Análise Arkade: TumbleSeed é um roguelike que vai te fazer chorar sangue de tão difícil
Prepare-se para arrancar os cabelos de raiva com TumbleSeed, um joguinho diferentão e pra lá de difícil que vai testar sua perícia com os analógicos e a sua sanidade!
Uma semente aventureira
A história de TumbleSeed é simples e sem noção: o pacífico vilarejo de um grupo de simpáticas sementes (?!) é colocado em risco quando um bando de criaturas estranhas e ervas daninhas invade a montanha em que elas vivem. Felizmente, há uma sementinha corajosa e aventureira, disposta a ir ao topo da montanha e expulsar os invasores de lá de uma vez por todas.
Parece fácil, né? Não se engane: TumbleSeed é de longe um dos games mais difíceis que joguei na vida, daqueles que dá vontade de tacar o controle na parede!
Uma escalada (quase) impossível
O gameplay de TumbleSeed é super simples, e usa basicamente as 2 alavancas analógicas do controle e um botão, que pausa a ação para você alternar entre as diferentes habilidades da sementinha.
Funciona assim: a semente fica equilibrada em uma barra, e controlamos cada extremidade da barra com um analógico diferente. Esta barra funciona como uma gangorra, e mover cada lado para cima ou para baixo faz com que a semente role. Ou seja, nosso trabalho é basicamente rolar a semente para lá e para cá, evitando o contato com inimigos, obstáculos e armadilhas.
E obstáculos definitivamente não faltam, pois TumbleSeed é um roguelike cheio de perigos: buracos, espinhos, aranhas e insetos assassinos, criaturas explosivas, outras que atiram projéteis, minhocas que te perseguem, e muito mais. Você começa cada jornada com apenas 3 corações de energia, e mantê-los intactos por mais do que alguns poucos minutos é uma tarefa árdua.
Confira abaixo um pouco de gameplay para sacar como as mecânicas do game funcionam:
Esta foi a primeira vez que eu consegui passar da primeira etapa da montanha — de um total de 5 andares –, e devo ter demorado mais de uma hora para conseguir isso. Obviamente, cada etapa fica mais difícil e imprevisível do que a anterior. Ah, e, como estamos falando de um jogo roguelike, não tem decoreba: cada subida é uma experiência totalmente nova, com inimigos e armadilhas espalhados aleatoriamente.
Além do desafio que é subir a montanha evitando todos os obstáculos e inimigos, você também pode cumprir quests, que são passadas pelas outras sementes que vivem no vilarejo. Algumas tornam o jogo ainda mais desafiador, mas rendem ótimas recompensas — como um portal que permite começar a jornada de um patamar mais elevado, por exemplo.
Uma semente poderosa
Para facilitar um pouco (bem pouco) nossa vida, dispomos das habilidades especiais da sementinha. Inicialmente são 4 poderes, e estes iniciais são os mais úteis, ainda que você possa adquirir mais em lojinhas ou áreas específicas para isso
Das habilidades iniciais, a mais importante sem dúvida é a que permite que você crie checkpoints, e isso é FUNDAMENTAL pois sem checkpoints você despenca montanha abaixo cada vez que toma dano ou cai em um buraco. Outra muito útil permite que você converta os cristais que coleta em corações de energia, tanto para repor os que perdeu quanto para criar novos. Com apenas 3 corações você mal dura 2 minutos, então sempre é bom tentar fabricar mais.
Quando acessa certos locais “secretos” da montanha, lhe são oferecidos 2 novos poderes, e você deve escolher entre um deles. Vários são ofensivos (bombas, minas, tiros) mas alguns mais úteis lhe deixam invisível por alguns segundos, permitindo que você passe incólume pelos inimigos — mas não pelos buracos, então cuidado!
Porém, TumbleSeed nunca deixa as coisas assim tão fáceis: todas as habilidades da sementinha consomem cristais. Criar checkpoints, corações de energia, ficar invisível, tudo carece de cristais para funcionar. E, como não há muitos cristais dando sopa pelo jogo, você deve usar a habilidade de “fabricar” cristais para manter seu estoque.
E é aí que fica a sagacidade dos produtores: o lugares onde você pode “florecer” para criar cristais são os mesmos que você pode usar para criar checkpoints, corações de energia, e tudo mais. Cada escolha é uma renúncia, e o sistema adotado aqui é simples, mas muito engenhoso, obrigando o jogador a priorizar e agir com cautela.
Deixo aí embaixo mais um vídeo com pouco mais de 20 minutos de gameplay… e muitas tentativas frustradas de chegar sequer ao 2º patamar da montanha:
Sim, essa é a primeira área da montanha e já é difícil desse jeito… imagine as próximas.
Audiovisual
O visual colorido e bonitinho de TumbleSeed é muito carismático, e certamente podem passar a errônea impressão errada de que estamos diante de um jogo bobinho e infantil. As formas arredondadas e a falta de contornos até faz ele lembrar um pouco alguns desenhos animados, mas acredite: diversão aqui é só para quem curte desafio hardcore.
O jogo não tem lá muitos diálogos, mas os que tem são bem humorados e possuem até alguns easter eggs e referências à cultura pop. Não há vozes, de modo que a música e os efeitos dominam o departamento sonoro e, felizmente, cumprem bem seu papel.
Conclusão
TumbleSeed é um jogo diferente, único e desgraçado de difícil. Porém, que fique claro, ele é difícil mas não é injusto — você precisa apenas da sua habilidade… ainda que a sorte possa te favorecer e criar uns caminhos menos difíceis. No geral, recomendo-o apenas aos gamers mais calmos e perseverantes, pois quem é mais impaciente e pavio curto vai acabar se frustrando, e a chance de tacar o controle na TV são grandes.
Não estou exagerando: estamos falando de um jogo capaz de fazer a famigerada fase da motinho dos Battletoads parecer um passeio no parque — aquela fase afinal, não era roguelike, e podia ser “decorada”. Aqui não tem decoreba, só imprevisibilidade, sofrimento e desespero.
Confesso que não sei se terei a perseverança de ir até o final. Chegar ao 3º patamar da montanha já me fez arrancar os cabelos. E olha só, mesmo com este desempenho medíocre, até ontem eu estava na 16ª posição do ranking GLOBAL do jogo. Acha que consegue fazer melhor? Boa sorte!
TumbleSeed foi lançado em 2 de maio, com versões para PC, Mac, PS4, Xbox One e Nintendo Switch.
Jornalista, baterista, gamer, podcaster e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.
Contato: rodrigo@arkade.com.br