Análise Arkade: Explorando seu interior, sua raiva e seu medo em Red Goddess: Inner Planet

5 de julho de 2015

Análise Arkade: Explorando seu interior, sua raiva e seu medo em Red Goddess: Inner Planet

Venha com a gente explorar o mundo de uma deusa no indie Red Goddess: Inner Planet!

Red Goddess é um game indie recém lançado graças a uma campanha no kickstarter que tornou possível o seu desenvolvimento. Produzido pelos espanhóis do Yanim Studio, o game foi lançado para o Playstation 4 e chegou a hora de sabermos como ele acabou se saindo!

UMA JORNADA INTERIOR

Análise Arkade: Explorando seu interior, sua raiva e seu medo em Red Goddess: Inner Planet

Red Goddess conta a história da deusa Divine, que após muito tempo inconsciente e a deriva no cosmos, acorda num estranho mas familiar planeta. Divine acorda nesse planeta, porém perdeu sua memória após todo o tempo em que esteve inconsciente, e sua missão agora é recuperar sua memória e enfrentar um mal de seu passado.

No game, o universo foi criado e era regido pelos deuses Odin Lena, numa época de paz e prosperidade, porém um antigo mal acordou de seu sono eterno e iniciou uma terrível guerra, o que resultou na viagem de Divine para o estranho planeta, que como o nome do game já indica, trata-se de seu planeta interno, um reflexo de si própria e de seu passado. Cabe então a Divine explorar o seu próprio planeta e relembrar tudo o que aconteceu, sendo guiada por espíritos que a ajudam a recuperar sua memória e seus poderes perdidos.

DESPERTANDO SUA RAIVA E SEU MEDO

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Divine é uma deusa que possui grandes poderes, mas que precisa recuperá-los para conseguir seguir adiante no game e salvar a si mesmo e seu próprio mundo do mal. Em seu mundo, a maldade adquire forma física através dos pensamentos de Divine. Os inimigos são representações dos sentimentos e pensamentos negativos da deusa, que são influenciados a surgirem pelo verdadeiro inimigo do game que ainda não se sabe quem realmente é.

Os inimigos aparecem através de pedras que brotam do chão e revelam suas formas, desde criaturas humanoides até aranhas, lobos e golens de pedra gigantescos. Para enfrentá-los, Divine deverá usar dois sentimentos fortes: Sua raiva e seu medo. Conforme se progride no game, o jogador encontrará máscaras que permitirão que Divine acorde esses sentimentos e possa usá-los a seu favor, e que serão usados contra a si própria.

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Esses dois sentimentos manifestam-se fisicamente no corpo de Divine. Ao usar sua raiva, Divine transforma-se num monstro vermelho exalando chamas, e que pode atacar os inimigos ferozmente usando sua força bruta e seus socos. E usando seu medo, Divine transforma-se num monstro azul com aspecto de horror em sua fase, e ataca usando garras afiadas. Ao se transformar em uma dessas formas, a outra torna-se uma máscara flutuante que segue o jogador, e que pode ser um enorme problema em alguns momentos, como diremos mais a frente. As cores influenciam as batalhas, os inimigos de Divine também são separados em vermelhos e azuis. Porém, o jogador não é obrigado a enfrentá-los com suas cores correspondentes, apesar disso tornar as coisas mais fáceis.

Em sua forma normal, Divine pode atirar bolas de fogo nos inimigos. Inimigos de visual animalesco são atordoados por esses ataques, porém os inimigos humanoides se atingidos pela bola de fogo são possuídos por Divine. Ao possuir um inimigo, o jogador pode controlá-lo brevemente. No controle do inimigo, ele passa a se deteriorar até o momento em que explode e Divine volta a sua forma normal. Possuir um inimigo é uma boa estratégia, pois o jogador com isso pode aproximar-se de outros inimigos e causar uma explosão que causará danos em todos que estiverem próximos.

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Usando a raiva e o medo, o jogador pode criar combos de golpes. Inimigos vermelhos são fracos contra a Raiva, e inimigos azuis são fracos contra o Medo. Porém existe uma vantagem em se atacar inimigos com a cor oposta. Para usar a bola de fogo de Divine e habilidades especiais adquiridas no caminho, a barra de mana vai diminuindo. Existem três formas de recuperá-la: caso os inimigos mortos dropem orbs azuis, que recuperam mana, e vermelhos que recuperam a barra de vida; encontrando fontes vermelhas, que recuperam a barra de vida e mana pro completo, ou realizando combos. Como a raiva é pouco eficiente com inimigos azuis, e o medo é fraco contra inimigos vermelhos, é possível criar combos extensos, porém de dano baixo. Assim o jogador pode recuperar toda a barra de mana dessa forma. Porém, mesmo usando cores opostas, uma hora o inimigo será destruído.

