Entrevistamos Barry Leitch, compositor de Top Gear e Horizon Chase

21 de agosto de 2015

Entrevistamos Barry Leitch, compositor de Top Gear e Horizon Chase

Barry Leitch, famoso compositor responsável pelas inesquecíveis músicas de Top Gear conversou conosco sobre sua história no mundo dos games e seu último trabalho, Horizon Chase.

Antes de qualquer coisa, sugiro dar play na música abaixo para entrar no clima:

Pronto, agora você está preparado/a para conferir o nosso bate-papo com Barry Leitch, o compositor de Top Gear em 1992. Barry estava envolvido no desenvolvimento de Horizon Chase, que apresentamos ontem, e nos cedeu gentilmente esta entrevista, que publicamos com muita alegria, afinal de contas, estamos falando de um ícone dos videogames, pelo menos para nós, brasileiros, que há anos nos empolgamos com sua música enquanto jogamos o clássico game de corrida da Kemco.

Para conferir um pouco mais sobre a trilha sonora e o trabalho de Leitch, recomendamos a Sound Test Arkade que fala de Top Gear. Leia que vale a pena.

Confira a nossa conversa com o músico:

Arkade: Vamos começar falando de emoções. Como você se sentiu ao ser convidado novamente para compor músicas para um jogo de corrida tão nostálgico?

Barry Leitch: Em primeiro lugar, me senti honrado pelo convite… mas em seguida, fiquei envergonhado (eu acho que já compus trilhas sonoras melhores), depois orgulhoso, pois imaginei “Hey, eles me convidaram, devo ter feito algo certo”. Depois me senti amado, pois as pessoas realmente adoram as trilhas sonoras antigas e são muito apaixonadas pelo nosso trabalho de uma maneira que eu realmente não havia experimentado antes. Aí me senti animado, pois eu comecei a fazer novas trilhas para um jogo de corrida, motivado, pois me senti conduzido para oferecer o máximo na trilha sonora do jogo e por último, determinado, para fazer uma nova trilha sonora “kick ass”!

Arkade: E que tipo de emoção os jogadores (iniciantes ou veteranos) poderão sentir ao ouvir novamente o seu trabalho em um game de corrida?

Barry: Felizmente, eles vão sentir o amor que eu coloquei na trilha sonora. Espero que eles percebam que o que está faltando em muitos jogos de corrida modernos é uma trilha sonora DIVERTIDA.

Arkade: Horizon Chase quer resgatar a glória dos clássicos jogos de corrida. Com as tecnologias atuais, o que ajuda e o que atrapalha a compor as trilhas sonoras do jogo?

Barry: Nos velhos tempos, tínhamos muitas (muitas mesmo) limitações, você só tinha samples de instrumentos, e só poderia usá-los em uma variedade bastante limitada. Você só podia usar uma quantidade limitada de notas por vez, só podia usar as amostras de instrumentos que você tinha em mãos, você só tinha uma pequena quantidade de memória para colocar tudo isso. Foi como compor com um braço amarrado nas costas. Porém hoje, você pode ter o que quiser: qualquer som, qualquer quantidade de instrumentos, qualquer tamanho para a música. Acho que passei mais tempo procurando os sons certos para este projeto do que eu gastei trabalhando em todos os antigos projetos juntos.

Arkade: Sabemos que a escolha dos jogadores como melhor game em relação ao seu trabalho é Top Gear, mas existem influências em Horizon Chase de outros projetos do qual participou, como Lotus Turbo Challenge ou Rush?

Barry: Claro que sim. O game é influenciado por todos os títulos de corridas em que já trabalhei. Para mim, é o trabalho definitivo de construção de trilha sonora. É a trilha que sempre quis escrever. Para a versão em CD da trilha sonora, prorroguei várias faixas e incluí um pouco do que fiz em Rush 2, voltando para os sons originais de Nintendo 64.

Arkade: Existem influências externas em suas composições? Seja em Top Gear ou em Horizon Chase, como estas influências te ajudam?

