O Auge da Cultura Pop – vamos voltar no tempo para relembrar da série De Volta Para o Futuro

23 de agosto de 2014

O Auge da Cultura Pop - vamos voltar no tempo para relembrar da série De Volta Para o Futuro
É impressionante como as séries de cinema dos anos 80 se tornaram nostálgicas ao longo dos anos. É muito fácil encontrar pessoas em várias ocasiões falando com grande admiração de filmes produzidos nessa fabulosa década. De Volta Para O Futuro foi uma dessas obras, e apesar de trazer o conceito de uma storyline simples, provou o quanto uma ideia inovadora pode se tornar um grande sucesso!

O conceito do primeiro De Volta Para o Futuro veio de duas ideias de Bob Gale e Robert Zemeckis: Bob se inspirou em seu pai para criar um personagem que era totalmente diferente do filho, enquanto que Zemeckis criou uma personagem que se dizia conservadora, mas era, na verdade, muito oferecida.

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Bob Gale e Robert Zemeckis.

Logo a ideia de um protagonista viajando no tempo e encontrando seus pais quando mais jovens surgiu, e o ano de 1955 acabou sendo levado em conta por causa da importância que a década de 50 teve em meios aos adolescentes (mudança comportamental, surgimento do rock n’ roll, etc.), sem contar a clara diferença redonda de 30 anos em relação à produção do filme, que segundo Zemeckis e Gale convencia melhor no caso de um jovem reencontrando seus país na mesma idade.

No entanto, nenhum estúdio queria aceitar a produção do filme: a história tinha pouco “apelo sexual” se comparada com outros sucessos dos anos 80 como Porky’s, Picardias Estudantis, Lagoa Azul e etc. A Disney era indicada para Gale e Zemeckis pelos estúdios que os rejeitavam, mas nem a casa do Mickey comprou a ideia porque não admitiria um filme onde a mãe se apaixona pelo filho.

Robert Zemeckis então dirigiu Tudo Por Uma Esmeralda, filme mais “nos moldes” dos anos 80 que se tornou um grande sucesso de bilheteria. Agora com uma reputação maior, o diretor procurou Steven Spielberg, que viu o potencial do projeto e levou a produção para o Universal Studios. Curiosamente, o filme Carros Usados, fracasso de bilheteria de Spielberg, inspirou o uso de um carro como máquina do tempo para a série.

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Michael Douglas e Kathleen Turner no clássico Tudo Por uma Esmeralda.

Falando nisso, muitas coisas que foram planejadas não foram usadas no filme: Marty McFly era para ser um “pirata de vídeo”, a máquina do tempo seria uma geladeira. Felizmente, Zemeckis desistiu ao entender que muitas crianças se trancariam nas geladeiras de suas casas para fazer de conta que estavam viajando no tempo, e a ideia do carro inicialmente proposta por Spielberg venceu.

O carro aliás, foi uma escolha cuidadosa: o emblemático DeLorean DMC 12 foi escolhido por seu visual estiloso e futurista. 6 DeLoreans foram utilizados (alguns destruídos) durante a trilogia, e foram feitas até mesmo réplicas perfeitas em fibra de vidro para facilitar a gravação de cenas onde o carro precisasse aparecer “voando”.

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DeLorean em exposição nos estúdios da Universal.

Dos 6 carros utilizados para o filme, a Universal Pictures ainda possui 2 deles, que são expostos alternadamente em exposições do estúdio ou em atrações temáticas. A aparição no filme tornou o carro extremamente popular, e nerds assumidos — como o escritor Ernest Cline — e colecionadores se orgulham de seus DeLoreans.

Desde o início Michael J. Fox era o mais cotado para interpretar Marty McFly, mas sua série Family Ties (Caras e Caretas por aqui) já lidava com a falta de Meredith Baxter, então o diretor não o liberou. Eric Stoltz foi chamado e chegou a gravar por quatro semanas, mas Zemeckis e Gale voltaram atrás porque ele estava desempenhando um papel dramático, enquanto Fox tinha uma veia cômica que caia como uma luva na personalidade idealizada para Marty.

