Análise Arkade: Hades traz sua excelência agora para os consoles

10 de agosto de 2021
Análise Arkade: Hades traz sua excelência agora para os consoles

Demorou, mas finalmente o excelente Hades chegou para os consoles Playstation e Xbox! O game, que foi uma grande surpresa em seu lançamento em 2020, acabou de certa forma revitalizando o gênero de Rogue-likes como não se via há muito tempo.

Vamos então mergulhar com tudo no inferno da mitologia grega e tentar escalá-lo novamente até a superfície acompanhando o jovem deus Zagreu em nossa análise completa!

Escape do inferno, quantas vezes forem necessárias

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Hades conta a história de Zagreu, filho do próprio deus do submundo, Hades. O jovem deus, descontente com a vida que leva no inferno, com as constantes broncas e brigas que tem com seu pai e após ter uma gigantesca descoberta sobre sua própria existência, decide escapar do inferno por conta própria. Algo que ninguém, seja mortal ou deus, jamais foi capaz de fazer.

Auxiliado pela deusa primordial da noite e sua mãe adotiva – Nyx, Zagreu inicia sua fuga, que tem muito mais em jogo do que aparenta, pois os próprios deuses do Olimpo decidiram ajudar Zagreu, seu recém descoberto parente, a escapar de seu lar infernal.

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Atena, Zeus, Poseidon e vários outros deuses olimpianos o ajudarão em sua fuga!

O melhor de tudo é que o game conta sua história em fragmentos a cada nova tentativa de fuga. Debloqueando novas cenas e diálogos que constroem uma história surpreendente e que jamais deixa de ser interessante.

E o grande mérito disso se dá ao excelente elenco de personagens. Todos com personalidades, histórias e quests únicas que juntos tornam o inferno um lugar vivo, mesmo no meio de espíritos, almas penadas e monstros do submundo.

Um game que renova a si mesmo

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Uma característica inerente de qualquer Rogue-like que se preze é a mudança. Você jogar ou até chegar até o final, ou até morrer, voltando para o começo para tentar tudo de novo, mas com mapas, inimigos e itens totalmente aleatórios.

E obviamente Hades segue essa mesma estrutura, mas dentro de uma sequência pré-definida. Começamos nas profundezas do inferno, no Tártaro, com o objetivo de chegar até a superfície, onde se localiza o mundo dos vivos.

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Passamos então por Asfódelo, o círculo de fogo e lava infernal. Depois, chegamos aos Campos Elísios, o paraíso destinado apenas ao grandes heróis da mitologia grega. Chegando finalmente ao portão do inferno, local de entrada do submundo para aqueles que morreram, e porta de saída para Zagreu.

Cada uma dessas regiões é dividida em 15 salas, que mudam de layout constantemente, apesar de dentro de um padrão fácil de reconhecer com o tempo. Porém, o conteúdo de todas essas salas sempre será aleatório, tanto para o bem, como para o mal.

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Asfódelo, o círculo infernal do rio de lava.

Ao final de cada região, temos uma batalha contra um chefão poderoso. Os chefões são fixos, de forma que com tentativa e erro, os jogadores conseguem entender seus padrões e vencê-los após conseguir fortalecer Zagreu.

Com isso, o game consegue extrair um ponto positivo de um ponto potencialmente negativo. Hades é repetitivo, mas sempre se renova. Mesmo passando por salas iguais e enfrentando os mesmos tipos de inimigos de novo e de novo, o game consegue não ser cansativo. E isso é graças aos vários e vários sistemas e subsistemas presentes aqui.

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Os Campos Elísios possuem uma atmosfera pacífica com todo o seu verde e bela arquitetura, mas é um lugar incrivelmente perigoso.

Falar de todos eles em detalhes consumiria muito tempo e certamente não seria tão interessante assim (a menos que você goste de conhecer até as menores nuances de um game), mas existem várias mecânicas que adicionam grandes doses de aleatoriedade nessa base que, apesar de procedural, está dentro de um limite.

Para progredir de sala em sala, você precisa primeiro matar todos os inimigos presentes. Após isso, o game oferece a você 1, 2 ou 3 opções de caminhos diferentes. Todas as salas possuem recompensas ao vencer todos os inimigos, e você traça o seu caminho baseado nas recompensas que desejar.

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As bênçãos são um dos tipos de recompensas ao concluir uma sala.

Alie isso a quantidades e tipos de inimigos aleatórios em cada sala, eventos especiais que podem acontecer, salas secretas raras, diálogos com NPCs escondidos nos labirintos dos infernos e com os deuses do Olimpo, pontos de pescaria, portões para o Vazio, desafios extras, fontes de cura, baús de tesouro. É tanta coisa que o game oferece que é difícil listar tudo.

