Primeiras Impressões: Far Cry 6 traz poucas inovações para Yara, mas segue divertido

6 de outubro de 2021
Primeiras Impressões: Far Cry 6 traz poucas inovações para Yara, mas segue divertido

Desde 2004, quando foi feito pela Crytek, Far Cry foi se tornando, jogo a jogo, uma das séries mais queridas do mundo dos games. Entre games oficiais e spin-offs, passando pela Idade da Pedra, discutindo sobre fanatismo religioso, trazendo vilões icônicos e um gameplay de ação com exploração, chegamos, hoje, a um novo capítulo da série.

Desta vez, o cenário é Yara, país fictício da América Central com fortes influências das nações da região, especialmente Cuba. E, seu líder, Anton Castillo, interpretado por Giancarlo Esposito, é o alvo da vez. No papel do Dani Rojas, ou da Dani Rojas, pois é possível escolher o gênero do personagem, você entra em uma nação em ponto de ebulição, com os rebeldes dispostos a irem até o fim para destruir o “reinado” de Castillo.

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Estas primeiras impressões foram feitas com o Acesso Antecipado do game através da Ubisoft. Foram 22 horas de gameplay, cerca de 50% do mapa explorado, atividades principais, secundárias e de mapa realizadas, nas duas dificuldades que o game oferece: modo história (o fácil) e o modo ação (o difícil).

A primeira coisa que percebemos, ao sermos introduzidos no game, é de que aquela impressão de conflitos apenas em cidades seria o que ditaria o rumo do game. E tal questão é derrubada logo no começo, quando chegamos à ilha Libertad, lar da guerrilha que combate o governo de Castillo de mesmo nome.

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E também já é possível perceber o que a Ubisoft quis dizer quando falava que seu game não era uma “declaração política”. Se no quinto game, a produtora trouxe para a discussão o fanatismo religioso de alguns grupos nos EUA, a sensação de quem viu os trailers do sexto Far Cry era de que o game seria uma réplica da situação política de Cuba e Castillo seria uma versão de Fidel Castro.

Mas não é isso o que acontece no game. De Cuba, temos apenas os elementos visuais, como os carros dos anos 60, as praias, o ambiente caribenho, a música alegre e o idioma espanhol. Entretanto, Castillo é tratado no game como um fascista, o que limita toda esta discussão política a um genérico “derrube um ditador fascista com um grupo de guerrilheiros com vontade”. E só.

O ambiente, embora não idêntico, lembra bastante o que vimos em Ghost Recon Wildlands, enquanto andávamos em missões pela Bolívia, nas áreas controladas pelo cartel Santa Blanca.

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Inclusive, nestas mais de 20 horas de gameplay, Castillo foi pouco visto. Giancarlo Esposito, brilhante como sempre, acrescenta muito ao vilão nos momentos em que aparece, com sua habilidade em misturar frieza e brutalidade no mesmo momento. Mas, enquanto o vilão não dá todo o ar de sua graça, vamos lidando com seus subalternos, no famoso jeitão Ubisoft de progressão e mapa.

Cada região é controlado por um líder. Como em Valle de Oro, com a ministra da cultura María Marquessa manipulando a realidade com propaganda e novelas para enganar o mundo e manter as pessoas sob controle do regime. Mas nesta mesma região (e em todo o mapa) também se encontram aliados, como Talia e Paolo ou Bembé, que oferecem miss˜oes e auxiliam em alianças pelo fim do regime.

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A progressão do game é, mais uma vez, o “formato Ubisoft“, com um padrão facilmente reconhecido em seus games, com elementos emprestados de um game aqui e acolá. O mapa principal, um arquipélago, não é muito grande, comparado a outros games, mas é cheio de vida. Entre as missões, temos ações de guerrilha, levamos refugiados para portos, atacamos pontos inimigos e buscamos meios de enfraquecer o regime.

Já no mapa, há locais para pesca, tesouros escondidos em buscas no melhor estilo Indiana Jones, postos militares para serem tomados, armas anti-aéreas para serem destruídas, corridas de tempo com vários veículos e histórias dos habitantes da cidade, que apresentam um pouco mais do ambiente.

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Yara é uma região realmente muito bonita, com vilas, florestas, praias, estradas e cidades. As cidades existem sim, mas são alguns locais específicos, para exploração e missões específicas. Você pode, por exemplo, sabotar a propaganda do governo por lá, enquanto provoca as forças do regime, onde temos algumas pequenas, mas pontuais novidades.

