Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

1 de outubro de 2015

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

Após uma inglória morte devido a uma forte tempestade, Thora recebe uma segunda chance para entrar ao portões dourados de Valhalla. Confira agora a nossa análise de Jotun!

Thora se encontra acordando em campos verdejantes e cheios de vida, servindo como um contraste de seu último momento como uma guerreira. O primeiro pensamento após acordar é de tentar entender o que está acontecendo e o que levou a ela estar bem aqui após sua repentina morte? Sem pensar duas vezes, Thora se levanta do campo de grama que estava deitada, pega o seu machado de duas mãos e começa a explorar a misteriosa, porém familiar, floresta.

Eis que subindo o morro Thora avista o gigantesco tronco da árvore Yggdrasil, que sobe até os céus e une os diferentes mundos nórdicos. Thora nota que há pedras enfileiradas perto de onde as raízes de Yggdrasil estão saindo, e com isso ela sabe que precisa ir até lá.

Mal Thora sabia que este era o inicio de sua longa e tortuosa jornada em ascensão ao Valhalla, seu lugar especial que somente aqueles que morreram uma morte gloriosa podem entrar.

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

A RICA MITOLOGIA NÓRDICA

São pequenos momentos como este que fazem Jotun ser uma experiência tão incrível, trazendo a sensação de uma história que foi retirada diretamente de um livro de contos sobre a mitologia nórdica. Desenvolvido pelo estúdio independente Thunder Lotus Games, Jotun conta a história de nossa heroína Thora e seu caminho para se provar como a verdadeira viking que ela é ao derrotar os Jotuns, conhecidos popularmente como gigantes elementais que possuem poderes baseados em suas diferentes formas da natureza.

Claro que Thora não está sozinha, recebendo poderes pelas estátuas que homenageiam os deuses do panteão nórdico e que estão espalhadas pelos diferentes mundos que a nossa protagonista passa antes de derrotar um Jotun. Alguns poderes são mais diretos, como o martelo de Thor, que faz o seu machado de duas mãos encarnar o poder do martelo Mjolnir para emplacar um dano maior, ou a lança de Odin, Gungnir, que inflige dano a distância. Enquanto outros poderes funcionam como aliados a Thora, como a velocidade de movimento e ataque aumentada de Freya, o poder de criar uma cópia falsa de Loki, a invencibilidade temporária em dano infligido pelo escudo de Heimdall, e a cura momentânea de Frigg.

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Para facilitar o percurso — e acredite, você irá precisar de uma ajuda — temos a maçã dourada da deusa Ithunn que se situa escondida em um ponto especifico do mapa, e ao digerida Thora recebe uma melhoria em sua barra de vida total, além disso temos o poço do sábio deus Mimir, que serve como um checkpoint e uma forma de revigorar todos os poderes gastos até o momento e a vida perdida pelos encontros anteriores.

Como pode ver, Jotun é um jogo que se suporta bem sobre a mitologia nórdica e a eleva para a décima potência, com cenários, personagens e histórias fieis ao universo. Vemos a cabeça decepada de Mimir em torno de um poço cheio de água com raízes emaranhadas a um emblema gravado no chão, temos os diferentes deuses escandinavos que são mencionados na história, a dublagem em islandês que apresenta este conto, os próprios seres gigantescos que Thora derrota em seu caminho, além dos diferentes pontos históricos nos cenários que desenrolam o universo como um todo ao explicar um pouco mais da rica mitologia nórdica.

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DETALHES E MAIS DETALHES

Toda pesquisa e atenção aos detalhes mostram como a equipe da Thunder Lotus Games conhece o material que baseou seu jogo, surpreendendo não só por isso mas também por levar este universo a vida de uma forma concisa e que ao mesmo tempo não precisa de ficar o tempo inteiro explicando estes pontos, Jotun assume que jogador tem um conhecimento básico adquirido pela diversas vezes que a cultura pop abrangeu o tema e que consegue entender os pontos principais, além do fato que o próprio jogo consegue ser extremamente satisfatório mesmo sem saber destes pequenos detalhes.

