Cine Arkade: Os melhores filmes de 2014

É hora de relembrarmos os melhores filmes de 2014 nesta última Cine Arkade do ano! Venha conosco e confira quais filmes se destacaram neste que foi um ano bem movimentado para o mundo cinematográfico!

2014 está nos deixando com uma lista surpreendente de filmes, e claro, não poderia estar mais feliz pela Cine Arkade e pelo retorno de um lugar onde podemos falar sobre filmes por aqui, um pequeno espaço aconchegante que criamos no site para falar de algo além dos nossos queridos games.

Mas chega de falar sobre nós e vamos para o que importa, os melhores filmes de 2014! Seguindo a tradição da internet de listar coisas, decidi criar uma espécie de Top 10 dos filmes que mais gostei deste ano, seja pela atuação do elenco, sua parte técnica, trilha sonora, roteiro, direção ou pelo pacote completo que torna um filme tão satisfatório no final.

Amontoar e classificar estes dez filmes foi uma tarefa bem difícil por uma série de motivos, sendo o maior deles pelo imenso número de filmes de alta qualidade que me tocaram de alguma forma e que infelizmente não estão entre os dez primeiros, mas com certeza serão mencionados de alguma forma.

Também existe duas complicações: a primeira foi a dificuldade de encontrar uma base de tempo entre estes filmes pelo atraso que o lançamento internacional tem em relação ao lançamento brasileiro, sendo que alguns dos filmes que serão mencionados aqui sequer apareceram no Brasil ainda.

O segundo problema é a quantidade de filmes que foram lançados em 2014 ao lado do próprio esquecimento deste que vos fala, então este Top 10 pode não ter o filme que você, caro leitor, achou que era o melhor do ano pelo simples fato que eu não o vi… ou vi e não lembro.

Por isso, antes de começar, quero explicar alguns dos parâmetros que segui para fazer esta lista. A data de lançamento dos filmes homenageados estão seguindo a agenda brasileira, incluindo os filmes que foram lançados em 2013 internacionalmente e que acabaram sendo localizado para cá somente em 2014 e dos longas-metragens que apareceram neste ano em outras partes do mundo, mas que só teremos a chance de vê-los no ano que vem.

E isso também vale para os filmes que já saíram lá fora e que estou contando os minutos para poder ver, porém eles só vão aparecer por aqui nos próximos meses, e por isso os seguintes filmes não estão nesta lista: Começando com Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson; Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, de Bennet Miller; Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância), de Alejandro Gonzales Iñárritu; O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum; Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle; Livre, de Jean-Marc Vallé; E no fim, O Ano Mais Violento, de J.C. Chandor.

Agora que tudo está resolvido, vamos para os dez melhores filmes deste ano! Começando com…

FRANK

Na décima posição temos o hilário e bizarro Frank, dirigido por Lenny Abrahamson (conhecido pelo seu trabalho em Garage, What Richard Did e Adam & Paul). Nele temos a história de Jon, um homem simples que possui um trabalho mundano, mas cuja paixão  pela música o motiva a seguir em frente. Essa sua paixão lhe apresenta a banda de avant-garde pop chamada Soronprfbs (eu tive que olhar na internet para digitar corretamente) e o estranho líder Frank, uma pessoa que no mínimo pode ser considerada excêntrica, especialmente pelo seu capacete imenso feito de papel-machê.

O filme engata após Jon entrar na banda e nós vemos de camarote a insanidade artística de seus membros, Frank (interpretado por Michael Fassbender) faz um trabalho impressionante de expressar sentimentos sem a necessidade de vermos a sua cara, algo que poucas pessoas conseguem fazer.

O filme em si traz uma experiência importante justamente pela forma que vemos pessoas que são artistas por natureza, e que na maioria das vezes acabam à margem da sociedade por serem tão diferentes: todos os membros da banda, incluindo a própria música, tem momentos especiais no filme que acrescentam uma camada a mais de emoção, mas é impossível de não notar a presença de Frank nas cenas, tanto pelo óbvio capacete quanto pelo excelente trabalho de Michael Fassbender sob o rosto bizarro de Frank.

No fim ele consegue ter uma história tocante que nos deixa torcendo para o seu protagonista e também para Frank, sendo que o filme faz questão de mostrar que estes dois personagens são igualmente importantes para o enredo. O filme também tem uma trilha sonora tão boa que eu não consigo parar de escutar! Destaque para a música I Love You All, em que Michael Fassbender mostra que ele realmente poderia ser um ótimo músico!

