RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy

17 de setembro de 2017

RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy

O Mega Drive é um dos consoles mais queridos de todos os tempos. Jogado até hoje, o 16-bit da Sega, lançado originalmente em 1989, conta com uma base sólida de adeptos, que garante jogos novos e muitas modificações. E, em meio a este cenário, a Tectoy, que fabricava e vendia o Mega aqui no Brasil nos anos 90, neste ano trouxe o clássico console de volta, com aparência clássica e a adição de uma porta microSD para jogos, além de suporte para cartuchos.

A Tectoy nos cedeu um exemplar do Mega Drive clássico para testes, e pudemos conferir um pouco mais do que o veterano console da Sega tem para oferecer nos dias de hoje, com uma indústria do videogame bastante diferente, mas que ainda oferece espaço para os clássicos.

Bem-vindo aos anos 90!

RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy

É essa a primeira impressão quando pegamos a caixa do Mega Drive, a de voltar no tempo. A Tectoy refez a sua caixa clássica, até grande, devido ao tamanho do console e seus acessórios, mas era assim mesmo que os produtos vinham nesta época: em caixas grandes, mostrando imponência. Foi o tempo que fez com que, por fatores de logística ou economia, as embalagem fossem ficando cada vez mais sem graça.

Ao abrir a caixa, que vem até com uma alça que facilita o transporte (eu não moro em São Paulo, e precisei viajar levando o console junto e esta alça foi uma ajuda e tanto), temos o Mega acondicionado por uma proteção de isopor, um controle, os cabos AV, além de manual e certificado de garantia. Até achei que poderia rolar um convite maior para a nostalgia dentro da caixa, com algum exemplar refeito da Sega Mania, ou, em um futuro próximo, uma edição em cartucho de brinde da Turma da Mônica na Terra dos Montros, porém isso são apenas perfumarias e em nada tira o trabalho da Tectoy no console, apenas ajudaria a deixá-lo mais nostálgico ainda, arrancando sorrisos de seus proprietários.

Resumindo: uma caixa grande, bonita, resistente, com o Mega e seus itens básicos, prontos para ligar e jogar.

Ligando o Mega

RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy

Feito para ligar e jogar, de acordo com a Tectoy, é só pegar o console, ligar na entrada AV da sua televisão e colocar pra rodar. Com o cartão microSD, que já vem inserido na parte traseira do console, o console inicia e você já pode acessar um menu com uma musiquinha que preferi desligar depois de um tempo, no qual é possível navegar pelas pastas do cartão e encontrar os 22 jogos que vem junto com o console. O menu é simples, porém não muito prático, pelo menos para o público alvo definido pela Tectoy: jogadores mais velhos que querem apenas matar saudade do console, ou mostrá-lo para seus filhos e sobrinhos.

O problema é pequeno e não atrapalha a experiência final, porém a navegação poderia ser melhor executada classificando os games em uma lista só, em ordem alfabética, tal qual emuladores ou os próprios consoles da empresa, como o Master System Evolution, o fazem. Tirando este detalhe, tudo ocorre de maneira rápida e prática, levando menos de um minuto para você ligar o videogame, escolher seu jogo, e ver sua tela de “press start”. Ligando com cartucho, o funcionamento é o mesmo de sempre, levando em consideração que jogos de ontem de fato são mais rápidos para iniciar mesmo.

Uma sacada legal da Tectoy está na atualização do sistema, através do cartão microSD. Você pode baixar um arquivo simples e substituí-lo, trazendo algumas pequenas melhorias (incluindo no áudio do console) e, pensando no público acima mencionado, até um vídeo foi disponibilizado para ajudar quem não é lá muito íntimo destas coisas:

E os jogos?

Quanto aos jogos, vamos ser bem claros. Se você quer curtir games antigos em seu formato original, compre um console antigo, invista nos cartuchos e seja feliz. Se você quer curtir os games antigos com a melhor qualidade possível, existem emuladores e opções de hardware no mercado que levam estes games em alta definição e até em 60FPS. Porém, se você quer apenas ligar o console e curtir o jogo, o Mega Drive da Tectoy vai suprir muito bem as suas necessidades.

