Cine Arkade Review – A Chegada

29 de novembro de 2016

Cine Arkade Review - A Chegada

Uma ameaça alienígena assombra a nossa Terra e cabe a uma linguista e um físico teórico descobrir o propósito deles neste mundo. Confira a nossa análise de A Chegada!

Denis Villeneuve é um diretor incomum e no mínimo, diversificado. Possuindo uma lista invejável de filmes que abordam vários temas, desde o suspense psicológico de Homem Duplicado, o terror real de um sequestro em Os Suspeitos e até a história de uma agente do FBI testemunhando o mundo do tráfico internacional de drogas em Sicario: Terra de Ninguém, além de vários outros filmes que compõem a impressionante filmografia deste diretor.

Mas mesmo com filmes tão diferentes, ainda existe uma similaridade entre eles, trazendo um foco especial nos protagonistas a ponto de vermos seus traços de personalidade em um microscópio. E A Chegada, seu filme mais recente, faz o mesmo, apresentando uma protagonista que guia esta trama enigmática que fala tanto sobre linguagem, perda e o mistério em torno de seres desconhecidos.

Cine Arkade Review - A Chegada

A premissa de A Chegada é sobre estes doze OVNIs, chamados de “conchas” pelo formato côncavo, que aterrissaram em vários lugares da Terra. Assim o governo americano envia o Coronel Weber (Forest Whitaker) para procurar a linguista Louise Banks (Amy Adams), e inseri-la na equipe responsável em descobrir o motivo da chegada destes alienígenas. Outra pessoa importante na equipe é Ian Donnelly, um físico teórico que trabalha ao lado de Louise para servir o lado lógico desta dupla.

Além do trabalho de compreender o OVNI dos Estados Unidos, eles precisam trabalhar com as equipes situadas em outras partes do mundo, criando uma tensão em torno da política e economia mundial, que também está se deteriorando a cada dia diante o mistério e perigo iminente dos alienígenas. Esses termos colocam Louise e Ian correndo contra o tempo, tentando fazer de tudo para entender a razão disso antes que o mundo acabe, mas não pelos alienígenas, mas sim por nós mesmos.

Como você pode ver, A Chegada está distante dos filmes tradicionais de invasão alienígena, como Independence Day. O maior elemento do filme é a linguística e como ela é compreendida, com longas cenas focadas inteiramente em Louise e Ian aprendendo o idioma destes seres enquanto os ajuda a entender o nosso, criando um paralelo com as tramas secundárias e unificando neste mesmo tema de linguagem e o nosso entendimento dela.

Cine Arkade Review - A Chegada

Villeneuve faz um ótimo trabalho em mover essas tramas e mostrar o impacto delas, enquanto Louise e Ian estão trabalhando em decifrar o idioma, notícias de pessoas saqueando lojas e sobre a queda de ações na Bolsa de Valores aparecem no fundo, aumentando a tensão e mostrando a importância do trabalho. Villeneuve também traz visuais excelentes para o filme, com cenas amplas que mostram a imensidão e imponência do OVNI, além da paisagem de fundo que mantém um ar de mistério e imprevisibilidade que é levado pela duração inteira do filme, algo que o diretor e conhecido em seus projetos.

As performances são ótimas em geral, com destaque a Amy Adams, que reflete todo o passado conturbado de Louise e a razão dela ser mais reclusa. O restante do elenco também consegue apresentar os personagens muito bem, incluindo Jeremy Renner e Forest Whitaker, que fazem o comedido e exato Ian, e o mais sério e seguidor de regras Weber, respectivamente.

Já o ritmo de A Chegada transita entre momentos mais lentos enquanto existe uma sensação de urgência para cada momento, esse ritmo vai mudando para momentos mais alarmantes mas A Chegada ainda é um filme lento e com um diálogo inteligente que ajuda a compreender as cenas mais complexas que acontecem no terceiro ato. Esta lentidão pode ser um pouco cansativa para quem está acostumado com filmes mais frenéticos, porém A Chegada é um tipo de sci-fi reservado e que quer te atrair para este processo de compreensão linguística que Louise e Ian trabalham tanto para decifrar.

Cine Arkade Review - A Chegada

Assim A Chegada se torna um filme extremamente imprevisível pelo fato dele ser tão diferente do que já vimos por aí. Do inicio do filme até a cena que vemos o OVNI é recheada de tensão, desconforto e medo do que pode acontecer, dando o tempo necessário para o espectador entender a possível calamidade que está por trás dessas gigantescas conchas negras. E eu digo “possível calamidade” porque ele te deixa sem saber o que pode acontecer durante o tempo inteiro no filme, deixando novas perguntas para cada questionamento respondido e intensificando o perigo vindo pelo medo do desconhecido, tanto para o lado humano quanto o alienígena.

A Chegada traz um sci-fi de alta qualidade ao trazer mudanças significativas no tema central em comparação a outros filmes já lançados. O profundo roteiro adaptado de Eric Heisserer, a bela cinematografia de Bradford Young e o excelente trabalho de direção de Denis Villeneuve compõem um longa-metragem visualmente fantástico e com uma história inteligente que te fará assistir mais de uma vez para pegar todos os detalhes que foram perdidos na primeira assistida.

Cine Arkade Review - A Chegada

Sua imprevisibilidade e tensão, acompanhada da trilha sonora composta por Jóhan Jóhannsson (que já trabalhou com Villeneuve em Os Suspeitos e Sicario: Terra de Ninguém) implementam uma atmosfera lúgubre como nenhum outro, sempre deixando o espectador querendo saber o que vai acontecer na próxima cena até chegar no final surpreendente, tecido por Villeneuve e sua equipe.

Em um ano particularmente fraco, A Chegada surpreende de todas as maneiras possíveis e se mantém como o melhor filme de sci-fi do ano, não só tratando-se de um longa competente mas também servindo como uma reafirmação que Denis Villeneuve é um dos diretores mais fascinantes dos últimos anos.

A Chegada estreou em todo o Brasil no dia 24 de novembro.

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