Análise Arkade: uma “bomba” chamada Bombshell

31 de janeiro de 2016

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

Ação, tiros, protagonista “badass”, aliens, frases de efeito, humor duvidoso. Isso poderia ser Duke Nukem, mas é Bombshell.

A Interceptor Entertainment, estúdio independente dinamarquês e desenvolvedor de Bombshell, tem na sua lista de jogos produzidos três ports da franquia Duke Nukem para PC, um remake de Rise of the Triads e a famigerada produção de Duke Nukem 3D: Reloaded, que nunca viu a luz do dia. Conseguiu notar um padrão nessa lista? Então você já sabe o que esperar.

Bombshell é um jogo de tiro com visão isométrica (à la Diablo) que tenta emular a aura dos jogos da franquia Duke Nukem utilizando a Unreal Engine 3. É justo dizer que eles obtiveram êxito. Mas, alguns anos e vários fracassos já provaram que essa fórmula não é exatamente garantia de sucesso. E aqui não é diferente.

Quantos aliens são necessários para trocar uma lâmpada?

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

Em Bombshell você é apresentado à Shelly Harrison (a protagonista que também atende por “Bombshell“) enquanto ela conserta seu carro, para mostrar sua relação de carinho com o veículo. Nesta introdução, a câmera passeia pela oficina, onde, por meio de fotos e objetos presentes, você percebe que Shelly é uma soldado, que provavelmente perdeu todo seu esquadrão (e seu braço direito, literalmente) numa missão conhecida como “The Washington Incident”.

Esta calmaria nostálgica dura pouco, porém, pois já na sequência seu estimado carro acaba destruído (ainda na cena de introdução), quando aliens subitamente invadem o planeta. No meia desta invasão, a presidente dos Estados Unidos é (sempre eles) é sequestrada. Então cabe a você, a soldado mais “badass” do batalhão, a missão de encontrá-la e chutar todos os traseiros extraterrestres que encontrar pelo caminho.

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

A narrativa aqui é repleta dos absurdos contidos na franquia Duke Nukem ou em jogos como Serious Sam. No início, pode ser até curioso (repare que eu não disse que é exatamente engraçado) ver a Shelly “Bombshell” Harrison fazer suas piadas, ou soltar frases de efeito quando mata seus inimigos. No entanto, após ouvir pela 35ª vez: “Quantos aliens são necessários para trocar uma lâmpada? Nenhum. Eles estão todos mortos” ou “Sim professor, o cachorro comeu meu trabalho de casa. Então eu matei o cachorro”, você vai desejar colocar o game no mudo (e por favor, não matem cachorros).

Eu daria meu braço direito para ser ambidestro

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

Mecanicamente falando, Bombshell é esforçado. Ele faz uma mistura de ação, com elementos de RPG. Shelly possui um braço direito mecânico, que ela recebeu após o tal incidente de Washington. E neste braço, é claro, eestá acoplado um rifle de íons, sua arma principal. Todavia, no decorrer da jogatina, é possível encontrar e comprar diversas outras armas (todas acopláveis ao seu braço), e que ainda podem ser evoluídas, recebendo perks e tiros secundários. De metralhadoras giratórias até lançadores de foguetes, passando por uma tradicional shotgun (que aqui tem o sugestivo nome de Motherflakker), o jogo apresenta uma variedade interessante de opções de combate, apesar de não ser nada inovador.

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

Dentre os elementos de RPG presentes, temos o tradicional sistema de ganhar experiência para subir de nível e melhorar suas habilidades. Porém (sempre há um “porém” em Bombshell), estas habilidades possuem pouca variação e dificilmente dá para notar alguma diferença ou melhora na jogabilidade conforme os níveis são escalados.

Outro problema do jogo da Interceptor Entertainment é que os combates não exigem muito do jogador. Como já dito, aqui temos uma mecânica de tiro com visão isométrica, só que a ausência de objetos para serem usados de coberturas nas arenas, ou um movimento de rolagem para desviar, faz com que os combates se resumam a clicar incessantemente nos inimigos para atirar até matá-los. E as batalhas contra os chefes conseguem ser ainda piores. Quase todos os chefes não possuem qualquer desafio e ainda podem ser derrotados usando turrets e outros exploits do próprio cenário.

Análise Arkade: uma "bomba" chamada Bombshell

Malditos insetos

E falando nisso, os bugs de Bombshell são um capítulo à parte. Apesar do estúdio Interceptor Entertainment ter prometido um patch de correção no lançamento (jogamos alguns dias antes do lançamento oficial), o jogo ainda possui muitos problemas. Shelly parece ter um atração por paredes, já que é comum vê-la ficar presa em cantos de cenários, ou parar de atirar porque tinha um desnível no local que ativa a animação de queda. Isso sem falar da câmera, que às vezes esconde completamente a ação do jogo. E a pior parte é que, em uma jogatina de cerca de oito horas, ele deu crash duas vezes, me obrigando a reiniciá-lo e perdendo o progresso recente.

Conclusão

Com tantos problemas, fica difícil recomendar Bombshell. Como primeira empreitada original (pero no mucho) da Interceptor Entertainment, fica a impressão de que o estúdio dinamarquês ainda precisa caprichar muito. Bomshell até tem personalidade e alguns pontos interessantes — como suas armas e upgrades —, mas isso fica escondido em um jogo que parece mal acabado. Talvez soltar-se das amarras e se afastar da imagem de uma “desenvolvedora de Duke Nukem’s possa fazer bem à Interceptor.

Para quem quiser ver por contra própria, Bombshell foi lançado na última sexta, 29 de janeiro para PC. Futuramente, o game deve chegar também ao PS4 e ao Xbox One.

Deixar um comentário (ver regras)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *