Análise Arkade: Pyre, o incrível novo jogo dos produtores de Bastion

24 de julho de 2017

Análise Arkade: Pyre, o incrível novo jogo dos produtores de Bastion

Pyre, o novo jogo da Supergiant Games — criadora de games incríveis como Bastion e Transistor — só será lançado amanhã, mas nós já jogamos e trazemos nossas impressões para você em primeira mão!

Fugindo do Exílio

Pyre se passa em um universo de fantasia onde seres das mais variadas raças coexistem em relativa harmonia. Porém, criminosos, condenados e párias não são aceitos pela sociedade, e acabam sendo atirados no Downside, uma espécie de purgatório de onde, supostamente, não há como sair.

Análise Arkade: Pyre, o incrível novo jogo dos produtores de Bastion

“Supostamente” porque é claro que nosso objetivo primário é sair dali e buscar a redenção no mundo superior. Assumimos o papel de um Reader, apelido dado ao sujeito que é capaz de “ler” as estrelas e interpretar o Livro dos Escribas, escritura sagrada que rege todo o universo do game.

Nunca vemos diretamente quem é o nosso personagem, mas somos resgatados pelos Nightwings — uma eclética caravana de exilados que está participando dos Ritos. Os Ritos são uma série de duelos ancestrais entre clãs rivais cujo prêmio é  redenção e o retorno ao mundo superior… ou pelo menos é isso que os exilados que vivem no Downside esperam.

Confira abaixo os primeiros 37 minutos de gameplay:

Na prática, nosso papel como Reader acaba sendo meio que como um “mestre de RPG”: temos que tomar decisões e escolher os caminhos que iremos trilhar entre uma missão e outra, e durante os Ritos propriamente ditos, damos ordens à party de como proceder para chegar à vitória.

Os Ritos

Quando estamos a bordo do Blackwagon — o trailer que é nosso principal meio de transporte no game — não há muito o que fazer, e o jogo se apresenta quase como um point and click: acompanhamos diálogos, tomamos uma decisão ou outra e escolhemos quais caminhos seguir basicamente clicando em pontos do mapa.

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Nos Ritos, porém, a coisa muda de figura: assumimos controle em tempo real de 3 personagens, que irão travar um duelo contra 3 oponentes em uma arena fechada. Nosso objetivo em um Rito é simples: devemos apagar a chama da pira adversária, e proteger nossa própria pira das investidas inimigas. Os personagens não podem causar dano à pira de mãos vazias, para isso, devem carregar uma orbe mágica até ela.

A melhor maneira de descrever os Ritos de Pyre é comparando-os com futebol: temos 3 “jogadores” de cada lado, que devem levar a bola (orbe) até o gol (pira) adversário. Claro que existem fatores que complicam um pouco as coisas: todos os personagens podem disparar feixes de energia que banem temporariamente quem for atingido, mas enquanto carrega o orbe, um personagem fica impossibilitado de atacar, podendo apenas correr e pular (ou voar, caso ele tenha essa habilidade) para fugir dos inimigos.

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Talvez seja mais fácil mostrar na prática como um Rito funciona… ou não, pois acredito que esse é aquele tipo de jogo que fica mais fácil de entender o que acontece jogando, não só assistindo. De qualquer modo, aí vai, um Rito completo:

É confuso? Um pouco, mas conforme a gente vai entendo como os Ritos funcionam, eles vão se tornando cada vez mais empolgantes e divertidos. Conforme superamos os obstáculos, nossa party vai aumentando, e cada personagem tem alguma habilidade única que pode fazer uma grande diferença nas arenas: alguns voam, outros são bem velozes, e há uma árvore de habilidades e alguns amuletos que concedem novas habilidades ou melhoram os poderes de cada membro da party.

Falando em party, é importante que você não “vicie” seus personagens, e aprenda a revezar entre todos eles na hora dos Ritos (apenas 3 vão para o combate). Digo isso porque em mais de uma ocasião algo faz com que um personagem simplesmente não possa participar do próximo Rito — o jovem Hedwyn, por exemplo, sente-se indisposto e enjoado depois de uma viagem pelo mar, e pede para ficar de fora do próximo combate. Cada personagem tem seus intereses, virtudes e fraquezas, e cabe ao Reader (que é você) administrar tudo isso.

