Análise Arkade: Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é uma pequena grande aventura

20 de julho de 2017

Análise Arkade: Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é uma pequena grande aventura

Em tempos onde recebemos jogos cada vez mais escuros e monocromáticos, eis que um simpático game indie chega para nos cativar com suas cores e seu universo fofinho. Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é uma pequena grande aventura que merece ser experimentada!

Uma ilha paradisíaca

Como em outro jogo colorido e simpático recente, Yonder começa com um naufrágio. O navio em que viajávamos é surpreendido por uma tempestade, e acaba lançado contra a ilha de Gemea, um paraíso que está sendo consumido por uma névoa malvada chamada simplesmente de Trevas (pois é, nada original). Como carregamos uma Bússola Mágica, logo conhecemos uma divindade e descobrimos que estamos predestinados a livrar Gemea e seus habitantes da neblina misteriosa.

Confira abaixo os primeiros 30 minutos da aventura:

Para nos ajudar nesta empreitada, precisamos encontrar pequenos espíritos da natureza que estão escondidos pelo mundo e são capazes de “limpar” os lugares corrompidos pela névoa. Há espíritos escondidos em locais de difícil acesso, outros que simplesmente nos acompanham depois do cumprimento de certas missões importantes.

Uma aventura suave

Verdade seja dita, Gemea nunca parece estar realmente em perigo, até porque este é um jogo totalmente pacífico e “do bem”: sem combates, sem telas de Game Over, nem nada do tipo. O que conta aqui é a exploração pura e simples, que é aprofundada por um amplo sistema de crafting, e por recursos de criação e manutenção de fazendas.

Análise Arkade: Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é uma pequena grande aventura

Há muito a ser explorado.

Desde o começo do jogo somos totalmente livres para ir aonde quisermos, mas há lugares dominados pelas Trevas que só podemos acessar depois que recrutamos um número X de espíritos para que eles limpem a área. Este é o tipo de mecânica perigosa que pode arruinar a experiência do jogador — vide o caso de ReCore, por exemplo –, mas felizmente aqui o andamento é muito mais tranquilo, e a gente nunca se sente realmente “obrigado” a ficar catando espíritos pelo mapa, até porque a maioria deles nem é tão difícil assim de se achar.

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Não precisa ter medo de sair à noite. :)

Há muito o que se fazer no mundo de Yonder, e você não precisa necessariamente se preocupar com a ordem do cumprimento dos objetivos, simplesmente relaxe e jogue no seu ritmo. Yonder nunca impõe nada ao jogador: não há limite de tempo, não há barra de energia, não há level ups, nem nada que tire o jogador da vibe tranquila que o jogo propõe.

Crafting e exploração

Quer dizer, o que mais aproxima Yonder de um jogo “comum” é o crafting: não demora para você ir arrecadando ferramentas (martelo, foice, picareta, machado, etc.) que lhe serão úteis para extrair recursos do cenário. Aqui não há a necessidade de se alimentar, mas coisas como madeira, seda e pedra acabam se tornando bem úteis, pois podemos nos filiar a diversas guildas, onde podemos aprender a manufaturar coisas úteis.

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Este sistema de guildas pode parecer arbitrário em uma primeira olhada, mas sua utilização é engenhosamente incorporada ao gameplay em si. Por exemplo: para cruzar o mar até uma ilha vizinha, você precisa da carona de um barqueiro. Porém, o barco dele está furado, então você precisa se aliar à guilda dos carpinteiros para aprender como consertar a embarcação. Há uma sinergia que motiva o jogador a fazer crafting e aprender novas habilidades.

Além disso, você invariavelmente vai perceber que pode fazer amizade com praticamente qualquer animal do jogo — basta lhe oferecer sua comida favorita — e depois que “despoluir” fazendas, pode até mesmo criar animais e iniciar plantações, no melhor estilo Harvest Moon. Aliás, construir abrigos, comedouros e bebedouros para os bichos também demanda algum conhecimento com madeira, o que torna a guilda dos carpinteiros ainda mais útil.

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A tela de construção da fazenda.

Um detalhe interessante é que em Yonder não há dinheiro, tudo é feito na base do escambo (troca): quando encontramos um vendedor, devemos agrupar itens que queremos comprar de um lado e itens que estamos dispostos a dar em troca do outro. Vemos quanto custariam aqueles itens em dinheiro, e se os valores forem equivalentes (ou você for bonzinho e não ligar de oferecer mais do que os itens valem), você dá os seus itens e recebe os novos.

