Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

18 de abril de 2017

Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

Há 22 anos, a LucasArts lançava um de seus maiores clássicos: Full Throttle. Hoje, a Double Fine lança a versão remasterizada do game, e é claro que a gente já jogou e te conta tudo sobre esta nova versão!

Velocidade, pancadaria e rock n’ roll

Para quem não sabe, Full Throttle é um adventure cheio de atitude que se passa em um futuro distópico, no qual carros, motos e veículos “tradicionais” estão sendo substituídos por modernosos hovercrafts voadores.

Indo contra a maré futurista dos hovercrafts, temos os motociclistas, e nosso protagonista, Ben, é o líder dos Polecats, um motoclube que acaba se envolvendo em uma sórdida conspiração quando seu caminho cruza com o do maquiavélico empresário Adrian Ripburg. Vice-presidente da Corley Motors — a última fabricante de motocicletas do país –, Ripburg quer acabar com as motocicletas e transformar a Corley em uma fabricante de minivans… mas para isso ele terá de tirar de seu caminho o dono da empresa, Malcolm Corley, sua filha e os Polecats, que não estão nem um pouco a fim de abandonarem o asfalto.

Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

Envolvido em uma série de encrencas, Ben é obrigado a agir se quiser salvar seus companheiros Polecats de uma enrascada e, de quebra, desmascarar o tirano Ripburg e salvar a Corley Motors de seu sombrio futuro como fabricante de minivans. E cabe a você, jogador, a missão de guiar Ben através de estradas e desfiladeiros, se metendo em brigas e rachas enquanto resolve puzzles (nem tão óbvios) para colocá-lo mais perto de seu objetivo.

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Se por um lado a história de Full Throttle é relativamente simples, ela ganha peso graças ao ótimo elenco, que entrega personagens muito interessantes — todos expressivos e com ótimas dublagens — em um mundo estiloso, que cheira à asfalto queimado e gasolina. A LucasArts sempre nos entregou mundos e personagens memoráveis, e o que temos aqui não é exceção.

Memória afetiva

Full Throttle foi um dos primeiros jogos de computador que joguei quando era moleque. Eu nem tinha computador na época — no início dos anos 90, um PC era quase um artigo de luxo –, mas jogava esporadicamente, sempre que ia à casa de um primo meu.

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Meu progresso era lento: era normal eu ficar travado no jogo, uma vez que alguns de seus puzzles são relativamente complexos, e meus conhecimentos em inglês na época eram horríveis (eu só fui me preocupar em realmente entender a história de um jogo quase 3 anos mais tarde, com Final Fantasy VII). Por conta disso, na minha cabeça Full Throttle era um jogo bem maior: nos anos 90 eu demorei várias semanas para zerar um jogo que desta vez consegui finalizar em um fim de semana.

Relembre no vídeo abaixo a primeira meia hora de gameplay deste clássico:

Claro que a tradução ajuda (e muito): esta versão remasterizada está 100% legendada em português, e o trabalho de tradução como um todo está excelente. Mas não é só isso: jogar entendendo de fato a história faz uma baita diferença, mas conforme eu ia jogando, lembranças do que ia acontecer e do que eu tinha que fazer iam aparecendo na minha cabeça, memórias que eu nem sabia que ainda tinha “arquivadas”.

Como fazer para entrar no ferro-velho (e como despistar o cachorro lá dentro), onde se esconder para roubar o combustível, como entrar na Corley Motors… eu ia me lembrando de tudo isso conforme jogava.

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Esta memória afetiva — somada ao fato de que agora eu realmente estava entendendo os diálogos e pistas que o jogo me dava — tornou esta jornada muito mais curta do que ela era na minha cabeça, simplesmente porque desta vez eu não fiquei “travado” em praticamente nenhum momento… ao contrário do que aconteceu nos anos 90.

As novidades

Felizmente, o fato de ser mais curto do que eu me lembrava não tira de forma nenhuma o brilho do game: Full Throttle ainda é um jogo incrível, e poder apreciá-lo remasterizado, em 1080p, com áudio cristalino e legendado em português foi uma baita experiência.

Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

O visual do game foi totalmente refeito, de modo que as bordas serrilhadas e polígonos quadradões dão lugar a linhas de contorno suaves, que mantém a personalidade e o estilo do game intactos, e ainda consegue deixá-lo muito mais bonito. E o mais legal é que ao toque de um botão podemos alternar entre o audiovisual clássico e o novo, podendo comparar em tempo real as duas versões.

Veja abaixo duas screenshots tiradas exatamente no mesmo lugar, na versão original e remasterizada:

Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

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Se a aventura de Ben ainda é essencialmente a mesma, pelo menos a Double Fine inseriu um punhado de extras que agregam ainda mais valor a este pacote nostálgico: temos uma galeria com mais de 100 artes conceituais do game original, bem como a possibilidade de jogar toda a campanha ouvindo os comentários de Tim Schafer e seus parceiros sobre a concepção de cada etapa do game. Uma aula de game design com alguns dos maiores mestres da indústria.

Para completar, temos ainda acesso a uma jukebox, onde podemos curtir a trilha sonora do game. Assinada pela banda The Gone Jackals, a OST do game é cheia de atitude, e combina perfeitamente com a vibe rebelde e rockeira do game.

Conclusão

Full Throttle angariou o status de “cult”, e esta versão remasterizada comprova que o game realmente foi uma pérola dos anos 90. Se não era realmente inovador em termos de gameplay, ele sem dúvida entregou um universo rico, cheio de personagens emblemáticos e uma história de vingança e lealdade como poucas vezes tínhamos visto antes no mundo dos games… tudo isso acompanhado de jaquetas de couro, tatuagens, correntes e rock n’ roll, o que o tornava ainda mais atrativo para a molecada.

Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude

Acredito que mesmo quem não jogou o game original nos PCs em 1995 vai conseguir se identificar com ele agora em 2017, simplesmente porque Full Throttle ainda é um jogo único, autêntico e estiloso. O “jeito LucasArts” de criar puzzles nem sempre é lógico ou fácil de compreender, mas no contexto da jornada, todos eles são bem colocados, ainda que possam parecer obtusos se analisados atualmente.

Full Throttle Remastered é um remaster feito do jeito certo: ele reapresenta um jogo realmente antigo para as novas gerações com muita competência,  tornando-o mais bonito e envolvente do que nunca… e ainda traz o visual clássico e os extras que farão os saudosistas suspirarem enquanto jogam. Tenha você jogado o game original ou não, ainda vai encontrar um clássico “cult” atemporal e extremamente badass aqui.

Full Throttle Remastered está sendo lançado hoje, 18 de abril, com versões para PC, PS3, PS4 e PS Vita. O game chega 100% legendado em português, e é cross-buy/cross-play na família Playstation.

2 Respostas para “Análise Arkade: Full Throttle Remastered é uma viagem nostálgica e cheia de atitude”

  • 19 de abril de 2017 às 09:16 -

    Glauco Lima

  • eu sou muito novo pra ter jogado isso nos anos 90, mas gostei muito da pegada motoqueira desse jogo kkkkkk
    darei uma olhada com certeza

    • 21 de abril de 2017 às 15:59 -

      Lulo

    • Cara,nao vai se arrepender,pois é um dos melhores point & click que existem.Boas lembranças da época que comecei a ter contato com PC.

      Existe uma versão legendada em PT-BR da original,feita por fãs,muito bom de se relembrar como algo tão simples pode ser tão prático.

      Recomendo também Sam & Max,que inclusive remasterizaram uns anos atrás.

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