RetroArkade – The Simpsons Hit and Run

19 de janeiro de 2020
RetroArkade - The Simpsons Hit and Run

Em 2001, GTA III chegou e trouxe uma grande revolução ao mundo dos videogames. Os jogos, agora, tinham um grande mundo para ser explorado, com ruas cheias de pessoas, cenários variados, prédios e tudo o mais. Junto com isso, a insanidade de um típico game da Rockstar, com personagens doidos, perseguições policiais, tiroteios e explosões.

Mas, quando você pensa em insanidade, o que aparece na sua mente? É claro que Os Simpsons. As maluquices de Homer e de todos os habitantes de Springfield poderia se encaixar muito bem em um game neste estilo. Houve gente que pensou desta forma naquela época. Assim, com desenvolvimento da Radical Entertainment, publicação da Vivendi Universal, e parceria com a Fox, em 2003 tivemos The Simpsons: Hit and Run, a “versão GTA” da família mais maluca da televisão.

De “Crazy Taxi” a “GTA”

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Road Rage, um clone de Crazy Taxi, que emprestou alguns elementos para Hit and Run

A Radical Entertainment já era especialista em se inspirar em ideias de sucesso. Em 2001, apoiada no sucesso de Crazy Taxi, da SEGA o estúdio lançou Road Rage. Inspirado no nome de um documentário que a Marge assiste em um curso de reciclagem de motoristas, o jogo seguiu a fórmula do jogo da SEGA, de buscar passageiros, em carros característicos dos personagens do seriado, e levá-los a vários locais de Springfield.

O jogo não foi um sucesso em vendas, recebeu notas medianas em análises de sua época, e, em 2003, ainda levou processo da SEGA, que alegava plágio. Mesmo assim, a Radical conseguiu convencer a Fox e seus parceiros de que era possível um novo jogo. Apresentando um protótipo jogável, receberam sinal verde para desenvolverem o próximo game, que, ainda sem um nome definitivo, era conhecido internamente como “Road Rage 2“.

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A capa de Hit and Run resume bem a anarquia “no estilo Simpsons” proposto pelo game

Mas não seria uma sequência direta. Do game anterior, usaram apenas a mecânica básica do controle dos carros. Mas, agora, com o “formato GTA” em mente, foi adicionado ao projeto um sistema de perseguição da polícia, um sistema melhorado de tráfego, além de um sistema de exploração, que faria o personagem sair do carro e visitar locais conhecidos de Springfield.

Assim, a equipe colocou não só o prédio, mas o interior de locais como o mercadinho do Apu, o Kwik-E-Mart, o Bar do Moe, a Escola Elementar de Springfield, a Usina Nuclear de Springfield, além da própria casa dos Simpsons. A equipe do seriado de Os Simpsons também ajudou de maneira positiva. Matt Groening, o criador do seriado, acompanhou todos os passos do projeto.

Roteiristas da série também ajudaram a escrever o roteiro do jogo e suas missões, dando ao game um ar de “um novo episódio de Os Simpsons“. E todos os dubladores originais deram sua voz aos respectivos personagens, o que deixava tudo muito próximo do que é o louco mundo de Springfield, com os “Do’h” do Homer e tudo. Os produtores sabiam que, mesmo se o jogo não fosse reconhecido como o melhor de sua época, a participação direta do time de Os Simpsons faria o game chamar muita atenção, e dariam um ótimo complemento ao jogo.

Ataque alienígena, refrigerante da loucura e “Liberty Springfield”

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Capas de jornal na tela de loading mostravam um pouco sobre a história

Embora com o formato de gameplay do GTA III, The Simpsons: Hit and Run tem sua identidade própria. O jogo dá ao personagem seu próprio carro para fazer as missões, ao invés de obrigá-lo a roubar na rua para isso. Inclusive, nem dá pra “roubar” carros no jogo. O que é feito, no lugar, é um pedido de carona, com o motorista do carro dirigindo e seu personagem de carona.

Homer, por exemplo, joga com seu sedã rosa, enquanto Lisa dirige um carrinho da sua boneca Maliby Stacey. Mas é possível comprar outros carros com dinheiro do jogo, como o caminhão do “Rei da Escavadeira“, o “Homer“, aquele carro que o próprio Homer desenvolveu e mandou seu meio-irmão para a sarjeta, entre outros. Também é possível comprar roupas para os personagens, com referências a episódios da série: o traje de “gordo” de Homer, a roupa de “ninja” de Bart, entre outros.

