Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

18 de março de 2017

Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

“Você não vai acreditar no que esse game fez. O resultado é surpreendente”. “Esse personagem de um game famoso foi escolhido para participar de algo incrível. Entenda”. “Franquia surpreende e terá algo novo em breve”.

Você já leu chamadas para matérias assim, e várias vezes não é? Isso é algo que praticamente todo mundo já sabe o que é, mas que parece estar se proliferando a níveis alarmantes atualmente, e nós precisamos conversar com vocês leitores sobre isso. E caso você seja novo na internet, nós vamos conversar agora sobre o clickbait, uma das piores e mais comuns práticas adotadas por muitos na internet.

Clickbait é a prática de obrigar o leitor a clicar numa matéria para saber do que ela se trata, usando títulos e chamadas desinformativas ou ate mesmo sensacionalistas para gerar mais cliques. O próprio nome já deixa isso claro, clickbait = isca de cliques. São aquelas práticas que normalmente supervalorizam certas informações que podem ou não ser interessantes para os leitores. Mas isso é só a ponta do iceberg.

Um exemplo para ilustrar bem o caso: há alguns dias, lançamos a notícia sobre o game Drawn to Death, que será lançado gratuitamente para o PS4 pelo serviço PS Plus. No título dessa notícia, informamos ao leitor exatamente isso, Drawn to Death será gratuito na PS Plus.

Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

Mas como seria essa notícia em forma de clickbait? Talvez algo mais ou menos assim:

Novo jogo dos produtores de God of War estará DE GRAÇA em uma plataforma atual!. Talvez com uma imagem do Kratos junto à manchete, só para chamar mais a atenção.

Vamos analisar essa chamada de mentirinha. O que ela revela ao leitor? Absolutamente nada. Ela até desinforma, distorcendo certos detalhes para forçar o leitor a clicar na matéria para saber do que se trata. Vamos por partes: o título anuncia que um game (não sabemos qual) estará de graça em algum lugar (não sabemos onde). E menciona a série God of War, dando a impressão de que algum game da série é que será gratuito.

A verdade no entanto é outra. Drawn to Death, game criado por David Jaffe, diretor dos dois primeiros games da série God of War será lançado gratuitamente na PS Plus, no Playstation 4. Viu a diferença? Um título que transmite uma informação “falsa” ou incompleta te força a clicar na postagem para saber do que se trata, pois cria expectativa, e te induz a pensar algo totalmente diferente.

Um popular site de games e tecnologia brasileiro costuma usar chamadas do tipo [Insira um jogo famoso aqui] e outros games de sucesso ficam mais baratos ou GRÁTIS esta semana”. Aí o leitor vai sedento ver do que se trata e vê que é apenas um beta teste, um fim de semana, ou uma promoção nem tão boa assim. O título está mentindo? Não necessariamente. Mas também não está dizendo te dizendo a verdade.

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Neste mesmo site, flagramos uma postagem mais ou menos assim: “personagem brasileira de Street Fighter V pode ser substituída, entenda”… e ao abrir a notícia, vimos que era apenas uma matéria falando de um mod que troca o visual da Laura, deixando-a parecida com a Sombra, de Overwatch. Só isso. Nada de polêmico, só mais uma clickbait para angariar cliques.

O fenômeno (ou seria praga?) do clickbait já existe há muitos anos, e a razão de sua existência está envolvida em um outro problema: Leitores superficiais, que não passam do título. É fato que existe uma grande audiência que não quer ler, interpretar e abstrair informações de textos mais longos. São leitores que pegam apenas o título como um todo e, baseados apenas nisso, disseminam inverdades, o que acaba virando uma bola de neve. Uma forma de tentar evitar esse tipo de coisa foi justamente o clickbait: títulos que não revelam nada para fazer o leitor clicar e acessar a postagem.

Eu até poderia dizer que existe um clickbait do bem”, inocente, usado para tentar contornar essa situação infeliz. Mas isso não estaria totalmente correto. A criação de um título para uma matéria, análise ou uma pequena notícia é algo que, para nós, da Arkade, precisa ser tratada com cuidado. Títulos chamativos são muito importantes, desde que sejam verdadeiros. E não raramente um título pode acabar sem querer parecendo um clickbait (acredite, isso também acontece). Um título é uma pequena frase, um conjunto de poucas palavras que tem por objetivo criar a atração inicial ao leitor para que continue sua leitura. Dessa forma, um título precisa ser ao mesmo tempo curto e chamativo, o que por si só é um desafio. Um título não tem espaço para revelar tudo, mas deve revelar o suficiente.

Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

Existe uma (grande) parcela de pessoas que não passa do título, e existe muito site fazendo chover clickbait a torto e a direito. E onde ficam os leitores que realmente se interessam, leem e interpretam? No meio desse fogo cruzado. Tire um tempo para ver comentários em postagens com clickbait e você encontrará vários dos chamados “heróis sem capa”. Pessoas que evitam que outros desperdicem seus cliques com postagens desinformativas revelando seu real conteúdo para todos. Normalmente, informações simples e muitas vezes pequenas.

A questão é que se pessoas que não leem já são ruins, o clickbait é ainda pior. Estou falando disso justamente agora, nesse momento, pois em pleno início de 2017 estamos tendo uma verdadeira infestação de clickbait por toda a internet, e muitas pessoas estão amplamente descontentes. O recurso é usado de forma exagerada e fantasiosa, desrespeitando a inteligência dos leitores. isso acaba tendo o efeito oposto: a postagem mais afasta leitores valiosos do que contribui para discussões saudáveis.

Então como sair desse círculo vicioso? Primeiramente, devemos ter em mente o seguinte: os leitores pensam por si próprios, e é com vocês, leitores, que queremos conversar e debater com nossas postagens, notícias e análises. A inteligência do leitor deve ser respeitada acima de tudo; você deve ser atraído até o site de uma forma honesta, para que receba uma informação mais completa possível e a digira com bem entender, sabendo que recebeu uma informação direta e honesta, que não te “engana” nem te guia por um labirinto até chegar em seu objetivo.

Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

Mas ainda assim, porque muitas pessoas ainda caem no Clickbait? Se isso é algo tão ruim, porque isso ainda gera audiência? O problema da leitura superficial é real, e muitas vezes uma pessoa não tem tempo (ou empenho) para digerir por completo informações muito grandes, e acabam se valendo de pequenos resumos. Isso não é nenhum problema, nem todos têm tempo de se aprofundar em tudo que lhes interessa, mas ainda podem se informar o suficiente. Mas ainda existem pessoas que não passam dos títulos, talvez por não serem atraídos à leitura. E o que pode — e deve — atrair esse tipo de pessoa é conteúdo, não título. Para que se crie o interesse e o gosto pela leitura, até porque não só de textos gigantes se faz uma notícia não é?!

Nós da Arkade também somos leitores ávidos, e nós nos incomodamos muito com o clickbait. Nos esforçamos sempre para trazer a nossos leitores informações completas e diretas. Sem apelar para o clickbait, ou agindo de forma ineducada e “enganosa”. Acreditamos que não é assim que se atrai o leitor. Devemos respeitar a inteligência dos leitores, e não vai ser um título que se esquiva da verdade que vai atraí-lo, não é verdade!?

Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait

Talvez o parágrafo acima tenha soado meio presunçoso, como se fôssemos “exemplos”, mas não nos entenda mal: não estamos fazendo nada além do nosso trabalho, da melhor maneira possível. Não somos “heróis sem capa”, somos pessoas que consomem muito conteúdo da internet, que também caem em clickbaits vez ou outra, e sabemos o quanto isso é pentelho. Produzimos o conteúdo do site (e de nossas redes sociais) em um formato que achamos que é agradável para ler: simples, direto e sem rodeios.

Portanto leitor, exija respeito de nós — e por nós, eu me refiro à mídia como um todo. Você é nosso público, e é a sua interação que importa. Seja crítico com o conteúdo que consome na internet, decida o que é ou não de seu interesse e não se deixe seduzir por clickbaits sensacionalistas safados. Você tem o direito à informação verdadeira e completa. Não se contente apenas com títulos e, se ver páginas fazendo esse tipo de coisa, reclame. Pode ser que não dê em nada, mas quanto mais pressão o público colocar, mais a mídia terá que ceder.

Já imaginou como seria a internet sem clickbaits? Você provavelmente não imagina, mas o resultado iria te surpreend… deixa pra lá.

10 Respostas para “Voice Chat Arkade: Precisamos conversar sobre o famigerado Clickbait”

  • 18 de março de 2017 às 15:31 -

    Henrique Gonçalves

  • Concordo que clickbait é um problema real hoje em dia, mas qual foi a causa de sua criação, os sites que fazem clickbait ou o leitor que é preguiçoso demais para clicar e ler a matéria? Para mim é um caso meio ovo e a galinha, sites não conseguem acesso o bastante para sobreviverem sozinhos porque o leitor lê a manchete em alguma rede social e não se importa em clicar na notícia para entrar no site, e assim gerar renda por propaganda.

    E eu não to aqui pra defender o clickbait, mas é justamente por causa dessa “(grande) parcela” de pessoas que não clicam na notícia que muitas vezes um site… quero dizer, a equipe de social media daquele site decide atrai-los para acessar a manchete, especialmente porque não vai ser com alguns leitores assíduos que um site grande com dezenas de profissionais consegue sobreviver neste meio.

