Além do Review Arkade: Final Fantasy VIII Remastered – a melhor versão de um clássico

3 de setembro de 2019
Além do Review Arkade: Final Fantasy VIII Remastered - a melhor versão de um clássico

O mais injustiçado capítulo da série Final Fantasy enfim tem uma nova chance de brilhar: 20 anos após seu lançamento original para o PS1, Final Fantasy VIII retorna remasterizado, e entrega uma experiência incrível, com personagens carismáticos e uma grande história!

Uma história de amor

Final Fantasy VIII conta a história de Squall, um estudante treinado para ser um soldado da SeeD — uma espécie de esquadrão de elite que intervém em conflitos e tretas diplomáticas pelo mundo.

Tímido, reservado e de poucas palavras, a vida do rapaz muda quando a bela e misteriosa Rinoa lhe tira para dançar durante o seu baile de formatura da SeeD, aproximando-se dele de um jeito tão leve e marcante que derruba as barreiras sociais que ele costumava levantar.

Além do Review Arkade: Final Fantasy VIII Remastered - a melhor versão de um clássico
Final Fantasy VIII é um romance

Sem entregar demais da história, nasce ali um romance que vai de encontro ao destino do mundo, um amor que transcende barreiras, e que colocará um grupo de jovens heróis em combate contra feiticeiras do futuro, no meio de conflitos entre nações, enfrentando monstros, máquinas e diversos outros perigos.

Pois é, Final Fantasy VIII é, antes de mais nada, uma história de amor. Outros jogos da franquia flertam com isso, mas acho que este é o único episódio da série em que o romance é a força motriz da narrativa. Ok, a gente acaba salvando o mundo, mas o objetivo principal é sempre salvar Rinoa, para que ela e Squall possam ficar juntos.

Não lembro em que ano joguei Final Fantasy VIII, mas ele foi uma experiência muito pessoal para mim, o nerd reservado e tímido do colégio que tinha um crush por uma garota que parecia ser boa demais para mim. Eu me identifiquei com o jogo e alguns de seus dilemas de uma forma que nunca tinha me acontecido até então. FF VIII me fez perceber o quanto uma história de amor pode ser boa.

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20 anos depois, eu já não sou um pré-adolescente espinhento, mas está sendo um prazer revisitar este clássico, reviver momentos que me marcaram e reencontrar personagens que são quase como velhos amigos — mas que sem dúvida estão muito mais bonitos do que eram no PS1.

Jogando — com atalhos

(Re)jogar Final Fantasy VIII nos dias de hoje ainda é um atestado de como este jogo é diferente dos demais em aspectos muito específicos. Até o sexto jogo da série, Final Fantasy era aquela fantasia medieval “de capa e espada” básica com personagens cabeçudinhos, e se o emblemático episódio VII começou a mudar essa fórmula, foi no oitavo jogo que a revolução veio com tudo: os personagens abandonaram o visual cartunesco em prol de um visual mais realista, e a temática de fantasia medieval deu lugar a um mundo futurista, globalizado, mais pautado pela tecnologia.

Final Fantasy VIII chega apostando de vez em um pegada mais moderna, com conflitos diplomáticos que são resolvidos mais com armas de fogo do que com habilidades mágicas. As magias continuam presentes e ainda são importantes, mas tornaram-se algo muito menos glamouroso até em sua apresentação — nada de magos, aqui qualquer um pode “drenar” magias de fontes espalhadas pelo mundo do jogo para utilizá-las em combate.

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Squall e Quistis em ação

O jogo também aposta muito mais em veículos para exploração do mundo, e introduziu “um jogo dentro de um jogo” com o card game Triple Triad. Há quem ame, há quem odeie (eu meio que odeio), mas foi algo relativamente inovador na época. Então, se você joga The Witcher 3 hoje e acha Gwent o máximo, saiba que Final Fantasy VIII já fez algo do tipo duas décadas atrás!