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Por mais confusos que sejam em uma primeira olhada, os Ritos são simplesmente muito legais e inovadores — acho que nunca vi algo do tipo sendo utilizado em um game. A Supergiant Games sabe que criou algo com muito potencial aqui, tanto é que, mesmo o jogo em si sendo totalmente single player, há um modo Versus (apenas local ou contra a IA), onde você pode simplesmente desafiar seus amigos para uma batalha dos Ritos!

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O legal do modo Versus é poder jogar com outros clãs.

Dado o potencial competitivo dos Ritos, eu realmente não me surpreenderia se a Supergiant Games transformasse os Ritos em um jogo à parte, uma experiência stand alone mais ou menos como a CD Projekt Red fez com Gwent. É algo que só dá para entender jogando, mas depois que você tiver superado 3 ou 4 Ritos, certamente estará encantado com o delicado equilíbrio de estratégia e agilidade que cada batalha demanda.

Audiovisual

Depois de lançar dois games isométricos, a Supergiant Games entrega em Pyre um visual predominantemente 2D, mas com uma profundidade incrível. O jogo é todo desenhado à mão, e oferece paisagens surrealmente belas, coloridas e psicodélicas, e personagens que são tão bizarros quanto estilosos, e ainda esbanjam carisma e personalidade conforme você conversa com eles e os conhece melhor.

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Os designers realmente deixaram a imaginação fluir, e criaram algo único e cheio de estilo. Confira abaixo algumas das psicodélicas paisagens do game:

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A trilha sonora mantém a qualidade que se espera de um game da Supergiant: belas canções com cadências variadas, que vão do suave ao rock com muita propriedade, acrescentando vozes e coros ocasionalmente. Cada triumvirate — assim são chamados os clãs do jogo — possui seu próprio tema, que é condizente com a “personalidade” daquele grupo. No geral, as músicas são nada menos que excelentes, daquelas que dá vontade de ouvir até fora do game.

O jogo conta basicamente com um narrador que anuncia os Ritos, de resto há apenas murmúrios em diálogos e interações entre os personagens. Um ponto negativo é que o game não foi localizado para outros idiomas, estando disponível apenas em inglês. Os produtores — uma equipe pequena e esforçada de apenas 12 pessoas — alegam que seria impraticável traduzir o game para outros idiomas e manter a qualidade da narrativa (há toneladas de citações do Livro dos Escribas e um certo grau de dinamismo dos diálogos) , de modo que optaram por manter o game em inglês. Esteja ciente disso caso queira se aventurar pelo Downside.

Conclusão

Pyre é um jogo difícil de definir: chamam ele de RPG por aí, mas eu realmente não consigo enxergá-lo como um. Ok, temos uma party e diversas árvore de habilidades, mas fora isso ele é meio que um point and click, que traz de brinde um dos “sistemas de batalha” mais interessantes e inovadores que já vi, com potencial de virar algo além do jogo em si (que já é incrível).

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Também é difícil de explicar porque Pyre é tão legal: você precisa jogar e sentir o feeling do jogo para entender. É impossível fazer isso sem gastar dinheiro, mas considerando que ele nem está custando tão caro assim — menos de 34 reais na Steam — eu recomendo fortemente que você dê uma chance ao jogo.

Com seu novo game, a Supergiant soma apenas 3 jogos em seu currículo: Bastion, Transistor e Pyre. Mas todos são incríveis e únicos — cada um à sua maneira. Poucos estúdios acertam 3 vezes em seguida, especialmente entregando experiências tão diferentes. A Supergiant Games conseguiu, e se você curte o trabalho deles, vai saber apreciar  Pyre, mesmo ele não tendo praticamente nada em comum com os games anteriores da produtora.

Pyre será lançado amanhã (25/07) com versões para PC e Playstation 4. Este review foi feito com base na versão PS4 do game, que recebemos antecipadamente dos produtores para fins de análise.

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