A Favor do Videogame – um excelente artigo de Stephen Kanitz

3 de setembro de 2010

A Favor do Videogame – um excelente artigo de Stephen Kanitz

Stephen Kanitz é um um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas pela Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo. Em 2005, ele publicou na Revista Veja um artigo intitulado “A Favor dos Videogames“, mostrando que os jogos eletrônicos não são de todo mal, pelo contrário. Confira o artigo na íntegra a seguir.

O cérebro humano é um órgão que absorve quase 25% da glicose que consumimos e 20% do oxigênio que respiramos. Carregar neurônios ou sinapses que interligam os neurônios em demasia é uma desvantagem evolutiva, e não uma vantagem, como
se costuma afirmar.

Todos nós nascemos com muito mais sinapses do que precisamos. Aqueles que crescem em ambientes seguros e tranqüilos vão perdendo essas sinapses, que acabam não se conectando entre si, fenômeno chamado de regressão sináptica.

Portanto, toda criança nasce com inteligência, mas aquelas que não a usam vão perdendo-a com o tempo. Por isso, menino de rua é mais esperto do que filho de classe média que fica tranqüilamente assistindo às aulas de um professor. Estimular o cérebro da criança desde cedo é uma das tarefas mais importantes de toda mãe e todo pai modernos.

Sempre fui a favor de videogames, considerados uma praga pela maioria dos educadores e pedagogos. Só que bons videogames impedem a regressão sináptica, porque enganam o cérebro fazendo-o achar que seus filhos nasceram num ambiente hostil e perigoso, sinal de que vão precisar de todas as sinapses disponíveis. O truque é encontrar bons jogos, mas não é tarefa impossível.

A Favor do Videogame – um excelente artigo de Stephen Kanitz

SimCity

O primeiro videogame que comprei para meus filhos foi o famoso SimCity, um jogo em que você é o prefeito de uma pequena vila, e, dependendo de suas decisões, ela pode se tornar uma megalópole ou não. Se você for um péssimo prefeito, a população se mudará para a cidade vizinha, e fim do jogo. Em vez de eleger prefeitos, seria muito melhor se empossássemos o vencedor do campeonato de SimCity em cada cidade.

Um dia eu estava brincando de “prefeito” quando meus filhos de 11 e 13 anos de idade, analisando meu “planejamento urbano” inicial, balançaram a cabeça em desaprovação: “Tsk, tsk, tsk. Pai, daqui a cinqüenta anos você vai dar com os burros n’água”. Eu, literalmente, caí da cadeira. Quantos de nós, aos 11 anos, tínhamos consciência de que atos feitos na época poderiam ter conseqüências nefastas cinqüenta anos depois? Quantos de nós pensaríamos em prever um futuro para dali a cinqüenta anos?

A lição que me deram com o famoso videogame Mario Brothers foi ainda melhor. Não tendo a paciência de meus filhos, eu vivia cortando caminho pelos vários atalhos existentes no jogo, quando novamente me deram o seguinte conselho: “Não se podem queimar etapas, senão você não adquire a experiência e a competência necessárias para as situações mais difíceis que estão por vir”. A frase não foi exatamente essa, mas foi o suficiente para me deixar com os cabelos em pé. Dois garotos estavam me ensinando que cada etapa da vida tem seu tempo e aprendizado, e nela não se pode ser um apressado.

No jogo Médico, as crianças aprendem a fazer um diagnóstico diferencial, a pior das alternativas sendo uma apendicite. Nesses casos, elas têm de operar “virtualmente” o paciente seguindo condutas médicas corretas. Um dos procedimentos é a assepsia da pele, e ai de quem não escovar o peito do paciente, com o mouse nesse caso, por três minutos, o que é uma eternidade num videogame e para uma criança. Quem gasta menos do que isso é sumariamente expulso do hospital por erro médico. Que matéria ou professor ensina esse tipo de autodisciplina?

Em A-Train, o jogador é um administrador de empresa ferroviária. A criança tem de investir enormes somas colocando trilhos e locomotivas sem contar com muitos passageiros no início das operações. Aprende-se logo cedo que uma empresa começa com prejuízo social e tem de ter recursos para suportar os vários anos deficitários.

