Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

13 de julho de 2016

Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

A sempre polêmica série Carmageddon retornou aos consoles! Depois de lançar um game exclusivo para PCs em 2015, a Stainless Games traz Carmageddon Max Damage exclusivamente para os consoles da nova geração. Mas o game é bom? Descubra com a nossa análise!

Quem acompanhou um mínimo do mundo dos games nas últimas duas décadas sem dúvida conhece o nome Carmageddon. Ultra violenta e polêmica ao extremo, a série chegou a ser banida do nosso país na década de 90, ainda que algumas versões censuradas tenham sido lançadas posteriormente.

A polêmica não é sem fundamento: o cerne de Carmageddon é uma verdadeira carnificina veicular, em corridas onde você não precisa necessariamente chegar em primeiro, pois ganha pontos atropelando pedestres e destruindo os carros adversários. Membros voavam e corpos explodiam de forma que não era exatamente realista, mas sem dúvida era bem chocante.

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A mesma praça, o mesmo banco

Quase 20 anos se passaram, e a fórmula de Carmageddon continua a mesma: o principal modo de jogo de Carmageddon Max Damage é o Career (Carreira), onde você participa de dezenas de eventos em vários locais diferentes enquanto tenta explodir os veículos adversários e deixar o maior rastro de sangue que conseguir.

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Ainda que este seja um jogo de carros, a corrida nem sempre é aquela “normal” em um circuito: existem provas onde seu objetivo é ser o primeiro a conseguir passar por 10 checkpoints que vão surgindo aleatoriamente pelo cenário. Uma versão ainda mais legal deste modo de jogo premia quem atropelar 10 pedestres específicos (marcados com um facho de luz vermelha).

Mesmo neste tipo de eventos, a “pancadaria” entre os carros se faz presente: é uma verdadeira guerra chegar aos pedestres marcados — e dá muita raiva ver alguém atropelando eles 1 segundo antes de você chegar — e você pode “roubar” pontos dos veículos inimigos se conseguir explodi-los.

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Existem até mesmo provas que podem ser vencidas de 3 maneiras diferentes: chegando em primeiro lugar na corrida propriamente dita, eliminando todos os pedestres da fase (algo praticamente impossível) ou simplesmente destruindo todos os carros inimigos. Como ficar em 2º lugar nunca é uma opção, é bacana ter mais de uma forma de encarar alguns desafios.

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Fusquinha invocado pra matança!

Além do modo Carreira, o jogo ainda permite que você crie partidas offline livres e oferece partidas online para 6 jogadores. Durante nossos testes, eu não consegui entrar em nenhuma partida, então não tenho muito a dizer sobre isso. Creio que o multiplayer possa ser bem divertido, mas infelizmente não consegui experimentá-lo.

Essa fórmula ainda funciona?

Sim e não. Carmageddon ainda é divertido, mas é fato que o jogo não possui o mesmo apelo de antigamente. O mundo dos games evoluiu muito de 1997 para cá, e hoje em dia qualquer jogo de mundo aberto já nos permite atropelar e explodir pessoas inocentes. Vide GTA, Sleeping Dogs, Just Cause e tantos outros. Ok, aqui tudo é mais sangrento e visceral, mas tecnicamente é a mesma coisa.

Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

Ao tirarmos o “peso” da carnificina, o que sobra é um jogo que carecia de um gameplay muito melhor para realmente se destacar. A física do jogo é muito zoada, e a (falta de) gravidade te faz capotar mais do que deveria. Curiosamente, existe um power up chamado “Gravidade de Júpiter” que deixa seu carros mais pesado e estável na pista. Seria bom se a tal “Gravidade de Júpiter” fosse o padrão, não o power up.

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Fora isso, a dirigibilidade dos carros também deixa a desejar. Até existem diferenças na direção de cada veículo, mas no geral todos parecem leves e desengonçados, o que dificulta a execução de curvas e manobras mais precisas. Nos momentos onde o jogo pende mais para o “jogo de corrida” do que para o “jogo de atropelar e destruir” essa falta de precisão se mostra bem grave.

Aí vai um pouco de gameplay de uma corrida (capturado no PS4):

Isso tudo incomoda um pouco, mas confesso que ainda existe um prazer sádico em desmembrar pedestres inocentes — que agora estão muito mais variados, indo de cheerleaders até ciclistas, cadeirantes e velhinhas com andadores –, e a produtora sabe disso, pois recheou o jogo com power ups que tornam a matança mais divertida.