Isso pois estou falando somente do conteúdo dentro das runs, quando Zagreu entra na primeira sala de sua fuga e vai até onde conseguir. Pois há ainda mais conteúdo dentro do castelo de Hades, o hub em que a história se desenvolve entre uma sessão de jogatina e outra!

Conteúdo dentro e fora das tentativas de fuga

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Você pode fazer carinho no Cérbero em Hades!

Uma das características mais legais do game é a quantidade de coisas para se desbloquear. Todos os NPCs possuem diversos diálogos que revelam mais e mais sobre eles, além de informações que montam o lore geral, enriquecendo muito a história.

Isso, aliado a diversos upgrades permanentes que podemos comprar, desde melhorias para Zagreu (mais vida, mais poder e outros buffs muito úteis), mobilhas e decorações para cada sala do palácio de Hades, alguns possuindo utilidades muito bem-vindas, como uma loja de troca de itens e etc.

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Decorar o palácio de Hades adiciona muitas coisas legais!

Com isso, o game oferece várias atividades para se realizar fora das lutas e fugas. Uma das coisas mais legais do game é a interação com os personagens, existindo ainda múltiplas opções de romance disponíveis. E percorrer as “quests” pessoais de cada personagem é muito satisfatório, graças aos excelentes roteiros do game.

Um exemplo de personagem (que pra mim é a melhor personagem do game) é a Dusa, uma cabeça flutuante de uma medusa que trabalha como faxineira do palácio de Hades. Ela sempre está correndo e com medo de ser demitida se fizer algo errado. E conforme conversamos com ela, ela consegue se abrir mais, gerando diálogos muito divertidos e cativantes.

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Megaira é uma das três Fúrias e a primeira chefe do game. Mas ela também aparece no palácio, e podemos (tentar) conversar com ela!

O mesmo com os deuses do Olimpo. Nós só os encontramos ao recebermos suas bênçãos durante uma fuga (falarei mais delas adiante). E cada encontro gera um diálogo diferente, contando inclusive com reações a coisas que Zagreu faz! Se você se tornar mais próximo de algum deus, outro pode se sentir enciumado ou fazer algum comentário (seja elogio ou crítica) a esse outro deus.

Todos os personagens também reagem a itens que você carrega. Cada personagem com quem você faz amizade (e alguns quando o relacionamento atinge o nível máximo), te presenteiam com itens equipáveis que concedem as mais variadas vantagens. No fim, Hades não é um game sobre fugir do inferno, mas sobre criar relações entre Zagreu e todos os personagens que ele conhece, inclusive inimigos! E isso é sem dúvida alguma a melhor coisa do game.

Gameplay simples, com sistemas simples

Apesar de possuir muitos sistemas diferentes, Hades é muito simples e fácil de aprender. Os comandos básicos do game são correr e a esquiva. Algo importante a se mencionar é que a esquiva torna Zagreu invencível por alguns frames, permitindo escapar de ataques inimigos de forma muito eficaz, exigindo apenas timing do jogador, mas não de forma muito punitiva.

Os ataques são determinados pela arma que você tiver equipado. Sendo elas uma espada, lança, escudo, arco e flecha, manoplas e até uma metralhadora. E cada arma possui versões diferentes, chamas “Aspectos”, que mudam seus ataques e seus efeitos.

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Ártemis fica bem animada quando você está equipado com o arco e flecha, afinal, ela é a deusa da caça e da lua!

As bênçãos oferecidas pelos deuses são upgrades que ficam ativos até você chegar ao final ou morrer, adicionando mais dano e efeito às armas, como dano de raio com as bênçãos de Zeus, dano de água com Poseidon, até efeitos diversos, como enfraquecer inimigos com as bênçãos de Afrodite, ou causar mais dano crítico com Ártemis.

Há ainda as bênçãos supremas, que criam um ataque especial quando uma barrinha encher, causando danos massivos e vários efeitos diferentes. A cada nova sala o jogador pode receber diversas recompensas diferentes, seja ouro (usado para comprar itens apenas durante uma fuga), jóias (para comprar upgrades para o palácio), escuridão (para upgrades permanentes) e vários outros itens.

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Caronte, o barqueiro do inferno, pode não ser de falar, mas oferece muitos itens legais!

Algo bem legal é a presença do barqueiro do inferno, Caronte. Ele aparece aleatoriamente, oferecendo três itens diferentes para o jogador comprar, se tiver o ouro necessário. Encontrá-lo é sempre uma excelente visão, pois ele sempre oferece ótimos itens, inclusive bênçãos de deuses e itens de cura!

Outro sistema interessante, para deixar as coisas ainda mais desafiadoras, são os Pactos de Punição. Após você terminar o game algumas vezes (chegando até a superfície, sobrevivendo todos os desafios), esse recurso é liberado, adicionando novas dificuldades ao game, porém recompensando o jogador com mais tesouros ao final.