UM ESTILOSO METROIDVANIA

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Red Goddess: Inner World é um game do estilo Metroidvania, com cenários amplos e interligados num extenso mapa. E como característica desse estilo, no game temos áreas inacessíveis até de conseguir determinados itens e habilidades, fazendo o back tracking, onde ao revisitarmos certas áreas podemos pegar mais itens ou descobrir novos caminhos. A progressão no game é feita ao se coletar cristais de memória espalhados pelo cenário. Eles são necessários para se abrir portas que levam para novas áreas, onde Divine ganhará novos poderes ao encontrar partes de sua armadura, que lhe permitirão explorar áreas que antes eram inacessíveis.

O game conta com algumas boss battles enfrentando inimigos gigantes. As boss battles em geral são basicamente com o mesmo tipo de inimigo, porém com algumas diferenças no visual e alguns ataques diferentes. Apesar disso, as batalhas mantêm-se desafiadoras, pois apesar do inimigo ser praticamente o mesmo, as batalhas acabam não sendo cansativas.

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Red Goddess: Inner World possui um mapa grande, mas que poderia ter sido muito maior. O game não é muito grande, e é possível terminá-lo em apenas um dia se jogar com rapidez, mas apesar disso ele possui um bom desafio. O game não é tão difícil, leva-se pouco tempo para pegar o jeito de cada habilidade nova de Divine, pois o game apresenta situações específicas para treinarmos poderes recém adquiridos.

Por fim, temos a possibilidade de melhorar os status de Divine. Ao longo dos cenários temos moedas flutuando, ao bom e velho estilo plataforma, que podemos coletar. Esse dinheiro pode ser gasto melhorando a barra de vida e de mana de Divine nas lojas do game. Existem poucas lojas no game, então sempre que achar uma, é uma boa ideia melhorar os status de Divine. Porém, é possível melhorar esses status com pouco tempo de jogo, sendo que a partir disso o dinheiro do game torna-se inútil, pois não haverá mais nada para se gastar. No entanto, continuar coletando dinheiro é algo recomendado, pois garantem troféus para o jogador.

O game é uma uma mistura entre Metroidvania com plataforma, e a maioria dos puzzles é simples, e estão totalmente ligadas ao progresso. A maioria envolve desviar de raios que bloqueiam o caminho em algumas áreas. Se Divine for atingida por esses raios, eles a forçarão a entrar na forma de raiva ou medo e enfrentar alguns inimigos, enquanto a máscara oposta transformasse em uma máscara maligna e perseguirá o jogador enquanto enfrenta os inimigos. Se a máscara tocar Divine, ela morre instantaneamente. Os puzzles ficam por tentar bloquear ou evitar esses raios e progredir por plataformas móveis e cenários de morte súbita, com rios de lava no fundo, e espinhos espalhados pra todo lado.

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A dificuldade do game salta de forma absurda nas partes finais do game. Enquanto ao longo do game temos uma dificuldade branda, mas desafiadora, nos momento finais o jogo nos trás o desespero. Muitas e muitas armadilhas dificílimas de se passar, seguidas pro trechos  de batalha com muitos inimigos de todos os tipos e de ambas as cores ao mesmo tempo, enquanto se tenta desviar de mais armadilhas. Esses momentos são realmente complicados e nos pegam de surpresa justamente pelo game não ter mostrado a mesma dificuldade nas áreas anteriores. Por vários momentos isso se torna frustrante por conta de certos defeitos que o game infelizmente possui.

GRÁFICOS, SONS E PARTE TÉCNICA

Análise Arkade: Explorando seu interior, sua raiva e seu medo em Red Goddess: Inner Planet

Red Goddess: Inner World possui gráficos simples e bonitos, com visual 3D e progressão 2D. Os cenários do game parecem ter sido tirados diretamente de LittleBigPlanet, pois o fundo dos cenários parece ter sido construído com recursos desse game. Com árvores simples e folhagens que parecem recortadas e coladas. Porém, o game combina isso com várias paisagens belas e bem construídas, com florestas profundas com a luz do sol atravessando as folhas, cavernas iluminadas com incontáveis cristais brilhantes das mais variadas cores, masmorras abandonadas com fogo e rachaduras, e etc.

