RetroArkade: Virtua Fighter não precisou de magia pra garantir boas lutas

8 de março de 2015

RetroArkade: Virtua Fighter não precisou de magia pra garantir boas lutas

Hoje não são mais que quadradões malucos trocando sopapos, mas em 1993 foi um dos porta-bandeiras da revolução 3D que estava por vir. Vamos relembrar de Virtual Fighter, seus jogos e ótimos momentos, no fliperama ou nos consoles.

Na história dos videogames, podemos marcar duas eras bem distintas dos jogos, que mesmo vivendo em harmonia, foram grandes divisores na maneira de se ver, produzir e jogar videogames: Antes do 3D e Depois do 3D. E uma das empresas vanguardas no tema era a Sega que sempre procurou trazer seus jogos em três dimensões, no começo com o nome Virtua para atrair e ostentar suas capacidades.

Entre seus clássicos estava Virtua Cop, jogo de tiro bem divertido, Virtua Striker, futebol arcade com visual impressionante para a época, Virtua Racing, jogo de corrida que com um chip especial até no Mega Drive apareceu, e Virtua Fighter.

Produzido pelo lendário estúdio AM2, Virtua Fighter chegou em uma época onde a treta entre Street Fighter e Mortal Kombat já estava estabelecida, porém ao invés de entrar na briga, se tornou um jogo que fazia a briga ser esquecida por alguns minutos, graças ao brilho de seu fliperama nos shoppings.

Obra de Yu Suzuki, que tem Shenmue entre suas obras primas, a fórmula de Virtua Fighter foi a mistura entre a busca pela excelência visual e a simplicidade dos comandos. Visualmente falando, carrega o título de primeiro jogo de luta 3D e contava com o máximo de qualidade que a Sega podia na época com sua placa Model 1. Mas na hora de jogar, quanta diferença, se compararmos os preferidos da galera da luta.

Street Fighter e Mortal Kombat traziam combos, golpes especiais e várias combinações de botões, que faziam os jogadores perderem horas e horas na busca da descoberta de novos golpes. Mas em Virtua Fighter, além de não ter nenhuma magia e tudo ser resolvido só na porrada, temos apenas três botões: soco, chute e defesa. De “outro mundo”, apenas os saltos que eram bem maiores que o normal. Golpes especiais também eram possíveis, porém todos reais e “possíveis” de se fazer, baseadas nas técnicas de artes marciais reais que cada lutador possuía.

Como a série “clássica” conta com três jogos, vamos analisar eles para relembrar de três bons jogos que fizeram a alegria de muita gente nos arcades e consoles.

Virtua Fighter – 1993 – Arcade, 32X e Saturn

Como já foi dito, o primeiro jogo da série foi a implementação das técnicas em luta 3D e gráficos poligonais. Embora os combates eram de maneira semelhantes aos outros jogos de luta, agora um ringue delimitado era parte das lutas e se caísse fora dele, um abraço, round perdido. Além disso, pudemos ver também pela primeira vez a câmera fazendo a diferença nos combates, com tecnologia patenteada pela AM2 posteriormente.

No primeiro torneio, tivemos a introdução de Akira Yuki, Jacky Bryant, Jeffry McWild, Kage-Maru, Lau Chan, Pai Chan, Sarah Bryant, Wolf Hawkfield, além do “chefão” Dural, um ser de aparência metálica e apelão demais.

Uma versão para Saturn foi preparada para o lançamento do console em 1994, porém o jogo chegou de maneira tão esculachada (entenda: gráficos poligonais horríveis e para a época), que uma versão “Remix” precisou ser lançada para corrigir estes problemas e fazer algo mais digno com o jogo de luta.

Virtua Fighter 2 – 1994 – Arcade, PC, Saturn, Mega Drive, PS2, Xbox Live e PSN

E com o sucesso do primeiro jogo, é lógico que o “2” iria chegar. E chegou na forma de um dos melhores jogos do gênero de todos os tempos. Altamente elogiado pelas revistas especializadas da época, trouxe os combates do primeiro jogo de volta mas com muito mais qualidade e requinte.

A começar pelos gráficos que desta vez não representavam apenas uma evolução: eles realmente assustavam. Rodando com a nova Sega Model 2 oferecendo impressionantes 60 FPS nos arcades, é de fato um jogo bonito até hoje, que tinha como “plus” uma luta final com Dural debaixo d’água, limitando demais seus movimentos.

Obviamente a conversão não ficou igual aos arcades. No PC, as limitações da época (placas de vídeo caras, placas de som inexistentes na maioria dos computadores) e as já conhecidas limitações do Saturn com jogos em 3D diminuiram a qualidade do jogo, porém é injusto dizer que não são títulos competentes e que trazem a mesma sensação da versão que jogávamos nos shoppings. Ah, e o Mega Drive também contou com uma versão bem mais simples, mas que buscava trazer o mesmo conceito ao 16-bit.