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Tudo isso, além do já mencionado sistema de diálogos com NPCs, é combinado de forma incrivelmente satisfatória para montar uma aventura que se transforma de formas sutis e grandiosas a cada jogatina. Graças a isso Hades é um game em que você consegue jogar por horas, dias, semanas e até meses sem sentir-se entediado ou não se divertindo por conta de repetitividade.

Aliás, um ponto bem interessante a se levantar aqui é como Hades é amigável com jogadores com pouco tempo livre para jogar. Cada jornada no game dura cerca de 40 minutos (jogando lentamente), com esse tempo diminuindo conforme o jogador se acostuma mais com o gameplay.

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E, o game possui um recurso de autosave em todas as suas salas. Isso significa que a qualquer momento você pode sair do jogo no meio de uma fuga e, quando voltar, estará exatamente na mesma sala em que parou.

Muitos argumentam que rogue-likes não precisam de um recurso assim, pois é de sua natureza serem punitivos e difíceis. E não me entenda errado, Hades é assim. Mas oferece diferentes opções de customização de partidas. A dificuldade padrão é adequada ao nível de poder do jogador. Dessa forma, quando você já for experiente, não sofrerá para terminar fuga atrás de fuga. E os Pactos de Punição existem para deixar as coisas ainda mais desafiadoras, para quem quiser.

Decidi levantar esse ponto graças a polêmica que surgiu com Returnal, o rogue-like exclusivo do Playstation 5, que possui muitas qualidades, mas uma de suas grandes críticas é ser muito longo e oferecer muito poucos pontos para salvar o seu progresso.

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Uma coisa é você ser capaz de terminar uma run em 40 minutos ou 1 hora, outra é levar 4 horas para chegar ao final da primeira parte (e estou ignorando completamente jogar em modo speedrun e ir até o final o mais rápido possível). E Hades merece todos os elogios por oferecer bastante desafio, mas não ser “mecanicamente punitivo”, o que, pessoalmente, é algo que não gosto, pois cria uma dificuldade artificial, baseada não em habilidade ou dificuldade dos inimigos, mas sim em restrições mecânicas desnecessárias (Como o sistema de diminuir a barra de vida ao morrer em Dark Souls II, por exemplo).

Audiovisual

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Nesse ponto não preciso nem mesmo falar muito, afinal este é um game da Supergiant Games, que criou Bastion e Transistor. Ou seja, é sinônimo de beleza! Todos os cenários do game são desenhados a mão, com uma riqueza de detalhes simplesmente incrível.

Não importa o lugar, todas as áreas de Hades, do palácio do submundo até a superfície do mundo dos vivos. Tudo no game é incrivelmente belíssimo. Aliado com sua perspectiva isométrica que valoriza ainda mais cada mínimo detalhe.

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Os personagens são construídos em modelos 3D, com bastante cell-shaded e em alguns casos outros efeitos que fazem o 3D parecer animações em 2D, com muita fluidez de movimentos, cores, elementos de cenário destrutíveis e mais.

A trilha sonora também é espetacular, misturando guitarras com instrumentos como harpas, liras, trombetas e etc. Todas as músicas do game, principalmente as cantadas, são incrivelmente ricas e belas. E não é pra menos, pois foram compostas pelo lendário Austin Wintory! Com destaque para o tema principal do game “It’s in the Blood”, que é simplesmente magnífica!

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O game conta com vozes em inglês, com um fenomenal trabalho de atuação, contando inclusive com vozes de produtores da Supergiant Games, que apesar de não serem dubladores, mandaram muito bem!

O game ainda conta com localização em português brasileiro em seus menus e legendas, com tradução simplesmente perfeita, incluindo várias gírias e termos 100% brasileiros!

Conclusão

Análise Arkade: Hades traz sua excelência agora para os consoles

Hades é excelente nos PCs. E agora é excelente também nos consoles! Todo o seu incrível conteúdo, personagens carismáticos e gameplay simples e viciante agora estão acessíveis em ainda mais plataformas e definitivamente esse é um game que merece uma chance!

Um ponto negativo dessa versão de consoles é que ainda não há o recurso de cross-save, presente nas versões de PC e Switch. Esse é um recursos que espero ansioso, pois meu progresso na versão de PC já está bem avançado. E poder continuá-lo no Playstation 4 (versão em que essa review foi baseada), seria perfeito. Felizmente, o cross-save será lançado em algum momento após o lançamento do game.

E por esse recurso ainda não estar presente, por conta de vários problemas técnicos, eu reiniciei Hades do zero e mais uma vez viciei no game. O que, pessoalmente, é um imenso indicativo de sua qualidade, pois eu viciei num rogue-like novamente, ao rejogá-lo sem todo o meu progresso acumulado!

Então, se você ainda não experimentou Hades, não há melhor hora! O game já está disponível para PC e Nintendo Switch, e chega na próxima sexta-feira (13) para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X/S — disponível no catálogo do Game Pass desde o primeiro dia!

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