Análise Arkade: O souls-like vampírico de Code Vein

8 de outubro de 2019
Análise Arkade: O souls-like vampírico de Code Vein

E mais um título recentemente integrou o sub-gênero dos Souls-like, mas dessa vez com a bênção da Bandai Namco, a distribuidora da série que deu vida ao sub-gênero Souls-like. Mas dessa vez deixando o mundo medieval de lado e adentrando a terra sagrada e profana dos animes! Estou falando de Code Vein!

Venha conosco conferir nossa análise completa do game e ver como ele acabou se saindo nesse cenário cada vez maior e mais disputado, com seus personagens de anime, vampiros e muito sangue!

O apocalipse vampírico

Análise Arkade: O souls-like vampírico de Code Vein

Code Vein conta a história de um mundo num futuro próximo que luta para sobreviver a um terrível apocalipse. Um dia, um evento misterioso conhecido como O Grande Colapso aconteceu, em que espinhos gigantescos, chamados de Espinhos do Julgamento, brotaram do chão e destruíram toda a superfície do planeta. Países inteiros foram reduzidos a escombros, oceanos se tornaram cânions desérticos, e a própria vida no planeta se tornou quase impossível.

Nesse mundo, a humanidade descobriu como transcender seus próprios limites através da ciência, trazendo os mortos de volta à vida com o uso de um parasita implantado nos corações daqueles que morreram, que os faziam voltar a vida na forma de Aparições, seres imortais e muito poderosos. As Aparições podem morrer e voltar a vida infinitamente, contanto que seus corações fiquem intactos. Porém, cada vez que morrem, as Aparições perdem um pedaço de suas memórias, que pode ser grande ou pequeno, mas que eles nem se dão conta que esqueceram.

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Porém, as aparições precisam beber sangue humano para sobreviver, criando uma situação extrema no mundo: Os humanos precisam das Aparições para sobreviver. E as Aparições precisam beber sangue de humanos para que mantenham suas próprias humanidades. Do contrário, elas entrarão em frenesi, tornando-se poderosos monstros sedentos de sangue conhecidos como Perdidos.

E aí, entra a grande crise que assola o mundo: Uma misteriosa névoa vermelha, chamada de “O Cárcere de Sangue”, cerca toda a área onde o game acontece. Essa névoa induz uma sede de sangue incontrolável em qualquer aparição que a respire, transformando qualquer Aparição em Perdido.

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Os Perdidos podem ter diferentes visuais, mas todos são perigosos

E agora a situação está crítica, pois os Perdidos se multiplicam muito rapidamente, a névoa vermelha se torna mais e mais densa. E os Cristais de Sangue, uma misteriosa fonte de alimentação que nasce de também misteriosas árvores brancas, que substituem o consumo de sangue humano, estão em uma terrível escassez.

Uma jornada para salvar o mundo e desvendar o passado

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Nesse mundo caótico, você é uma aparição que perdeu completamente sua memória. Você acorda ao lado de uma misteriosa garota chamada Io, que te ensina a usar seu próprio sangue para realizar ações impossíveis para outras Aparições, como gerar cristais de sangue de árvores e reviver memórias antigas.

E assim, você eventualmente conhece Louis, uma aparição que busca estudar os fenômenos que assolam o mundo e encontrar a fonte de cristais de sangue, para salvar as aparições e os humanos da eventual extinção. E junto de Louis e seus amigos, você irá desbravar as ruínas do mundo em busca da salvação da humanidade, das aparições e em busca de descobrir seu próprio passado e o que aconteceu com o mundo.

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Normalmente em Souls-likes, a cooperação de NPCs e jogadores ocorre de forma pontual, normalmente até que o próximo chefão seja derrotado, ou até algum objetivo ser concluído. Já em Code Vein as parcerias são uma grande parte da aventura, principalmente com NPCs.

Ao longo da aventura o jogador conhece diversos personagens diferentes que podem ser recrutados como companheiros. Basta conversar com eles em sua base e assim que entrar em qualquer mapa, eles o seguirão. Cada personagem possui armas e habilidades únicas (chamas de Dádivas), sendo úteis em diversos tipos de situação. Além disso, eles oferecem muitos comentários pertinentes durante a ação, avisando sobre a localização de itens, inimigos, armadilhas e até fazendo comentários relevantes para a narrativa ou para a ambientação de cada área.