Abaixo, uma foto comparativa entre Eric Stoltz e Michael J. Fox no papel de Marty McFly.

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Eric Stoltz X Michael J. Fox

Christopher Loyd também se recusou a interpretar o Doc. Brown, e aceitou somente após ler o roteiro e sua esposa insistir muito para ele concordar. Muito de sua icônica interpretação é fruto de improvisações inspiradas em Albert Einstein e no maestro Leopold Stokowski. Durante a pesquisa para compor o personagem, ele encontrou um físico que falava “jigowatt” em vez de gigawatt, trejeito de pronuncia que foi usado no filme e se tornou bem famoso.

A trilha sonora ficou por conta do famoso Alan Silvestri (que também fez as trilhas sonoras para as duas sequências do filme), a música tema, Power of Love, foi escrita por Huey Lewis and the News (Huey até faz uma ponta no filme, como o jurado que rejeita a banda de Marty na audição para o festival do colégio).

Pausa para uma dose de nostalgia em vídeo! para começar, um medley das diversas variações que a música tema da série recebeu no decorrer da trilogia, tocada pela Orquestra Sinfônica de Viena, sendo regida por Alan Silvestri em pessoa:

Clipe oficial da música Power of Love, de Huey Lewis:

E uma das cenas mais emblemáticas da história do cinema: a empolgada interpretação de Marty McFly para a música Johnny B. Goode:

Em 3 de julho de 1985 (após dois reagendamentos) De Volta Para o Futuro estreou e acabou ficando em primeiro lugar entre os filmes mais assistidos dos Estados Unidos por 11 semanas! O filme fez mais sucesso na segunda semana, resultado de um bom boca a boca, e acabou ganhando vários prêmios, dentre eles o Oscar de melhor mixagem de som.

Originalmente não era planejada uma sequência para o filme (a cena final era para ser só uma brincadeira), mas por causa do imenso sucesso de púbico e crítica, De Volta Para o Futuro Parte II começou a ser produzido. O rascunho foi praticamente todo escrito por Gale, pois Zemeckis estava ocupado dirigindo outro clássico dos anos: Uma Cilada Para Roger Rabbit.

A produção começou a ser preparada em 1987, dois anos antes da estreia do filme, pois era preciso construir os cenários para a época de 2015 e o 1985 alternativo. Zemeckis idealizou o futuro pensando em contrariar o modo como ele era retratado nos filmes de ficção dos anos 80 (geralmente dark e pós-apocalíptico), então levou ao filme um cenário cheio de coisas que ele achava “legais”.

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Hill Valley em 2015

Os maiores problemas do segundo filme foram as saídas de Crispin Glover (George McFly, pai de Marty) e Claudia Wells (Jennifer). Para substituir Claudia foi chamada Elizabeth Shue, e as duas até que eram meio parecidas. O problema foi em literalmente ter que reconstruir o personagem de Crispin e dar-lhe um novo “futuro”.

Abaixo a comparação entre Claudia Wells e Elizabeth Shue interpretando Jennifer.

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Claudia Wells X Elizabeth Shue

Jeffrey Weissmann foi chamado para a substituição de Glover, mas mesmo assim tinha que usar queixo, nariz e bochechas falsas, sem contar que é dada a desculpa que George é assassinado por Biff Tanen em 1973, com o intuito de limitar ao máximo a presença do personagem.

Curiosamente, a ideia deu tão certo que o próprio Glover processou o estúdio pelo uso indevido de sua imagem, mas acabou não ganhando a causa.

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A ideia inicial era que Marty e Doc. Brown voltassem para 1967 na tentativa de destruir o almanaque esportivo, mas vendo que poderia ser explorado um novo ponto de vista do primeiro filme, Gale decidiu que eles voltariam para 1955.

Os hoverboards (skates voadores de 2015) eram mesmo reais, e essa informação gerou polêmicas na época de lançamento, mas em uma entrevista Zemeckis declarou que eram efeitos especiais que os faziam voar. E até hoje estamos na esperança que a Mattel realmente os lance, pois 2015 tá logo ali!

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2015 está logo ali, viu, Mattel?

