Análise Arkade: Capcom Beat ‘Em Up Bundle traz 7 clássicos da pancadaria com gostinho de fliperama

25 de setembro de 2018

Análise Arkade: Capcom Beat 'Em Up Bundle traz 7 clássicos da pancadaria com gostinho de fliperama

Parece que a Capcom enfim reconheceu o valor da nostalgia: depois de revisitar o passado de Mega Man e Street Fighter, a empresa agora revisita os tempos áureos da pancadaria nos fliperamas em seu Capcom Beat ‘Em Up Bundle, confira nossa análise!

7 a 1? Não, aqui é 7 em 1!

Capcom Beat ‘Em Up Bundle é uma coletânea que sem dúvida faz os olhos da galera old school brilharem. Temos nada menos do que 7 games do sempre divertido gênero beat ‘em up em um único pacote, que juntos, representam quase uma década de produções do gênero. Os games aqui presentes são:

  • Final Fight (1989)
  • The King of Dragons (1991)
  • Captain Commando (1991)
  • Knights of the Round (1992)
  • Warriors of Fate (1992)
  • Armored Warriors (1994)
  • Battle Circuit (1997)

A maioria destes jogos já recebeu ports para consoles antes, mas alguns — Armored WarriorsBattle Circuit –nunca foram lançados para consoles domésticos, e um deles sequer chegou oficialmente ao ocidente. Ou seja, muita gente pode nunca ter tido a chance de experimentá-los.

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Eu mesmo nunca tinha jogado Battle Circuits, e foi legal poder curtir algo “novo”, mesmo décadas após seu lançamento original.

Simplicidade e Pancadaria

Eu costumo brincar que o gênero beat ‘em up se resume a seguir sempre para a direita, surrando capangas genéricos e comendo comida do chão até chegarmos ao chefão. Após maratonar estes 7 clássicos, ouso dizer que esta minha síntese satírica não está tão longe da realidade.

Beat ‘em ups estão entre os jogos mais simples (e divertidos) do mundo dos games, tanto em termos de narrativa quanto de gameplay. A história geralmente é super básica — tipo “salve a garota” ou “salve a cidade” –, e mecanicamente tudo se resume a socos, pontapés e agarrões.

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Indo para a direita, distribuindo sopapos e comida no chão: esta imagem resume a essência de um beat ‘em up.

A Capcom claramente aproveitou o hype da época e meio que estabeleceu uma “linha de produção” para criar beat ‘em ups, e jogar 7 games da empresa “juntos” escancara este fato. Do design de alguns tipos de inimigos aos sprites de certos elementos do cenário — tipo barris — há muita coisa que foi adaptada ou reaproveitada em mais de um jogo.

7 jogos parecidos, mas diferentes

Final Fight é um dos games que definiu o gênero beat ‘em up quando ele ainda sequer era um gênero. Muito do que foi consolidado ali com Haggar, Cody e Guy foi carregado para os demais jogos da Capcom, e as similaridades entre todos eles são bem óbvias.

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O início de um clássico

Isso quer dizer que, mecanicamente, os 7 jogos são essencialmente iguais: um botão de ataque, outro de pulo, aperte os dois juntos para o ataque especial (que consome um pouco da sua barra de vida). Armored Warriors se destaca por ter também um botão de tiro, e ganha certa profundidade ao nos permitir trocar certas peças dos robôs.

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Armored Warriors é pancadaria entre robôs gigantes

Já em termos de evolução, o destaque vai para Battle Circuit, que nos permite gastar o dinheiro coletado para desbloquear novos golpes e habilidades. Além disso, ele é possivelmente é o mais estranho do pacote: se Captain Commando consegue ser meio bizarro ao trazer um bebê controlando um mech de combate, em Battle Circuit temos entre os protagonistas uma garotinha montada em um avestruz cor-de-rosa (?!) e um monstro/planta alienígena verde.

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Se você achava um bebê em um mecha bizarro…

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Espere até ver os protagonistas de Battle Circuit!

Alguns jogos também trazem montarias — Warriors of FateKnights of the Round –, e em Battle Circuit temos até uma fase bônus que lembra bastante a clássica “fase da motinho” de Battletoads. São particularidades que alteram minimamente a experiência de cada jogo, sem irem longe demais a ponto de fugirem da fórmula pré-estabelecida.

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A fase da motinho de Battle Circuit

Por mais repetitiva que seja, esta fórmula funciona, e entrega pancadaria honesta, simples e direta ao ponto que marcou botecos e casas de fliperama de décadas atrás. A dificuldade — outrora pensada para consumir nossas fichas — agora não é mais um fator impeditivo, pois podemos ter continues infinitos e a praticidade de salvar o progresso a qualquer momento.

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Vale ressaltar que todos os jogos suportam jogatina cooperativa local ou online — alguns suportam 3 players, outros 4 — e obviamente ficam muito mais divertidos se jogados de galera. Ah, e outros jogadores podem entrar nas partidas a qualquer momento, como se realmente estivessem colocando uma ficha para entrar no meio do jogo!