Com isso em mente, Jotun apresenta uma história que se complementa ao mundo que a nossa heroína caminha e com os Jotuns que ela derrota. Após derrotar Jera, a Jotun da natureza, Thora se encontra no vasto abismo de Ginnungagap, um lugar onde existe somente o vazio que está entre o calor inimaginável de Muspelheim e os gélidos terrenos de Niflheim. Por lá, Thora tem autonomia completa de escolher o seu caminho para derrotar o próximo Jotun, ou seguir os misteriosos corvos que ficam no inicio de um caminho especifico, te guiando para a gradativa dificuldade que cada Jotun apresenta.

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

Assim como a história nos mostra, cada Jotun representa os diferentes pilares originados pela natureza. Temos , o Jotun da caverna de Nidavellir que representa os tesouros da caverna dos anões, os defendendo fervorosamente contra qualquer perigo. Em outro caminho temos o reino gelado de Niflheim e o Jotun do inverno, Isa, um poderoso e forte gigante que protege o reino a qualquer custo. Já mais embaixo recebemos o calor insuportável de Muspelheim, lugar onde Kauna, o barbado Jotun de fogo que habita por lá forjando a sua espada, a Lâmina de Ragnarok, feita para acabar com os deuses nórdicos de uma vez por todas e ajudar ao seu futuro reino de gigantes.

Seja deslizando pelas raízes de Yggdrasil para encontrar a runa no ponto mais baixo do universo e avistar o gigantesco dragão Nidhogg no fundo destruindo tudo que vê pela frente com pestilência e corrupção, ou passando pelos imensos galhos da árvore primordial até encontrar a Grande Águia e o Falcão Vethrfolnir guardando o perímetro e dificultando cada centímetro subido por Thora, Jotun traz este consenso de um trabalho impecável na hora de trazer todas essas histórias para o jogador. Assim todos estes pequenos detalhes e grandes momentos trazem autenticidade para Jotun e crian uma experiência inigualável ao jogo.

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

VÍVIDO E CAPRICHOSO

Já para trazer a jornada de Thora fora do papel, o pessoal da Thunder Lotus Games decidiu se aproximar esteticamente para um estilo traçado totalmente a mão, mantendo o visual cartunesco do começo ao fim para visualizar os épicos personagens da mitologia nórdica. Sem dúvida nenhuma este é um dos maiores atrativos de Jotun, os desenhos são construídos com uma animação caprichosa e cheios de vida para retratar os personagens.

A barba feita de lava de Kaunan, o visual ensandecido de Hagalaz, e o comportamento de animalesco de Isa são algumas das ideias que a Thunder Lotus Games fez com seus personagens e que se tornaram escolhas certeiras para trazer mais personalidade para eles. Complementando com a história, a atenção aos detalhes foi importante para os desenvolvedores durante o processo de animação e construção dos diferentes cenários.

O Lago Jormungandr e os Nove Rios de Niflheim, o caminho completo sobre o decadente corpo do gigante Ymir, e a Forja de Brokkr representam cenários que foram cuidadosamente construídos pela equipe da Thunder Lotus Games, todos mais impactantes e memoráveis do que os anteriores.

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O CALOR DA BATALHA

Todos estes caminhos chegam para o momento culminante, o encontro de Thora com o gigantesco Jotun. Cada batalha é única e mais interessante que a outra, cada gigante tem a sua lista de poderes de acordo a sua natureza e age de uma forma diferente. Jera tem as raízes e o veneno da natureza que se espalha rapidamente pelo cenário, Isa é mais animalesco e ameaçador com seus ataques diretos, tem os anões para ajudar no combate, Hagalaz tem uma variedade de golpes mais estratégicos que são perfeitos a distância, e Kaunan utiliza o ferro de sua Ragnarok aliada ao fogo eterno de Muspelheim ao seu favor.