De Volta Para o Futuro II estreou no dia 22 de novembro de 1989, fez muito sucesso no geral, com críticas positivas e ganhando prêmios, mas muito menos se comparado com o original. O filme foi a terceira maior bilheteria do ano, perdendo apenas para o Batman e Indiana Jones – A Última Cruzada.

Como as férias de Michael J. Fox previstas para serem estendidas em 1989, Zemeckis decidiu filmar simultaneamente a parte 3 da série. Em alguns momentos ele tinha que dirigir uma cena do segundo filme e logo depois viajar para supervisionar a construção do cenário usado no terceiro, pois as locações de filmagens dos dois longas eram distantes entre si.

A temática faroeste veio de uma conversa de Zemeckis com Fox na produção do primeiro filme, que perguntou que se ele pudesse voltar ao passado, qual época visitaria. O ator disse que queria muito ver os cowboys do velho oeste. A ideia já estava nas mentes do diretor e de Bob Gale durante a concepção da parte 2, mas eles a guardaram para ser usada no último filme.

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O cronograma inicial era fazer como foi feito nas partes I e II e explorar os antepassados da família de Marty, com a introdução do personagem Seamus McFly. No entanto, para diversificar, foi decidido que o desfecho da trilogia iria se focar no Doc. Brown, que, no velho oeste, tem um relacionamento com Clara Clayton, interpretada por Mary Steenburgen.

Mary estava muito receosa em aceitar o papel, aceitou apenas quando os filhos, que amaram o filme original, insistiram para ela fazer. Pat Buttram, Harry Carey Jr. e Dub Taylor, três atores consagrados dos filmes de faroeste também atuaram no filme, como clientes do saloon. Sobram referências a filmes clássicos do gênero western e a atores que ganharam fama no gênero, como Clint Eastwood.

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A parte 3 foi considerada como uma jornada espiritual para os personagens, segundo Zemeckis, ao contrário das anteriores, que investiam no sucesso materialístico e no “se dar bem”. O filme estreou em 25 de maio de 1990 e, apesar de ter obtido menos sucesso que o anterior (em termos de público), De Volta Para o Futuro III acabou sendo mais bem recebido pela crítica.

A série De Volta Para o Futuro não ficou apenas no cinema: além de uma popular série animada que ganhou 2 temporadas e expandia o universo da trilogia. Obviamente também tivemos incursões no mundo games. Várias adaptações foram feitas para videogames e computadores. Valem menções honrosas de Blitz Throught Time (jogo de Blitz Throught Time) e a série episódica Back to the Future – The Game, produzido pela Telltale Games em 2010.

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Seja pela ideia,  pela simplicidade, pelo icônico DeLorean DMC 12 ou pelos vários easter eggs ao longo dos filmes, é fato que De Volta Para o Futuro é uma série épica que marcou época.

O bom do cinema é que, apesar de eventualmente acontecerem fases ruins onde sentimos falta de bons filmes, boas ideias sempre aparecerão, tornando possível que tanto séries novas quanto clássicas possam chegar ao auge da cultura pop!

3 Respostas para “O Auge da Cultura Pop – vamos voltar no tempo para relembrar da série De Volta Para o Futuro”

  • 23 de agosto de 2014 às 12:26 -

    leandro leon belmont alves

  • belo post homenageando a trilogia e espero mesmo que não façam reboot…uma sequência TALVEZ mas não tenho certeza se daria certo

    • 23 de agosto de 2014 às 15:38 -

      Diego

    • Eu acabei de assistir o terceiro filme na Fox, chego aqui e encontro isso, coincidência? xDReboot eu não acho uma boa, mesmo estando na moda. Mas com o M.J.Fox na ativa, uma sequência poderia cair bem.

      • 23 de agosto de 2014 às 17:04 -

        Carlo Henrique

      • Eu não gostaria de um reboot ou sequência, a série teve uma das melhores finalizações, acabou ainda enquanto estava boa, mas não tão boa a ponto de deixar os fãs “órfãos”. Reboots e remakes sempre são piores se comparados aos originais, mas nada impede que, um dia, ao abrirmos a Arkade, demos de cara com a notícia de que um filme novo está por vir.

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