Em 2004, a Sega lançou a SEGA AGES, coletânea que ofereceu vários jogos de Saturn para o Playstation 2 no Japão com a versão 2.1, melhorada em gráficos e jogabilidade. E podemos conferir a versão arcade do jogo na PSN e Xbox Live.

Virtua Fighter Kids – 1996 – Arcade e Saturn

Virtua Fighter era simples em sua jogabilidade, porém extremamente técnico e complexo ao dominar as habilidades de seus lutadores. A saída? Colocar os lutadores na fonte da juventude, transformá-los em crianças SD (cabeção e corpinho) e facilitar a jogabilidade.

Mas nem por isso a AM2 nos deixou um título simplório. Pelo contrário, quem jogou VF Kids sabe o quanto o jogo é divertido, principalmente por usar bem a fórmula “briga de criança” que ficou mais popular ainda com o lançamento de Pocket Fighter, jogo que trouxe personagens da Capcom em formato infantil.

Virtua Fighter 3 – 1996 – Arcade e Dreamcast

Mas a evolução continuaria. Em 1996, “ser 3D” já não significava muita coisa, afinal de contas, a geração 32-bit já estava bem estabilizada, os computadores começaram a se popularizar e até a geração 16-bit já tinha seus títulos em três dimensões.

A AM2 então assustou todos os jogadores e mídia especializada novamente ao divulgar imagens de seu terceiro jogo da série, que mostrava todo o poder da Sega Model 3. O nível visual para a época “beirava o real”, e detalhes como o reflexo de Dural e o desnível dos cenários mostravam que a desenvolvedora e Yu Suzuki não estavam pra brincadeira.

Na jogabilidade, novidades também: um inédito quarto botão de esquiva foi adicionado e tudo ficou mais refinado. Uma conversão seria lançada para o Saturn, mas com as mudanças repentinas da Sega, o título foi portado ao Dreamcast em sua versão TB (Team Battle), onde combates em times podiam acontecer. O problema é aquela pressão de jogo que “deve ser lançado com o console”, comum da Sega: o que poderia ser melhor lapidado veio cheio de problemas e graficamente inferior a grandes hits do console, como Soul Calibur.

Virtua Shenmue ou Shenmue Fighter?

RetroArkade: Virtua Fighter não precisou de magia pra garantir boas lutas

Shenmue é um clássico e é considerada a obra prima de Yu Suzuki, mesmo com o enorme prejuízo que o título ofereceu e ser um dos motivos que fez a Sega desistir de produzir consoles. Mas o que nem todo mundo sabe é que o título nasceu para ter uma história baseada em Virtua Fighter, mais especificamente no lutador Akira.

Uma mudança aqui, uma refinada ali e o personagem foi se desvinculando do universo dos jogos de luta, ganhando personalidade própria e se transformando no Ryo que conhecemos hoje. Mas se você reparar bem, o Free Battle do jogo lembra bastante o seu “irmão” de combate, não lembra?

O legado da pancadaria poligonal

RetroArkade: Virtua Fighter não precisou de magia pra garantir boas lutas

Tekken. Soul Calibur. Toshinden. Bushido Blade. Dead or Alive. Todos estes títulos (e vários outros), podem ser considerados parte do legado de Virtua Fighter, mas em nenhum momento devemos dizer que são puras “cópias”. No mundo dos games, é normal alguém ditar a tendência e outros estúdios evoluírem o conceito, da mesma forma que Mortal Kombat, que pegou carona no Street Fighter 2, porém apresentando seus próprios conceitos e evoluções.

As próprias séries de luta “de antes” hoje tem seus jogos com gráficos em três dimensões e elementos de jogos deste tipo, apesar de manter a jogabilidade purista 2D. Sem contar que jogos de luta competentes sempre capricham em gráficos e efeitos, o que pode ser considerado outro legado importante de Virtua Fighter.

A série foi perdendo fôlego, no que diz respeito a mídia. O título deixou de ser carro-chefe dos consoles da companhia para ser “mais um” nos consoles de hoje, mas ainda merecem ser conhecidos e jogados. Sempre são títulos competentes que assim como os clássicos da série, mostram que não é necessário magias nem nada absurdo para garantir bons combates e muita diversão.

2 Respostas para “RetroArkade: Virtua Fighter não precisou de magia pra garantir boas lutas”

  • 8 de março de 2015 às 18:33 -

    leandro leon belmont alves

  • parabéns ao Junior Candido pelo post. gostei muito e tenho um grande apreço por Virtua Fighter e seus jogos

  • 11 de março de 2015 às 19:33 -

    Augusto Castro

  • Não precisou mesmo de magias pra garantir lutas… só precisou ter uns gráficos interessantes o suficiente pra época e ser empurrado junto com os consoles. Um jogo com uma proposta dessa não venderia nada ao lado de jogos como Mortal Kombat, Street Fighter e qualquer outro. Joguei muto Virtua Fighter mas foi apenas porque não tinha alternativas. Até no PS3 joguei mas foi pelo mesmo motivo: grátis na PSN!.

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