Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

23 de janeiro de 2016

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

Uma homenagem para um cãopanheiro

Dogchild é o primeiro trabalho do estúdio espanhol Animatoon. O time de desenvolvimento ganhou um concurso chamado Premios Playstation, promovido pela Sony espanhola para dar um boost na produção independente de jogos na Espanha.

Dirigido por Darío Ávalos, o game foi produzido em 8 meses por uma equipe mega enxuta e com orçamento apertado. Mas, o detalhe mais interessante aqui é que Dogchild é uma homenagem do diretor para seu cãopanheiro Tarao, que lhe acompanhou por quase 20 anos. Tarao infelizmente já se foi — mas deixou um herdeiro TJTarao Jr –, mas Dogchild para manter viva a memória deste que foi sem dúvida um verdadeiro amigo de seu dono.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

O diretor do game, Darío Ávalos e TJ, filhote de Tarao, o cachorro que é o herói do game.

LUTANDO PELOS ANIMAIS

Dogchild conta a história da dupla Tarpak e Tarao. Eles fazem parte de uma organização defensora de todo tipo de vida animal, combatendo maus tratos contra animais e resgatando bichinhos perdidos. Tarpak é um jovem com bastante força de vontade e muito habilidoso em parkour, e Tarao é seu fiel e esperto companheiro canino.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

A aventura começa com a dupla treinando num parque, enquanto somos apresentados às habilidades de cada personagem. Ali eles descobrem que vários casos de animais desaparecidos foram registrados, e eles até encontram petiscos com sedativos que foram usados para raptar os bichinhos. Então cabe a Tarpak Tarao investigarem esses sumiços, que estão ligados à uma organização bem obscura.

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A história do game é bem simples, e é melhor desenvolvida através de páginas de diário espalhadas pelas fases. Estes arquivos aprofundam a história de Tarpak e da organização protetora dos animais. É uma história bem simples e sem muitas reviravoltas, mas interessante e totalmente engajada com uma causa pra lá de nobre.

JOGABILIDADE

A jogabilidade de Dogchild também é simples: Tarpak é ágil e pode escalar casas, prédios e outras estruturas. Sua única forma de ataque é atirando uma bolinha, que é capaz de ricochetear e acertar diferentes inimigos. O sistema de mira é meio lento e pentelho, mas depois de “travar” a mira em um inimigo, é possível ativar um Bullet Time e marcar múltiplos inimigos. Um inimigo atingido pela bola fica atordoado por alguns segundos, e enquanto isso você deve amarrá-lo para que ele não te perturbe mais.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

Ao pressionar de um botão, assumimos o controle de Tarao, o cachorro, e ele é pra lá de útil: sua principal habilidade é o faro; e ao ativá-lo, o jogo fica em primeira pessoa e com um espectro de cores — emulando a visão de um cachorro. Com isso, somos capazes de “enxergar” rastros de odores. O faro também ajuda a identificar pegadas, marcas de pneus e outros objetos de interesse pelo cenário. Essa habilidade é bem útil quando não sabemos para onde ir. Além disso, Tarao pode cavar, atrair a atenção de inimigos, passar por lugares estreitos e fazer xixi (?!) para demarcar o cenário e não se perder.

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O rastro verde representa um “cheiro” que Tarao pode seguir.

Há também a interação entre Tarpak e Tarao: o rapaz pode assobiar para Tarao para fazê-lo chegar perto e, do memso modo, Tarao pode latir para chamar a atenção de seu dono. Depois de Tarpak atordoar os inimigos, Tarao pode intimidá-los, o que anula a contagem de segundos para ele se recuperar, mas o dog só consegue fazer isso com um inimigo de cada vez.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

Ainda que seja um jogo de mecânicas essencialmente simples, Dogchild pode se tornar um pouco mais difícil do que deveria por conta de alguns probleminhas: os inimigos do game estão equipados com armas de choque e são rápidos no gatilho, enquanto Tarpak é um pouco lento para mirar (o sistema de mira em si é bem travado e ineficaz); sua animação de arremessar a bolinha é demorada (e cancelada caso você seja atingido), de modo que você acaba tomando choques mesmo quando está pronto para atacar. Com isso, derrotar múltiplos inimigos torna-se bem trabalhoso.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

Fora isso, o jogo também tem uns problemas de level design. As vezes você fica sem saber para onde ir ou o que fazer, e quando não há um “cheiro” para Tarao seguir, você precisa simplesmente descobrir o que deixou passar. Na reta final do game há uma parte excepcionalmente frustrante envolvendo saltos precisos em plataformas de gelo: Tarpak escorrega mais do que deveria e um checkpoint mal localizado torna este trecho um desafio de tentativa e erro extremamente chato.

AUDIOVISUAL

Rodando na engine que é “pau pra toda obra” Unity, Dogchild possui gráficos bem simples para os padrões do PS4. Os cenários em alguns lugares parecem ser de jogos de gerações passadas, é tudo bem “cru”, sem muito polimento. As animações de Tarpak (especialmente as de parkour) Tarao são bem feitas, mas os inimigos do game possuem um visual bem genérico. Contrastando com isso, nos menus e na tela inicial temos artworks muito caprichadas, com a maior cara de história em quadrinhos.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

A tela de Game Over também tem uma arte bem bacana.

A câmera do game também é um pouco estranha e pode dificultar sua vida em salas apertadas e corredores, ou quando ela simplesmente atravessa o cenário e mira o “vazio”. Apesar disso no geral o game possui um visual interessante, visto que se trata do primeiro trabalho com games da Animatoon.

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A trilha sonora é boa mas pouco variada, e acaba se repetindo mais do que deveria no decorrer da aventura. Os sons de latidos, uivos, ganidos e respiração dos cães é bem realista. Já os humanos não tem vozes ou diálogos falados, mas mesmo assim o jogo conta com legendas e menus em português.

Conclusão

Ainda que Dogchild não seja um primor técnico e a falta de polimento seja bem óbvia, o jogo tem seu valor por ser o primeiro trabalho de um estúdio indie, mas principalmente por ser a singela homenagem de um homem para seu querido amigo canino.

Análise Arkade: resgatando animais em perigo no simpático Dogchild

Acho que rola um sentimento “paternalista” parecido com o que rolou com o jogo brasileiro Toren: a gente sabe que ele tem problemas, mas conhecendo o background do projeto, o empenho dos envolvidos e a própria dificuldade em publicar um jogo, a gente acaba relevando muita coisa simplesmente por saber que o caminho até aqui não foi fácil.

Dogchild é recomendado para amantes de cachorros — e de animais em geral –, mas especialmente para quem sabe que por trás de um jogo “mais ou menos” existem pessoas apaixonadas em busca de um sonho.

Dogchild foi lançado em 12 de janeiro. O game tem versões para PS4, Android e iOS.

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