Análise Arkade: a divertida correria de Bit.Trip Presents Runner 2 (PC, PS3, X360, Wii U)

31 de março de 2013

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O gênero runner se popularizou graças a jogos como Canabalt, Rayman: Jungle Run e Bit.Trip Runner. Estes jogos desafiam o jogador a ser mais rápido possível, sempre desviando de diversos obstáculos. Agora temos o retorno de um dos melhores jogos do gênero: a Gaijin Games, recentemente lançou Runner 2, e na sequência, você confere nossa análise completa deste jogo frenético!

A Gaijin Games é mais conhecida pela série Bit.Trip, onde cada jogo é uma tomada diferente do gênero rítmico utilizando diversas formas de jogabilidade. A série já conta por exemplo com Bit.Trip Beat, onde o jogador controla uma barra que relembra o saudoso Pong enquanto objetos vão até ele na batida da música e Bit.Trip Fate, que incorpora elementos de shooters on rails originários nos fliperamas em sua jogabilidade.

E por fim temos o mais famoso da série, Bit.Trip Runner: sua dificuldade imperdoável combinada pela viciante jogabilidade e a animada trilha sonora baseada em chiptune faz de Runner um dos melhores jogos da eclética série Bit.Trip.

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Eis que temos Bit.Trip Presents Runner 2: Future Legend of Rhythm Alien (ou simplesmente Runner 2, para os mais preguiçosos), uma continuação direta de Bit.Trip Runner com mudanças radicais em seus gráficos, trilha sonora e jogabilidade, mas mantendo a essência que fez do primeiro jogo tão divertido e viciante.

A primeira mudança evidente está na parte gráfica: no lugar do estilo retrô pixelado que fez a franquia tão famosa, a Gaijin Games decidiu radicalizar com um visual em alta definição estilo 2.5D e elementos e efeitos realistas nos movimentos do protagonista Commander Video e nos cenários em geral.

No momento que isto foi anunciado, muitos fãs questionaram esta iniciativa. Admito que a primeira vista também fiquei com receio, mas depois de dois minutos no jogo tudo começou a se tornar familiar e o Runner que todos queríamos continuava lá, menos retrô mas mais bonito do que nunca.

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Os cenários agora são bem mais vivos e coloridos, repletos de cores fortes e paisagens surrealistas e psicodélicas, com cores que contrastam com o visual basicamente preto e branco do protagonista (que deixa um grande rastro arco-irís por onde passa).

Os inimigos se movem junto com a música, assim como o próprio Commander Video, e os elementos do cenário também interagem com a música de forma cartunesca e animada. Esta mudança visual é bem-vinda por aproveitar melhor o poder dos PCs e consoles atuais, fazendo uma experiência familiar em sua jogabilidade porém totalmente nova em sua parte técnica.

Mas existe um a justificativa para os novos gráficos do jogo? Na verdade sim: a história de Runner 2 segue Commander Video e seus aliados (temos até uma rápida aparição de Super Meat Boy) em uma luta contra o grande antagonista Timbletot.

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Durante a batalha, Timbletot atira um raio de infusão à realidade ao grupo (?!), mas Commander Video decide utilizar seu próprio corpo para defender seus companheiros. Por isso, ele vai parar em uma dimensão totalmente diferente e pseudo-tridimensional.

A história é simplista e divertida. Um dos fatores mais legais aqui é o narrador, que é ninguém menos que o dublador Charles Martinet (conhecido pelo seu icônico trabalho como Super Mario em praticamente todos os jogos (com voz) do personagem. O entusiasmo de Martinet dita o tom divertido do jogo sem se sobressair sobre o principal aspecto do game, que é sua jogabilidade rápida e precisa.

No quesito trilha sonora, Runner 2 não decepciona graças as batidas rápidas que combinam perfeitamente com cada movimento feito pelo jogador: de um simples pulo para esquivar de um obstáculo ou uma rasteira para fugir de projéteis até o ato de pegar itens, tudo tem um som específico que se encaixa na música de maneira incrível, criando uma experiência rítmica extremamente empolgante e divertida,  algo que (acreditamos) é algo inédito no mundo dos games.