Dia & Noite, Inverno & Verão

Lembra que em Fable o sempre empolgado Peter Molyneux falou que seria possível plantar uma semente e ver a árvore crescer? Pois bem, não lembro quando (ou se) Fable realmente cumpriu essa promessa, mas Yonder faz isso muito bem: o jogo tem um elaborado sistema de passagem de tempo, com ciclos de dia e noite e até mudanças de estações! Então, se você plantar uma semente e voltar no mesmíssimo lugar “meses depois”, realmente haverá uma árvore lá!

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Repare que há um contador de tempo que mostra a estação do ano logo abaixo do mapa.

Acho que não é a primeira vez que vemos este tipo de recurso em um game, mas acho que Yonder é o que faz isso de forma mais perceptível, e a nítida passagem de tempo muda a forma como encaramos o game: há passagens que só se abrem durante a noite, peixes que só aparecem com tempo chuvoso, e muito mais. O mundo de Yonder é cheio de segredos e pistas sutis que nos ajudam a descobri-los.

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Esta caverna, por exemplo, só abre durante a noite. Repare que estamos no Outono.

Faça chuva ou faça sol, a melhor maneira de progredir no jogo e aprender mais sobre Gemea é seguir conhecendo novos lugares. Em cada novo vilarejo, os NPCs que irão lhe pedir coisas que eles poderiam muito bem fazer por si mesmos, se não ficassem ali parados.Você vai acumulando quests, e usa a luz de sua Bússola para chegar ao objetivo que quer cumprir antes.

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Pois é, ainda que o jogo tenha um viés tranquilo, seu sistema de missões segue aquele esquema dos RPGs modernos, onde o protagonista é um “garoto de recados”: os NPCs irão lhe pedir para solucionar seus problemas, ir buscar coisas, entregar coisas, etc. Acho que faltou um pouco de criatividade aqui, mas acredito que isso é mais um problema do excesso de jogos que seguem este modelo do que deste jogo especificamente.

Audiovisual

Acho que a melhor forma de descrever Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é como um jogo fofinho. Os personagens e principalmente os animais do jogo são gorduchinhos e engraçadinhos. O jogo é extremamente colorido, com um visual que lembra um pouco o último Zelda, mas com uma generosa pitada da “fofura” de Wind Waker.

A iluminação concede um charme todo especial ao conjunto, especialmente a luz de lampiões, que são acesos quando anoitece. É apenas um detalhe, mas que denota muito capricho dos desenvolvedores e deixa o jogo ainda mais bonito.

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A iluminação deixa o jogo ainda mais bonito.

A trilha sonora orquestrada combina com o clima aventuresco do jogo, e traz canções que realmente tornam a exploração ainda mais prazerosa. Não há vozes, os personagens soltam apenas uns resmungos (o protagonista em si é mudo), mas felizmente temos legendas e menus em português brasileiro. Há alguns errinhos de concordância aqui e ali, mas no geral é um trabalho decente, e um esforço válido para o primeiro jogo da produtora.

Conclusão

Yonder: The Cloud Catcher Chronicles pega emprestados elementos de diversos jogos — Zelda, Stardew Valley, Harvest Moon — para entregar uma experiência relaxante, um grande passeio por uma ilha surrealmente bela, com fauna e flora exuberantes e um universo que cativa por sua fofura e sua variedade.

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Fazendo novas amizades. <3

Considerando este apelo audiovisual e a “falta de desafio” do game, o que temos aqui é um jogo capaz de agradar gamers de todas as idades: a criançada vai curtir agradar os bichinhos e passear pelo belo mundo do game, e os gamers mais velhos vão encontrar nas missões e no crafting incentivos para continuar explorando e descobrindo coisas novas.

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Yonder: The Cloud Catcher Chronicles é meio que o equivalente das férias no mundo dos games: viajamos para um lugar novo e exótico e queremos absorver ao máximo tudo o que há ali, sem amarras ou cronogramas, simplesmente curtindo estilo “go with the flow”. Se esta premissa lhe soa convidativa, reserve sua passagem para Gemea hoje mesmo!

Yonder: The Cloud Catcher Chronicles foi lançado em 18 de julho, com versões para PC e Playstation 4.

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