Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror’s Edge Catalyst

15 de junho de 2016

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Mirror’s Edge está de volta, trazendo novamente o parkour que tornou o primeiro game da série um verdadeiro clássico atualmente. Contando uma nova, porém “velha” história, vemos o retorno de Faith e conhecemos mais da personagem, cujo passado e suas motivações não haviam sido muito exploradas no primeiro game da série.

Então é hora de subir novamente nos telhados da gigantesca e agora colorida cidade de Glasspara muito mais parkour e ação na pele da boa, e agora mais jovem Faith Connors!

Uma continuação e prequel ao mesmo tempo

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

O game se ambienta antes dos acontecimentos do primeiro Mirror’s Edge, mas sem dizer exatamente quanto tempo antes. Acompanhamos Faith voltando para sua vida com os Corredores, foras da lei que dominam os telhados e realizam entregas sigilosas e agem contra o Conglomerado, uma mega corporação que controla a vida de todos em Glass. A jornada começa com Faith sendo liberada da prisão após quase dois anos de encarceramento, e com uma enorme dívida a ser paga para Dogen, czar do crime da cidade.

Porque Faith foi presa e porque ela tem uma dívida com Dogen? Infelizmente o game não conta… Deixando essa informação para a história em quadrinhos Mirror’s Edge: Exordium. Então se você, assim como eu, não leu essa série em quadrinhos, vai ficar sem saber o que aconteceu antes dos eventos do game. Essa decisão de cortar um pedaço da história para vender separadamente prejudica o andar da história. Em vários momentos o game nos relembra que algo aconteceu no passado de Faith e sempre somos lembrados que ela deve pagar sua dívida com Dogen.

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

O foco do enredo do game está na relação entre Faith e sua irmã Cat, que já possuem uma relação conturbada no primeiro Mirror’s Edge. A história das duas irmãs é muito interessante, pois o passado de Faith está diretamente ligado com os acontecimentos do game, além de obviamente mostrar as motivações de Faith para ser uma corredora. Ao longo do game somos apresentados a diferentes personagens, mas infelizmente eles não recebem atenção suficiente para que nós possamos criar vínculos com eles. Na verdade, muitos personagens conseguirão fazer com que você os odeie, com as poucas cenas em que aparecem, mas alguns outros sofrem pela forma rasa que são tratados, não conseguindo assim ter um carisma a transmitir para o jogador.

O enrendo começa primeiramente nos reapresentando ao mundo de Glass, com o controle que o Conglomerado exerce a punho de ferro nos cidadãos, a importância dos corredores para a vida da cidade, e claro, apresentando Faith a uma grande cidade que é nosso playground de manobras. Com isso, ele começa calmo, mas quando enfim as coisas se encaixam, elas seguem em uma avalanche de revelações e ação. Mirror’s Edge Catalyst não possui um enredo de fazer sua cabeça explodir, mas consegue te manter entretido, com cutscenes com personagens de visuais incríveis e realistas, diferente das animações simples do primeiro game.

Uma história do passado, mais futurista que seu presente

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Mirror’s Edge Catalyst é mais uma “vítima” de algo que tem se tornado bem comum hoje em dia, ele é um prequel para o primeiro game da série, mas é muito mais tecnológico. Aproveitando muitas “modas” tecnológicas de hoje em dia, Catalyst possui agora drones que patrulham a cidade, painéis holográficos espalhados por todos os lados, carros voadores, habilidades de hackear computadores, câmeras de vigilância e até mesmo os dispositivos de comunicação dos inimigos, deixando-os atordoados por alguns segundos. Bem como armas lasers.

Nada disso estava presente no primeiro game da série, que de tudo mencionado acima, possuía somente armas comuns. Essa nova mudança de Mirror’s Edge Catalyst é compreensiva, afinal o game se passa em uma sociedade futurista, mas não deixa de parecer estranho quando comparamos com o primeiro game, que não tinha nada disso.

Parkour, habilidades e combate

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

A grande estrela de Mirror’s Edge no primeiro game foi sua jogabilidade, com um parkour refinado e todo o desafio colocado na locomoção pelas fases do game. E aqui não podia ser diferente. Mas agora com uma enorme diferença. Não progredimos mais por meio de fases, agora temos um mapa de mundo aberto com um pequeno pedaço da cidade de Glass, mas que é grande o bastante para nos parecer gigante.

Somos livres para ir e vir, subir e descer por qualquer lugar de Glass a hora que quisermos. O game conta com um mapa em 3D da cidade, com vários objetivos secundários para passarmos o tempo, mas sem fugir das origens. No primeiro game, o visual dos cenários era predominantemente branco, e a cor vermelha indicava onde deveríamos ir e os obstáculos que devemos transpassar. Em Catalyst temos uma cidade colorida, mas onde o branco ainda domina, e o vermelho indica o caminho que nós marcamos para ir.

No mapa do game, marcamos os pontos que queremos ir, ou se estivermos dentro de alguma missão, o caminho é automaticamente marcado. Com isso, apenas os obstáculos que devemos passar ficam em vermelho, e uma linha holográfica vermelha surge traçando o nosso caminho. Infelizmente essa linha muitas vezes mais atrapalha do que ajuda. Praticamente todas as tarefas extras do game são corridas contra o tempo, e como o próprio game avisa, nem sempre essas linhas mostram o caminho mais rápido. Mas elas praticamente nos obrigam a achar caminhos mais rápidos, sem qualquer pista de como achá-los.

Missões de entrega contra o tempo são especialmente cruéis. Seguindo exatamente o caminho que as linhas vermelhas mostram, terminamos essas entregas muitas vezes quando o cronômetro está preste a chegar a zero. O game te obriga a ser perfeito em sua corrida, literalmente não te dando tempo para sequer poder identificar seu caminho. Isso torna muitas missões extras muito frustrantes, pois somente com uma performance impecável você vai conseguir terminá-las.

Outro problema é a linha vermelha, que teima em desaparecer quando mais precisamos dela. Você escala uma parede, e ao atingir o topo se depara com vários possíveis caminhos para ir, e a linha vermelha simplesmente não aparece, obrigando você a reativá-la para aí sim ela aparecer e te mostrar o caminho, após você perder um precioso tempo que não poderia ser desperdiçado. Esse problema é realmente irritante, e constante, você passará por isso muitas vezes durante o game, e isso é algo que não poderia acontecer. Em comparação, quando entramos nas corridas do game, os trajetos são marcados com setas vermelhas gravas nas paredes e chão do percurso, nunca desaparecendo. As linhas em si são uma excelente ajuda, mas se não fosse pelo problema delas desaparecerem, tudo seria melhor.

Para progredir no game, Faith agora deve desbloquear novas habilidades ganhando experiência ao se terminar missões, corridas, e encontrar itens pelos cenários. Uma decisão estranha, visto que no primeiro game Faith possui todas as suas habilidades desde o começo. Uma das habilidades mais importantes do game, a de girar em 180º só fica disponível ao ser desbloqueada, e ela é essencial para a locomoção do game. Por isso, quando você jogar, foque seus upgrades nas habilidades de parkour, e deixe as habilidades de combate e equipamentos para depois.

Falando em equipamentos, Faith agora tem alguns gadgets que auxiliam suas corridas. O principal equipamento é a corda MAG, um gancho disparado por uma luva em sua mão direita, que permite que Faith se balance a grandes distâncias, bem como a permite escalar alguns locais instantaneamente e puxar alguns obstáculos e plataformas, conforme se melhora esse equipamento. E como já mencionado, Faith pode hackear computadores, desativar câmeras de segurança e deixar inimigos atordoados por alguns segundos.

O combate do se mantém na mesma base do primeiro game. Faith pode realizar combos com as mãos e chutes fortes, bem como aliar ataques com habilidades de parkour para passar por inimigos sem precisar parar. O combate é um pouco complicado, pois os inimigos revidam constantemente, exigindo que o jogador use muito a habilidade de esquiva para não ser atacado. Inimigos mais fortes são especialmente trabalhosos, pois são imunes a socos, e só podem ser feridos a chutes, exigindo paciência do jogador para superá-los. Porém, o jogador pode usar os cenários para sua vantagem. Jogando inimigos sobre os outros, nas paredes e até derrubando-os de parapeitos.

Corridas, missões extras e recursos online

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Além das missões principais e secundárias, que montam a história do game, temos muitas coisas para nos divertirmos no game. Temos as corridas, divididas em dois tipos: As corridas do game, espalhadas pelos telhados de Glass, e as corridas criadas por jogadores. Um dos recursos mais legais de Mirror’s Edge Catalyst são as criações da comunidade. A qualquer momento você pode criar um circuito de corrida. Basta acessar o menu rápido de criação, selecionar a opção de criar uma corrida, e pronto. Com isso, basta você escolher onde colocar os checkpoints enquanto anda pela cidade, e compartilhar sua criação online.

As criações são compartilhadas livremente entre todas as plataformas do game. Os jogadores podem participar de corridas de jogadores de outras plataformas, sem restrições. As corridas aparecem aleatoriamente na partida de desconhecidos, mas elas sempre aparecerão no jogo de seus amigos. Outro recurso, simples mas interessante são os GeoBeats. Eles são marcações que você deixa no cenário em que outros jogadores podem fazer “check-in”. Você pode colocar os GeoBeats em qualquer lugar, esse recurso serve para que os jogadores marquem pontos de interesse para compartilhar online. Viu uma paisagem bonita, uma passagem secreta para um item, ou alguma outra coisa interessante? Deixe um GeoBeat para que outros jogadores possam ver!