No outro lado do confronto temos a nossa heroína Thora, empunhando seu fiel machado de duas mãos e o suporte dos deuses que a estão ajudando com uma pequena amostra de seus poderes. Os movimentos mais simplistas de Thora – um ataque simples, um ataque mais pesado porém demorado e uma esquiva – facilitam na hora de pegar o controle para jogar, enquanto os poderes especiais servem para você masterizar suas habilidades e saber a hora exata para dar o máximo de golpes com o martelo Mjolnir, para enganar o inimigo com a sua cópia ou até usar o escudo Heimdall no momento certo para impedir qualquer tipo de dano direto.

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

Para tornar as batalhas mais épicas, Jotun traz uma impressionante orquestra musical para o combate, com tambores, violinos e sons pesados dos metais ecoando aos sons dos impactos de cada golpe, acrescentando uma camada de complexidade em cada Jotun enfrentado. A orquestra se acentua ao ambiente e comportamento dos inimigos, Hagalaz por exemplo, é acompanhada aos sons estridentes do violinos que remetem a velocidade e seu tema principal de eletricidade, Kaunan recebe tambores mais acelerados para a urgência que ele representa. Em outro momento nos sentimos acalmados ao atravessar o vasto Lago Jormungandr, ou completamente desesperados ao sentir o terror que há nas fissuras incandescentes em torno o corpo de Ymir.

Assim como os jogos que Jotun se inspira tanto, grande parte do combate é baseada em oportunidade e estratégia para maximizar o seu dano. O segredo é encontrar a hora certa para atacar entre esses intervalos de investidas incessantes dos Jotuns. A sensação de esquivar no último segundo, ativar o poder do martelo Mjolnir e infligir aquele dano maciço no Jotun é extremamente satisfatório, enquanto a luta se torna cada vez mais desafiadora e divertida.

Análise Arkade: A épica jornada de Jotun

Cada Jotun tem dois estágios, sendo que tudo fica muito mais complexo quando ele atinge metade da barra de vida. Os golpes são mais frequentes e novas habilidades surgem, forçando o jogador a mudar sua estratégia para se manter vivo. Essa injeção de adrenalina desenvolvida graças ao uníssono de sentidos vale cada segundo, deixando o seu coração batendo a mil em busca de derrotar o inimigo e provar o seu valor para os deuses nórdicos.

A minha única ressalva na jogabilidade é a pequena guinada no nível de desafio dos Jotuns, sendo que existe um pulo e tanto a partir do penúltimo e último chefe em comparação aos primeiros que enfrentamos, que estavam gradativamente mais difíceis mas ainda com um combate satisfatório. Hagalaz e por exemplo, são dois dos meus Jotuns favoritos pelos diferentes níveis de complexidade que ambos vão direcionando ao jogador, deixando tudo bastante divertido e recompensador a cada golpe desferido por Thora.

Já os dois últimos inimigos conseguem te frustrar em certos momentos por causa das formas imperdoáveis que eles atacam. Eles estão longe de estragar a experiência de Jotun como um todo, mas admito que fiquei bem estressado pelas repetidas vezes que morri nas mãos deles.

CONCLUSÃO

Jotun traz uma experiência satisfatória e extremamente surpreendente, tanto pela qualidade geral quanto na atenção aos pequenos detalhes da mitologia nórdica que são emprestadas em seu percurso. A premissa é bastante interessante e a história de Thora é cativante, com a nossa protagonista dando pequenos resumos de sua vida no glorioso campo de batalha durante os intervalos entre um Jotun e outro em Ginnungagap.

Com um escopo tão gigantesco quanto os inimigos que Thora enfrenta em seu percurso para impressionar os deuses do panteão nórdico, e com uma pequena equipe desenvolvendo este projeto hercúleo, me faz ter a plena certeza que a Thunder Lotus Games nos impressionou muito bem com Jotun, trazendo um jogo desafiador, visualmente impressionante, e acima de tudo, extremamente divertido.

Jotun está disponível no Steam.

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