Análise Arkade: Deus Ex Mankind Divided melhora o que já era (muito) bom

23 de agosto de 2016

Análise Arkade: Deus Ex Mankind Divided melhora o que já era (muito) bom

Adam Jensen está de volta! Deus Ex: Mankind Divided está sendo lançado oficialmente hoje, mas a gente já jogou e te conta em primeira mão tudo sobre o novo game!

2029: Humanidade Dividida

Deus Ex: Mankind Divided se passa 2 anos após os acontecimentos do jogo anterior. Se você não jogou — ou simplesmente não lembra da história — no começo rola um bem-vindo resumão de tudo o que rolou em Deus Ex: Human Revolution.

Basicamente, depois do incidente que “enlouqueceu” os humanos aprimorados — acostume-se com o termo “aprimorados”, pois é como eles são chamados na versão brasileira do game — que rolou no jogo anterior, a barreira entre humanos e aprimorados só aumentou. Pessoas com augmentations são segregadas severamente, hostilizadas pelos humanos “comuns” e vítimas de policiais truculentos. Existem subúrbios onde só aprimorados vivem, e até os metrôs possuem vagões diferentes para dividir as pessoas.

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Subúrbio onde aprimorados vivem marginalizados.

Neste mundo tão duramente dividido, atritos são inevitáveis. E quando seitas de aprimorados fanáticos surgem e líderes visionários tornam-se alvos de atentados homicidas, reencontramos Adam Jensen, que agora trabalha para uma Força Tarefa especial da Interpol cujo objetivo é, primeiramente, tentar evitar o terrorismo e a guerra entre humanos normais e aprimorados.

Porém, quanto mais Jensen investiga, mais perigosas as coisas vão ficando. Este “apartheid tecnológico” vai muito além da consequência traumática pós-incidente: há uma conspiração rolando, e quem está por trás dela claramente tem interesse em manter pessoas normais e aprimoradas divididas, custe o que custar. Para tentar trazer um pouco de paz a ambos os lados, Jensen terá que cavar bem fundo, e é claro que desenterrar segredos sórdidos sempre gera consequências.

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Sem entregar spoilers, posso adiantar que a trama de Deus Ex: Mankind Divided é densa e muito bem escrita. Menos apoteótica, mas nem por isso pior. Mais do que isso, a narrativa é atual: em tempos onde um candidato à presidência dos Estados Unidos planeja construir um muro na fronteira para evitar a passagem de imigrantes, temas como preconceito, segregação e intolerância são mais relevantes do que nunca.

Bem-vindo a Praga

Ainda que seja uma evolução de Human Revolution em praticamente todos os aspectos, Mankind Divided é um jogo mais contido. Quase toda a trama se desenrola em apenas um lugar: a cidade de Praga, que é meio que o epicentro de toda a discussão social que envolve os direitos dos aprimorados e a coexistência deles com pessoas normais.

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A cidade de Praga é dividida em vários distritos interligados.

Isso deixa o jogo menos “globalizado” que o título anterior (que passava por vários países diferentes), mas também permite que seja dado um foco maior nas pequenas coisas: Jensen pode ir até seu apartamento para descansar um pouco, e também pode entrar em bares simplesmente para beber uma cerveja.

O que temos aqui está longe de ser um RPG de mundo aberto: a cidade é dividida em distritos — que são interligados pelo metrô –, mas há muito o que se ver e explorar em cadas um deles. Como eu disse em meu review de No Man’s Sky: as vezes, menos é mais, e aqui temos um caso claro de um jogo que se beneficia por manter a ação concentrada em um território menor.

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Este cartaz de HMFC é apenas um exemplo dos detalhes que enriquecem o universo do jogo.

Este escopo reduzido também permite que o ambiente em si ganhe mais identidade, e participe mais ativamente da trama: as sidemissions geralmente envolvem auxílio a cidadãos aprimorados que estão sendo vítimas de algum tipo de abuso, e ao conversar com eles você invariavelmente acaba descobrindo coisas que deixam o universo do jogo muito mais orgânico. Corrupção, tráfico, abuso de poder, traição, tudo ocorre “debaixo do nariz” de uma polícia que está mais preocupada em usar a força do que a razão.

