Análise Arkade: Volume, a interessante mistura entre Robin Hood com Metal Gear Solid

28 de agosto de 2015

Análise Arkade: Volume, a interessante mistura entre Robin Hood com Metal Gear Solid

O novo game dos criadores de Thomas Was Alone bebeu da fonte de Metal Gear Solid e nos trazendo a lendária história de Robin Hood. Veja agora a nossa análise do herói que “tira dos ricos para dar aos pobres”!

Você obviamente conhece o nome Robin Hood, uma lenda que surgiu lá no século XV e já foi contada e recontada inúmeras vezes das mais diferentes formas. Canções, poemas, contos, desenhos animados, filmes e até mesmo video-games. E Volume entra para a galeria infindável de obras que contam a história de Robert de Locksley, ou nesse caso, a história do jovem Rob Locksley.

O game é produzido pela Bithell Games, o mesmo estúdio que criou o cultuado Thomas Was Alone, e assim como esse game, Volume também dá uma grande atenção as cores, só que dessa vez saem os quadrados e retângulos e entram novos personagens em 3D num mundo virtual totalmente inspirado nas VR Missions de Metal Gear Solid.

O ROBIN HOOD DA ERA DIGITAL

Análise Arkade: Volume, a interessante mistura entre Robin Hood com Metal Gear Solid

O enredo de Volume conta uma história muito interessante ao combinar a lenda de Robin Hood com tecnologia futurista e a internet, de uma forma que conhecemos bem hoje em dia. Ambientado numa Inglaterra futurista, Volume mostra como a sociedade vive após uma guerra devastadores que aconteceu em algum momento do passado. Após essa guerra, as Indústrias Gisborne se levantaram com poder absoluto e se tronando a “salvação” da Inglaterra, porém, das formas mais macabras e ilícitas possíveis, longe dos olhos do povo.

Rob Locksley então decide colocar um fim ao reinado de mentiras das Indústrias Gisborne, tirando tudo o que eles roubaram e devolvendo ao povo, seus legítimos donos. Mas Rob vive numa sociedade monitorada, corrupta e opressora. Numa era onde não há mais espaço para arcos e flechas e onde matar não só é crime, mas é algo moralmente terrível para pessoas comuns. Dessa forma, ele faz o que está em seu alcance, utilizando uma inteligencia artificial, que no universo do game são chamados de VolumesRob decide mostrar ao povo os podres das Indústrias Gisborne e ensinar o próprio povo a recuperar tudo o que lhes foi tirado. E para fazer isso, ele utiliza o Volume chamado Alan para recriar digitalmente cenários reais e transmitir ao vivo pela internet como passar por cada um desses cenários e cometer roubos.

Rob utiliza Alan, o relutante e divertido Volume para recriar cenários como depósitos, museus e residências de pessoas envolvidas com a indústria inimiga, com vários personagens que fazem referência a lenda real de Robin Hood, como o próprio inimigo do game, Guy Gisborne, o arqui-rival do Robin Hood das lendas, e aqui um homem que após subir ao poder em proveito da guerra, trabalha apenas para manter seu poder e expandi-lo enquanto mantem sua imagem de “salvador da pátria”.

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O mais interessante da história de Volume é a forma como ela foi adaptada para a era digital com todos os seus prós e contras. Rob tem toda a tecnologia a sua disposição para transmitir seus videos para toda a Inglaterra e ensinar o povo a roubar dos ricos. O problema é, será que o povo daria aos pobres? A intenção de Rob é fazer o povo se levantar contra quem os controla, mas será que isso realmente é uma atitude boa, incentivar o povo a encarar o perigo de frente por um bem que o próprio povo pode não entender? Além de que, entre o povo, existem tanto pessoas de bem, como pessoas ruins que estão aprendendo a roubar com os videos transmitidos por Rob.

O game mostra de maneira muito verossímil como seria a reação do público as ações de Rob, desde gente que o apoia e posta comentários incentivando-o, haters que apenas o xingam, e xingam e xingam ainda mais sem ter mais nada relevante para falar, e até mesmo aqueles “video resposta” de “autoridades da internet”, você sabe, aqueles videos de pessoas que veem alguma notícia impactante e fazem videos e mais videos apenas para criticar enquanto tentam manter uma postura “superiora”. Não julgando ninguém, mas sejamos sinceros, a internet hoje em dia está cheia dessas pessoas, e isso é refletido no game de maneira muito interessante.