RAMPAGE: CAPITAL PUNISHMENT

Em nono lugar temos Rampage: Capital Punishment, mais conhecido como o filme que deve tirar toda a minha credibilidade (?!) pelo fato do diretor ser o famigerado Uwe Boll. Sim, um dos meus filmes favoritos deste ano foi dirigido por Uwe Boll, mas existem alguns motivos para eu colocar este filme em um certo pedestal comparado aos outros longas que foram lançados neste ano.

Cheguei a explicar em uma edição passada da Cine Arkade sobre como um psicopata consegue trazer um filme a vida, e até utilizei este filme e seu antecessor, intitulado Rampage, como exemplos. É complicado defender Rampage: Capital Punishment porque é um filme que claramente tem suas falhas, Uwe Boll utiliza o balanço da câmera proposital em demasia, quase todos os atores coadjuvantes no filme mal conseguem interpretar e o caminho em que o filme percorre é simples até demais… porém existe uma ressalva em que dou um imenso valor e é por isso que gosto tanto de Rampage: Capital Punishment.

Esta salvação toma forma como o protagonista Bill Williamson, interpretado pelo Brendan Fletcher. Um dos elementos que mais me surpreende em um filme é como nós, como espectadores, nos “conectamos” a um personagem, entendendo-o e torcendo para ele até o final mesmo sabendo que o personagem (em muitos casos) fará algo questionável, e Brendan Fletcher traz uma atuação que me deixa embasbacado pelo comprometimento e responsabilidade com que ele trata seu personagem.

O roteiro é salvo graças ao próprio ator, que tem crédito como roteirista nesta versão, e cada palavra de ódio dita pelo protagonista tem um impacto e importância não só para o filme, mas sim para a nossa sociedade como um todo. Rampage: Capital Punishment é um dos melhores filmes desta lista simplesmente pela ótima atuação de Brendan Fletcher e seu trabalho impressionante como Bill Williamson, mas também pelo roteiro que é simples, mas bem executado.

CAPITÃO AMÉRICA 2: O SOLDADO INVERNAL

Na oitava posição temos o primeiro filme de super-herói (mas não o único) a aparecer nesta lista, Capitão América 2: O Soldado Invernal traz um diálogo inteligente e mostra como estes filmes podem ser muito mais do que simples explosões e super-heróis voando enquanto luta contra um vilão qualquer.

Filmes de super-herói normalmente não ganham tanto reconhecimento nas premiações por não ter um foco tão grande em um roteiro bem feito ou atores que dão performances “dignas de um Oscar”. Claro que isto acaba sendo inversamente proporcional no quesito financeiro, com estes filmes atingindo o topo das bilheterias e quebrando um recorde atrás do outro. Mas Capitão América 2: O Soldado Invernal consegue ser tão divertido e inteligente quanto estes filmes que são tão homenageados por jurados e pessoas que fazem parte das premiações.

Outro fator que o filme traz é a própria ação, tendo cenas grandiosas e cheias de explosões, lutas e todo o combate que queremos em um filme de super herói, e além de tudo isso Capitão América 2: O Soldado Invernal é um dos primeiros filmes que não utiliza uma câmera balançado em uma cena de combate para tentar (e falhar) com o senso de imersão, a maioria das cenas são vistas em pontos fixos, feitos para que o espectador não perder um segundo daquela impressionante explosão ou daquela sequência épica de acrobacias e movimentos quase perfeitos no combate.

OPERAÇÃO INVASÃO 2

Em sétimo lugar temos Operação Invasão 2, um filme indonésio que esfrega todos os erros que os cineastas americanos fazem em seus filmes de ação e lança algo surpreendente, excitante e extremamente forte em todos os sentidos. Dirigido e escrito pelo cineasta galês Gareth Evans, Operação Invasão 2 continua a história de Rama e seu novo objetivo em se adentrar em uma imensa organização do submundo criminoso de Jakarta.

O primeiro filme, tomou uma linha mais reta por focar inteiramente em um imenso prédio lotado de bandidos, traficantes e capangas enquanto a força policial fazia de tudo para entrar. Mas tudo mudou no segundo filme, Operação Invasão 2 se tornou mais grandioso, com perseguições, explosões e cenas de combates que são impossíveis de esquecer, especialmente a cena que envolve um bastão de baseball mais perto do final (assistam e irão saber exatamente do que estou falando).

Um dos motivos que Operação Invasão 2 faz parte desta lista é pelo quão estupendo ele conseguiu a ponto de superar o primeiro filme em todos os aspectos, além de ser um filme que todo fã de ação precisa ver para entender a fundação do gênero, algo que Gareth Evans fez tão bem neste filme.

