Análise Arkade: InnerSpace é exploração, beleza e psicodelia

17 de janeiro de 2018

Análise Arkade: InnerSpace é exploração, beleza e psicodelia

Embora explodir naves, matar nazistas e destruir robôs gigantes sejam coisas que a gente adora fazer no mundo dos games, vez ou outra só o que a gente quer é um jogo para relaxar, explorar e curtir sem pressa. E se você está em busca de um jogo assim, InnerSpace é a primeira boa opção de 2018.

Em Innerspace, assumimos o controle do Cartógrafo, uma nave/drone construída pelo Arqueologista, que é um sujeito um tanto misterioso que está a fim de desvendar os mistérios do Inverso. O Inverso, por sua vez, é o universo onde se passa o game, uma realidade psicodélica na qual a gravidade não incide da forma como estamos acostumados.

Por conta disso, é normal vermos enormes estruturas flutuando pelo ar, oceanos que se fundem com os céus e cavernas de cristal que giram a esmo pelo espaço. O Inverso está em decadência, mas ele já foi povoado por criaturas divinas, e nosso trabalho é justamente explorar cada mundo em busca de relíquias, na esperança de entender um pouco melhor o processo de degradação desta realidade.

Análise Arkade: InnerSpace é exploração, beleza e psicodelia

Ainda que a história aqui seja um tanto vaga e subjetiva, o lore de InnerSpace é bem vasto: cada relíquia recuperada coloca uma nova pecinha no vasto quebra-cabeça que compõe o universo do game, e o Arqueologista estará sempre pronto para responder suas dúvidas sobre o mundo.

Voando e nadando

No papel deste “drone de exploração”, nosso trabalho é basicamente… explorar. Isso pode ser feito de duas formas: pelo ar, ou pela água. Em ambos os casos, o gameplay se mantém essencialmente o mesmo, não sendo realmente difícil, mas carecendo de um período de adaptação.

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Sempre que chega em uma nova área, simplesmente explore sem pressa, conhecendo o ambiente e buscando pontos de interesse. O jogo dá umas pistas sensoriais para sabermos que há uma relíquia por perto (rola um barulhinho, uma tremidinha no controle), e quando isso acontecer, descubra onde está a relíquia e como chegar até ela.

InnerSpace não conta com puzzles — pelo menos não da forma convencional –, mas te obriga a pensar (e explorar) para descobrir como chegar à relíquia. Vez ou outra você deve usar suas “asas” para cortar cordas, ou se chocar com paredes quebráveis. Na maioria dos casos, porém, a simples exploração dos ambientes irá lhe presentear com relíquias e/ou partes de relíquias.

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Descobrir e entregar relíquias ao Arqueologista não só aprofundam o lore do game, como também acionam mecanismos e portais que lhe permitem progredir no jogo. Nada é muito claro nem muito direto, o lance aqui é ir explorando com calma e descobrindo o que puder, sempre atento às sutis mudanças no cenário e passagens que podem surgir conforme você interage com o cenário.

Falta alguma coisa

Por mais que eu goste de jogos onde o foco é a exploração — tais como Journey e Abzû –, no geral achei InnerSpace um pouco… vazio. No geral ele oferece uma experiência relaxante, mas falta alguma coisa, sabe? A exploração por si só é repetitiva, o que logo deixa o jogo enfadonho.

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Veja bem: jogos como Journey e Abzû trazem momentos de deslumbramento que quebram a rotina, surpreendendo o jogador com situações fantásticas e imprevisíveis. O surf na areia de Journey, o cardume de Abzû, estes momentos únicos são muito emblemáticos, e destacam-se em meio ao gameplay que, de outra forma, seria bem mais simplório.

Falta isso em InnerSpace: os cenários psicodélicos e coloridos enchem os olhos da gente… mas não acontece nada de especial neles. Faltam esses momentos de catarse e descoberta, falta a sensação de estarmos diante de algo realmente único.

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Nem mesmo os encontros com as divindades do game tornam as coisas mais interessantes. No geral são sistemáticos e confusos, o que desperdiça o “potencial de deslumbramento” destas criaturas colossais.

Audiovisual

Eis aqui um ponto que não deixa nada a desejar: InnerSpace é um jogo muito bem resolvido em termos audiovisuais, sendo extremamente colorido e imersivo. Sem a necessidade de se prender às amarras da gravidade, espere por cenários extremamente psicodélicos, vibrantes e abstratos.

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O game não possui vozes, mas conta com menus e legendas em português, o que ajuda bastante, visto que o lore do jogo é bem vasto. A trilha sonora é quase incidental, misturando barulhinhos e acordes para criar faixas suaves, que combinam com o clima relaxante do jogo.

Acho válido ressaltar que a falta de gravidade pode causar certo desconforto para a galera que sofre de motion sickness/cinetose: sem um padrão para o que fica em cima e o que fica embaixo, você pode acabar girando loucamente a tela em busca de referências, e isso pode te causar algum enjoo. Causou em mim, pelo menos.

Conclusão

InnerSpace é um jogo muito bonito, relaxante e gostoso de se jogar sem compromisso nem pressa. Também é algo para ser jogado aos poucos: uma horinha antes de dormir, ou depois do trabalho, para desestressar. De outro modo, ele pode se tornar um tanto chato.

Análise Arkade: InnerSpace é exploração, beleza e psicodelia

Ainda que haja uma notável falta de “momentos épicos” que sirvam para empolgar o jogador e render momentos memoráveis, no geral o saldo é positivo. Se o objetivo dos caras da PolyKnight Games era entregar um jogo lindo e pacato, eles sem dúvida foram muito bem sucedidos. InnerSpace não é indicado para quem busca tiroteios e explosões, mas para quem quer sossego, psicodelia e liberdade.

InnerSpace foi lançado ontem (16/01), com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

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