Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

28 de julho de 2017

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

Se você gosta de parkour e não tem medo de altura, prepare-se para as vertiginosas aventuras de Super Cloudbuilt, jogo frenético de plataforma e parkour e que demanda muita habilidade!

Fantasma aventureiro

Em Super Cloudbuilt controlamos uma espécie de fantasma de uma garota chamada Demi, que está em coma em uma cama de hospital. Não sabemos exatamente o que aconteceu com ela, mas iremos viver altas aventuras no papel do fantasma dela — na verdade é meio que uma projeção astral, uma personificação do subconsciente dela –, e aos poucos vamos entendendo um pouco mais sobre a história da moça.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

No hospital, controlamos apenas os contornos do “fantasma”.

É uma história relativamente dramática que sem dúvida poderia ser bem mais impactante se o jogo em si não fosse tão acelerado e psicodélico. É como se a história quisesse passar uma mensagem, e o gameplay passasse outra, completamente diferente. Na minha opinião, faltou um pouco de coesão aí, mas não dá para dizer que este é um jogo vazio.

O jogo é dividido em fases altamente psicodélicas, onde seu maior desafio é simplesmente ir do ponto A ao ponto B. Primeiro, porque o “ponto B” nem sempre é fácil de saber onde está. Segundo, porque você deve chegar até lá saltando entre ilhas e paredes flutuantes que irão realmente testar os limites da sua coragem… e da sua habilidade nos controles, claro!

Parkour turbinado

Já vimos um bocado de parkour sendo usado em jogos como Prince of Persia, Titanfall e Mirror’s Edge. Aqui, porém, o parkour é essencialmente o cerne do game, mas ele não é um parkour “comum”. Ele é turbinado. Já no começo da aventura Demi descola um jetpack, que lhe permite “alongar” seu wall run e literalmente “subir pelas paredes”.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

Você ficará muito pouco tempo parado, ou mesmo com os pés no chão neste jogo: o gameplay é acelerado o tempo todo, e estaremos sempre saltando, planando e, principalmente, correndo em paredes e altando entre elas para evitar obstáculos e o onipresente abismo que há logo abaixo.

Mesmo munidos de um jetpack, não podemos simplesmente sair correndo pelas paredes inadvertidamente, pois há um medidor de potência que se esgota bem rápido. Há “baterias” espalhados em locais estratégicos, e muitas vezes você será obrigado a pegá-las DURANTE uma corrida na parede (enquanto evita bombas, lasers e obstáculos), para poder continuar correndo sem cair.

Confira um pouco de gameplay abaixo:

Leva um tempo para a gente se acostumar com as mecânicas, até porque — jogando em um console — a configuração dos botões é bem confusa, com pulo e jetpack sendo acionados pelos analógicos. Ainda que o foco do jogo não seja o combate, invariavelmente aparecem turrets e robôs para tirar o nosso sossego. Felizmente, temos uma arma para lidar com eles, e ela também é muito útil para estourar certos tipos de barreiras.

Um jogo confuso

Super Cloudbuilt é um jogo confuso até na hora de acessarmos as fases. O hospital onde está a protagonista é uma espécie de hub, e de lá acessamos as fases através de portas enumeradas. Não há uma ordem específica, mas eu fiquei com a impressão que quanto maior é o número da porta, mais cabeluda a fase é (a porta 9, por exemplo, guarda uma fase bem mais difícil que a porta 2). E o lance é tão psicodélico que você passa pela porta dentro de um hospital e sai em uma porta “no meio do nada”, em alguma ilha flutuante. Vai entender.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

O level design é beeem abstrato, o que deixa a gente meio perdido.

Bom, mas mesmo depois que você já tiver aprendido a manha do parkour, e das portas ainda assim provavelmente acabará achando o jogo confuso de alguma maneira. Isso se deve ao layout extremamente abstrato das fases, que se espalham vertical e horizontalmente sem muitas indicações de para onde devemos ir. O jogo até diz que devemos “seguir os fachos de luz”, mas geralmente há meia dúzia deles espalhados pelo mapa, e nem todos dão lá grandes recompensas.

Por um lado, entendo que isso é proposital para estimular a exploração. Por outro, é bem frustrante você passar por uma sequência particularmente complexa de saltos e wall runs para só encontrar um colecionável qualquer e aí ter que fazer todo o caminho de volta.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

Isso se torna mais problemático por conta dos checkpoints e vidas “contados”: podemos criar checkpoints onde quisermos, mas eles são itens consumíveis (uma bandeira virtual), e se ficar sem, você estará em maus lençóis. Além disso, as vidas também se acabam, e se você ficar sem, será jogado de volta ao hospital e terá que refazer toda a fase novamente.

Ou seja: explorar pode render mais vidas e mais bandeiras de checkpoint, mas será que o risco de perder as vidas que você já tem compensa? É uma conta um tanto injusta, e o medo de perder tudo e recomeçar a fase do zero só deixa a resposta ainda mais complexa.

Audiovisual

Super Cloudbuilt adota uma identidade “jogo 3D com cel shaded”que eu particularmente gosto muito. Acho que tudo fica com uma cara de história em quadrinhos que combina bem com a proposta do game. E o mais legal é que ele possui diversos “filtros” diferentes, que mudam ainda mais o visual do game: rascunho, aquarelado, preto e branco, são várias opções estilosas.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

Olha que legal o visual no modo “rascunho”. :)

A trilha sonora também combina com o estilo do jogo, temas eletrônicos agitados,que vez ou outra enveredam por caminhos mais introspectivos e psicodélicos. Temos um trabalho competente de dublagem — basicamente a voz da protagonista — e efeitos sonoros, e para nossa alegria, este é mais um jogo que chega ao Brasil com menus e legendas em nosso idioma!

Conclusão

Super Cloudbuilt é um jogo esforçado, mas acho que “confuso” é um adjetivo que descreve várias características deste game: ele perde um pouco o foco ao tentar misturar uma história emotiva com um gameplay frenético e acelerado, sua configuração padrão de botões é estranha e o design de suas vezes deixa qualquer um perdido.

Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt

Apesar disso, quando você está correndo em paredes enquanto desvia de obstáculos e coleta orbes de energia — para continuar correndo em paredes — ele entrega aquele friozinho na barriga que só os videogames conseguem nos proporcionar. Ou seja, venha sabendo que talvez a experiência seja um pouco confusa, mas que vai lhe render uma boa dose de adrenalina.

Super Cloudbuilt foi lançado esta semana, e está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.

2 Respostas para “Análise Arkade: o parkour turbinado de Super Cloudbuilt”

  • 31 de julho de 2017 às 11:30 -

    Felipe

  • Muito bacana, parabéns

  • 31 de julho de 2017 às 11:31 -

    Felipe

  • Gostei, me lembrou o estilo do Gravity Rush

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