Crysis 2 (PC, PS3, X360) Review: Muita ação em um FPS quase perfeito

Crysis 2 tinha uma missão muito difícil pela frente: superar o elogiado game original de 2008 e inovar em um gênero atualmente dominado pela série Call of Duty. Felizmente a Crytek e a Electronic Arts conseguiram não apenas fazer bonito, como criaram um dos melhores e mais inovadores FPS dos últimos tempos.

A trama de Crysis 2 acontece no ano de 2024, em plena cidade de Nova York, que está sendo destruída por uma série de fatores: há um vírus dizimando a população, um bando de aliens hostis resolveu desembarcar na cidade e , para se proteger, o governo se aliou a um conglomerado de segurança e transformou as ruas em verdadeiras zonas de guerra militarizadas.

Para tentar dar um jeito neste caos todo, um fuzileiro chamado Alcatraz é equipado com a estilosa nanosuit – o traje futurista de combate que é marca registrada da série – e vai se aventurar pela cidade em ruínas.

Embora a trama do single player pareça um pouco confusa com vírus letais, conspirações governamentais e alienígenas malvados, a história do jogo é bem interessante, e consegue manter o jogador ligado o tempo todo. O começo pode ser meio devagar, mas depois que “pega no tranco”, o desenvolvimento da narrativa progride de maneira empogante.

E este é o primeiro ponto positivo do game: em um gênero onde o foco geralmente fica por conta do multiplayer, a Crytek acertou ao valorizar a história individual, permitindo que mesmo os jogadores que não jogam online desfrutem de uma experiência de jogo satisfatória e relativamente longa, já que para terminar o game você terá que investir em média 10 horas em frente a tela, o que é muito superior aos FPS atuais.

A liberdade que o jogo propicia contribui muito com a diversão da campanha para um jogador. Embora a narrativa progrida de maneira bem linear, Crysis 2 não é um jogo engessado, pois permite que o jogador se vire da maneira que achar melhor, e crie sua própria maneira de jogar. Verdade seja dita, o single player de Crysis 2 é um dos melhores que vimos em um FPS em muito tempo.

Outro ponto que ajuda na imersão de Crysis 2 é a nanosuit. O moderno traje de batalha do protagonista permite que os desafios sejam encarados de maneiras bem distintas: você pode usar táticas stealth, se aproveitando dos recursos de invisibilidade que a roupa oferece, sair quebrando tudo usando o boost de força e velocidade do traje, ou ainda aproveitar a defesa extra que o modo armor apresenta para aguentar o tranco em momentos extremos.

Porém, as habilidades da nanosuit devem ser usadas com muito cuidado, visto que drenam a barra de energia da mesma. A cautelosa utilização das habilidades do traje torna a jogabilidade de Crysis 2 única no gênero, pois ao mesmo tempo em que lhe fornece poderes extraordinários, o jogo toma sua energia como pagamento. Cabe a você usar a nanosuit com sabedoria, e combinar todas as habilidades para encontrar maneiras práticas e originais de superar os obstáculos do game.

A maneira como o jogador “vê” o game também garante imediata identificação com a nanosuit. A partir do momento em que você começa a jogar, praticamente tudo acontece com visão em primeira pessoa. Com este efeito você realmente vai se sentir vestindo o traje cada vez que reiniciar seu jogo!

Para manter a coerência da ideia, a Crytek criou toda a interface do game baseada neste princípio de visão por dentro do traje. A mira, o mapa, a barra de energia da nanosuit e até o arsenal de armas que você possui são mostrados na tela na forma de ícones digitais, como se estivessem “projetados” no visor do capacete da nanosuit.

E já que começamos a abordar o aspecto visual de Crysis 2, vamos logo ao que interessa e falar dos gráficos do game: definitivamente os gráficos de Crysis 2 estão entre os melhores já lançados. Ousamos dizer até que Crysis 2 é o game mais bonito que vimos até hoje.

Não estamos falando apenas da construção primorosa dos cenários e das animações fluentes dos personagens, mas do visual como um todo: os efeitos de luz, as texturas, as explosões, e reflexos, tudo é espetacular, produzido com um esmero que deixa até o mais cético dos jogadores de queixo caído.

A Crytek sabe que fez um bom trabalho e não tem vergonha de mostrar: em Crysis 2 não há corredores escuros, cantos sombrios, nem qualquer outro artifício geralmente utilizado para esconder pequenas imperfeições. O visual do game é sempre clean, desobstruído, e nem mesmo a constante fumaça de explosões e escombros consegue esconder a beleza do game.

Com tanta coisa na tela, vale ressaltar também o cuidado da produtora em tornar os cenários grandes playgrounds interativos: você pode interagir com inúmeros objetos na sua frente, e todas elas reagirão de maneira bem convincente. Você pode inclusive forjar armadilhas para os inimigos, atraindo-os para um canto e em seguida atirando um carro em cima deles, por exemplo.

A equipe Arkade testou a versão PC do jogo, e é impressionante como a taxa de framerate é estável. Mesmo jogando com as configurações no nível mais alto, o jogo roda suave e é muito mais leve que seu antecessor. As versões para Playstation 3 e Xbox 360 apresentam algumas quedas de framerate, mas dada a riqueza visual do game, fugir disso seria praticamente inevitável, e é louvável o esforço da Crytek em adaptar um jogo com visual tão rico para os consoles.

Se o single player só nos deu alegrias, o mesmo não pode ser dito das partidas online. Não nos entenda mal: o sistema de jogo online é competente, mas durante nossos testes, os servidores estiveram instáveis, e sofremos muitos bugs que comprometeram a diversão das partidas na rede. Em determinado momento, por exemplo, perdemos todo o progresso que haviamos feito no modo multiplayer, e tivemos que começar tudo novamente, o que foi bem frustrante.

Fora isso, as habilidades da nanosuit até acrescentam um pouco de novidade aos combates online, mas os modos de jogo não apresentam nada que já não tenhamos visto na série Call of Duty e seus derivados. Killstreaks, customização de classes, Perks, enfim, tudo o que já vimos em outros games do gênero está presente aqui, sem muita inovação. Apesar disso, quem curte o modo online de Call of Duty certamente vai se sentir em casa aqui, também.

Finalizando, Crysis 2 é um jogo que surpreende em todos os aspectos técnicos, e melhora praticamente todos os fatores do jogo anterior, que já era excelente. Com boa história, boa jogabilidade e visual fantástico, este jogo certamente poderia destronar o onipotente Call of Duty se tivesse um pouquinho mais de cuidado com seu multiplayer. Mesmo assim, Crysis 2 é um título praticamente obrigatório na estante de todo gamer que curte um bom FPS.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, podcaster e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.
Contato: rodrigo@arkade.com.br