GUARDIÕES DA GALÁXIA

Na sexta posição temos mais um filme de super herói, o surpreendente Guardiões da Galáxia. Dirigido por James Gunn ao lado do elenco impressionante formado por Chris Pratt (Starlord), Zoe Saldana (Gamora), Dave Bautista (Drax), Vin Diesel (Groot) e Bradley Cooper (Rocket) e é o melhor filme de super herói lançado desde Os Vingadores, e que, na minha humilde opinião, consegue até superar Os Vingadores em diversos momentos.

Guardiões da Galáxia traz uma coleção surpreendente de atores muito a vontade em seus papéis, visuais e efeitos especiais de tirar o fôlego, uma trilha sonora tão boa e nostálgica que estou ouvindo (de novo) no momento em que escrevo este texto e, acima de tudo, ele é um filme leve e engraçado a ponto de arrancar gargalhadas que me deixaram com vergonha no cinema.

E o melhor de tudo em Guardiões da Galáxia é que ele mostra como a Marvel consegue tirar leite de pedra e aproveitar bem seus heróis “de segundo escalão”, superando todas as expectativas céticas das pessoas quando foi anunciado e no final ele conseguiu ser o melhor filme de super herói do ano, financeiramente e criticamente, além de deixar muitos, incluindo eu, preferindo este a qualquer filme já lançado no universo cinematográfico da Marvel.

INTERESTELAR

No quinto lugar temos o épico sci fi de Christopher Nolan, Interestelar. Já falamos sobre o quão grandioso e estupendo Interestelar é em uma das edições desta coluna e por todas aquelas razões é que este filme faz parte dos meus cinco filmes favoritos deste ano.

Matthew McConaughey traz uma performance estelar (ba-dum-tss!) a mesa, assim como todos os personagens coadjuvantes. Normalmente já se espera alguns elementos especiais por ser um filme da complexa mente de Nolan, incluindo atores que o diretor utiliza em quase todos os filmes (neste caso temos Michael Cane de volta), além da grande revelação que deixa, em sua maioria das vezes, confusão na cabeça do espectador.

Mas acredito que um dos maiores motivos de gostar tanto de Interestelar é pelos seus maiores momentos onde todos os componentes compartilham o mesmo objetivo, com a trilha sonora complementando uma cena épica que só dá certo graças ao personagem tão bem atuado ao lado de efeitos especiais tão surpreendentes, são nestes momentos que Interestelar brilha mais do que qualquer outro filme lançado neste ano, e só uma pena que não existe tantos destes momentos no filme como um todo.

O GRANDE HOTEL BUDAPESTE

Um dos diretores mais interessantes atualmente criou o que considero sua melhor obra, O Grande Hotel Budapeste é algo impressionante e mágico graças a sua estética única e vívida. Cada cena parece sair de uma pintura impressionista e a cinematografia ressalta isso pela sua forma incomum de direção, com o uso de movimentos leves ou propositalmente rápidos demais.

O diálogo é peculiar, rápido e igualmente genial. Cada indivíduo que surge na história adiciona algo importante para a trama e encontrar cada ator famoso é uma diversão a parte, especialmente com artistas que sumiram do mundo hollywoodiano ou que não fariam um personagem como aquele.

Um dos maiores feitos de O Grande Hotel Budapeste é como ele consegue contar uma história divertida e tocante ao mesmo tempo, todos os personagens são cativantes, desde os protagonistas até os vilões, que são extremamente divertidos de uma forma totalmente vil. E a sua forma de contar história que leva ao mundo quase fantasioso nos faz querer continuar lá por muito mais do que algumas horas.

ELA

A peculiar história de amor criada por Spike Jonze foi lançada no fim de 2013, mas atingiu os cinemas nacionais somente em fevereiro deste ano e acredito que seria um desserviço não colocá-lo nessa lista. Nele temos uma das melhores performances de Joaquin Phoenix e uma interação surreal e quase impossível de acreditar com a voz de Scarlett Johansson, um casal incomum que traz uma realidade entre a relação deles mesmo com um não estando lá fisicamente.

É difícil não se apaixonar pela personagem de Scarlett Johansson e é o que faz o espectador ter uma conexão ainda maior com o protagonista, vendo como o quão simpática, amável, inteligente e atraente ela é somente com com sua voz. Ela consegue nos colocar em um nível pessoal sobre os diversos sentimentos de amor e a definição do que é um relacionamento, além de colocar uma visão interessante de um futuro distópico que é totalmente acreditável quando percebemos o quão longe estamos (fisicamente) de pessoas que amamos, mas tão perto virtualmente

Ela é uma singela história de amor feita corretamente, Spike Jonze é um grande roteirista e dá para ver a qualidade de seu trabalho em Ela — que não a toa ele ganhou um Oscar por isso — criando um filme inventivo, original, interessante e sincero quando falamos sobre relacionamentos amorosos.

O ABUTRE

E na segunda posição temos o mórbido e pesado thriller de Dan Gilroy, lançado no final de outubro internacionalmente e no fim de dezembro por aqui, O Abutre conta a história de Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) e sua necessidade de conseguir um emprego, até que ele descobre o submundo de cinegrafistas amadores que vão atrás de tragédias para gravar e vender para o jornal televisivo que mais precisa.

Jake Gyllenhaal faz a melhor performance de todo o seu trabalho profissional até hoje e que, ao meu ver, é a melhor atuação masculina de 2014 por retratar um personagem tão sem vida e neutra possível. Louis Bloom é um personagem que é propositalmente complicado de se relacionar porque suas ambições são vazias e sua paixão não parece ser verdadeira, ele não é uma pessoa má e nem boa, ele é apenas um sujeito distante dos sentimentos humanos.

O que faz a atuação de Jake Gyllenhaal tão boa é justamente o quão vazio ele consegue ser, sua expressão sem vida ao lado de sua feição quase cadavérica nos deixa pensando se ele realmente está sendo sincero em suas palavras ou se tudo não passa de uma mentira. Além disso, O Abutre ainda complementa sua história mostrando como a mídia e o telejornalismo funciona na vida real, utilizando táticas de medo para deixar o telespectador preso no assento e assustado por sua vida enquanto vê o jornal da manhã.

Não fiquei tão impressionado após ter visto O Abutre, mas foi somente algumas horas depois que me vi pensando e analisando minuciosamente cada cena do filme e disso que realmente vi o quão bom este filme era, se tornando meu segundo filme favorito de 2014.

ANTES DO 1º COLOCADO… MENÇÕES HONROSAS

Antes nomear o primeiro filme eu quero deixar aqui alguns dos filmes deste ano que gostei muito e que foram extremamente competentes de alguma maneira. Todos foram divertidos de alguma forma, seja pelo drama e humor do roteiro ou pela estrutura completa que fez aquele filme tão bom.

O fato deles não estarem no meu Top 10 não tira seu valor, e só prova que 2014 foi um ano cheio de boas surpresas cinematográficas. Os filmes que entram nesta categoria de Menções Honrosas são:

The Babadook

No Limite do Amanhã

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Chef

Planeta dos Macacos: O Confronto

The One I Love

Expresso do Amanhã

Sob a Pele

Cheap Thrills

Agora sim vamos ao 1º colocado da lista que é…

GAROTA EXEMPLAR

O thriller dirigido por David Fincher me colocou lutando comigo mesmo em quem eu deveria simpatizar no filme. Garota Exemplar é o único filme que deixa o espectador preso no assento do cinema pelo quão bem feita é sua história, conseguindo se desenrolar de maneira eletrizante e surpreendendo-nos até o ultimo momento.

Mas esta sensação só acontece graças a escritora do livro original de mesmo nome, Gilian Flynn, que fez questão de escrever o roteiro do filme para deixá-lo completo e coerente com o material original. Isto, somado à direção impressionante de David Fincher e a trilha sonora assombrosa de Trent Reznor e de algumas das melhores performances vistas este ano fazem com que Garota Exemplar seja, para mim, o melhor filme de 2014.

Ben Affleck e Rosamund Pike, que interpretam o casal Nick e Amy Dunne, atingem um patamar ainda mais alto em interpretação que nos deixa exatamente no meio desta relação enquanto batalhamos para entender a grandiosidade do roteiro, que dá uma atenção especial à Rosamund Pike, que facilmente foi a melhor atriz deste ano.

Já mencionei várias vezes que um filme consegue atingir o topo da perfeição quando todos os elementos entram em uníssono, criando algo verdadeiramente impressionante, e para mim Garota Exemplar consegue chegar a este ponto, causando sensações indescritíveis durante e após o filme, merecendo assim o posto de melhor filme deste ano.

Nada de sinopse para evitar os spoilers, este é um filme que você precisa ver para entender quão bom, complexo e instigante ele é.

E aí está minha lista! Você concorda com as minhas escolhas? Deixei algum filme de lado? Conte quais foram, na sua opinião, os melhores filmes do ano? Vamos conversar sobre cinema nos comentários! ;)