O game possui uma boa trilha sonora, presente na maioria do tempo. Alguns trechos do game seguem em silêncio, principalmente em cavernas, onde os sons ambientes fazem um ótimo papel em preencher o “espaço” com sons de goteiras, tremores de terra e sons de ventos. Em alguns trechos, a trilha sonora se faz presente, porém em um volume baixo, para dar espaço para o narrador do game, que nos acompanha na história de Divine do começo ao fim.

O narrador é um personagem por si só, pois ele não faz simplesmente a narração do game, mas demonstra ter interesse e intenções ocultas sobre a história de Divine. O trabalho do narrador é excelente, no mesmo estilo do narrador de Bastion, que narra cada ação do protagonista. O narrador de Red Goddess no entanto, torna tudo ainda mais misterioso, pois enquanto progredimos na história, começamos a nos perguntar quem é aquele narrador, e porque ele está interessado em Divine, interessado principalmente nos problemas que ela enfrenta.

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O game foi construído utilizando-se a Unreal Engine 4, uma das engines mais poderosas e populares de hoje em dia. Mas infelizmente, Red Goddess: Inner World sofre com alguns problemas que atrapalham a jogatina. O game sofre com quedas de framerate em vários trechos, felizmente não encontrei esse problema em trechos de batalha, o que poderia resultar em morte sem chance de se defender, mas infelizmente esse problema em trechos de armadilha dificultaram um pouco mais as coisas.

Em vários momentos os cenários demoram para serem carregados. Iniciando-se com Divine entrando numa área que possui apenas chão, enquanto os elementos do cenário, fundo e iluminação vão aparecendo até que tudo fique em ordem. Esses momentos, bem como as quedas de framerate acontecem em áreas específicas. O que significa que se você passar 10 vezes pela mesma área, o problema se repetirá nessas 10 vezes.

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Outro problema são as telas de loading, que levam muito tempo para carregarem, levando em conta que já estamos na nova geração de consoles e Red Goddess não ser um game absurdamente pesado. O game possui trechos com muitas armadilhas, principalmente com espinhos. Os espinhos também são divididos em cores, mas com um significado diferente: Espinhos azuis machucam, mas tiram pouca vida. Espinhos vermelhos matam na hora. E obviamente, os trechos de armadilhas mais difíceis usam muitos espinhos vermelhos.

Cada vez que Divine morre, a tela de loading aparece e roda por vários segundos até levar Divine pro checkpoint anterior, sendo que muitas vezes é na mesma sala onde morreu. Esses loadings são desnecessários, visto que o game é simples, e por eles atrapalharem bastante a jogatina, tornando muito demorado atravessar certas áreas, e não por culpa de suas dificuldades, mas sim pelos loadings demorados caso se morra muitas vezes.

CONCLUSÃO

Análise Arkade: Explorando seu interior, sua raiva e seu medo em Red Goddess: Inner Planet

Red Goddess: Inner World é realmente um ótimo game que infelizmente sofre com problemas técnicos constantes. Espero que o game possa receber em breve uma atualização que consertem esses problemas, pois Red Goddess é um game que realmente vale a pena conferir.

O game existe graças a sua campanha bem sucedida no kickstarter, que conseguiu juntar a quantia até que modesta (para os padrões de suas campanhas) de pouco mais de $ 40.000,00 sendo que o objetivo base do projeto era o valor de $ 30.000,00. Esse valor permitiu que o game fosse criado, mas infelizmente não tornou possível implementar outros recursos que os desenvolvedores do game tinham a intenção de adicionar caso o projeto tivesse arrecadado mais dinheiro, como árvores de habilidades estendidas para Divine e suas transformações, e mais cenários para o game. Uma coisa que conseguiu ser feita foi adicionar skins extras para o visual original de Divine, que foram desenhadas por alguns dos bakers do projeto. As skins podem ser pegas durante o game e equipadas no menu principal.

Fico na torcida para que no futuro o pessoal da Yanim Studio não consiga criar novos games com todos os recursos que eles puderem implementar e criar novas e divertidas experiências como Red Goddess: Inner World certamente é, apesar de seus problemas.

Red Goddess: Inner World foi lançado no dia no dia 30 de Junho para o PS4. Porém futuramente o game receberá versões para PC Xbox One em outubro deste ano, e em 2016 o game chegará para o WiiU e para o PS Vita.

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