Temos ainda as missões extras, divididas em vários tipos. Temos missões de entrega, que sempre ocorrem contra o tempo, e são iniciadas em pontos marcados do mapa. Conversando com alguém ou pegando um item a ser entregue em painéis, você deve seguir até o ponto de entrega antes que o tempo acabe. Temos diferentes tipos de entrega: Frágeis, em que o jogador não pode deixar Faith cair e se machucar, o que resulta no item a ser entregue danificado, gerando penalizações no pagamento. Entrega Sigilosa, em que você deve correr contra o tempo e ainda por cima evitar ser visto por guardas inimigos. Passe rápido por eles, impedindo-os de atacar ou os atordoe para que a entrega não seja interrompida. E as entregas rápidas, bastando chegar ao ponto de entrega antes do tempo acabar.

As missões de distração são uma corrida contra o tempo em que você deve atrair a atenção de vários grupos de guardas inimigos no caminho. Esse tipo de corrida é especialmente difícil, por culpa da linha vermelha que teima em sumir e do tempo muito escaço que essas corridas te dão. Temos as torres de vigilância espalhadas pela cidade, onde devemos derrotar todos os guardas inimigos e destruir as torres, seguido de uma fuga contra a polícia, em que devemos sair da zona de busca dos guardas e nos manter escondidos até eles desistirem de nos procurar. E temos os outdoors espalhados pela cidade, que podemos hackear para deixar uma marca personalizada pelo jogador.

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Por fim, temos os colecionáveis, de vários tipos: GridLeaks são esferas luminosas, encontradas em grande quantidade. Chips, que podem ser arrancados de painéis, e também existem aos montes. Documentos e gravações, que revelam novas informações sobre os personagens do game, ampliando o enredo. E os pacotes secretos, que estão muito bem escondidos, herança do primeiro game. Sempre que você ouvir um apito estranho, e ver a marca de Faith em uma parede, é porque há um pacote escondido ali perto.

Gráficos e Som

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Mirror’s Edge Catalyst é graficamente lindo. A cidade de Glass é viva, clara e colorida. No game temos mudança de tempo dinâmica, o que significa que há a transição entre amanhecer e anoitecer. A beleza do game é mostrada em todo o seu esplendor durante o dia, com os excelentes efeitos de iluminação e reflexo do game. Durante a noite as coisas se complicam, vários pontos do cenário ficam extremamente escuros. Enquanto os telhados são bem iluminados, o interior dos prédios e áreas mais baixas são muito escuras, algumas sendo impossível ver o que há na sua frente.

O visual dos personagens é muito bem detalhado e realista, coma uma perfeita sincronia labial em suas falas e movimentações bem realistas. E a perspectiva em primeira pessoa de Faith continua como no primeiro game, podemos ver o corpo inteiro de Faith ao olhar para baixo, bem como a câmera rola e balança de acordo com as manobras de Faith, principalmente com as cambalhotas.

A parte sonora do game dá uma boa atenção aos sons produzidos por Faith, seus passos, respiração ofegante, e os sons produzidos ao se escalar. As músicas do game são calmas no geral, ficando bem rápidas e agitadas na hora certa, para dar o clima de urgência e velocidade de cada momento. Algumass vezes as músicas somem subitamente, aparentemente sem razão, e vão lentamente voltando ao normal, deixando o clima um pouco estranho, mas isso acontece algumas poucas vezes.

Conclusão

Análise Arkade: O retorno de Faith e do Parkour de causar calafrios em Mirror's Edge Catalyst

Mirror’s Edge Catalyst revitaliza o mundo das alturas que foi apresentado no primeiro game. Com um parkour ainda melhor, ao ponto de aqui ficar um aviso: Se você sofre de labirintite ou cinetose (a famosa motion sickness), talvez seja melhor tomar cuidado com o game, pois ele é um verdadeiro pesadelo para quem tem esses problemas. Felizmente não sofro de nenhum desses problemas, mas mesmo assim sentia um enorme calafrio percorrendo o corpo em algumas manobras muito arriscadas que fiz durante o game, por isso estejam avisados!

O game conta uma história simples, mas interessante de se acompanhar, mas é o mundo do game em si, e principalmente as corridas e segredos escondidos na cidade que realmente tornam Mirror’s Edge Catalyst um game muito divertido, com uma cidade inteira para escalarmos, corrermos e pularmos. Esse é um game recomendado para quem já gostava do primeiro, e principalmente para quem nunca teve contato com a série.

Vale ainda destacar que o game possui menus e legendas em português brasileiro, com uma tradução excelente!

Mirror’s Edge Catalyst foi lançado no dia 7 de junho com versões para PC, PS4 Xbox One.

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