Provocar demais as forças governamentais rendem um momento de Heat, que se assemelha às cinco estrelas do GTA. Fugir é uma opção, mas combater está no sangue de quem quer uma boa briga.

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No gameplay, tudo segue o mais próximo possível da série, mas um pouco mais ágil. Não é preciso mais produzir remédios e nem pilhar os inimigos, bastando passar por eles para recolher o que podem oferecer. O gameplay também se mostra um pouco mais veloz, convidando o jogador para a ação desenfreada, embora o stealth segue sendo uma opção. O game não te deixa respirar, sendo bem comum topar com inimigos em confrontos nas ruas, ou mesmo com inimigos aparecendo do nada em locais que você acabou de “limpar”.

É interessante, também, andar sem armas em alguns locais, como para conversar com um soldado inimigo e suborná-lo em troca de informações.

Há uma razoável quantidade e qualidade de armas, além do modo supremo que consiste em uma mochila com mísseis, que podem ser disparados em elementos como tanques ou helicópteros. Além da arma suprema, que é um lança chamas adaptado. Todas as armas podem ser evoluídas com recursos do game.

Algumas pequenas coisas no gameplay incomodam. Como, por exemplo, o fato de que seu personagem não se arrasta e, quando muda-se de local, o seu nome aparece, mas o mapa some, atrapalhando a navegação enquanto dirige. Fora isso, você segue com os animais amigos (os praças) à disposição, uma boa ação e muita exploração.

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Outra novidade interessante é a “estreia” da visão em terceira pessoa. Far Cry foi concebido como jogo em primeira pessoa e o game se manteve assim por todos estes anos. Em Far Cry 6 não é diferente, exceto nos acampamentos. O problema é que esta visão em terceira pessoa não é das mais úteis no game. O personagem não se movimenta direito neste formato, não pulando um muro, apenas andando pelo local. E como a personalização do personagem não é tão ampla quanto outros jogos, não há o que se observar muito aqui.

Talvez se inspirar em GTA V e Red Dead Redemption 2 e oferecer ambas as visões seria uma boa neste game.

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Os acampamentos podem ser evoluídos, conforme você adquire recursos e constrói locais de interessa, assim como em The Division 2. A vida comunitária é melhor explorada, uma vez que agora, você não é um isolado que caiu em terreno desconhecido, e sim um habitante do local que conhece muito bem a região e seu povo. É assim que você vai forjando alianças e fazendo amizades no jogo.

As primeiras impressões são bem positivas. Far Cry 6 está em boa forma com sua fórmula, cumprindo a proposta de trazer um mundo bem interessante para se explorar. As mudanças são sutis e, num ponto geral, não mudam tanto a experiência de quem já está acostumado com ele, mostrando ser um game divertido para quem gosta da franquia e de sua proposta.

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E é importante deixar algo bem claro aqui: há quem torça o nariz pra este formato de games da Ubisoft, mas os números mostram que, entre acertos e erros, a companhia segue vendendo muito bem, o que mostra que tal formato tem adeptos. Só no relatório fiscal do último trimestre de 2020, a companhia mostrou receitas de US$ 2,73 Bilhões, ou seja, há muita gente consumindo seus jogos e seu “formato”.

Outra coisa: jogos devem ser observados por vários fatores, que envolvem beleza ou diversão, mas não como o “melhor jogo de todos os tempos da última semana”. Isso significa que há games que, mesmo sem ser favoritos de premiações, ou aclamados por críticas e notas em sites de avaliações, são divertidos e cumprem bem sua proposta, seja com seus fãs de longa data, ou com novos interessados.

E quando digo que Far Cry 6 trouxe poucas novidades, é apenas um fato, não uma crítica. A essência do game permanece e as possibilidades de exploração são muitas, que podem ser ampliadas com as expansões que virão pelos próximos meses. Suas poucas mudanças são pontuais e auxiliam um gameplay mais veloz, e só. O restante é o “mesmo Far Cry de sempre”, para quem gosta, ou não, da série e seu estilo de jogatina.

Far Cry 6 seguirá sendo jogado, com uma análise completa sendo apresentada por aqui, em breve, incluindo uma visão melhor sobre o cooperativo, que posso adiantar que há a opção de habilitar fogo amigo. Também teremos a nossa coluna especial “Depois do Fim”, para conversamos com todos aqueles que já jogaram o game, e querem falar, com spoilers, sobre os acontecimentos de Yara.

Far Cry 6 chega no dia 7 de outubro, para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S, Amazon Luna e Google Stadia.

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