RetroArkade – Virtua Tennis e a sua aula de fazer um game de esporte divertido

12 de novembro de 2017

RetroArkade - Virtua Tennis e a sua aula de fazer um game de esporte divertido

O tênis é um esporte simpático, com milhares de adeptos, fãs de jogadores, e até mesmo gente que para vez ou outra para assistir a alguma partida, mesmo sem entender muito as suas regras. Nos videogames, o tênis sempre contou com divertidos games, que usavam da simplicidade do esporte, ao lidar com dois ou no máximo quatro jogadores em quadra, para trazer jogos que usavam os reflexos como elemento fundamental para a diversão.

Pong, o primeiro grande sucesso dos videogames, já se utilizava do elemento bate-e-volta do tênis, porém o esporte é muito mais do que isso, e suas regras, estilo de jogo e estratégias em quadra, legais de se acompanhar em quadra, não são lá tão simples assim de se entender em uma visão superficial do esporte. Mas, em meio a este cenário, a SEGA veio e conseguiu algo muito bacana: unir a diversão descompromissada do arcade com um gameplay que fazia com que nos sentíssemos o Guga em seus dias de glória.

Se você quer jogar tênis com a gente de novo, então vá lá pegar a sua raquete de tênis, seu controle de Dreamcast, e venha curtir com a gente um dos melhores jogos do esporte em todos os tempos: Virtua Tennis!

Antes de Virtua Tennis

Os games de tênis nos videogames, apesar de nunca figurarem entre os melhores jogos de todos os tempos,  sempre foram extremamente populares. Inclusive, o game que é considerado o primeiro de todos os tempos, é o Tennis for Two, de 1958, foi feito pelo físico William Higinbotham e rodava a partir de um osciloscópio. Anos mais tarde, foi a vez de Pong, que em 1972, com Nolan Bushnell e Ted Dabney, fez um sucesso gigantesco, fez a Atari nascer e criou uma das indústrias do entretenimento mais poderosas até hoje.

O baixo custo de desenvolvimento, aliados a simplicidade e acessibilidade no gameplay, com curva de aprendizado bem fácil fizeram, pelo passar dos anos, com que todo videogame tivesse, no mínimo, um game de tênis em sua biblioteca. O NES e o GameBoy tiveram o seu Tennis, com o Mario de juíz (ele pegaria na raquete apenas em 1995, com Mario Tennis, para o Virtual Boy, em uma série que se consagrou em 2000 para o Nintendo 64, mas esta história fica para um outro dia); o Master System teve seu Super Tennis, assim como os consoles de 16-bit, que receberam vários games do gênero.

Na era 32-bit, a ambientação 3D ajudou a que os games baseados no esporte, sempre jogados na mesma proporção, com a visão de trás de um dos atletas e movimentação por todo o espaço da quadra, pudessem evoluir mais na ação, e também na velocidade, uma vez que tais jogos eram um tanto devagar em sua dinâmica. Virtual Open Tennis, Tennis Arena e Break Point são alguns dos exemplos desta, até então, era moderna do tênis virtual.

Sega Professional Tennis

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Neste cenário, existia a AM3 da SEGA, que também foi responsável por Crazy Taxi, e um outro game esportivo, o Decathlete, que foi lançado em 1995 para arcades e depois ganhou uma versão muito divertida para o Saturn em 1998 e até hoje é um dos melhores games no quesito esportes olímpicos. O game é simples, rápido de se aprender e com visual bem colorido e detalhado. Isso fazia o game ser bem divertido, pois apesar de manter o gameplay esmaga botões, os esportes eram variados e dinâmicos.

Este mesmo princípio chegou ao Virtua Tennis. Lançado em 1999 para arcade e em 2000, já com o novo nome do estúdio, Hitmaker, para Dreamcast, o game oferecia todo um circuito de tênis, porém sem a demora dos jogos do esporte. Usando um “circuito” próprio, o SPT (que seria evoluido nos próximos jogos), cada etapa do Grand Slam era representada como uma fase, em jogos extremamente rápidos, já que a dinâmica do jogo incentivava uma jogatina mais próxima de Pong do que poderia acontecer em um simulador de tênis.