Os vinte e dois jogos que o acompanham seguem a cartilha de qualquer console deste gênero, passando do inesquecível (Sonic 3 e Comix Zone), passando pelos jogos legais da época (Alex KiddKid Chameleon), até os esquecíveis (Last Battle e Arrow Flash). Porém isso não é lá um grande problema, devido a expansão via SD e entrada de cartuchos. A Tectoy avisa em seu FAQ que a garantia de qualidade no SD se restringe aos jogos que acompanham o console, mas rodamos tranquilamente jogos como NBA Jam ou OutRun, enquanto Alladin ofereceu mínimos problemas, sendo totalmente “jogável”. Os jogos precisam estar no formato .bin e, de fato, será na base do tentativa e erro que você conseguirá rodar os jogos de maneira externa no console.

Dito isto, vamos ao comportamento dos jogos. Não, não é a experiência exata do Mega Drive nos anos 90 e sim, é uma experiência bastante agradável. Se você só quer colocar o Sonic para correr, é capaz de nem reparar as diferenças, mas, se for um jogador mais dedicado, o som com certeza vai ser o seu maior problema, além, claro da visualização da tela em nossas TVs modernas, mais uma razão para se considerar uma entrada HDMI para um futuro próximo. Mesmo assim, tais problemas não são absurdos e este Mega, levando em consideração de que é um console totalmente refeito, com nenhum elemento original, já que não são mais fabricados, até que tem um comportamento muito bom.

Acima, temos dois exemplos, disponibilizados pela Tectoy, antes da atualização do console. O principal, que é o jogo rodando sem travamentos ou maiores dificuldades, aconteceu em nossos testes sem nenhum problema. Apenas pequenas questões, e nos games baixados e inseridos no microSD é que podem ser relatadas, mas sem maiores danos para o gameplay casual.

Suas limitações e qualidades

RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy

A entrada microSD amplia as possibilidades do Mega Drive

O Mega Drive da Tectoy conta com algumas importantes limitações, que devem ser levadas em consideração para quem quer investir no jogo. Em primeiro lugar, nada de Sega CD no console, caso tenha algum encostado por aí. Porém, alguns modelos de Mega Drive 3 lançados pela Tectoy, na época dos games do Show do Milhão já não contavam com este suporte, pela óbvia razão de corte de custos, já que o add-on já não era mais fabricado.

Outras limitações, que foram explicadas pela Tectoy antes mesmo do console ser lançado, está na tão falada saída HDMI, que poderia ter existido com uma versão vendida em paralelo com a original, deixando a escolha para o consumidor, além do fato de que alguns cartuchos, como o lock-on de Sonic & Knuckles, Super Street Fighter 2 e Virtua Racing, não funcionam no aparelho. Todos os esclarecimentos estão no FAQ do console, garantindo que o consumidor compre o produto sabendo o que o aguarda. A Tectoy está ciente destas limitações e busca vender o console da maneira mais transparente possível.

Porém, o console tem ótimas atrações, como a bem vinda porta microSD, que acompanha um cartão de 8GB e o faz suficiente para rodar praticamente todos os jogos do console, além de ser sabiamente instalado em um local que não atrapalha seu layout original. A saída para o headset é ainda mais importante hoje, com o hábito que cultivamos de jogar com os fones, porém exigindo ou uma extensão, ou ligar o console mais próximo de você (como fazia antigamente), e a qualidade do controle que acompanha a caixa é muito boa, unindo a ele a possibilidade de jogar com o controle de seis botões, caso tenha algum guardado por aí.

Uma ótima opção de entrada para o mundo dos games

Uma das maiores reclamações quanto ao Mega Drive está em seu preço: R$450. Porém, dentro do universo dos games no Brasil, até que o preço não é tão salgado, se levarmos em consideração que, na altura desta matéria, um Playstation 4 é vendido no varejo por volta de R$1.700 e até o Super Nintendo que a Nintendo irá relançar, custará por aqui R$999. Então, este problema não é da Tectoy, e sim de toda a indústria do videogame. Sinceramente, ao invés de apenas reclamar dos preços dos produtos, poderíamos, cada um em sua função (indústria, gamers, imprensa, e quem quiser participar) detectar a razão destes preços, e sugerir melhorias, ao invés de pagar de “sabido” comentando arrogantemente por aí.

