Análise Arkade: Metroidvania misturado com Fighting Game em Demoniaca: Everlasting Night

Demoniaca: Everlasting Night, um Metroidvania lançado originalmente em 2019 para PCs chegou em 2022 para consoles, trazendo muita ação, demônios e um gameplay inspirado em games de luta! Vamos então conferir nossa análise completa do game para ver como ele se saiu nesse relançamento!

A jornada de vingança contra demônios do inferno

Demoniaca: Everlasting Night, conta a história de um enorme massacre causado por uma horda de demônios, que devastou um vilarejo inteiro como sacrifícios para a criação de uma nova Torre de Babel. E se a torre atingir o céu, as consequências serão apocalipticas.

Todas as pessoas desse vilarejo foram brutalmente massacradas, mas uma garota sobreviveu. Completamente mutilada, seu sangue misturou-se com sangue demoníaco, permitindo que ela voltasse a vida e conseguisse se curar, literalmente costurando a si mesma.

E agora, movida a um desejo insaciável de vingança, a garota invade a torre renascida com apenas um objetivo em mente: Matar todo e cada demônio que estiver lá dentro, não importando as consequências.

Uma mistura de Castlevania e Fighting Game

Demoniaca: Everlasting Night tira inspiração diretamente de Castlevania: Symphony of the Night, tanto que o início do game até presta homengame ao clássico, com a protagonista entrando na Torre de Babel da mesma forma que Alucard entra no Castelo de Drácula.

O game é um Metroidvania que segue a fórmula bem do jeito tradicional, desviando-se um pouco em alguns trechos, tanto para o bem, como para o mal. A diferença é que não há um “roteiro” a se seguir para progredir na torre, não que Metroidvanias tenham roteiros, mas esse game não é estruturado com uma rota direta do início ao fim, contando com áreas opcionais.

Em resumo, localizar-se no game é algo bastante confuso, primeiro pois o mapa da Torre não oferece muitas informações. Temos um mapa com a localização de cada área, e um minimapa mostrando corredores e salas, que só é acessível durante o gameplay. Isso torna a exploração um pouco mais complicada do que deveria.

De resto, temos muitas batalhas contra vários tipos diferentes de demônios, que dropam itens e equipamentos para deixar a protagonista cada vez mais forte. O grande diferencial aqui é o gameplay, que é totalmente inspirado em games de luta.

Os controles são mapeados para soco fraco, soco forte, chute fraco e chute forte, contando inclusive com alguns comandos como meia lua e soco, meia lua e chute e etc. Mas, infelizmente, apesar de ter controles que tornam as coisas diferentes, parece que o game em si não se adapta a isso.

Os combos são desbloqueáveis conforme você explora o mapa e compra upgrades de NPCs, mas o ponto é que praticamente todos os inimigos do game ignoram esses combos, o que torna esse formato de gameplay um tanto “inútil”.

Existem combos como combinações de chutes/socos fracos e fortes, porém, os inimigos sempre contratacam entre esses golpes, inutilizando completamente alguns desses combos. O único combo que não é inutilizado é spammar soco fraco, exceto se o inimigo usar um ataque rasteiro. Os inimigos não respondem aos golpes ficando atordoados, eles estão sempre prontos para atacar e vão atacar no primeiro frame possível.

Há é claro diferentes tipos de inimigos cujo estilo é ignorar os ataques do jogador, obrigando-o a se defender ou desviar, mas inimigos que não deveriam ser assim também interrompem todos os combos do jogador.

Há também os combos e ataques que usam a barra de energia, por exemplo usando meia lua e soco para soltar um golpe flamejante que causa bastante dano, ou usar baixo, cima e chute para um golpe antiaéreo. Esses combos felizmente não podem ser interrompidos, mas por gastarem a barra de energia, não podem ser usados a todo momento.

Algo que percebi enquanto jogava é que o game, por não oferecer um senso de direção ao jogador, complica um pouco a curva de dificuldade. Obviamente cada área nova visitada é mais difícil que anterior, mas, sendo um Metroidvania, há aquelas barreiras de habilidade que limitam seu progresso propositalmente, por exemplo o pulo duplo e a habilidade se se teleportar uma pequena distância para sua frente, duas habilidades que desbloqueiam novas áreas do mapa. O problema é que para conseguir essas habilidades é preciso explorar MUITO o mapa. O pulo duplo eu só fui conseguir quando estava em um level bem alto.

Falando em level, aliado aos combos sem muita eficácia dada a resposta extremamente rápida dos inimigos, o game, em suas primeiras horas, pode ser um pouco monótono, por conta da dificuldade de acertar golpes, falta de habilidades para atravessar o terreno e em geral alto level dos inimigos. Somente quando o jogador dedica tempo, sobe bastante de nível e consegue equipamentos poderosos que aí sim tudo se torna mais divertido, pois finalmente é possível sentir o “poder” de seus ataques durante as batalhas.

Uma crítica que deve ser feita ao gameplay de Demoniaca: Everlasting Light, está na resposta dos controles. Essa análise foi escrita com base na versão de Playstation 4 do game, e como já mencionei que os controles são mapeados para um sistema de game de luta, outras ações úteis foram adaptadas para botões diferentes. O pulo, por exemplo, é executado no botão R2, e infelizmente há uma resposta muito demorada entre apertar e pular, principalmente com o pulo duplo, em que parece que preciso fazer mais força no botão para conseguir pular (e testei isso em dois controles diferentes).

Audiovisual

Demoniaca: Everlasting Night tem um visual bem feito, com personagens em sprites pixelados e cenários desenhados com mais detalhes. Cada região do castelo possui um visual diferente, contando com masmorras, bibliotecas, torres altas a céu aberto e etc.

As animações são bem feitas, com muitos efeitos de partículas e animações de ataques físicos e magias, além de rolar muito sangue na tela durante os combates. O visual do game possui um “estilo” bem de game de luta, principalmente com a protagonista, que parece até mesma saída de um The King of Fighters em sua era 2D.

Na parte sonora, o game conta com uma trilha sonora de puro metal, contrastando em alguns momentos com músicas instrumentais mais melódicas, que logo dão espaço para toda a força e batida de metal. O game não conta com diálogos em voz, somente algumas falas da protagonista ao usar alguns ataques ou for ferida.

Jogando no Playstation 4, em cenas com mutias partículas em tela, rolava um lag absurdo, mas essas ocasiões são raras, ocorrendo mais quando há um enorme número de almas (o dinheiro do game), aparecendo ao mesmo tempo. Normalmente ao se brir um baú, que libera uma quantidade realmente imensa.

Infelizmente o game não conta com localização em português brasileiro, o que não atrapalha muito no fim das contas, visto que são poucos os trechos em que a história se desenvolve durante a jogatina.

Conclusão

Demoniaca: Everlasting Night é um game divertido, mas com uma curva de dificuldade e de “diversão” um pouco alta. Infelizmente o gameplay ao estilo game de luta, que é provavelmente sua maior característica, acaba sendo subaproveitada pois os inimigos do game não foram “adequados” a esse estilo de gameplay.

Como Metroidvania, o game é decente. Não reinventa a roda, mas também não manda mal, e quando você se acostuma com o layout do castelo e consegue melhorar bem a protagonista, é aí que a diversão realmente começa. Mas, demora até que isso aconteça.

Demoniaca: Everlasting Night foi originalmente lançado para PCs em 2019, finalmente chegando aos consoles no dia 12 de janeiro, com versões para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e Nintendo Switch.