Análise Arkade: Visite o pequeno mundo de Wuppo e conheça um grande jogo
Prepare-se para experienciar uma jornada épica em um mundo pitoresco e imaginativo através de Wuppo, candidato forte ao prêmio de melhor game indie desse ano.
Wuppo é um jogo que mistura vários gêneros, tais como ação, aventura, RPG e plataforma, e surpreendentemente cumpre bem todos os aspectos.
Foi desenvolvido pela produtora holandesa Knuist & Perzik, que tem como principal objetivo dar ao consumidor experiências imaginativas, imersivas e bem-humoradas, proporcionando assim boas memórias, segundo os mesmos.
O estúdio contém apenas duas pessoas, Lars Korendijk e Thomas de Waard, que são responsáveis pela animação, programação, game design, composição e design de som, fato que merece destaque, pois o game é extremamente simples em praticamente todas as suas mecânicas e inspirações, mas é absurdamente caprichado conceitualmente.
O game foi publicado pela SODESCO, publisher que carimba vários títulos indies, tal como Ian’s Eyes, jogo que já apareceu no Arkade. Sem mais delongas vamos elencar alguns aspectos que tornam Wuppo uma das grandes surpresas positivas de 2016 no cenário independente de games.
Antes de entrar no mérito da história e outros aspectos técnicos gostaria de falar sobre a arte do jogo. Inicialmente, olhei com certa estranheza para a parte gráfica, pois a impressão que tinha é que o game foi desenhado à mão. E realmente é o caso.
Wuppo parece algo desenhado por uma criança, e não falo isso de forma pejorativa, tudo no game realmente tem cara de desenho. Um desenho muito bonito, aliás, que facilmente evidencia a paixão pelo projeto dos dois criadores. É um game extremamente sensível, visualmente falando.
Dito isso, o jogo começa com nosso personagem, um pequeno e gracioso Wum, descansando em seu quarto em uma espécie de hotel, lugar que também é seu lar.
O acontecimento que serve de estopim para o enredo do jogo começa quando o telefone toca e o recepcionista do hotel nos oferece um sorvete, mas devemos descer para pegá-lo.
Ao descer e pegar o sorvete, nosso Wum acaba sujando todo o hotel com a sobremesa no caminho de seu quarto.
Contrariado, o recepcionista, que também podemos vê-lo como uma espécie de administrador do hotel, não perdoa nossa ação e nos expulsa do local.
Nossa jornada resume-se a encontrar um novo lar, mas é claro que antes disso enfrentaremos diversos inimigos, coletaremos itens e solucionaremos diversos puzzles.
Conceitualmente pode até parecer meio bobinho e isso já pode afastar jogadores hardcore, mas por favor, não se deixe enganar, essa inocência travestida na concepção do jogo é altamente artística, sendo que a ideia me remete a pensar em grandes estúdios como a Pixar, por exemplo.
Não falo isso em título de comparação, obviamente, mas sim no quesito criatividade e imersão.
Uma das primeiras coisas que notei foi a complexidade nos diálogos, mesmo dentro desse tema aparentemente infantil.
Todos os personagens que encontramos tem uma linha de diálogo que faz uma correlação com situações, mas principalmente sentimentos, cotidianos, com uma pitada de bom-humor.
E por ser um mundo no qual existem apenas quatro espécies de criaturas, há uma relação de unidade e segmentação ao mesmo tempo, o que dá mais uma camada verossímil para a jornada.
Entrando na questão de gameplay Wuppo é basicamente um game de plataforma com muitos elementos de aventura e com uma pitada de RPG, especialmente no gerenciamento de itens.
Os comando são extremamente simples, usando apenas as clássicas teclas “W, A, S, D” e os botões direito e esquerdo do mouse. O Tab abre uma série de menus onde podemos gerenciar diversos aspectos do jogo.
Wuppo não é muito difícil em suas batalhas e em seus puzzles, muito porque existem uma quantidade interessantes de save points dispostos no cenário, então caso você falhe em uma luta ou em um quebra-cabeça é só retroceder um pouco e recomeçar.
Não existe tanta variedade de inimigos, isso porque aquele mundo tem um número limitado de raças. Os cenários em si são muito bonitos e extremamente variados, contemplando desde florestas, minas, ruínas, cavernas, entre outros.
E normalmente os mapas ficam ainda mais bonitos com a adição de alguma condição climática, como por exemplo, a chuva.
A trilha sonora feita por Thomas de Waard é um ponto fora da curva, rítmica, agradável e artisticamente perfeita. Tudo que foi citado acima, o conceito, estilo gráfico, gameplay e outros aspectos ganham novo significado em função da trilha sonora.
Como é difícil descrever tal aspecto, você pode conferir a graciosidade das composições no site oficial do jogo.
Wuppo é um trabalho que exala magnificência em seus pequenos detalhes, apresentando uma história sensível, gameplay interessante, personagens carismáticos, mesmo os que só vemos uma vez, diálogos inteligentes e trilha sonora fantástica.
Certamente é um game que vai passar despercebido pelo radar da maioria, especialmente por ter sido produzido por um estúdio muito pequeno e por ser publicado por uma empresa que também não tem tanto poder de marketing para fazer uma boa divulgação. Mas tenho certeza quem experimentar vai conhecer um game acima da média no cenário indie.
Wuppo chegou hoje, disponível para PC e pode ser adquirido através da Steam e GoG.
Ready for the mosh pit, shaka brah.
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