Análise Arkade: For Honor é pancadaria violenta entre Vikings, Cavaleiros e Samurais

21 de fevereiro de 2017

Análise Arkade: For Honor é pancadaria violenta entre Vikings, Cavaleiros e Samurais

Hora de cair na porrada ao lado de Vikings, Cavaleiros e Samurais! For Honor coloca 3 facções lendárias  para guerrear em um dos jogos mais divertidos deste começo de ano, confira nossa análise completa!

Sim, tem uma campanha

Por mais absurda que seja a premissa de reunir Vikings, Cavaleiros e Samurais em um mesmo jogo, a Ubisoft conseguiu — ou pelo menos se esforçou para — criar uma linha narrativa que justifique este encontro tão cronologicamente improvável. Por mais que o foco do jogo claramente seja o multiplayer, é louvável o esforço da empresa em tecer uma trama que misture os 3 povos e sirva como pano de fundo para o conflito.

A história de For Honor gira em torno de Apollyon, guerreira da Legião Pedra Negra que ganha contornos de semi-deusa com um único propósito: acabar com a paz. Resoluta na ideia de que a humanidade se divide entre “lobos e ovelhas”, ela acha que só a guerra é capaz de mostrar a verdadeira natureza de um homem, e por isso, semeia discórdia e conflito por onde passa, na esperança de ver novos “lobos” se revelarem no calor do combate.

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Sua primeira incursão é nas terras dos Cavaleiros, onde ela recruta Cross como comandante de uma invasão aos territórios Vikings. A ideia é deixá-los sem comida, para que eles guerreiem entre si. Como conquistadores que são, os Vikings logo se voltam para os Samurais, cujos navios cheios de riquezas dão a entender que eles podem ser bons alvos para pilhagem.

Os Samurais, por sua vez, só precisavam de “um empurrãozinho” para abraçar a guerra de dentro para fora, pois eram chefiados por generais com pontos de vista divergentes. Quando Apollyon e sua Legião entram no combate, o choque dos 3 povos culmina em uma batalha sem precedentes. Como jogador, você assumirá o controle dos 3 povos, controlando diferentes guerreiros enquanto acompanha o desenrolar da história por pontos de vista diversos.

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Confesso que não achei a história em si tão boa assim, mas, acho válido o esforço da Ubisoft em criar um pano de fundo que justifique a matança entre os 3 povos. E ainda que a maior parte da campanha se resuma a combates campais  cumprimento de objetivos simples, vez ou outra a campanha mostra arroubos de criatividade, como esta boa sequência de perseguição a cavalo que rola na campanha dos Vikings (a perseguição em si rola depois dos 12 minutos de vídeo):

Também é bacana o fato de termos batalhas contra chefes — que geralmente são os generais e/ou guerreiros mais respeitados de cada facção. Boa parte da primeira campanha (a dos Cavaleiros) tem a maior cara de  tutorial, mas conforme você avança, este ar de “treinamento” vai ficando para trás, e os combates contra bots se tornam mais e mais intensos… mas é fato que o jogo mostra realmente seu valor ao colocar humanos versus humanos no campo de batalha.

Muitos modos de jogo

Além de já ter sido apresentado em forma jogável em eventos como a Brasil Game Show, For Honor teve dois betas recentes– um fechado, outro público — que geraram muito burburinho e aumentaram o hype dos jogadores. O foco nestes casos sempre foi o multiplayer, que continua sendo a verdadeira estrela do game, depois que você conclui as 3 campanhas (algo que dura umas 5 horas).

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Quem experimentou o jogo antes já meio que sabe o que esperar do jogo, ainda que agora tenhamos classes de personagens, mapas e um ou outro modos de jogo novos. O caótico modo Domínio — partidas 4 x 4 em arenas enormes, cheias de bots e 3 áreas para serem conquistadas —  continua sendo o mais divertido, mas quem quer algo mais “olho no olho” vai se divertir no modo Duelo 1 x 1, no tradicional Mata-Mata, ou em outro dos modos de jogo disponíveis, que podem ser jogados tanto contra outros jogadores quanto contra bots controlados pela IA.