VR MISSIONS AO VIVO

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Se você é fã de Metal Gear Solid já deve ter conhecer um pouco das características VR Missions da série. Para quem não sabe, essas missões eram extras presentes no primeiro Metal Gear Solid em forma de tutorial, e também formavam várias missões extras na versão Integral e em Metal Gear Solid 2. Como o nome indica, essas missões eram realizadas em ambientes virtuais, como forma de treinamento pras situações “reais” desses games, e essas missões são a base de Volume.

No game, Rob encontra-se dentro de um armazém amplo e abandonado, equipado com computadores, câmeras e projetores holográficos controlados por Alan, esses projetores criam os cenários virtuais e coloridos dentro do espaço escuro do armazém, da forma mais fiel possível ao ambiente real no qual é inspirado, sejam as casas dos inimigos, ou seus locais de trabalho.

Cada fase do game é formada por um cenário confinado no espaço que o armazém dispõe, temos áreas curtas, e outras mais amplas e desafiadoras. Além dos cenários, Alan também recria seus perigos: inimigos holográficos que patrulham os locais, representando os seguranças que estão no respectivo local do mundo real. Rob precisa então usar tanto o ambiente como alguns gadgets disponíveis para sua vantagem. Como estamos num espaço holográfico, o game não se torna punitivo a erros como em Metal Gear Solid. Os inimigos holográficos ao verem Rob partirão para o ataque, mas se conseguirmos nos esconder a tempo, eles rapidamente voltam a sua rotina comum.

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Da mesma forma, Rob não pode morrer para ataques holográficos, então se ele for atacado, tudo o que acontece é retornar até o último check-point da área para tentar repetir o trecho. E Rob não ataca os inimigos holográficos, por dois motivos: Ele é contra o uso de violência, não transmitindo isso em seu stream, e por não ter armas para atacar. No game, devemos passar pelos inimigos sem sermos vistos, utilizando gadgets para distraí-los e no máximo atordoá-los por poucos segundos.

Os gadgets são disponibilizados de acordo com o progresso no game, porém, não são liberados para serem usados a vontade. Cada fase do game tem sua forma de ser terminada, e o jogador deve se virar com os gadgets disponibilizados pelo próprio level para conseguir terminar o missão, aumentando bastante o desafio. Existem vários gadgets diferentes, com a maioria servindo para distração. Temos itens sonoros que são disparados e podem ser ativados a distância, projeções holográficas para enganar os inimigos e fazê-los seguir para longe perseguindo imagens falsas, disparos elétricos que atordoam os inimigos por alguns segundos e até disfarces e um item de invisibilidade que duram por poucos segundos. O desafio é terminar cada level com o que o game te permite usar, seja apenas um item ou mais, ou até mesmo nenhum.

JOGABILIDADE, GRÁFICOS E SOM

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Volume é um game de stealth mais voltado para a estratégia. A jogabilidade do game é consistente, porém lenta. Rob anda sempre de forma devagar, “na ponta dos pés”, e não muda essa velocidade. É fácil de se acostumar com isso, mas as vezes isso fica um pouco entediante, pois encaramos situações em que se Rob fosse um pouquinho mais rápido nos sairíamos melhor em se esconder. Um dos gadgets disponíveis no game é poder correr em alta velocidade sem fazer nenhum barulho, esse item é especialmente útil em áreas com chão com placas que fazem som ao serem pisadas, e para passar com mais facilidade por áreas cheias de inimigos em patrulha, mas se Rob fosse apenas levemente mais rápido seria bem melhor.

O objetivo do game é simples, colete todos os diamantes holográficos de cada level, que representam as posses a serem roubadas no mundo real, e vá até a plataforma que se ilumina após isso para terminar a fase. Cada level tem sua própria forma de ser vencida, algumas contam com cenários labirínticos, plataformas de teletransporte, paredes que podem ser hackeadas para desaparecerem, e paredes que só podem ser abertas coletando chaves nos cenários.

As habilidades de Rob são básicas, puxando também da fonte de Metal Gear Solid, os inimigos do game possuem seu campo de visão visível em forma de cone desenhado no chão em frente aos inimigos, indicando até onde eles enxergam. Alguns inimigos enxergam pouco, e outros enxergam muito. E para passar por eles o jogador deve usar o cenário em sua vantagem, andando encostado nas paredes para não ser visto, tal como em Metal Gear. E também é possível assoviar para atrair inimigos para onde você está e poder passar por eles sem ser visto.

