Análise Arkade: Ressuscitando uma antiga história real no terror do gelo e neve de KHOLAT

19 de junho de 2015

Análise Arkade: Ressuscitando uma antiga história real no terror do gelo e neve de KHOLAT

Em 1959, um dos mais misteriosos casos de morte aconteceu na Rússia, uma história sinistra revivida pelo terror gélido de KHOLAT. Chegou a hora de conhecer a verdade!

Nesse dito ano, um estranho incidente causou a morte de 9 estudantes do Instituto Politécnico de Ural, atualmente chamada de Universidade Federal de Ural, na Rússia. Devido a falta de evidências para explicar o que realmente aconteceu e matou os estudantes, o caso acabou sendo arquivado na época e ficando até hoje sem solução.

Mas antes de falarmos sobre o game KHOLAT, façamos uma breve aula de história para conhecer resumidamente o caso que deu origem a este jogo de terror: o caso que ficou conhecido como Incidente do Passo Dyatlov. Prepare-se pois a história é tenebrosa, digna de uma boa creepypasta!

O INCIDENTE DE DYATLOV PASS

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Fotos reais das 9 vítimas do incidente

Um grupo formado por 9 pessoas, entre estudantes e graduados do Instituto Politécnico de Ural, liderado por Igor Alekseievich Dyatlov (motivo pelo qual o incidente leva seu nome) embarcou em uma expedição pra chegar até a Montanha Otorten, que faz parte da cadeia dos Montes Urais, e escalar o pico. Os membros do grupo eram esquiadores experientes, e seguiram por uma rota de Categoria III, considerada a categoria mais difícil.

A expedição se iniciou no dia no dia 25 de Janeiro de 1959, quando o grupo iniciou os preparativos para a viagem. Eles esperavam voltar próximo dia 12 de Fevereiro, mas não retornaram. No dia 20 de Fevereiro uma equipe de busca foi enviada para procurar os exploradores perdidos a pedido de suas famílias. Porém, somente no dia 26 de Fevereiro as equipes de busca encontraram o último acampamento feito pelos exploradores, abandonada no sopé da montanha Kholat Syakhl.

No dia 1º de Fevereiro o grupo iniciou sua caminhada pela passagem que futuramente viria a se chamar Passo de Dyatlov. O objetivo era atravessar a passagem e acampar do outro lado durante a noite. Porém, graças às condições climáticas severas, com muita nevasca, ventos fortes e visibilidade muito baixa, eles acabaram perdendo a orientação e desviando-se para o oeste, chegando até a montanha Kholat Syalkh, cujo nome, traduzido do idioma Mansi, significa “montanha da morte”, e acampou no local.

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Quando as equipes de busca chegaram até o local, encontraram uma tenda abandonada com todos os pertences do grupo – inclusive seus sapatos – e coberta de neve. Além disso, o abrigo estava todo cortado. O estranho era que a tenda havia sido cortada de dentro para fora, e trilhas de pegadas indicavam que o grupo saiu às pressas de dentro da tenda, correndo a toda velocidade para longe, alguns completamente descalços, outros apenas com meias nos pés e um deles com apenas um sapato calçado, de acordo com as marcas das pegadas.

O grupo de buscas encontrou dois cadáveres próximos aos restos de uma fogueira na borda de uma floresta. Os corpos estavam somente com suas roupas íntimas. Uma árvore próxima estava com galhos quebrados a uma altura de 5 metros, indicando que algum deles tentou escalá-la. No caminho de volta à tenda, mais três corpos foram encontrados separados uns dos outros, como se tentassem voltar para o acampamento. Um deles tinha um pequeno traumatismo craniano, mas nenhum sinal de pancada externa que explicasse como a fratura foi causada.

Somente meses depois, no dia 4 de Maio, há cerca de 75 metros de distância da floresta os quatro corpos restantes foram encontrados enterrados sob quatro metros de neve. Três dos corpos possuíam horríveis e diversas fraturas na caixa torácica, e um deles um grande traumatismo craniano. Porém os corpos não possuíam qualquer marca externa que explicasse as fraturas, que segundo médicos legistas, só poderiam ser causadas por uma força equivalente a uma batida de carro. Porém, um dos corpos estava em um estado aterrador: Além das fraturas, o corpo estava sem sua língua, olhos, partes da pele da face e do osso do crânio, além de conter várias marcas de ferida nas mãos.