Uma coletânea incompleta

Por mais que seja ótimo vermos a Capcom revisitando seus clássicos, a empresa tem o mau hábito de nunca colocar tudo o que a gente queria. Ou quando coloca, divide desnecessariamente o que poderia perfeitamente ser apenas um pack em 2, “obrigando” os fãs a comprarem 2 pacotes se quiserem ter a experiência completa — caso das duas coletâneas do Mega Man, que são divididas em Vol. 1 e Vol. 2.

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No caso de Capcom Beat ‘Em Up Bundle, faz alguma falta o restante da série Final Fight — entendo que o único jogo da série exclusivo dos arcades foi o primeiro, mas seria ótimo termos Final Fight 2 e 3 presentes aqui –, mas obviamente as ausências mais sentidas são as de The Punisher, Alien Vs. Predator e, claro, Cadillacs & Dinosaurs. Acho que até os beat ‘em ups da Capcom baseados no universo D&D (que já receberam sua própria coletânea na geração passada, diga-se de passagem) poderiam estar presentes aqui.

Infelizmente, há explicação para isso, e nem é culpa da Capcom: estes jogos envolvem IPs e personagens que não são da Capcom, então ela não pode simplesmente relançá-los por questões de direitos autorais. Punisher é um personagem da Marvel, Alien e Predator pertencem à 20th Century Fox Cadillacs & Dinosaurs é baseado na HQ Xenozoic Tales — além de envolver também a marca Cadillac.

Racionalmente, a gente entende essas ausências, mas estes jogos marcaram a infância/adolescência de muita gente, e nesses casos a nostalgia acaba batendo mais forte que a razão. Por conta dessa memória afetiva, a lacuna deixada por estes jogos é enorme, e deixa dolorosamente incompleta uma coletânea que seria realmente épica se contasse com todos os clássicos da empresa.

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PLOT TWIST: Warriors of Fate não é um IP original da Capcom

Por fim, vale um adendo: a explicação dada acima sobre os direitos autorais é correta, mas cai por terra quando percebemos que Warriors of Fate não só é baseado em um mangá (Tenchi wo Kurau), como também é uma sequência — o primeiro jogo era Dynasty Wars, lançado em 1989. Por que a sequência de uma IP licenciada foi incluída, mas não temos Final Fight 2 ou Cadillacs & Dinosaurs? Acho que jamais saberemos, mas não deixa de ser um fato curioso.

Museu audiovisual

Capcom Beat ‘Em Up Bundle é uma coletânea, não uma remasterização: os jogos estão em seu formato original — letterbox 4:3 — com bordas tematizadas, sem possibilidade de “esticar” o jogo na tela widescreen, como tivemos em outras coletâneas recentes. Também não há filtros de imagem, nem nada do tipo; a experiência como um todo é bastante purista e fiel ao formato original.

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Ou seja, em termos audiovisuais, o que temos aqui é basicamente o que tínhamos no arcade, de modo que a maior novidade é o componente online. Tudo está em inglês, e os jogos continuam em seus idiomas originais, havendo inclusive a possibilidade de escolhermos entre as versões norte-americana ou japonesa de alguns títulos, e há sutis diferenças entre uma e outra.

Pensando em agradar os fãs mais nostálgicos, a Capcom insere aqui um enxuto compêndio digital de artes conceituais e rascunhos que formam um breve acervo histórico de todos os jogos presentes no pacote.

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Está longe de ser algo tão interessante e elaborado quanto o que tivemos na Street Fighter 30th Anniversary Collection, sendo basicamente um punhado de imagens sobre cada game. Nada de jukebox para curtirmos a trilha sonora, nem nada do tipo, infelizmente.

Conclusão

Capcom Beat ‘Em Up Bundle é uma porrada de nostalgia que traz 7 ótimos games para reunir os amigos para uma saudável sessão de pancadaria. A reciclagem de elementos e a repetição inerente ao gênero fica bem óbvia quando jogamos todos em sequência — maratonei todos eles em um final de semana para este review –, mas se você puder programar intervalos maiores para curtir cada jogo isoladamente, sem dúvida isso não será um problema.

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As ausências de alguns dos maiores clássicos do gênero são notórias, mas, como já dito, nem tudo é culpa da Capcom. Se você é fã de uma boa briga de rua e valoriza o charme de “seguir sempre para a direita, surrando capangas genéricos e comendo comida do chão até chegar ao chefão”, esta coletânea é indispensável na sua coleção, pois representa um pedacinho valoroso da história dos videogames, por mais que nenhum deles tenha recebido algum extra digno de nota.

Falando em história, não deixe de assistir ao maravilhoso trailer de lançamento do game, com direito a uma versão em carne e osso do saudoso Captain Commando:

A coletânea Capcom Beat ‘Em Up Bundle foi lançada em 18 de setembro para Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Em breve, o combo chegará também ao Steam.

Uma resposta para “Análise Arkade: Capcom Beat ‘Em Up Bundle traz 7 clássicos da pancadaria com gostinho de fliperama”

  • 25 de setembro de 2018 às 16:45 -

    Nicola

  • São todos excelentes jogos que trazem de volta a nostalgia, só quem viveu essa época sabe. 1977, melhor safra.

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