Como em outros remakes e remasters modernos, a Square Enix acrescentou alguns “atalhos” que tornam a experiência mais ágil — e até mais fácil. É possível, por exemplo, acelerar 3x a velocidade do jogo, o que dinamiza bastante a exploração (e é ótimo para não precisarmos assistir todo o show off dos Summons cada vez que eles são utilizados em batalha). Também é possível desativar completamente os encontros aleatórios com inimigos, e até mesmo turbinar seu time com barras de Limit Break infinitas.

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O “X3” ali no canto indica que o jogo está rodando acelerado

São pequenas “trapaças” que podem ajudar um novo público — que cresceu jogando outros tipos de RPGs — neste primeiro contato com o game. E, vale ressaltar, são recursos totalmente opcionais, os puristas podem curtir o jogo sem utilizar nada disso (eu ando usando o que acelera em 3x e estou adorando; o Rodrigo de hoje tem bem menos tempo para jogar do que de 1999).

No mais, o gameplay ainda é simples em sua essência, mas com muita profundidade em seus pormenores. O sistema de Junctions e a total ausência de árvores de habilidades são apenas alguns dos aspectos que fazem de FF VIII um JRPG bastante diferente e disruptivo. Mas não se preocupe, pois há tutoriais para te explicar tudo (e eles não podem ser acelerados, então venha preparado).

A nova cara de um clássico

A melhoria mais significativa deste Final Fantasy VIII Remastered está no visual refeito: modelos de personagens, monstros, summons, veículos, enfim, tudo o que era poligonal e “descolado” dos fundos pré-renderizados foi refeito e atualizado, ganhando um visual muito mais limpo, sem perder a identidade já estabelecida. Menus e tutoriais também passaram por um belo upgrade, o que garante a legibilidade de tudo.

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Olha como o Squall tá bonitão!

O tratamento recebido aqui é muito superior aos relançamentos de FF VII e FF IX, por exemplo, que foram basicamente ports de versões dos jogos para outras plataformas. Aqui a Square realmente colocou a mão na massa, refazendo e atualizando incontáveis modelos poligonais para deixar o jogo como um todo muito mais bonito.

No vídeo abaixo, você pode ver a comparação da nova versão (rodando no PS4 Pro) com a versão do game que foi lançada para PC há alguns anos:

Só é meio triste que o jogo não aproveita o formato widescreen das TVs e monitores atuais, mantendo a ação “quadrada” no centro da tela, em formato letterbox 4:3 com bordas pretas. Alguns remasters permitem que o jogador “estique” o jogo para aproveitar toda a tela, ou pelo menos customize as bordas da tela, mas não é o caso aqui.

As emblemáticas cutscenes do jogo também se mantém no formato “quadrado”, mas receberam um merecido banho de loja para ficarem mais apresentáveis, e o visual limpo delas faz jus à sua grandiosidade, visto que coroam momentos-chave da trama e maneira exemplar.

Final Fantasy VIII é de um tempo que a série ainda não era dublada, e a falta de vozes quase soa estranha para os padrões atuais. Felizmente, o restante do departamento sonoro do jogo é impecável, e os sons de batalha e exploração somam-se à uma trilha sonora primorosa para engrandecer a experiência. Liberi Fatali ainda é minha canção favorita da saga, e poder revê-la na incrível cutscene de abertura do jogo ainda me causa arrepios.

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Zell: tão gente boa que se torna até chato XD

Infelizmente, a SquareEnix não se deu ao trabalho de traduzir o game para novos idiomas: menus e legendas estão disponíveis apenas em inglês, e considerando o quanto da narrativa é pautado por diálogos, um bom conhecimento do idioma é fundamental.

Novamente, este é um jogo de outra época, e naquele tempo, jogo em português era raridade. Para falar a verdade, este foi um dos games que me fez ter real vontade de aprender inglês quando era mais novo, um conhecimento que sem dúvida é mais relevante hoje do que era lá em 1999.

Conclusão

Eu sempre tive um carinho especial por Final Fantasy VIII, e nunca entendi porque ele é tão mal visto por uma parte dos fãs. Rejogando-o hoje, com visual melhorado e a possibilidade de “trapacear” para ganhar tempo, o jogo me pareceu tão incrível quanto era no PS1, e sua bela história e seus personagens cativantes ainda me fascinam.