Confira abaixo uma partida completa do modo Domínio:

Fora das arenas, rola um mini-game de dominação de territórios que eu ainda não entendi direito como funciona, mas consiste basicamente em atacar ou defender áreas do mapa para tomá-las para a sua facção. Se você é dos vikings, não precisa necessariamente só jogar com vikings, mas é a bandeira deles que você vai proteger neste pequeno “jogo de tabuleiro”. As arenas do jogo em si mudam de aparência de acordo com a facção que domina cada território, o que é bem legal.

O timing do combate

Independente do seu modo de jogo preferido, uma coisa que você precisa aprender a fazer em For Honor é respeitar o timing do combate. Embora em uma primeira olhada ele pareça quase um musou no estilo Dynasty Warriors, o que temos aqui é uma experiência muito mais cadenciada, onde saber defender é tão importante quanto saber atacar.

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Temos 16 heróis diferentes, distribuídos em 4 classes: Vanguarda, Assassino, Pesado e Híbrido. Ainda que estejam sempre divididos nestas categorias, os heróis de cada facção são bem diferentes entre si, cada um possui suas próprias armas e seu próprio ritmo de combate, o que influencia diretamente a forma como eles se comportam em batalha.

Para quem não sabe, o básico de For Honor (jogado com um controle) consiste em manter um gatilho pressionado para adotar uma postura de combate, e então defender ou atacar em 3 posições diferentes: pela esquerda, pela direita ou por cima. Existem ataques fracos e fortes, que podem meio que ser encadeados para formar pequenos combos, e há também um botão de “empurrão” e uma esquiva multidirecional que, se bem utilizada, permite que você drible o inimigo e já possa desferir um ataque na sequência.

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O ícone vermelho mostra a direção do ataque. No caso, eu estou defendendo na direção errada e vou apanhar. =P

Existe um pequeno mostrador em forma de escudo que lampeja no instante em que o inimigo inicia um ataque, permitindo que você tenha uma fração de segundo para se defender. Como ataques por si só geralmente não anulam golpes (há exceções), você também pode tentar atacar no sentido contrário, fazendo um parry que abre totalmente a guarda do inimigo por um tempinho.

A questão é: quase tudo isso consome stamina, e ficar sem stamina no meio de um combate é tudo o que você não quer, pois seu personagem se torna lento e vulnerável. Assim, muito mais do que sair atacando loucamente, o cerne do combate de For Honor é (ou deveria ser) muito mais comedido, com os combatentes realmente estudando a postura do inimigo e esperando o momento certo para atacar.

Isso rende boas partidas especialmente nos Duelos 1×1, pois os jogadores realmente precisam mostrar perícia, já que não há um time para ajudá-los. Confira abaixo um dos meus duelos:

Claro que, estando no país do HUEBR, isso vem se tornando mais e mais improvável de acontecer. O que acontece MUITO é o que eu e meus colegas apelidamos carinhosamente de “gangbang” entendedores entenderão, com dois, três ou mesmo quatro jogadores cercando apenas um adversário para espancá-lo de forma injusta e sem qualquer estratégia, apenas força bruta. Acontece bastante e não é nada muito “honroso” para um jogo chamado For Honor, mas é o que tem pra hoje. ¯\_(ツ)_/¯

Audiovisual e problemas de conexão

For Honor é um jogo lindo, tanto tecnicamente quanto artisticamente: não só a Ubi levou sua engine Anvil ao limite, como também teve um cuidado muito especial na concepção de armas, equipamentos e armaduras, todas muito estilosas.  A maneira com que o aço polido das armaduras reage à luz de fogueiras também é incrível. Ouso dizer que o que temos aqui é um dos jogos mais bonitos da atual geração.

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O level design também é interessante. Se na campanha tudo é relativamente linear — mas com algum espaço para exploração e busca de colecionáveis — nas arenas multiplayer temos uma boa variedade de mapas, e todos são cheios de rotas alternativas, atalhos, níveis e subníveis que dão espaço para os jogadores se movimentarem e planejarem abordagens diferenciadas.

O que não anda colaborando muito é a conexão. For Honor utiliza um sistema P2P (peer-to-peer) o que significa basicamente que ele não tem servidores dedicados, e usa a conexão dos jogadores para sustentar as partidas. Estamos em um país em que a grande maioria das operadoras presta serviços péssimos, e como resultado, a qualidade da jogatina acaba comprometida.