Cinco quadras representam os torneios mais importantes do esporte: o Australian Challenge, ocorria em quadra dura e faz o papel do Aberto da Austrália; o French Court é o Roland Garros, com o seu saibro que fez muito sucesso por aqui devido as vitórias do Guga; o US Super Tennis, outra quadra dura que simboliza o US Open, e o The Old England Championship, com a grama de Wimbledon. Por fim, temos o Sega Grand Match, em piso de carpete, que representa a última competição da ATP: a Masters Cup, campeonato que leva os oito melhores tenistas do ano para a disputa do melhor do ano. Curiosamente, foi o Gustavo Kuerten que levou o título em 2000, ano do lançamento do game para o Dreamcast, ao vencer Pete Sampras por 3 sets a 0.

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Falando da versão para Dreamcast, o bacana é que, além do modo arcade, era possível também participar de treinamentos divertidos, que, ao mesmo tempo que faziam o jogo ficar um pouco mais realista, por causa dos movimentos que teriam que ser realizados para determinada tarefa, também conseguiam manter a mesma diversão do modo arcade. E, para completar a festa, o modo carreira, no qual, assim como um tenista profissional, era preciso ir vencendo torneios e torneios, subindo no ranking da SPT.

Tudo isso com quadras muito bem construídas, elementos de TV com replays, foco nos atletas e de fato, fazendo a sensação de que estávamos vendo algo ao vivo, com direito a transmissão e tudo. Os atletas também eram bem detalhados e definidos, complementando o ótimo trabalho visual oferecido pela AM3/Hitmaker. Foi um dos games mais bonitos de sua geração e ajudou o Dreamcast, que já estava sofrendo com seus conhecidos problemas de vendas durante o ano 2000.

O futuro do tênis virtual

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Virtua Tennis 2 (com o nome Tennis 2K2 nos EUA) chegou a ser lançado para o Dreamcast em 2001, mas com o fim da produção do console, o game chegou também ao Playstation 2. Ali já era possível jogar com tenistas mulheres, como Serena e Venus Williams, voltando em 2005 com uma adaptação para o PSP e em 2006, com Virtua Tennis 3, já para Xbox 360 e Playstation 2. Virtua Tennis 2009 foi um update, que também recebeu versão para o Wii e em 2011 tivemos o Virtua Tennis 4. Em 2012 foi lançado o último game da franquia até o momento, Virtua Tennis Challenge, para iOS e Android, e o jogo faz sucesso até hoje nos smartphones.

Virtua Tennis Challenge está na coleção SEGA Forever, podendo ser baixado e jogado de graça, com retirada de anúncios e save local mediante pagamento. E todos estes jogos deixam um legado, não só para os jogos de tênis, mas para os jogos de esporte em geral. Em tempos em que a simulação era (e é) buscada em cada game, independente do seu gênero, a diversão nunca deve ficar de fora. Virtua Tennis nunca quis ser um simulador ideal de tênis, mas sua proposta unia a diversão do arcade, com os desafios de um modo carreira, somados a elementos de cenários profissionais de tênis que nos colocavam dentro do circuito profissional.

É claro que há espaço para jogos esportivos realistas e descompromissados, porém, raríssimas vezes pudemos acompanhar os dois elementos caminhando tão bem e próximos como os encarados na série da SEGA. E os games de tênis seguem firmes e fortes ainda hoje, com Tennis World Tour em desenvolvimento e a série Mario Tennis encontrando no Switch mais um lugar fértil para em um futuro proximo receber mais um game.

O tênis atravessou séculos como esporte e décadas como videogame, e com a ajuda de Virtua Tennis, se tornou um esporte virtual bem interessante. Que os próximos jogos consigam continuar a manter o legado de um esporte tão legal, e que um próximo Virtua Tennis seja tão divertido quanto todos os outros games da série.

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