Dito isto, o Mega Drive é sim uma boa opção para aquele gamer que curtia o console quando criança e quer uma opção fácil de encontrar (o produto é vendido no site da Tectoy e enviado diretamente para o seu endereço, sem problemas com alfândegas e afins), fácil de ligar e que rode os jogos de maneira satisfatória. E isso o console faz muito bem. Também sendo uma ótima opção de entrada para o mundo dos games, para as crianças, pois ele é mais simples de se operar do que um console atual e oferece gameplay mais simples.

É claro que esperávamos mais dele, como uma versão com HDMI, um controle de seis botões ou mesmo a possibilidade de ligar um 32X ou Sega CD nele, porém duas coisas devem ser levadas em consideração: a primeira é de que nenhum produto é definitivo, e o próprio Mega Drive nos mostrou isso com suas várias versões (lembra do Nomad?), o que pode fazer com que a Tectoy recolha feedback e lance uma nova versão do console com as desejadas melhorias; e, em segundo lugar, não tem como não perceber o trabalho caprichado que a empresa teve em preparar embalagem, carcaça e até o controle, sendo muito injusto jogar pedras apenas por jogar. É claro que devemos sempre fazer análises sinceras e honestas, mas qualidades também precisam ser levadas em consideração, e o “Mega Drive 2017″ tem as suas.

A Tectoy era reconhecida nos anos 90 por ter um trabalho de atendimento junto ao público muito bom, e, mesmo com o passar dos anos e diversas mudanças, seja na empresa, ou mesmo no mundo dos games como um todo, podemos reparar que ela ainda tem este mesmo padrão, oferecendo o seu console de uma maneira bem transparente e honesta, assumindo suas limitações e oferecendo melhorias através de updates. Quem sabe o sucesso do Mega Drive não nos permita contarmos com um console ainda melhor em breve? Por hora, você pode comprar o Mega Drive no site da Tectoy, pelo preço de R$449, dividido em 10 vezes, ou á vista por R$429.

6 Respostas para “RetroArkade: Conhecemos e jogamos o Mega Drive da Tectoy”

  • 18 de setembro de 2017 às 04:52 -

    Rafael Keller Menezes

  • Gostaria de saber se o novo controle possui alguma compatibilidade com o Mega-Drive original.

    • 20 de setembro de 2017 às 11:29 -

      Junior Candido

    • Eles são totalmente “amigos”. O controle clássico do Mega pega no atual e vice-versa.

  • 19 de setembro de 2017 às 11:39 -

    Vinicius Pires

  • “como a bem vinda porta microSD, que acompanha um cartão de 8GB e o faz suficiente para rodar praticamente todos os jogos do console”

    Dá pra adicionar ROMS de outros jogos no microSD?

    • 20 de setembro de 2017 às 11:28 -

      Junior Candido

    • Como falei no review, sim, dá. Porém apenas no formato .bin e alguns jogos rodam, outros não. Vai da tentativa e erro mesmo.

  • 21 de setembro de 2018 às 15:13 -

    Luciano Coelho

  • Utilizando as atualizações do Neto (que inclusive a Tectoy usou na primeira atualização oficial), o Megão fica 99,9% perfeito e roda os jogos que o FAQ diz que não roda.

  • 4 de julho de 2019 às 12:22 -

    Galva Maximus

  • Seria justo atualizar a matéria creditando que a “atualização” que o Mega recebeu não foi feita pela Tectoy, e sim foi uma iniciativa pessoal do programador Esrael Loureiro Guimarães Neto, que criou o “Neto Boot Loader” que além de melhorar o som permitiu que outros jogos que não eram compatíveis com esse modelo rodassem no aparelho. Disponivel no site
    https://www.neto-games.com.br/rom_hack/neto_boot_loader.php

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