. Como todo bom jogo japonês, Kat encerra estes combates com um golpe especial cheio de luzes, coreografias e efeitos especiais.

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Além de chutar traseiros luminosos de monstros, você também vai passar muito tempo ajudando pessoas. No melhor estilo RPG, Kat é uma legítima “garota de recados”, e está sempre ajudando os cidadãos a carregar coisas pesadas, encontrar maletas perdidas, entregar encomendas, se livrar de lixo (?!), entre outras atividades nem tão empolgantes.

Um poder mal aproveitado

Verdade seja dita, acho que o maior problema de Gravity Rush é justamente o mal aproveitamento das habilidades de Kat. Poucas missões do jogo utilizam suas habilidades de formas realmente criativas; na maior parte do tempo você vai simplesmente usar seus poderes para “voar” do ponto A ao ponto B, ou ficar carregando coisas e pessoas para lá e para cá.

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Sabe como Portal nos faz “pensar com Portais”? Falta isso em Gravity Rush. Na campanha principal há somente uma missão meio stealth — onde você deve andar pelas paredes para não ser visto — e mais para o fim do jogo há uma curta fase em um mundo de cubos com breves puzzles onde você deve caminhar de forma pensada pelo chão, pelo teto ou pelas paredes para prosseguir.

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Kat está sem seus poderes neste trecho, mas esta é uma das partes mais interessantes do game.

Fora estes momentos pontuais, você só vai utilizar seus poderes para voar e carregar coisas, mesmo. É um desperdício enorme de um dos poderes mais exóticos e interessantes do mundo dos games. Sei que Gravity Rush é um jogo de ação em mundo aberto, mas se ele tivesse um pouquinho mais de puzzles que te obrigassem a manipular a gravidade de formas mais inventivas, o conjunto da obra certamente seria bem mais variado e interessante.

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Caminhar por tetos e paredes é outra habilidade subaproveitada.

As DLCs — já inclusas neste remaster — extrapolam de vez o bom senso: cada DLC adiciona algumas sidemissions independentes ao mundo do game, mas elas conseguem ser piores que as missões e desafios originais. Em uma delas, Kat arruma um bico como doméstica (?!), e seus objetivos envolvem coisas empolgantes como levar objetos velhos para o lixo ou buscar ingredientes para o sorvete favorito de sua patroa (?!). É sério.

A campanha de Gravity Rush passa das 10 horas, e você vai passar a maior parte deste tempo matando os mesmos inimigos das mesmas maneiras, carregando ou procurando tranqueiras aleatórias e subaproveitando suas fantásticas habilidades para se locomover com mais rapidez. Esse não é aquele tipo de jogo que “você nem vê o tempo passar”, depois de um tempo ele se torna meio cansativo.

Audiovisual

Por ser um remaster de um jogo de PS Vita, não espere nada que bata de frente com os títulos exclusivos do Playstation 4: o jogo tem visual cel shaded que cumpre seu papel e fica bonito em 1080p (e rodando aos 60fps), mas parece um pouco datado e abusa de tons de verde e laranja em seu design.

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A direção de arte em si é competente, especialmente na arquitetura de Hekseville, que apesar de ser uma cidade flutuante, realmente parece uma cidade, com prédios, casas, trens, praças, esgotos e outras coisas “comuns”. As animações dos personagens e inimigos são meio repetitivas, mas competentes, e o design dos personagens é simples, mas interessante.

Como você vai estar o tempo todo planando, voando e alterando a ordem natural da gravidade, prepare-se para um dos games com a câmera mais movimentada dos últimos tempos. A movimentação frenética da câmera pode causar certo desconforto para quem sofre de cinetose (como eu), mas o fato do jogo ser terceira pessoa minimiza o problema. Jogos como Mirror’s Edge ou The Unfinished Swan judiam bem mais da gente.

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As cutscenes se apresentam como uma história em quadrinhos de traços simples, mas bem expressivos. Como este é um jogo japonês, há muito fan service envolvido, com cenas de Kat saindo do banho só de toalha… isso sem contar os absurdos trajes adicionais que vão de roupinha de colegial até uniforme de empregada.

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Este não seria um jogo japonês sem um traje de empregada.

O jogo tem poucos diálogos falados, e quase todos são em japonês. Na maior parte do tempo, as conversas rolam em janelas de texto, e felizmente todas estão em português brasileiro, bem como os menus. A trilha sonora não chega a ser marcante, mas também não decepciona.

Conclusão

Ainda que tenha sua legião fiel de fãs, para mim Gravity Rush pareceu um jogo que tinha uma boa ideia, mas não soube aproveitá-la muito bem. Colocar uma personagem capaz de manipular a gravidade para ficar só carregando coisas e voando por aí me parece o mesmo que colocar o Wolverine para picar legumes com suas garras de adamantium.

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O gameplay funciona e tem boas ideias, o mundo do game é charmoso, e a história — ainda que não seja lá essas coisas — deixa muitas questões que (espero) serão respondidas em Gravity Rush 2, mas o game em si foi (para mim) um pouco mais longo e repetitivo do que eu gostaria.

Vale a pena para quem não teve a oportunidade de jogar no Vita, mas fica a esperança de que a sequência nos entregue formas mais criativas de “cair para cima” e manipular a gravidade.

Gravity Rush Remastered foi lançado no dia 2 de fevereiro para Playstation 4. Originalmente, o game saiu em fevereiro de 2012 para o PS Vita.

Uma resposta para “Análise Arkade: caindo para cima em Gravity Rush Remastered”

  • 11 de fevereiro de 2016 às 06:34 -

    Roney Colella De Souza

  • O sistema de combate é vagaroso. Praticamente como se a protagonista atacasse em câmera lenta. Essa demora nos movimentos é  por vezes frustrante. Isso prolonga os combates desnecessariamente tornando o jogo entediante.

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