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O “Homer Lapidário” é um dos trajes disponíveis para compra dentro do jogo

Começando como um episódio da série, as missões iniciais, que também servem de tutorial, mostram os personagens fazendo suas tarefas básicas, como Homer, que precisa levar o trabalho de ciências da Lisa na escola, e chegar antes do Sr. Burns no seu trabalho, dirigindo “daquele jeito”. Conforme a aventura se desenrola, os personagens descobrem um plano alienígena para “acabar com o mundo”.

Kang e Kodos, os “et’s da série” contaminaram o Buzz Cola, o refrigerante do seriado, para fazer todos os humanos ficarem loucos e brigarem entre si. As brigas eram filmadas secretamente e enviadas para o planeta dos dois, para fazer parte de um reality show. Cabe aos Simpsons resolver o problema e acabar com “a ameaça”.

Visitando Springfield pela primeira vez

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Nada como comprar umas cervejas depois de um dia perseguindo alienígenas

Já tinha jogos de Os Simpsons disponíveis aquela época. Entre games muito bons, como o clássico arcade da Konami, ou os jogos que ficaram mais famosos no NES, até games de qualidade duvidosa como The Simpsons Wrestling, a gama de jogos era grande. Mas nenhum ainda havia oferecido ao jogador a oportunidade de andar livremente por Springfield, rodando da Usina Nuclear até o mercadinho do Apu, ou na Alameda Sempre Verde, o endereço da família de Homer.

O jogo, que foi lançado para PC, Playstation 2, Xbox, e Gamecube, oferecia sete níveis no total. Cada nível tinha sete missões. E em cada nível, os personagens mudavam. Assim, era possível jogar com Homer, Bart, Lisa, Marge e Apu. Enquanto era possível também interagir com diversos outros personagens, como o Sr. Burns, Moe, Chefe Wiggum, Ned Flanders, entre outros.

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“Mas Marge, eu só quero ver televisão. Depois eu limpo aquele porão que prometi limpar em 1999”.

De carro, é possível fazer missões no “jeitão GTA“: competir com alguém para ver quem chega primeiro em algum lugar, correr contra o tempo indo para outro lugar, coletar itens espalhados pela cidade, destruir carros inimigos, entre outras coisas neste sentido. A pé, é possível explorar Springfield, coletando moedas, destruir vespas robôs, comprando carros e roupas novas, interagir com alguns objetos nos locais que você pode entrar, além de coletar cartas de Comichão e Coçadinha.

O jogo, para a sua época, tem um bom número de conteúdo. Estas cartas, por exemplo, se coletadas todas as 49, dão de presente ao jogador um episódio especial, feito para o game, de Comichão e Coçadinha. Há várias cenas no game com diálogos dos personagens, e muita referência a episódios clássicos do seriado. Tudo dos anos 90 de Os Simpsons estava no game, o que deixa tudo muito mais divertido.

O melhor game de Os Simpsons já feito

Se avaliarmos Hit and Run como “um clone de GTA“, o jogo fica naquelas: não supera o game da Rockstar, mas também não faz feio. Mas, se levarmos em consideração apenas os games de Os Simpsons, não tem com não lembrar dele como o melhor game já feito com os personagens do seriado.

O jogo tem conteúdo, é recheado de referências aos melhores anos do seriado, dá ao jogador a possibilidade de andar por toda Springfield e seus, digamos, “pontos turísticos”, incluindo a “Escada que leva para lugar nenhum”. Além de oferecer uma história digna do seriado. Seu gameplay, um pouco mais simples do que o esperado, não compromete, e a trilha é digna da série.

Temos aqui, um daqueles games que mereciam sim, um remake. Desde 2007, é a Electronic Arts quem tem os direitos dos games de Os Simpsons, que lançou alguns games desde então, e mantém o Tapped Out, aquele jogo de construção de Springfield, para dispositivos móveis. Mas, desde The Simpsons, de 2007 (e um remake do clássico arcade, para iOS, que já não está mais disponível), não temos um jogo novo.

Acredito que, com um pouco de boa vontade, tanto Fox, EA, Disney (a nova dona da Fox e com isso, de Os Simpsons), e tantos outros envolvidos, poderiam dar nova vida a um game tão interessante. Que, se não vale a pena como um jogo em si, pelo menos agrada muito como uma “enciclopédia gamer” de boa parte da história do seriado.

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