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Alan, a inteligência artificial que ajuda Rob em sua missão constantemente interage com o protagonista conversando diretamente com ele e deixando notas no chão para o jogador ler. Os gadgets e chaves para prosseguir também ficam no chão, identificados por seus respectivos ícones, basta pisar sobre eles e interagir com eles para ler os textos e pegar os itens.

Mas sem dúvida o melhor de tudo é que o game conta com mais de 100 fases em seu modo principal, cada uma diferente da outra, das mais diferentes cores, tons de luz, layouts e até com várias decorações diferentes. As fases são realmente belas. Cada uma das fases possui um limite de tempo para o jogador tentar bater. Não há problema em passar desse tempo, mas quanto melhor o tempo dos jogadores, seus nomes ficam registrados em um ranking mundial individual para cada fase. Felizmente o jogo facilita a vida do jogador quando se trata de tempo. Ao passar por um check-point, o tempo decorrido é salvo, e se o jogador for atacado após isso e voltar para um check-point, ele voltará no mesmo tempo que passou por ele da última vez.

O game possui gráficos em 3D simples, mas bonitos. Não há qualquer dúvida que o “foco gráfico” do game são seus cenários virtuais, que são realmente belos, principalmente por sua extensa gama de cores que torna cada fase totalmente diferente da outra.

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Na parte sonora o game possui músicas mais baixas e com um clima tenso enquanto estamos incógnitos para os inimigos, mas quando somos vistos o poderoso tema principal de Volume toca e até nos assusta. O game não possui o icônico som de alerta “!” de Metal Gear, mas quando estamos jogando com uma música baixa e de repente ela explode ao ser visto as vezes causa aquele pulinho disfarçado na cadeira. Além disso o game conta o talentosíssimo Andy Serkis (O Sméagol de O Senhor dos AnéisCesar de Planeta dos Macacos) no papel de Guy Gisborne, o humorista Danny Wallace que era o narrador de Thomas Was Alone no papel de Alan e do youtuber Charlie MacDonell no papel de Rob.

O EXCELENTE EDITOR DE FASES

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Sem dúvida alguma o melhor de tudo de Volume é seu editor de fases. O editor já está disponível assim que se começa o game, e ele vem completo com todas as ferramentas para criar fases incríveis com muita facilidade!

O editor de fases nos coloca dentro do armazém vazio e devemos construir as fases por completo. Começando pelo chão, que deve ser preenchido unidade por unidade, dependendo do tamanho de fase que o jogador pretende criar isso pode levar algum tempo. E continuando com as paredes, que podem ser feitas em diferentes alturas, e todo o resto que o jogador quiser colocar no game.

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Desde o começo temos a nossa disposição todos os recursos de criação do game, incluindo todos os gadgets e inimigos. O modo de criação é com certeza o ponto forte do game, pois recebe até mesmo a atenção dos desenvolvedores do game, com um menu específico para mostrar as criações de jogadores favoritas do pessoal da BitHell Games, sendo que eles próprios não só permitem, como incentivam os jogadores a, se quiserem, recriarem todas as fases originais do game e darem novos objetivos para elas, a variedade é realmente grandiosa. Já na primeira vez que joguei as fases criadas pela comunidade de jogadores me deparei com a recriação da área inicial de Metal Gear Solid, e pouco tempo depois, mais e mais fases inspiradas em Metal Gear!

O modo de criação consegue expandir muito mais a vida útil do game que já contém mais de 100 fases em seu modo principal!

CONCLUSÃO

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Se você é fã de stealth, então tem grandes chances de gostar de Volume. O game apresenta um stealth muito bom, mais focado na estratégia, em passar despercebido pelos inimigos para cumprir os objetivos de cada fase, e como já mencionado conta com mais de 100 fases no modo principal, e mais incontáveis criações de jogadores disponíveis para se jogar, além é claro de todas as fases que você próprio poderá criar!

Apenas a jogabilidade, desafio e variedade já são atrativos suficientes para se jogar Volume, mas ainda tem sua interessante história futurista muito bem adaptada para passar uma imagem realmente crível de como seria se uma pessoa encarasse um império que pode destruí-lo facilmente, enquanto encara as imprevisíveis reações da população diante de seu esforço.

Volume foi lançado no dia 18 de agosto e está disponível para PC, PS4 PS Vita.

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