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Ifrit continua destruidor

Confesso que ainda nem cheguei ao final — a jornada é longa e o tempo é curto –, mas conheço a história do início ao fim, e ela não mudou. Vou curtindo esta versão remasterizada sem pressa, mas quis trazer um artigo para você na data de lançamento porque, né, é um jogo único, que marcou a minha vida e espero que também marque a sua.

Não há imparcialidade nenhuma em meu veredito: Final Fantasy VIII sempre foi o meu favorito, e ter a oportunidade de rejogá-lo em uma versão melhorada é o tipo de experiência que eu considero imperdível.

Se você já gostava dele originalmente, pode vir sem medo, pois ele está ainda melhor. Se você nunca teve a chance de conhecer a maravilhosa história de Squall, Rinoa, Zell, Quistis e cia., esta é a melhor oportunidade que você vai ter, afinal, este jogo dificilmente vai receber um remake completo como seu irmão mais famoso, Final Fantasy VII.

Além do Review Arkade: Final Fantasy VIII Remastered - a melhor versão de um clássico

O que não necessariamente é um indicador de qualidade, mas de estratégia e mercado: Cloud e Sephiroth são as galinhas dos ovos de ouro da Square, e ela ainda aposta muito neles, já explorou-os exaustivamente no passado, e vai continuar explorando-os no futuro. Nada contra, é um baita jogo, e eu mal posso esperar pelo remake.

FF VIII por sua vez, pode não ter o mesmo apelo, mas (para mim) é mais especial, mais pessoal. Ele foi muito importante na minha juventude, e sua mensagem continua sendo poderosa, universal, envolvente. Revisitar este clássico nesta merecida versão melhorada está sendo um prazer indescritível.

Final Fantasy VIII Remastered está sendo lançado hoje (03/09), com versões para PC, Playstation 4 (versão analisada, rodando no PS4 Pro), Xbox One e Nintendo Switch. Este review foi feito graças a um código de acesso antecipado, que recebemos da Square Enix.

3 Respostas para “Além do Review Arkade: Final Fantasy VIII Remastered – a melhor versão de um clássico”

  • 3 de setembro de 2019 às 22:09 -

    Helinux

  • Bons tempos do PS1 e seus games clássicos!!!! Sinceramente eu não sai do primeiro CD, lembro!!!!
    Jogar RPG naquele tempo eu ainda não era muito fã…só fui longe mesmo em Phantasy Star do Master System, Might quest final fantasy do snes e Chrono Trigger, bons tempos. No quesito RPG sou fraco…estilo de game que tem que ter uma certa dedicação de tempo, coisa que eu não tenho ultimamente. Tenho boas lembranças da época PS1, saudades!!!! Naquela época eu era feliz e eu não sabia, essa é a verdade!!!!

  • 4 de setembro de 2019 às 08:00 -

    Jaywill

  • FFVIII para mim foi e ainda é o melhor dos FF. Marcou bastante a minha adolescência. Nunca consegui sentar o jogo pq sempre dava problema numa cutscene no CD3 e dali não saia, cheguei a comprar o jogo novamente e não ia, sim, eu jogava pirata. Até hoje tenho duas revistas da PlayStation detonados exclusiva sobre o jogo. Com certeza é um título que não deixarei de comprar, e se a vontade já era grande, lendo essa matéria, o hype só aumentou ainda mais.

    • 4 de setembro de 2019 às 22:51 -

      Rodrigo Pscheidt

    • Opa, fico feliz que gostou do texto, parceiro! Também tenho um detonado do game em uma revista, e estou consultando ele ocasionalmente nesta minha nova jornada pelo game!

      E, mano, que absurdo você nunca ter zerado essa maravilha! Aproveita que o preço tá ótimo (61 reais na PSN) e bote em dia esse atraso! Vale muito a pena! Você vai se emocionar! :)

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