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Foto da tenda cortada dos exploradores encontrada pelas equipes de busca

Esse caso assustador nunca foi solucionado, tendo gerado diversas teorias mas nenhuma resposta definitiva. Na época concluiu-se que a maioria morreu por hipotermia e foram levantadas hipóteses de que a causa do incidente possa ter sido uma avalanche, o que explicaria as fraturas na caixa torácica de alguns dos mortos, pois apenas uma pressão muito grande causaria aqueles ferimentos. Mas a a tenda e as pegadas dos exploradores puderam ser encontrados, o que eliminava essa alternativa. Especularam que eles poderiam ter sido atacados pela tribo dos Mansi, mas nenhuma pegada, fora a dos 9 mortos podia ser encontrada, além do fato que nenhuma das vítimas possuía qualquer marca externa que indicasse um ataque. O mais estranho era que algumas das roupas das vítimas, após serem examinadas, indicavam um alto nível de radiação.

Mais teorias surgiram, umas dizendo que a área era usada pelos militares para testes de bombas, o que explicaria a radiação, e vários relatos de diversas pessoas falavam sobre estranhas esferas luminosas alaranjadas que pairavam no céu da região do incidente, vistas a distância em outras cidades e por outros exploradores, e muitos acreditavam que algo sobrenatural poderia ter acontecido. Porém ninguém jamais conseguiu entender o que fez com que os exploradores cortassem a tenda de dentro para fora e fugissem do local Sem mais nada que pudesse explicar o incidente, foi concluído oficialmente que os exploradores foram mortos por uma “força propulsória desconhecida“, e o Incidente do Passo de Dyatlov foi fechado, tornando-se lenda.

A LENDA REVIVIDA

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E aqui chegamos a finalmente ao game, KHOLAT. O jogo foi criado pelo estúdio indie polonês IMGN.PRO utilizando todo o poder da Unreal Engine 4, e trás o jogador novamente para o pesadelo da montanha Kholat Syakhl, décadas depois do incidente, em busca de mais respostas sobre o que realmente aconteceu aos 9 exploradores.

Assumimos o papel de um protagonista sem nome que decide ir até a região em busca da verdade, enquanto temos nossa aventura narrada pelo próprio Sean Bean, isso mesmo, o Boromir de O Senhor dos Anéis Ned Stark da série Game of Thrones é quem narra essa história nos momentos em que ela deve ser contada.

KHOLAT é um survival horror de exploração em primeira pessoa, que nos joga em uma imensa área congelada e “deserta” em busca de duas coisas: Encontrar a verdade e sobreviver. “Deserta” entre aspas pois, para nossa infelicidade, não estamos sozinhos. O objetivo de KHOLAT é explorar a imensa área em busca de pistas sobre os nove exploradores e informações sobre aquela região. E assim como novas descobertas nos contam suas histórias, um misterioso perigo espreita por onde menos esperamos.

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No inicio, nos encontramos em uma cidade abandonada, e temos como única opção seguir em frente, até que logo estaremos perdidos em uma nevasca tão forte que a visibilidade é quase zero. Nesse momento, o objetivo é encontrar uma tenda perdida para enfim iniciar a aventura, e acredite, achar essa tenda em meio ao nada, numa nevasca extremamente forte é bem complicado. Eu precisei de duas tentativas, pois na primeira eu acabei encontrando uma montanha, uma pequena vila abandonada, e sem saber para onde ir encontrei o fim do cenário, e um nada sem fim, o que me obrigou a reiniciar o game. Já na segunda tentativa achei a tenda, e dentro dela, os três únicos itens que nos auxiliam na jornada: Um mapa, uma bússola e uma lanterna.

GUIANDO-SE NO MEIO DO NADA

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A área do game é realmente imensa, cercada de montanhas, florestas, cavernas e rios congelados. Uma nevasca sem fim cai do céu enquanto ventos uivantes jamais param de assoviar e muitas vezes prejudicam a visibilidade em alguns trechos, causando tensão e tornando bem fácil acabar perdido.

E para tentar não se perder, o jogador tem a sua disposição o mapa, a bússola e a lanterna encontradas na tenda abandonada, e mais nada. Não existem setas de direção, e o mapa não é daqueles que ficam fixos na tela. Quer saber para onde ir? Se vire, aprenda a ler o mapa, usar a bússola e a observar a geografia do local. Pois o game jamais apontará o caminho.

