SP Trip: Quem disse que o Guns N’ Roses estava “acabado”, hein?
O SP Trip terminou na noite de ontem (26), em São Paulo, em grande estilo. O Guns N’ Roses, sempre questionado pelas capacidades vocais de Axl Rose ou pelas inúmeras mudanças sofridas com o passar dos anos, calou a boca dos críticos e respondeu a todos estes questionamentos com três horas e meia de muita música, e uma energia digna dos anos de ouro da banda.
Para aquecer, Alice Cooper subiu ao palco primeiro e trouxe seu “show de horror”, também de maneira muito competente. Poison, Feed my Frankstein, I Love the Dead e Billion Dollars Babies foram interpretadas com muita encenação, envolvendo coreografias, bonecos gigantes andando pelo palco e até a famosa gilhotina “arrancando fora” a cabeça de Cooper. Seus hits unidos a estas atuações garantiram mais um show que tirou sorrisos do público presente, assim como foi no Rock in Rio.
Ou até melhor, pois, além da competência da banda já vista no festival do Rio, tivemos, para a nossa alegria, a oportunidade de ver um Axl mais “furioso”. Elétrico, o icônico vocalista corria para todos os lados do palco, subia em cima de caixas de retorno e não parava um minuto, enquanto executava suas clássicas Civil War, Welcome to the Jungle e Live and Let it Die. Enquanto isso, o público presente, com suas bandanas, ajudavam — e muito — Axl a cantar, ignorando totalmente as questões envolvendo sua voz ou seja lá o que for que tenham falado sobre cantor e banda nos últimos anos. A base de fãs do Guns é muito fiel, acompanhando a banda mesmo com todas as mudanças e com a “era de ouro” já bem distante, então, o que eles mais queriam era apenas gritar com Axl e o fizeram muito bem!
O clássico de Paul MacCartney mencionado acima, que virou um cover de grande sucesso na voz de Axl, foi um tanto sofrida de se ouvir, mas… e daí? Os seus fãs sabem que aquele Axl dos anos 90 não é o mesmo do palco, mas eles amam este cara da mesma forma. E, se vez ou outra o Axl “não dá conta”, Slash vai lá e resolve tudo. O guitarrista mostrou mais uma vez as razões que fazem dele um dos maiores guitarristas da história do rock e a cada solo, uma chuva de gritos e aplausos para ele. Duff também simboliza a era clássica da banda, e também continua tocando em alto nível. Porém, o interessante aqui, é que eles não “precisaram salvar” Axl como o fizeram no Rio, com o cantor mandando muito bem e chamando a responsabilidade de frontman que é.
Esta sintonia entre banda, Axl e o público gerou um ambiente bastante interessante de se acompanhar. Welcome to the Jungle trouxe sua conhecida insanidade para a arena, mas em November Rain, o público foi ao êxtase, confere só:
Outro grande momento do show do @gunsnroses no #SPTrip: a hora de #NovemberRain pic.twitter.com/55CcYm34Se
— Arkade (@RevistaArkade) September 27, 2017
Axl Rose já não é o garoto que assobiava Patiente nos anos 90. Porém ele ainda leva muita energia para o palco e se esforça demais em trazer um ótimo clima para o local de show, não só pela voz, mas também pela performance. Talvez é isso que os fãs veem nele e curtem tanto, pois o vocalista poderia alegar uma série de coisas e fazer um show mais morno, porém não é isso o que acontece. E “pior”: por três horas, oferecendo os “famosos descansos” durante as faixas de Chinese Democracy, preparando o público para mais animação.
Mas, mesmo que a banda não fosse a que estivesse no palco, e Axl não estivesse em sua melhor forma, o público presente iria curtir o show mesmo assim. Sabe por quê? Porque o fã de Guns, apesar de exigente como qualquer fã de rock, quer apenas curtir a sua banda preferida.