Barry: Eu fui em quase todas as influências da minha carreira de quase 30 anos como compositor. Há pequenas amostras disso em quase tudo. Temos pequenas referências desde o primeiro jogo em que trabalhei, como as progressões de acordes de Rob Hubbard, e algumas influências de Bach, Sisters of Mercy, Rammstein, Jean Michelle Jarre…

Arkade: Você imaginou que sua música seria um enorme sucesso em todo o universo gamer, especialmente aqui no Brasil, que inclusive te trouxe para este novo projeto?

Barry: Espero que as pessoas gostem da trilha sonora, assim como os jogadores brasileiros, pois foi muito bacana ouvir os muitos comentários ao longo dos anos e ver o quanto eles gostam das antigas trilhas sonoras de jogos. Tanto que em uma das faixas, eu simplesmente fechei meus olhos e imaginei como a música soaria enquanto rodasse pelo Brasil em alta velocidade, por isso, existem muitas influências latinas ali.

Arkade: Existe algo do passado que influenciou Horizon Chase? O que você acha deste “retorno” de jogos retrô?

Barry: Eu acho que muitos jogos modernos sofrem com o problema de que eles são bastante trabalhosos para se jogar, perdendo o elemento de diversão. Joguei vários jogos de corrida recentes para ouvir as músicas que eles estavam usando, e acho que os joguei por cerca de 10 minutos e foi horrível… não estava sendo divertido, eu não estava me divertindo. Porém quando me sentei e joguei a demo de Horizon Chase, joguei por horas pois se tratava de algo muito divertido de se jogar!

Arkade: Também gostaríamos de falar sobre o passado, para nos ajudar a conhecer melhor seu trabalho, seja em Top Gear, ou em Horizon Chase. Como surgiu seu interesse pela programação e música?

Barry: Acho que tinha 14 ou 15 anos de idade quando decidi que queria fazer música para videogames. Eu gostava dos jogos e isso só progrediu de lá. Nunca fui muito programador, mas sabia o suficiente para entender muito sobre o lado técnico das coisas e ao longo dos anos que vieram, isso veio a calhar, especialmente quando falamos de lidar com limitações de hardware.

Arkade: Qual é a sua trilha sonora favorita de todos os tempos?

Barry: Trilhas sonoras de outras pessoas? Vou citar Spellbound para Commodore 64, trabalho de Rob Hubbard. E eu fui um grande fã da série Stronghold, pelas suas trilhas sonoras. E se for citar um trabalho meu preferido, no momento é definitivamente Horizon Chase, mas ainda estou muito orgulhoso de TFX (jogo de 1993 de aviões para PC).

(Nota do editor: ouça um pouco da trilha de Spellbound e TFX abaixo)

Arkade: Como você começou a trabalhar na Imagitec e como foi seu início na indústria de jogos?

Barry: Comecei com 15 anos, enviando demos de minha música para cada empresa de games, chamando-os em todo momento e os assediando. Eu era um chato de 15 anos. Consegui meu primeiro emprego em tempo integral como compositor quando tinha 17 anos e durou apenas 6 meses (eles ficaram sem dinheiro).

Consegui o emprego na Imagitec porque eu usava uma camiseta escrito “Stare into the face of Death” na entrevista de emprego. Eles perceberam que quem gostava de Judge Death não poderia ser um cara mau… Não tinha aceitado o emprego inicialmente, pois tentei começar uma própria empresa com vários outras pessoas, que falhou. Portanto, chamei a Imagitec e lhes disse que “se vocês enviarem uma van até Londres para nos buscar, iremos trabalhar para vocês”. Aí eles enviaram uma van.

Arkade: Uma mensagem para o leitor da Arkade, que ama seu trabalho e poderá apreciar novamente a sua música em Horizon Chase.

Barry: Espero que todos gostem da trilha sonora. Obrigado a todos por seu amor e todos os comentários amáveis ​​ao longo dos anos. Cada nota foi feita com muito amor.

Uma resposta para “Entrevistamos Barry Leitch, compositor de Top Gear e Horizon Chase”

  • 23 de agosto de 2015 às 12:22 -

    Menkay

  • Trabalho dessa fera é sensacional, ele possui um senso bem elaborado do que é diversão e apenas jogar, ele combina as duas coisa proporcionando assim aquele game com diversão.

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