Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

30 de setembro de 2015

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

Estrategia. Do grego strateegia, do latim strategi, do francês stratégie…

Act of Agression é o mais recente lançamento da Eugen Systems, uma desenvolvedora francesa fundada em 2000 e que tem a produção de jogos de estratégia em tempo real (Real-time Strategy, ou simplesmente RTS) como sua especialidade.

Tendo chegado às prateleiras no início de setembro, Act of Aggression é o nono jogo do estúdio, que produziu o competente R.U.S.E e a série Wargame, além de ser o sucessor espiritual de Act of War: Direct Action, lançado há dez anos.

Logo nos primeiros minutos de jogatina, são inegáveis as semelhanças com a clássica série Command and Conquer, que fez grande sucesso nos anos próximos a virada do milênio. E tal semelhança não é mera coincidência, já que a desenvolvedora tinha deixado claro que o objetivo deste lançamento era “resgatar a fase de ouro dos jogos de estratégia em tempo real dos anos 90”.

No mundo de Act of Aggression, três facções – a Chimera, o Cartel e o Exército dos Estados Unidos – batalham por mapas urbanos no melhor estilo Command and Conquer: Generals. Ou seja, não vai faltar tanques, caças, e o melhor da alta tecnologia militar.

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

A campanha principal se passa num futuro bem próximo, onde o mundo passa por uma grande crise ecônomica, que começou com a deterioração da economia chinesa e deixou os países do terceiro mundo perto de um colapso. Então, o Cartel, uma organização que viu a oportunidade de se tornar uma superforça mundial na área bélica, infiltrou-se nestes países e controlou seus respectivos governos.

Desconfiando que essa crise pudesse ter sido planejada, as Nações Unidas criam uma operação chamada Protocolo Chimera. Que trata-se da união da inteligência e recursos de diversos países no intuito de revelar a verdade por trás dessa crise mundial.

Ao mesmo tempo, o Cartel, cada vez mais forte e utilizando o que há de mais avançado tecnologicamente, avança para a fronteira dos Estados Unidos. Os norte-americanos, por sua vez, sofrem para manter sua condição de superpotência global devido aos efeitos da crise. E abusa da experiência em combate direto para contornar o fato de não ser mais dona da tecnologia bélica de ponta.

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

A história contada pelo jogo da Eugen Systems é apresentada, na sua maior parte, através de cutscenes no Modo Campanha. Mas não espere muito da narrativa. Ela é confusa e recheada de cenas estáticas com alguns voice-over estranhos. Um misto de muita informação jogada, com pouco conteúdo realmente relevante.

Na sua jogabilidade, Act of Aggression traz tudo o que se esperar de um RTS clássico. Um macro-gerenciamento no qual você consegue sentir que qualquer êxito e qualquer falha está nas escolhas que você tomou. Não há a necessidade de cliques rápidos em alvos ou controlar diversas janelas. Só a pura estratégia.

Os mapas podem ser gigantescos e com muitos elementos na tela, como veículos e barreiras, que atrasam seus soldados mas podem ser destruídos por seus veículos militares, e também prédios. E essas construções fazem parte da mecânica, já que você pode abrigar seus soldados nelas. Um grupo de snipers, dentro de um prédio na esquina de uma avenida pode fazer um estrago. Então, você vai querer dominar lugares estratégicos.

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

Como todo bom RTS, você também precisa gerenciar recursos, expandir sua base e criar upgrades. Aliás, upgrade é algo chave aqui. Temos uma quantidade enorme deles, para todos os tipos de unidades. E eles mudam completamente o rumo das batalhas. Se faz necessário tirar um tempo para entendê-los e usar com eficiência. Mas esse, acaba sendo um dos principais problemas de Act of Aggression.

Mesmo um jogador experiente em jogos deste gênero, o lançamento da Eugen Systems vai se mostrar complicado no começo, apesar de ter uma curva de aprendizagem interessante após o choque inicial. Contudo, a maior parte dos outros jogadores vão encontrar dificuldades.

Tem muita coisa para gerenciar em Act of Aggression. E a desenvolvedora francesa falha em apresentar todos seus elementos com eficácia. Existem pequenos ícones em vários cantos, que o jogador precisa se empenhar para descobrir suas funções. Outras unidades, precisam receber upgrades de forma individual, criando uma tarefa hercúlea quando você tem dezenas e dezenas delas na sua tela. Sem dúvidas, isso é algo que podia (e devia) ser simplificado.

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

E essa é só a ponta do iceberg. A maioria das suas tropas tem mais de um tipo de upgrade para escolher. Mesmo com um exército pequeno, é necessário avaliar cada caminho a ser tomado. Escolher entre mais armadura ou ataque à distância? Explosões em cadeia ou equipamento anti-aéreo? Cada pequena decisão tem um grande efeito, e você precisa ser cauteloso e preciso.

No entanto, se o jogador for persistente, batalhar em Act of Aggression é algo muito prazeroso. Visualmente, as batalhas envolvendo centenas de tanques, aviões, infantaria são empolgantes. Com a destruição dos cenários, o rastro deixado pela guerra deixa a sensação de que algo grandioso aconteceu.

Análise Arkade: A complexa guerra de Act of Aggression

Graficamente, temos um jogos competente. É possível aproximar consideravelmente a visão isométrica padrão dos jogos de estratégia para enxergar pequenos detalhes do cenário, revelando um jogo com visão bonito. Contudo, com as necessidade de pensar e agir rápido, além das batalhas frenéticas, não há muito tempo para ficar admirando as locações onde o jogo se passa.

Na parte sonora, é outro lugar onde Act of Aggression remete diretamente aos clássicos do gênero. Desde o menu inicial, prepare-se para batalhar ouvindo aquele rock com muitas guitarras. E durante as batalhas, os efeitos sonoros ajuda na imersão de forma competente.

Um modo multiplayer com mais de 20 mapas ainda permite que jogadores testem suas habilidades como generais online, em partidas envolvendo até quatro jogadores simultâneos. Sendo extremamente divertido quando se encontra adversários do mesmo nível.

Act of Aggression é definitivamente um jogo complexo, mas que pode ser recompensador. As opções na hora de selecionar os upgrades transformam a batalha num verdadeiro jogo de xadrez, onde jogadores experientes podem protagonizar verdadeiros embates estratégicos épicos. Contudo, a apresentação falha das mecânicas do jogo é um problema grave, que, somado ao seu nível de complexidade, pode afastar muitos jogadores à primeira vista.

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