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Praga representa muito bem a Mankind Divided do título, e o game aproveita muito bem a cidade para potencializar a imersão desta nova aventura de Jensen, que, é claro, também passeia por outros lugares, como a bela Dubai (imagem acima).

Gameplay “aprimorado”

Como em time que está ganhando não se mexe, Deux Ex: Mankind Divided mantém seu gameplay essencialmente igual ao do jogo anterior: você estará o tempo todo hackeando portas e terminais e tentando passar despercebido. Você também terá que participar ativamente de muitos diálogos tensos, tomar partidos, fazer julgamentos e ver as consequências de suas decisões afetarem a forma como os outros enxergam Adam, podendo tornar sua vida mais fácil ou mais difícil.

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O minigame de hacking está mais bonito, mas continua essencialmente o mesmo.

Você também é livre para decidir se prefere ser um supersoldado que entra pela porta da frente matando todo mundo ou se prefere uma abordagem stealth, esgueirando-se por dutos de ventilação e apenas incapacitando seus inimigos quando não consegue evitá-los. O layout dos cenários oferece diversas opções ao jogador. Novamente, é possível ir até o fim do jogo sem matar ninguém, o que oferece um desafio e tanto para quem resolver encará-lo.

Independente da abordagem que você escolher, sempre pode contar com os bem-vindos aprimoramentos cibernéticos de Jensen para te dar uma força. Ainda que o jogo use aquele velho clichê de “resetar” as habilidades do protagonista, isso é compensado com uma nova leva de augmentations experimentais que deixam Jensen ainda mais poderoso. Novamente, você desbloqueia novas habilidades usando Praxis, que podem ser encontrados ou ganhos subindo de nível.

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Os quadrantes com “chuviscos” na imagem representam os aprimoramentos experimentais. Use-os com cautela.

Entre as novidades, temos habilidades como melhoria de foco, hacking à distância e até uma “armadura” blindada capaz de deixar o personagem invulnerável por algum tempo. Para não acabar tornando-o overpowered, foi imposto um limite sagaz: essas novas augmentations superaquecem o “sistema” de Jensen, de modo que você precisa sempre “desligar” uma augmentation para habilitar outra, ou seu sistema pode fritar.

Confira um pouco de gameplay que capturamos no PS4 abaixo, com uma abordagem de infiltração stealth. Atenção para as dublagens em português:

No geral, o gameplay é familiar, mas recebeu um polimento que deixa tudo muito mais fluido e responsivo. Os menus estão organizados e é fácil fazer upgrades e trocar de armas mesmo durante a ação. E se o jogo estiver fácil demais para você, experimente o modo “I didn’t ask for this” (entendedores entenderão) que aumenta a dificuldade ao máximo e ainda acrescenta permadeath: se morrer, vai ter que começar tudo de novo.

É verdade que tem multiplayer?

É… mais ou menos verdade. O multiplayer de Mankind Divided chega na forma do Breach, e ele lembra muito as famosas VR Missions da série Metal Gear Solid: no papel de um hacker que busca segredos nos servidores de grandes corporações, seu trabalho é usar e abusar de suas táticas de stealth e infiltração para superar sentinelas, lasers e outras armadilhas. Tudo com um estiloso visual meio low poly que lembra ótimos jogos como SUPERHOT e Volume.

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O estiloso visual low poly do modo Breach.

Mas não se preocupe, pois o Breach é um modo de jogo totalmente à parte, que não afeta em nada o excelente andamento da campanha principal do game — que é totalmente single player e passa fácil das 20 horas.

Há uma “introdução” de como funcionam esses hacks em realidade virtual durante a campanha, e no Breach o que temos são basicamente salas de desafios onde você coloca em xeque suas habilidades de hacking, stealth e tiro.