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A estilosa (e demorada) tela de Versus.

Eu não tenho lá uma baita internet (15MB), mas ela me permite jogar coisas como Destiny, Overwatch ou Titanfall 2 sem problemas. Agora, com For Honor, os problemas têm sido constantes. O lag em si até que é raro, mas o que acontece muito são quedas de conexão que derrubam as partidas, seguidas por mensagens de erro como essa:

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Para piorar o fato do jogo se basear em P2P, ele não simplesmente não te deixa criar um lobby, para você automaticamente ser o host caso sua internet seja boa. Só existe a buscas de partidas, e o matchmaking do game faz a ligação entre os jogadores — a mensagem “você entrou na sessão de fulano” aparece o tempo todo —  ou seja, mesmo que sua internet seja “da Nasa, você estará à mercê da qualidade da conexão do host.

Além de provedoras de internet ruins, também vivemos em um mundo onde muitos jogadores simplesmente não gostam de perder, e aplicam o famoso “rage quit”. Em muitos casos as partidas caíam logo depois de aparecer a mensagem “fulano saiu da sessão”, o que me leva a crer que, além do problema da falta de servidores dedicados, temos também a falta de espírito esportivo dos jogadores.

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Isso é o que o que eu queria fazer com quem dá “rage quit”. >:(

Por último, mas não menos importante, sempre é bom ressaltar: For Honor chega ao Brasil 100% localizado, com opções de dublagens e legendas em português brasileiro. Pessoalmente eu não gostei muito das dublagens — a própria Ubisoft já entregou coisa melhor — mas sem dúvida é bom vermos mais um triple A chegando acessível ao público gamer brasileiro.

Confira abaixo um pouco da campanha dos Cavaleiros com diálogos dublados em PT-BR (cuidado com spoilers da história):

Conclusão

For Honor é a primeira tentativa real da Ubisoft de se aventurar nos eSports, e acredito que ela começou com o pé direito. Ainda que não seja um “jogo de luta” tradicional — como Street Fighter ou Mortal Kombat — ele é capaz de oferecer batalhas extremamente intensos e viscerais, seja no 1×1, no 2×2 ou no 4×4.

Se a campanha não é realmente épica, ela pelo menos está ali, e cumpre seu papel em um jogo cuja força está no multiplayer. O sistema P2P, a demora para encontrar partidas e as quedas (muitas quedas) de conexão mancham este início de vida útil do game, mas quero acreditar que tudo isso pode — e vai — ser consertado com o tempo.

Análise Arkade: For Honor é pancadaria violenta entre Vikings, Cavaleiros e Samurais

For Honor é aquele tipo de jogo que demanda muita prática para ser dominado, mas que recompensa o jogador com partidas deliciosamente violentas e imprevisíveis, que lhe rendem toneladas de armas, partes de armadura e adereços para customizar seus heróis. É um jogo potencialmente viciante e muito divertido, mas que ainda precisa de pequenos ajustes para oferecer uma experiência realmente sólida.

For Honor foi lançado em 14 de fevereiro para PC, Playstation 4 e Xbox One. O jogo está 100% em português. Esta análise foi feita com base em uma cópia da versão PS4 do game, que nos foi cedida pela Ubisoft.

2 Respostas para “Análise Arkade: For Honor é pancadaria violenta entre Vikings, Cavaleiros e Samurais”

  • 21 de fevereiro de 2017 às 21:09 -

    WebBlack

  • Eu realmente estava em duvida sobre essas quedas constantes em qual sistema foi testado, mais agora esta explicado se tratando de PSN para nós aqui no Brasil não é novidade que a conexão é um lixo…
    Xbox apresentou o mesmo problema porém em um numero menor
    Sobre ter uma melhor conexão bom acredito que nunca teremos uma PSN Brasileira.
    Arkade excelente matéria ^~

  • 7 de março de 2017 às 14:27 -

    Fabiano

  • Joguei o Beta Fechado e achei a batalha uma porcaria.

    Entendam, não é meu estilo, focar no adversário, batalha lenta, cadenciada.

    não gostei, não vou comprar. quem sabe daqui a uns 3/4 anos por 9,90

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