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Meu personagem e a NPC Mia desbravando uma das áreas mais perigosas do game

É possível jogar sozinho se quiser, mas é preciso voltar até a base para dispensar a ajuda de seu companheiro, o que é diferente da demo do game, que permitia fazer isso em qualquer Visco (equivalente das bonfires de Code Vein). Algo positivo, porém, é que os NPCs são realmente úteis e fortes. Eles não vão roubar itens de você, ou ficar no meio do caminho. Em alguns pontos eles chegam a ser úteis até demais, facilitando um pouco as coisas.

Uma coisa interessante a se notar é que Code Vein possui uma história mais direta, graças a suas várias cutscenes. Isso significa que o game não se baseia muito em seu lore, ele está lá, mas os diálogos e cutscenes contam a história de forma mais direta, com bastante riqueza de detalhes.

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Vestígios são cristais de memória perigosos para Aparições, mas não para você

E o protagonista ainda tem a habilidade de revisitar memórias perdidas ao encontrar Vestígios, cristais de memórias deixados para trás por Aparições que morreram e renasceram. Ao interagir com um, o jogador é transportado para um mundo vazio, que é preenchido com várias cenas daquele que perdeu a memória, assim construindo toda a história do game de forma bem emocionante, e deixando poucos mistérios nas mãos do Lore.

Além da aventura principal, o game ainda conta com diversas dungeons opcionais, chamadas de Profundezas. Essas dungeons possuem vários inimigos e bastante loot, porém são progressivamente mais difíceis, com vários chefões para o jogador enfrentar.

Abaixo você pode conferir um vídeo em que eu exploro uma dessas dungeons das Profundezas:

Gameplay e seu complicado sistema de stats

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Sendo um Souls-like, Code Vein tem uma jogabilidade que segue a fórmula padrão: Barra de HP, estamina, ataque normal e ataque forte, andar, correr, defesa e esquiva. A principal diferença está no uso do Véu de Sangue e do medidor de Sangue Negro.

Uma das principais características do gameplay de Code Vein é a habilidade de sugar o sangue de seus inimigos, afinal você é um vampiro. Os Perdidos possuem sangue negro, que é usado para executar habilidades especiais e magias, chamadas Dádivas, sendo absorvido ao acertar ataques em inimigos ou ao usar o Véu de Sangue para atacar.

O véu de sangue é usado para realizar ataques críticos, semelhantes aos ataques viscerais de Bloodborne. Você pode carregar o ataque e liberá-lo quando o inimigo se aproximar, realizar um ataque critico pelas costas de um inimigo ou ao dar parry em um ataque, seguide um ataque muito poderoso. Com isso, uma animação especial e bem brutal ocorre mostrando o Véu de Sangue em ação.

E o véu de sangue está diretamente atrelado ao complicado sistema de stats de personagem do game. Em um Souls-like, o jogador deve coletar almas ou o item equivalente para subir o nível de seu personagem, aumentando individualmente cada ponto de atributo do personagem, seja Força, Inteligência, etc. Não aqui.

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Esse é um dos poderoso golpes do Véu de sangue, fazendo lâminas brotarem do corpo do inimigo

Os stats de personagem estão diretamente relacionados ao equipamento usado pelo jogador. Subir de nível aumenta a barra de HP, estamina e resistências a diferentes tipos de dano. Já poder de ataque, capacidade de defesa, força das Dádivas de Sangue Negro e etc, são controlados diretamente pelos equipamentos.

Funciona assim: A “build” do personagem é definida pelo Código de Sangue equipado. Um código de Sangue é um “equipamento” com stats definidos e um conjunto de Dádivas. Esses códigos são adquiridos derrotando bosses e como recompensa de alguns NPCs, podendo ser trocados a qualquer momento.

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Cada um dos seus companheiros lhe fornece seus códigos de sangue, contanto que você se torne próximo a eles

Depois, vem o Véu de Sangue, que são roupas especiais com habilidades diferentes, como gerar garras gigantescas nas mãos de seu personagem, criar uma cauda que perfura inimigos, fazem lâminas brotarem do chão e etc. Os véus de sangue também possuem seus próprios stats, que são combinados aos dos Códigos de Sangue. E por fim, o jogador pode equipar duas armas diferentes, cujos requisitos devem estar de acordo com a build do seu personagem e etc.

Isso é ao mesmo tempo uma grande ajuda e uma grande complicação. Ajuda, pois cada Código de Sangue já é praticamente uma build pronta para diferentes estilos de jogo, com foco em força, foco em magia, foco em velocidade e etc. O complicado é conseguir usar Códigos diferentes para um mesmo objetivo.

