Arkade Series: Stranger Things, a melhor surpresa de 2016.

31 de julho de 2016

Arkade Series: Stranger Things, a melhor surpresa de 2016.

Um desaparecimento. Uma aventura com crianças. Conspiração. O amor de uma mãe. Estes temas estão mais do que batidos, pois já vimos muito disso em vários filmes e séries, mas não da forma vista em Stranger Things. A produção Netflix, criada pelos Irmãos Duffer oferece nostalgia, toneladas de referências e consegue fazer o improvável: unir públicos diferentes por um bem comum.

As produções modernas, assim como tudo na vida, estão cada vez mais segmentadas, buscando, ao invés de conquitar as massas, atrair um público específico e criar uma comunidade em torno dela. Orange is the New Black, House of Cards e as novelas bíblicas da Record são bons exemplos disso. Mas Stranger Things conseguiu trazer para perto de si fãs nostálgicos das produções dos anos 80, admiradores de produções macabras como American Horror Story, fãs de seriados com intrigas policiais e políticas e jogadores de games como Resident Evil e Silent Hill. Em outras palavras: a série foi feita para ser curtida, e não segmentada.

Arkade Series: Stranger Things, a melhor surpresa de 2016.

Só essa introdução já é um banho de nostalgia.

Em seus oito capítulos, vemos que a intenção não é agradar a públicos A ou B, mas sim em inserir o expectador em seu universo e fazer com que ele entenda os personagens e situações. A produção não reinventa a roda em nenhum momento, oferecendo algo que todos já vimos muitas vezes, mas com extrema qualidade: é muito bacana ver de novo todos os clichês dos filmes desta época, como as conspirações, o terror desta década, os romances e aventuras infantis. E conseguiram com isso ganhar espectadores variados, com pouca coisa em comum, mas que a partir de agora terão Stranger Things como conversa de inclusão em qualquer ambiente.

E é nas crianças que Stranger Things consegue os seus melhores momentos. Sim, a presença de Winona Ryder e David Harbour, dois queridinhos da década do Atari, são muito interessantes por oferecer mais nostalgia ainda, só que Dustin, Lucas e Mike que buscam o seu amigo Will, desaparecido, roubam a cena a todo momento, sendo o que eles devem ser sempre: crianças. Os três garotos, que lembram muito Huguinho, Luizinho e Zezinho dos DuckTales, estão sempre planejando algo, sempre se metendo em confusão, e sempre aprendendo novos valores. Fico até feliz de ver crianças voltando a ter as atenções nas produções de TV.

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11 representa a heroína. Não necessariamente a salvadora da coisa toda, já que a série insiste no coletivo, dando a cada personagem a sua contribuição para o sucesso desta ou daquela jornada, mas temos aqui uma garota com superpoderes que desde cedo teve que lidar com a ganância. Quem jogou Beyond terá mais facilidade ainda de se identificar com a garota, que também é uma “ET”, no que diz respeito a referência de sua personagem com o lendário filme de Spielberg. E os seus mistérios farão com que a gente fique pensando em muitas teorias até o ano que vem, isso se quiserem explicar elas nos próximos episódios. Assim como tudo o que acontece por lá…

A sociedade da época também é questionada. Sabe aquela família tradicional americana, digna dos comerciais de margarina? Pois ela é a família de Nancy, a garota “perfeitinha” que sofre uma das melhores evoluções de personagem nos últimos anos. A garota que é capaz de muita coisa, mas que vive sufocada pela “imagem a zelar” da família experimenta, se frustra, sofre, mas cresce como ser humano. O questionamento está não em seu formato, e sim nas questões hipócritas que a sociedade acaba, por alguma razão, valorizando. Seu desabafo em determinado momento ilustra muito bem este assunto.

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Outro ponto a se destacar nos oito episódios de Stranger Things, é o descompromisso de deixar tudo mastigado ao expectador: a série nos apresenta os personagens, o Mundo Inverso, algumas motivações, e só. Quem foi fulano? O que é aquilo que aconteceu? Por quê fulano agiu assim? Estas e outras perguntas ficam para você pensar, podendo ser respondida em alguma outra temporada, ou não. Enfim, temos aqui uma série que não é para preguiçosos. Se as crianças passam horas exercitando a imaginação em Dungeons & Dragons, é um aviso para o espectador que ele também pode fazer isso.

Destaque também para o Upside Down, o mundo paralelo da série. Bom, a turma do videogame já está bem familiarizada com esse mundo paralelo. A Link to the Past, Silent Hill e muitos outros jogos lidam com o “Dark Side”, que faz parte também do enredo e ampliam ainda mais as possibilidades das histórias, já que a intenção da série é evoluir as histórias com as crianças crescendo no processo, semelhante ao que já foi visto em Harry Potter.

E a trilha sonora? Para somar ainda mais nostalgia na parada, Stranger Things traz uma biblioteca muito rica de músicas de 1983, com direito a clássicos como Shoud I Stay or Shoud I Go do The Clash, hits da época como Africa, da banda Toto, além de levar ao expectador pérolas de Joy Division e New Order. Só espero que nas próximas temporadas, mais músicas possam fazer parte deste rico acervo. Starship “está” prestes a explodir, Michael Jackson também… Van Halen, idem.

Dito tudo isso, podemos sim dizer que Stranger Things é, até o momento, a maior surpresa de 2016. A série chegou quieta, foi conquistando um a um através do boca a boca e sem frescura e muita competência, nos ofereceu uma história com muito mais do mesmo, mas do jeito que a gente gosta! A série está com seus oito primeiros capítulos na Netflix e teremos uma segunda temporada sim, com data a ser anunciada.

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