Análise Arkade: Morphite é exploração espacial low poly no estilo No Man’s Sky

23 de setembro de 2017

Análise Arkade: Morphite é exploração espacial low poly no estilo No Man's Sky

Se você não conseguiu realizar o sonho de se tornar astronauta (e quem conseguiu, né?), aqui está um jogo que vai apaziguar um pouco a sua frustração: Morphite é um game de exploração espacial cheio de conteúdo, confira nossa análise!

É tipo No Man’s Sky, mas com história

No Man’s Sky é um jogo que deixou muita gente frustrada por uma série de fatores. Uma das coisas que eu particularmente não gostei é como tudo é esparso, “largado”: não há uma história sendo desenvolvida nem um objetivo real, senão chegar ao centro do universo — jornada esta que não trazia o desfecho épico que as pessoas esperavam, aliás.

Análise Arkade: Morphite é exploração espacial low poly no estilo No Man's Sky

Morphite tem muito em comum com No Man’s Sky: aqui também viajamos por planetas gerados proceduralmente, catalogando plantas, animais e rochas extraterrestres. Também pegamos missões paralelas com NPCs, visitamos estações espaciais e precisamos atirar em criaturas alienígenas hostis de vez em quando.

Porém, há uma narrativa sendo desenvolvida aqui, e ela é bem interessante: controlamos Myrah, uma jovem curiosa e com sede de aventuras. Ela vive em um universo que já foi repleto de civilizações interessantes e arrojadas, mas hoje encontra-se decadente, com ruínas e desertos onde antes havia vida.

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Os heróis Myrah e Kitcat.

Mas, há algo mais, na forma de um elemento que parece ser a chave para o que houve com o universo: o MorphiteMyrah é um tanto obcecada por este artefato místico, e, ao lado do simpático KitCat (um robozinho em forma de gato que é meio que seu ajudante), ela irá desbravar planetas e templos caídos em busca de respostas.

Mantendo o foco

Quando você entra em sua nave e acessa o mapa estelar, vai perceber que o jogo possui dezenas de sistemas disponíveis: ao redor de cada sol, há 3 ou 4 planetas e uma estação espacial. Porém, ao contrário de No Man’s Sky, aqui você não precisa ficar explorando a esmo, se não quiser.

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A visão do seu cockpit.

Seu objetivo sempre estará destacado no mapa: se quiser prosseguir com a narrativa, vá até o local que está destacado em verde e cumpra o objetivo proposto. As vezes o planeta para o qual você deve ir é meio longe, o que te obriga a fazer a viagem aos poucos, parando aqui e ali para coletar recursos e reabastecer sua nave, mas mesmo assim é bem mais fácil manter o foco na história.

A viagem espacial em si também é super otimizada: você simplesmente escolhe seu próximo destino e assiste sua nave viajar rapidamente até lá (caso você tenha combustível suficiente, claro), no melhor estilo Destiny. Vez ou outra pode pintar um cinturão de asteroides ou uma nave inimiga querendo briga, mas no geral as coisas correm tranquilamente.

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Ajuda o fato dos planetas serem bem menores: não há realmente muito o que se fazer nos mundos que não fazem parte da história além de explorar, catalogar coisas, matar uns bichos e quem sabe conversar com algum NPC. Já onde rolam as missões principais, espere encontrar catacumbas de civilizações esquecidas, aldeias de aliens nômades e até mesmo alguns chefes gigantes!

Na prática, o que temos aqui é um jogo que mistura exploração, plataforma e puzzle com uma pitada de combate. Essa variedade é apresentada de maneira bastante fluida, e não torna o jogo entediante — algo que pode acontecer em jogos de exploração procedurais.

Evolução problemática

Curiosamente, há uma coisa que atrasa o andamento do jogo, que é seu sistema de evolução: você precisa coletar dinheiro — chamado de chunk aqui — e materiais variados para poder melhorar seu traje e sua nave. Isso é importante porque há certos planetas com atmosferas muito frias, muito quentes ou radiativas, de modo que você só pode visitá-los quando seu traje e/ou sua nave estiverem aptos a descer lá.

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Prepare-se para ficar irritado com os upgrades.

O problema é que conseguir os itens necessários para melhorar seus equipamentos parece totalmente aleatória: uma hora você mata um bicho e recebe o item X, e na outra não recebe nada. Os chunks a gente até consegue cumprindo sidequests, mas considerando que tudo demanda grana — inclusive encher o tanque da sua nave –, boa parte da agilidade que o game poderia ter se perde, pois você é obrigado a fazer um crafting pentelho (e possivelmente aleatório).

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Então, curiosamente, temos “dois pesos e duas medidas” aqui: você pode querer manter o foco na história para agilizar as coisas… porém, você invariavelmente vai ficar travado em algum lugar, e será obrigado a farmar um bocado para conseguir matéria-prima para melhorar seus equipamentos. Isso definitivamente não é legal.

Audiovisual

Eu não sou necessariamente um grande fã do estilo low poly, a não ser que ele seja feito de um jeito particularmente estiloso — como em SUPERHOT, por exemplo. Não é o caso aqui. A gente acaba se acostumando com o visual de Morphite, mas isso não faz com que ele seja realmente bonito.

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Sendo mais justo, as paisagens até são legais, bem alienígenas, e algumas formas de vida são bizarramente cômicas (exemplos abaixo). O que me incomodou mais foi o design dos personagens: Myrah tem voz, mas não tem boca, nem olhos, nem nada. A cara dela é lisa, inexpressiva…e até um pouco bizarra.

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Entre as criaturas bizarras, encontramos uma “vaca” de óculos…

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E uma “raposa” de bigode!

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Enquanto isso, a protagonista mal tem nariz…

Apesar disso, o design do universo de Morphite é bacana, e parece aquele futurismo meio retrô imaginado por obras de ficção dos anos 80. As naves são grandes e quadradonas, as bases e estruturas também são legais.

O departamento sonoro também traz uma vibe oitentista ao game: temos músicas transcendentais cheias de sintetizadores e barulhinhos “cósmicos”. As dublagens cumprem seu papel, e há um bocado de piadinhas e humor incidental nos diálogos que rolam entre Myrah e KitCat.

Conclusão

Morphite é meio que uma versão “ainda mais indie” de No Man’s Sky que tem mais qualidades do que defeitos: sua história é instigante, seu gameplay é agradável e sua campanha é bem variada, não deixando o jogo se tornar muito repetitivo.

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Porém, o fato do jogo “te obrigar” a melhorar seus equipamentos vai contra tudo isso, e depois de algumas horas dinâmicas e divertidas, você vai acabar tendo que puxar o freio, pois farmar se torna uma necessidade. Se não fosse por isso, o jogo ficaria redondinho, e muito mais agradável.

De qualquer modo, é um jogo bacana, com bastante conteúdo e capaz de te manter entretido por muitas horas. Se você curte a temática — e o elemento procedural –, sem dúvida pode experimentar sem medo.

Morphite foi lançado em 20 de setembro, com versões para PC, iOSPlaystation 4 e Xbox One (a versão Nintendo Switch chega ainda este ano). O game está 100% em inglês.

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