Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

27 de junho de 2015

Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

Surge um novo indie brasileiro em cena com um jeito estranho e nonsense, e lá vamos nós nos aventurar com Tcheco in the Castle of Lucio!

O cenário gamer brasileiro se  desenvolveu muito nos últimos anos. Tivemos várias produções novas, cada uma impondo seus objetivos em criar games com um forte apelo para atrair o público de nosso país, e para conquistar jogadores ao redor do planeta. E felizmente os esforços tem dado muito certo, e hoje temos títulos como Oniken, Mr. Bree, Chroma Squad, Aritana, Toren e vários outros.

E eis que de repente surge um game com uma proposta inovadora: não ter proposta. A ideia é ser simples, funcional, engraçado e completamente nonsense, talvez de forma não intencional. Este jogo é Tcheco in the Castle of Lucio, um game que só pelo seu título já é capaz de confundir nosso cérebro e até mesmo nos atrair. É isso que o game conseguiu fazer: chegando na festa como quem não quer nada, não é Tcheco manda muito bem?

UM “NOVO” INDIE (HUE BR)ASILEIRO

Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

Talvez você não conheça o protagonista desse game, eu mesmo não conhecia o personagem antes do game. Tcheco é um personagem brasileiro criado por Marcelo Barbosa há muito tempo atrás, iniciando sua história na TV em 1999 com uma série animada do mais puro nonsense. 

E o que falar sobre Tcheco? Ele é um curioso cidadão um tanto quanto torto, com certos problemas mentais fortes, barba falha, e uma carinha desenhada na palma da mão. Mas que, segundo o próprio Tcheco, é o maior herói brasileiro de todos os tempos.

Saído da TV e atual residente da internet com seus videos completamente nonsense, Tcheco já teve games anteriores, ou melhor, ROM-hacks de jogos do antigo NES criados pelo próprio Marcelo Barbosa, até que no fim do ano passado, o personagem enfim ganhou um game original próprio, que chegou recentemente na Steam a preço de banana.

Na verdade, o nome real do game é Tcheco in the Castle of Sarney, mas por questões óbvias ele chegou ao Steam com um outro nome “comercial”, Tcheco in the Castle of Lucio. Felizmente, dentro do game tudo continua do jeito que era originalmente, sem nomes estrategicamente trocados e com toda a sua loucura!

RETRÔ, NONSENSE E MUITO DESAFIADOR

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Apesar de parecer completamente estranho, Tcheco in the Castle of Lucio é realmente um bom game! Se você viveu os anos 90 e teve seus momentos de glória jogando NES ou Master System, então estará familiarizado com o estilo do game. Ele conta com gráficos 8-bit e cenários dignos de jogos desse período, assim como músicas viciantes que parecem realmente originadas de um game de Master System.

No game, controlamos o infame Tcheco enquanto ele se aventura no castelo de Sarney (que, além do nome óbvio, é uma sátira a uma outra figura que gerou assunto no cenário de games brasileiro nos últimos tempos). Porque ele está no castelo, ninguém sabe. Só sabemos que, uma vez que estamos ali, temos que chegar até o fim!

O game é dividido por telas, cada uma é uma fase nova. O objetivo em cada uma é pegar a chave para abrir caminho para a próxima. Simples na teoria, mas nem tanto na prática: o game possui um alto nível de desafio, e cada fase tem uma forma diferente de ser terminada. Ao todo o game possui 65 fases, incluindo batalhas contra chefões. Eu mesmo só consegui progredir até a fase seguinte a do primeiro chefão, e ainda não consegui superá-la!

Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

A dificuldade aumenta ainda mais pelo fato do game não possuir continues nem check-points. Temos apenas uma única vida, representada por uma barrinha com 8 pontos: cada vez que Tcheco se machuca, ele perde um ponto, e quando a barrinha se esvazia, já era, game over, de volta à primeira fase!

Apesar da frustração em ter que recomeçar o jogo da primeira fase a cada morte, com a repetição vamos conseguindo superar as fases que achávamos difíceis demais com mais facilidade, e apesar disso a diversão não é comprometida, a não ser que você seja um “rage quitter”, que se irrita muito com jogos difíceis e desiste.

Já falando sobre as fases, temos de tudo, do imaginável ao inimaginável. Temos escadarias com morcegos (Castlevania feelings?), piscinas com duas mulheres obesas nadando pra cima e pra baixo, fases inspiradas em games clássicos, easter eggs de Oniken, assaltos a banco, fundo do mar, fases onde é preciso andar de skate nas paredes ou em estantes de livros e etc. A variedade é impressionante, bizarra e hilária.

Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

Por fim, a jogabilidade do game é tão simples como jogos antigos. A única habilidade de Tcheco é pular, que aliás, é feito apertando a tecla Z, (guarde essa informação, pois o game não avisa qual é a tecla de pulo). Ele não pula alto, então é preciso atenção na hora de pular sobre obstáculos ou para atingir plataformas sem encostar nos inimigos. O fato de Tcheco não pular alto não chega a ser frustrante, pois é possível se virar muito bem dessa forma, mas vai exigir um pouco de treino para conseguir avançar de fase em fase.

AUDIOVISUAL

Não há muito o que dizer aqui: o game possui gráficos e efeitos sonoros simples. Algumas limitações e problemas foram notados: a resolução do game é bem pequena, o que faz com que ícones como o ponteiro do mouse fiquem gigantes na tela, mas, curiosamente, não há a opção de jogar em modo janela.

Análise Arkade: O espírito HUE BR chega aos games com o indie Tcheco in the Castle of Lucio

Além disso, de maneira estranha, o game sempre dá aviso de “crash” quando saimos dele. Pelo menos esse erro acontece somente ao sair do game. Mas, no geral, esses probleminhas não afetam a experiência do game.

CONCLUSÃO

Tcheco in the Castle of Lucio vale totalmente a pena, principalmente graças a seu preço: apenas uma moedinha de 1 real, mais barato que passagem de ônibus.

Se você está atrás de um excelente indie brasileiro, simples, divertido, desafiador e extremamente nonsense, dê uma chance para Tcheco. A diversão e a nostalgia cheia de referências aos anos 90 são garantidos, e, honrando o HUE BR, aqui a “zoeira never ends”!

Tcheco in the Castle of Lucio foi produzido inteiramente pelo criador do personagem, Marcelo Barbosa. O jogo foi lançado no dia 22 de junho exclusivamente para PCs e está disponível na Steam.

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