    O meu ponto é, eu apoio 100% a ideia dos leitores cobrarem seus respectivos sites para trazer manchetes verdadeiras e que não são pura enganação para os desatentos clicarem, mas eu não consigo tirar a parcela de culpa que o público tem ao não apoiar esses mesmos sites. É uma tristeza de que sites precisam fazer clickbait, mas é ainda mais triste vê-los morrendo por pura ignorância, estupidez e falta de apoio de leitores que não pensam em nem ajudar acessando uma matéria interessante e informativa.

    • 18 de março de 2017 às 17:32 -

      Renan do Prado

    • Concordo plenamente, o problema é bem mais embaixo. Mas a situação como um todo é bastante infeliz. Até comentei brevemente no texto sobre o “clickbait do bem”, que eu compreendo quando é usado, mas que não apoio totalmente.

      Acredito que um título chamativo, dentro da verdade, é algo menos nocivo, afinal, um título tem que tentar revelar o suficiente para que incentive um leitor a clicar e ler uma matéria. Mas o clickbait descarado é algo que mais mancha a imagem de um grupo do que qualquer outra coisa, creio eu. Justamente porque uma pessoa clicará, lerá a matéria na íntegra e entregará um resumo para que outros não se deem ao trabalho de clicar, é um tiro saindo pela culatra.

      Mas realmente, infelizmente o clickbait é usado justamente porque tem muita gente que não passa do título, clica por vontade própria e lê. E nesse caso, acredito que é uma situação que vai muito além do clickbait, é um traço educacional eu diria, pessoas que não são atraídas pela leitura, muitas vezes de um simples texto de poucos parágrafos, isso é algo que já parte de um problema bem mais aprofundado que nem mesmo o Clickbait conseguiria salvar.

    • 19 de março de 2017 às 13:02 -

      Ed

    • Henrique Gonçalves, isso foi justamente o que o Renan disse no texto. Você não leu a matéria?

  • 18 de março de 2017 às 19:53 -

    Darth Deathd

  • Excelente texto. O engraçado é que boa parte dos sites que usam esse recurso do clickbait possuem artigos que, no geral, são bem mal escrito, talvez por isso eles apelem ao sensacionalismo para atrair leitores. Esse é um dos diferenciais aqui do Arkade, artigos/notícias extremamente bem escritos e apresentando os fatos honestamente ao leitor, isso desde a época da Revista (que, aliás, faz bastante falta).

    • 19 de março de 2017 às 13:11 -

      Renan do Prado

    • Obrigado pelo elogio!!!

  • 18 de março de 2017 às 21:32 -

    Onigumo

  • Acho que o clickbait em si nao e um problema, o problema e que as pessoas nao leem mais, veja por exemplo noticias de rede sociais, em geral sao repassadas apenas pelo titulo mesmo, pessoal nao chega ao ponto de clicar para ser enganado nao, eles se contentam em ver o titulo mesmo e apartir dai saem reproduzindo aquela informaçao do jeito que acharem melhor, sao como aqueles quotes de facebook, a maioria repassa sem nem saber de quem ou se de fato aquilo foi dito, dai oque voces acham que esse pessoal tem a dizer sobre o conteudo e contexto? Clickbait e um mecanismo que perpetua a burrice, mas esta ja esta espalhada e generalizada, as pessoas nao querem saber de nada, elas querem dizer que sabem e e claro dar sua sagrada opiniao tirada de fossa

    • 19 de março de 2017 às 13:25 -

      Renan do Prado

    • Clickbait seria uma consequência disso. Mas creio que não dá pra usar isso como justificativa pra se fazer mais e piores clickbaits. Não são clickbaits que vão criar o hábito pela leitura, afinal, o Clickbait só quer o clique, não o envolvimento.

  • 19 de março de 2017 às 10:08 -

    Alexo Maravalhas

  • Youtube tem muito disso e conferir a veracidade já gerou um desperdício enorme. Baita desserviço realmente; lamento por quem faz.

    • 19 de março de 2017 às 13:55 -

      LaisLH

    • no youtube sempre tem aqueles vídeos de perguntas e respostas com mais de 10 minutos e o título fala sobre um assunto que a pessoa ficou falando por poucos segundos, mas chama a atenção :v nesse caso, é só ver alguém nos comentários que disse o momento do video em que o youtuber respondeu aquilo suahsuahsuhaush melhores pessoas
      ainda bem que o youtube agora funciona por tempo assistido e não por visualizações. é bem mais justo assim

      • 19 de março de 2017 às 14:03 -

        Renan do Prado

      • Vários youtubers fizeram vídeos recentemente falando sobre clickbait. O watch time foi uma medida pra tentar aabar com o clickbait, mas que criou um problema maior, vídeos de 10 minutos ou mais que pode ou não ter conteúdo, o negócio é que o vídeo acaba precisando ter mais de 10 minutos (parece que mudou isso, não sei ao certo) pra aparecer em destaque para os usuários.

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