Ideias diferenciadas

Carmageddon Max Damage possui algumas boas ideias. Por exemplo, você não precisa comprar ou destravar outros carros: em cada evento, um carro específico estará sinalizado como “roubável”. Destrua-o durante a partida e pronto, ele vai automaticamente para a sua garagem.

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Nem as vaquinhas escapam da matança. =P

Outro detalhe interessante é que você pode consertar o seu carro a qualquer momento durante as partidas. A animação de conserto por si só já é bem legal — com as peças do seu carro voltando e se encaixando em seus devidos lugares — mas isso também deixa as coisas bem dinâmicas, pois permite que você se mantenha “inteiro” sem ter que abandonar a ação.

O problema é que ao lado de algumas boas ideias, vem outras nem tão boas: você ganha moedas em forma de estrela por fazer praticamente qualquer coisa no jogo (atropelar pedestres, passar por checkpoints, etc.). Até aí tudo bem. O problema é que o jogo usa a MESMA moeda para várias coisas diferentes, tipo comprar armas, consertar seu carro… e liberar as próximas fases do modo Carreira.

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Alguns carros já vêm “de fábrica” equipados com armas.

Isso é simplesmente estúpido, pois aí você acaba NÃO gastando suas moedas em armas, perks e coisas legais para seu carro porque senão não vai ter que ficar refazendo eventos de uma mesma fase só para liberar a próxima (algo que acontece mesmo que você seja econômico). Custava ter tipos de moedas diferentes para cada coisa?

Outro detalhe é que visualmente temos poucos pedestres no jogo. Na verdade em alguns cenários temos várias centenas deles, mas eles ficam tão espalhados que subir o seu medidor de combo para algo acima de 6 ou 7 é uma tarefa árdua. Alguns power ups malucos permitem que você arranque as pernas dos pedestres, atire-os para cima, congele-os, exploda-os e até mesmo coloque-os para dançar (?!) mas no geral fica a impressão que um jogo onde atropelar pessoas é tão importante poderia ter mais pessoas para atropelar. Algo tipo Dead Rising 3, talvez?

Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

O estádio é um dos poucos lugares onde rolam uns “combos” de atropelamentos.

Confira abaixo um pouco mais de gameplay capturado no PS4:

Fora isso, a repetitividade do jogo acaba cansando um pouco. Você vai destravando novas arenas, mas invariavelmente vai revisitar as antigas para cumprir outros objetivos. O modo Carreira é relativamente longo, mas como não há muita variedade de objetivos, você vai passar muito tempo fazendo as mesmas coisas em lugares diferentes.

Audiovisual

Ainda que seja exclusivo da nova geração, Carmageddon Max Damage não se esforça muito para aproveitar o poder dos consoles atuais. O visual do game como um todo está bem longe dos games de corrida atuais. Ok, eu entendo que aqui temos algo menos realista e mais estilizado, mas mesmo levando isso em conta o que temos aqui é um jogo que fica abaixo da média — com texturas pobres, mapas vazios e level design pouco inspirado. Alguns efeitos de luz e explosões até fazem bonito, mas no geral, este jogo tem a maior cara de refugo da geração passada.

Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

As explosões são bem bonitas.

O design dos carros, pelo menos, é interessante e relativamente variado. As pistas são na verdade áreas relativamente grandes, cheias de barris de power ups, pedestres e bombas espalhados por todos os cantos. Alguns mapas possuem mais de um “andar”, então olho no mapa é fundamental para não acabar perdido, caso você esteja realmente levando o fator corrida a sério.

O áudio cumpre bem seu papel, com um locutor que solta boas frases de efeito e uma trilha sonora que vai do “rock pauleira” até temas eletrônicos mais moderninhos. Os sons de batidas, explosões atropelamentos e os gritos de pavor dos pedestres concedem um charme sádico ao game, e sem dúvida contribui com a diversão.

Análise Arkade: a carnificina sobre rodas de Carmageddon Max Damage

Conclusão

Carmageddon Max Damage é um game divertido, mas que carecia de muito mais polimento para se tornar imperdível. Do jeito que está, ele deve agradar os fãs das antigas mais pela nostalgia do que pelas suas reais qualidades. Como já dito, a fórmula não envelheceu bem, e a temática que era chocante nos anos 90 não impressiona tanto atualmente.

No geral, o que temos é um jogo simples, mas repetitivo. É aquele tipo de jogo para pegar de vez em quando e jogar 2 ou 3 partidas. Mais do que isso acaba evidenciando seus problemas e enjoando rapidamente.

Carmageddon Max Damage foi lançado no dia 8 de julho, com versões para Playstation 4 e Xbox One. O game não possui nenhum tipo de suporte ao português brasileiro, está 100% em inglês.

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