Dessa forma, como saber o que fazer e para onde ir? No mapa que encontramos existem algumas coordenadas marcadas, e elas são os objetivos primários do game. Para descobrir o que aconteceu com os novo exploradores, e investigar os segredos escondidos na neve, devemos explorar o mapa e tentar chegar até aqueles lugares marcados e utilizar a bússola para nos guiar. Observar montanhas também ajuda a reconhecer onde estamos, e uma lua brilhante ilumina a noite, nos ajudando também a nos orientar.

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Durante as caminhadas, podemos encontrar vários itens que nos ajudam a entender a história. Páginas do diário de uma das exploradoras do grupo, notas sobre estranhos experimentos que ocorreram na área, e notas de pessoas que estavam ligadas àquele lugar em algum momento do passado. Encontrar todos os documentos é um grande desafio, e expande ainda mais a história, dando mais informações para entendermos o que está acontecendo.

É possível terminar o game sem encontrar tudo, portanto a dica é sempre ficar atento para encontrar os itens. O game faz um trabalho fenomenal em montar sua história tendo como base todos os rumores que surgiram em decorrência do incidente real. Temos desde segredos militares até as misteriosas luzes laranjas que as pessoas diziam ter visto. E luzes laranjas realmente são péssimas aqui.

O MISTÉRIO E A JOGABILIDADE

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Enquanto avança, o jogador deverá tomar muito cuidado com seus arredores e estar muito atento. Pois fora o próprio jogador, ainda existem inimigos impossíveis encarar. Eles são chamados de anomalias, estranhas sombras que podem aparecer a qualquer momento e andam sem destino pelo cenário, deixando suas pegadas flamejantes no solo. As anomalias são inimigos imprevisíveis e que conseguem sentir o jogador. Quando elas detectam sua presença, elas não param de persegui-lo até o alcançar.

Passar pelas anomalias é um trabalho duro, basta chegar perto o suficiente de uma e ela matará o jogador instantaneamente. Para passar por elas é preciso ter paciência e ser ágil. Elas nunca andam num padrão definido, e tendem a caminhar em direção ao jogador ao perceberem que ele está próximo. O jogador nesses momentos terá que se virar para despistá-las e conseguir escapar. E para aumentar a dificuldade, as anomalias podem aparecer quando menos se espera, cade vez de uma forma diferente, obrigando o jogador a pensar, improvisar e agir sob pressão.

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A jogabilidade então segue no padrão que se tornou frequente no gênero de terror atualmente, nós não podemos enfrentar o inimigo, apenas escapar dele. A jogabilidade é simples: O jogador pode andar e correr, porém por pouco tempo: se o jogador correr demais sua visão fica embaçada e o protagonista começa a ofegar, andando devagar para recuperar seu fôlego.

Usar a lanterna é um risco, pois as anomalias podem detectar a luz, e isso torna o jogador muito mais vulnerável à morte. Na verdade, usar a lanterna acaba se tornando praticamente opcional, pois mesmo dentro de cenários escuros é possível se localizar bem, com poucos lugares onde a lanterna se faz realmente necessária. É claro que, se o jogador desejar, poderá escurecer o game para dar ainda mais tensão.

O mapa quando ativado é levantado junto com a bússola e a lanterna é automaticamente ligada. Usando o botão direito do mouse o jogador pode dar zoom na tela a qualquer momento, e quando o mapa é ativado, o zoom mostra um círculo indicando as coordenadas de onde estiver apontado no mapa, ajudando o jogador a encontrar os lugares que deve ir. Além disso, temos os “fantasmas”, manifestações luminosas que nos mostram coisas sobre o lugar que estamos, ou aparecem para nos indicar o caminho a seguir.

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Cada item e local encontrado é marcado em vermelho no mapa, mostrando ao jogador onde ele está, cada uma dessas áreas torna-se um check-point. Caso o jogador morra, ele voltará ao local de sua última descoberta. Existem ainda acampamentos bem escondidos pelo cenário. Ao interagir com um, o mapa permite usar o recurso de fast-travel entre outros acampamentos encontrados. Mas somente em acampamentos. E para ajudar o jogador a encontrar documentos pelo mapa, existem misteriosas inscrições em pedra escondidas ao longo de todo o cenário do game com coordenadas de itens que podem ser encontrados, incentivando o jogador a explorar essas áreas e encontrar todos os documentos do game.

GRÁFICOS E SONS

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Graças ao Unreal Engine 4KHOLAT possui um visual incrível. Toda a vegetação do game se move com os incessantes ventos, a neve se espalhando por toda parte, no chão, nas montanhas e caindo do céu sem parar. E em meio às montanhas, algumas estruturas macabras podem ser vistas. Os efeitos de iluminação são belos, fogueiras e tochas possuem aquela luz bruxuleante e acalentadora em meio ao branco interminável, a luz da lua se infiltra entre galhos e cria sombras que se movem entre as árvores. A lanterna do jogador não ilumina bem à distância, mas contrasta bem com seu efeito de luz artificial diante da natureza congelada. Se o jogador tiver um PC potente, poderá aproveitar KHOLAT em todo o seu poder gráfico e se impressionar com as paisagens que encontrará, seja de perto ou de longe.

O vento uivante ao longo de todo o game possui um som bem realista e que causa uma forte tensão ao transmitir a sensação desolação em meio a um horripilante vendaval. E o vento por si só contribui fortemente para a sensação de perseguição. Você pode estar caminhando com o som do vento que nunca para, e de repente o vento pode lhe pregar peças, bem como sons de galhos se partindo, de folhagens balançando, e vez ou outra uivos de lobos que aumentam a sensação de perigo. Isso para não falar de outros tipos de sons fantasmagóricos que podemos ouvir em alguns trechos.

E nos momentos de maior importância do game, somos acompanhados por temas pesados e carregados de suspense, que conseguem nos fazer dar aquele pulo disfarçado na cadeira. Em um momento, tudo parece tranquilo, então começam músicas disformes, que se parecem as vezes como gritos graves a distância, sons pesados que parecem indicar que algo muito ruim vai acontecer a qualquer momento.

Mas nem tudo são sons ambientes ou temas pesados, KHOLAT também possui um belíssima trilha sonora em piano que nos dá as boas vindas no início do game, quase como a calmaria antes da tempestade. O tema principal do game é belo e calmo, antes de dar lugar para o terror que o game nos reserva.

E por fim, temos o excelente trabalho de dublagem, com o astro Sean Bean assumindo o papel da narração. Alguns dos documentos do game ao serem encontrados tem seus textos narrados, e novamente Sean Bean, bem como os outros atores que contam suas histórias por esses documentos fazem um excelente trabalho, transmitindo a emoção dos personagens no momento em que escreveram aqueles documentos.

CONCLUSÃO

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KHOLAT consegue criar um poderoso clima pesado e tenso ao longo de toda a sua experiência. Ele não é o game mais assustador que eu já joguei, e durante vários momentos poucos sustos aconteceram. Isso no entanto pode mudar de acordo com como se joga. Dependendo da forma que o jogador age durante o game, mais ou menos sustos podem acontecer, tornando cada jogada diferente da outra.

Talvez KHOLAT não agrade a todos os jogadores, seu foco está na exploração do cenário e em contar sua história através dos documentos escondidos. Porém o real sentimento de desolação do game é um bom atrativo. Posso dizer que a sensação que o game transmite é a de que você está realmente sozinho, até o momento em que você não está mais. É um terror diferente de outros games do gênero, como Amnesia, onde sabemos que estamos em um lugar onde há algo nos caçando, e esperamos a todo momento que isso apareça de repente e venha atrás de nós.

A sensação que KHOLAT me transmitiu foi a de que, apesar de ter algo ao redor que está em nosso encalço, eu estou completamente sozinho dentro do game, o jogador e ninguém mais, e o sentimento de urgência e sobrevivência é o que está nos controlando, pois nesse game não podemos ter pressa para fazer as coisas, diferente de outros games onde queremos encontrar o próximo lugar para se esconder antes de pensar no que fazer a seguir.

Em resumo, KHOLAT é um ótimo indie de terror, com boas doses de tensão, susto e altas doses de mistério e exploração. Jogadores que gostam de se envolver com a história, ainda mais uma história real sendo contada dentro do game, junto com sua injeção de terror, poderão se divertir muito, bem como tomar alguns belos sustos.

KHOLAT foi lançado exclusivamente para PCs no dia 10 de junho, e está disponível na loja da Steam.

(Via: Wikipédia)

Uma resposta para “Análise Arkade: Ressuscitando uma antiga história real no terror do gelo e neve de KHOLAT”

  • 21 de junho de 2015 às 20:38 -

    Gordon Freeman

  • Eu assisti o filme e gostei bastante, vou dar uma olhada nesse jogo.

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