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Um ponto positivo porém, é que quase todas as Dádivas de Códigos de Sangue podem ser “herdadas”. Isso significa que você pode desbloqueá-las para serem usadas com qualquer Código de Sangue equipado, permitindo que o jogador tenha literalmente uma enorme biblioteca de habilidades para usar para diferentes situações.

As Dádivas vão desde ataques físicos para cada tipo de arma, magias como disparar bolas de fogo, eletricidade, gelo, até buffs de personagem, aumentando poder de ataque, imbuindo as armas como dano elemental, ou aumentar as defesas para diversos tipos de danos diferentes.

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Um cristal de sangue, o substuto do sangue humano para manter Aparições “vivas”

E há ainda as Dádivas Comunais, que são habilidades especiais de cada NPC do game, que fornecem grandes buffs para diversas situações diferentes, como aumentar muito o dano de certos ataques, aumentar as defesas em detrimento de força ou velocidade, por exemplo, e etc.

Há muita coisa para o jogador explorar em termos de gameplay, permitindo que o jogador crie combos poderosíssimos se entender bem como funcionam as combinações de equipamentos. Mas para jogadores sem paciência para testar diferentes combinações, esse sistema será excessivamente complicado. Na dúvida, foque nas armas, Código de Sangue e Dádivas que você já está familiarizado, e não terá muitos problemas.

Audiovisual

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Code Vein possui um belo visual. Seus personagens possuem animações muitos boas e fluídas, assim como em um anime de alta qualidade. O game ainda conta com físicas de roupas e cabelos bem feitas, e com todos os diferentes equipamentos e visuais que o jogador pode usar, os combates se tornam verdadeiras batalhas de um anime.

Aliás, o game possui um sistema de customização de personagens muito completo, com várias opções diferentes para que cada jogador crie um visual único para seus personagens, desde cabelos, características faciais, roupas e acessórios.

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Este é o meu personagem, uma versão endemoniada de Jotaro Kujo (e sim, eu sou fã de Jojo’s Bizarre Adventure)

O game ainda conta com muitas cutscenes cheias de ação e momentos bem emocionantes, com muitos detalhes nas movimentações dos personagens. Assim, o game conta uma história mais direta, como num anime, cheio de cenas muito emocionantes que impulsionam a narrativa.

Uma coisa a se notar, no entanto, é que há bastante fanservice no game. Com várias personagens femininas com roupas provocantes e decotes enormes, o que certamente deixará algumas pessoas insatisfeitas.

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Os inimigos possuem visuais bem interessantes, quase biomecânicos, pois os Perdidos são aparições que perderam a sanidade, tornando-se monstros grotescos fundidos com os equipamentos que usavam quando ainda eram normais. Porém, há muita repetição, com pouca variedade de inimigos num geral, contando mais com versões mais fortes de inimigos previamente encontrados.

A trilha sonora do game é boa, com uma mistura de músicas de orquestras pomposas com new metal industrial criando diferentes atmosferas para as diferentes áreas e chefões encontrados ao longo da aventura. As músicas do game são boas, mas pouco memoráveis, talvez com exceção do tema das memórias revisitadas, esse certamente ficará marcado em sua mente.

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O game conta com dublagens em japonês e inglês. Eu joguei com as dublagens em inglês e elas foram muito boas, com ótima atuação para cada personagem. O game ainda conta com localização em português brasileiro nos menus e legendas, porém peca em não traduzir corretamente alguns termos. Ainda assim, é uma localização bem competente.

Conclusão

Análise Arkade: O souls-like vampírico de Code Vein

Code Vein é uma inusitada mas divertida mistura de Dark Souls com anime. Com uma história muito envolvente e emocionante, e um desafio que apesar de não ser tão grande, ainda assim consegue prender o jogador durante horas e horas de jogatina.

Seu sistema estranho de evolução de personagens é bem confuso no começo, o que certamente vai atrapalhar alguns jogadores, mas quando se entende como funciona as coisas fluem de forma melhor. Se você estiver pensando em dar uma chance para Code Vein, então vá fundo!

Code Vein foi lançado no dia 27 de setembro com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One.

Uma resposta para “Análise Arkade: O souls-like vampírico de Code Vein”

  • 8 de outubro de 2019 às 21:39 -

    Heinberg

  • Mano, eu reviro os olhos quando leio o enredo desses jogos japas… Não consigo mais curtir de jeito nenhum. Tem que jogar por outros fatores, porque se for pela história eu deixo pra lá.

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