A Favor do Videogame – um excelente artigo de Stephen Kanitz

A-Train

Aos 12 anos, meus filhos já tinham noção de que os primeiros anos de um negócio são os mais difíceis, e controlar o capital de giro é essencial. Avaliar riscos e administrar o capital de giro, nem grandes empresários sabem fazer isso até hoje.

Como em tudo na vida, é necessário ter moderação nas horas devotadas ao videogame. Mas ele é uma ótima forma de estimular o cérebro da criança e impedir sua regressão sináptica, além de ensinar planejamento, paciência, disciplina e raciocínio, algo que nem sempre se aprende numa sala de aula.

(Via site oficial de Stephen Kanitz)

17 Respostas para “A Favor do Videogame – um excelente artigo de Stephen Kanitz”

  • 3 de setembro de 2010 às 12:45 -

    @albert_dark

  • Queria que meus pais pensassem assim.

  • 3 de setembro de 2010 às 12:52 -

    Douglas

  • GTA é bélo para crianças !!! rsrs

    • 18 de outubro de 2018 às 10:36 -

      arthur.formiga

    • cala a boca filha da puta do crl seu fudido racista xenof

  • 3 de setembro de 2010 às 13:44 -

    Pedro

  • Ótima matéria, só queria que meus pais pensassem assim.²

  • 3 de setembro de 2010 às 14:59 -

    Aramis Mussi

  • Ele também está olhando apenas os jogos boms e q realmente fazem diferença, bota um GTA, The God Father e etc…

    • 1 de setembro de 2017 às 10:56 -

      juca

    • foooooooooooooooooodase

  • 3 de setembro de 2010 às 17:32 -

    beduschi

  • fico sholw essa materia

  • 4 de setembro de 2010 às 04:54 -

    Bacon Mage

  • WOW presta?

    eu jogava simcity no super nintendo .

  • 4 de setembro de 2010 às 09:43 -

    D.

  • O que ele acabou de falar, não me é novidade, com os videos games vc ganha inteligencia espacial, raciocinio lógico e agilidade nas decisoes, alem é claro da inteligencia emocional, que é tomar decisões corretas em situações de grande pressao.

    Eu concordo com o tipo de ensinamento ludico, onde se aprende na pratica.

    Meu filhos vao começar de pequenos a brincar com um nintendo (eu considero o mais indicado) e assim evoluindo para jogos mais complexos com o passar dos anos.

  • 4 de setembro de 2010 às 10:16 -

    Dario

  • Muito bom o texto, apesar de ser assunto batido para muitos gamers, é preciso que alguém reconhecido pelo público comum, admita o bem que os games fazem ao nossos cérebros.

  • 4 de setembro de 2010 às 16:54 -

    Samuel

  • Se minha familia pensasse assim… estaria feito…minha familia fica enchendo o saco, pq quando jogo Tomb Raider eles falam que a bunda da Lara Croft é tipo uma mensagem subliminar ¬¬'

  • 5 de setembro de 2010 às 04:29 -

    Lucas Salgado

  • Taca fogo nos FPS …

    • 1 de setembro de 2017 às 10:59 -

      juca

    • vah sifude poha

  • 6 de setembro de 2010 às 08:44 -

    Ruryk

  • Minha sorte foi que, desde pequeno, minha mãe me deixava jogar video-games (apesar de não saber destes benefícios). Graças às minhas horas com RPG's, além de ter adquirido gosto por filosofia e história, ainda aprendi inglês melhor que muita gente que pagou anos de cursos.

  • 22 de dezembro de 2010 às 15:56 -

    LeoRottweiler

  • Vou imprimir isso e mostrar pra minha Mãe ahauhauahauhu.
    Sempre disse a ela que games nunca me atrapalharam, muito pelo contrário, graças aos games criatividade é o que não me falta e isso no meu ramo de trabalho faz toda a diferença.

    Very nice post!!

  • 25 de dezembro de 2010 às 11:37 -

    Leonardo Allevato

  • Excelente artigo, mas é necessário considerar um outro ponto: o que chamamos de motricidade. Apesar de ser bom para as conexões sinápticas, não é bom do ponto de vista do movimento que o corpo humano precisa para sobreviver. O Wii parece ser o video game que mais próximo chega dessa realidade e ainda assim são necessários outros fatores como o convívio social para que se tenha um ser humano pleno de suas capacidades.

  • 1 de setembro de 2017 às 11:28 -

    juca

  • BOra joga ae pohaaaaaaaaaaa!!!!

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