Verdade seja dita, embora seja basicamente um jogo de plataforma 2D, Runner 2 pode muito bem se enquadrar em uma nova categoria de jogos musicais, tamanho seu capricho com a música e os efeitos sonoros.

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Os sons ainda trabalham completamente com batidas estilo chiptune e possuem toda uma vibe retrô que cai muito bem no estilo do game. Porém, o ritmo frenético do jogo injeta muita adrenalina a estes sons antigos, tornando cada fase/melodia única, divertida e desafiadora.

Nos momentos mais complicados – quando surgem inúmeros obstáculos que odem ser superados de diferentes formas –  o jogo praticamente nos encoraja a proceder da maneira mais complicada e estilosa possível, apenas para que possamos ouvir como aquele trecho de gameplay será traduzido em notas vibrantes.

Falando nisso, a jogabilidade de Runner 2 recebeu diversas novidades, e muitos novos movimentos para Commander Video: além dos usuais pular, chutar e deslizar vistos no primeiro jogo, agora temos combinações destes movimentos básicos, além de outros movimentos que são totalmente novos.

Por exemplo: Commander Video agora pode utilizar um bloqueio para se defender diretamente de projéteis. Também foi adicionado uma variação do pulo e deslizar, onde o protagonista faz um “pulo deitado” (?!) para passar por obstáculos com uma pequena abertura ou se enfiar em pequenos vãos e locais mais apertados.

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Mas estas novidades representam apenas uma pequena parte de tudo que foi mudado e melhorado em Runner 2. Diversos ajustes – como a mola que impulsiona o protagonista – estão muito mais fáceis de utilizar, o que torna a jogabilidade mais fluida e dinâmica, mas ainda assim desafiadora.

Outros pequenos ajustes tornaram fazendo o jogo ainda mais divertido, e mesmo as partes mais frustrantemente difíceis são estimulantes, pois o jogador sabe que para passar, e depende única e exclusivamente de sua habilidade, não de sorte, acaso ou algo do tipo.

Outra novidade é que agora podemos acessar um checkpoint no meio de cada fase. Este recurso é totalmente opcional, mas é muito útil tanto para atrair um público que não está acostumado a jogos tão desafiadores, quanto para permitir que os mais experientes possam descobrir novas rotas entre as (diversas) possibilidades que cada fase oferece.

Vale ressaltar que estes checkpoints são totalmente opcionais, então se o jogador quer uma experiência mais hardcore, como no primeiro jogo, ele pode simplesmente pular o checkpoint, o que lhe rende uma pontuação extra pela coragem e uma posição mais elevada no ranking dos melhores jogadores daquela fase.

Para ficar ainda mais completo, Runner 2 está repleto de colecionáveis, personagens destraváveis, roupas especiais e diversos outros itens que podem ser desbloqueados mediante condições especiais.

Tudo isto traz um enorme fator replay aos jogadores que gostam de terminar tudo com 100%, e se considerarmos que cada fase conta diversos caminhos alternativos, o jogador terá que refazer várias o mais percurso para encontrar as rotas mais desafiadoras. Isso para não mencionar as fases bônus escondidas – que colocam Commander Video de volta ao mundo retrô – e outros segredos espalhados por todo o jogo.

No fim das contas,  Runner 2 consegue se familiarizar com os antigos jogos da produtora: mesmo com seus evidentes avanços técnicos e mudanças, ele ainda é um legítimo representante da série Bit.Trip nos quesitos diversão e jogabilidade.

Com Bit.Trip Presents Runner 2: Future Legend of Rhythm Alien, a Gaijin Games mostrou que é possível modernizar um jogo genuinamente retrô sem que ele perca sua identidade. Runner 2 é uma experiência praticamente obrigatória para qualquer um que goste de jogos rítmicos, coloridos, desafiadores e, principalmente, divertidos.

Henrique Gonçalves

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