Conforme sobe de nível, você vai aumentado seu arsenal de armas e aprimoramentos virtuais. O fator multiplayer são basicamente as leaderboards, e o fato de você poder desafiar seus amigos a bater a sua pontuação em cada missão, mais ou menos como é possível fazer com as Torres de Mortal Kombat X.

Ainda não consegui me aprofundar muito no modo Breach, mas a ideia é sem dúvida é muito interessante, casa perfeitamente com a proposta do game, e o design criativo dos desafios sem dúvida oferece uma bem-vinda sobrevida a um jogo que mesmo sem isso já seria excelente.

Audiovisual

Deus Ex Human Revolution redefiniu toda a identidade visual da franquia em 2011, e Mankind Divided expande tudo o que foi mostrado lá. O design do mundo em si é muito bonito, ainda que mantenha aquela aura suja e corrompida que toda boa obra estilo cyberpunk deve ter. Os modelos dos personagens estão ainda melhores, e detalhes como rugas, cabelos e textura de roupas impressiona tanto quanto os ótimos efeitos de iluminação.

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As expressões faciais estão excelentes.

Alguns bugs ocasionalmente acontecem — geralmente quando inimigos caídos “se enroscam” em elementos do cenário — mas no geral o game está bem caprichado em sua apresentação. O mesmo não se pode dizer da dublagem brasileira do game, que deixa a desejar não só no quesito “interpretação”, mas também conta com oscilações de volume aleatórias e em mais de um caso nos brindou com uma sincronia labial terrível.

Até gravei um destes momentos para você não achar que estou exagerando. Confere aí (atenção: a conversa contém spoilers leves):

Talvez isso seja consertado com um patch (já tem um programado para hoje), mas achei válido deixar isso claro para quem for muito empolgado com a dublagem brasileira não se desapontar. Na pior das hipóteses, é possível jogar com o áudio original e legendas em português. Ah, e a trilha sonora continua muito boa!

Conclusão

Deus Ex: Mankind Divided parece ir na contramão da maioria das sequências de grandes jogos: enquanto outras franquias sempre tentam alçar voos mais altos, deixando tudo maior e mais explosivo, o que temos aqui é um jogo menos “grandioso”, mas mais focado em contar uma boa história e em oferecer ao jogador ferramentas para ele proceder como achar melhor.

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Essa abordagem “fora dos padrões” não tira em absolutamente nada o mérito do jogo: o escopo diminuiu, mas a quantidade de detalhes que enriquecem o universo do jogo em si aumentou muito. A história se mantém instigante, e o gameplay está ainda mais afiado, com novos augmentations para você customizar o “seu” Adam Jensen como achar melhor.

No fim das contas, dá para traçar um paralelo com a própria ideia do jogo: se os seres humanos que recebem implantes cibernéticos se tornam aprimorados, o que temos em Mankind Divided é um Deux Ex aprimorado: melhor em todos os aspectos, sem exagerar na dose a ponto de se perder em sua própria grandiosidade.

Jogo recomendadíssimo para quem é fã da série, especialmente para quem curtiu Human Revolution (tem como não curtir um jogaço daquele?). O duro vai ser esperar pelas (inevitáveis) DLCs que aprofundam ainda mais a história…

Deus Ex: Mankind Divided está sendo lançado hoje (23/08) para PC, Playstation 4 e Xbox One. O game chega ao nosso país 100% em português brasileiro.

3 Respostas para “Análise Arkade: Deus Ex Mankind Divided melhora o que já era (muito) bom”

  • 23 de agosto de 2016 às 17:36 -

    Felipe Tostes

  • Human Revolution foi um jogasso mesmo.. Joguei no PC na época. Vou pegar de PS4 assim que sair uma promoção bacana, já que estou no Mad Max, depois ainda tenho Doom e Dishonored.. Haja tempo rs

    • 23 de agosto de 2016 às 17:38 -

      Felipe Tostes

    • Dishonored não, Bloodborne

  • 24 de agosto de 2016 às 14:16 -

    Walace

  • Ótimo game mesmo! Peguei pro xbox e estou quase engolindo a tv

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