Análise Arkade – MLB The Show 24 continua ótimo para quem se importa

22 de março de 2024
Análise Arkade - MLB The Show 24 continua ótimo para quem se importa

Confesso que não tenho ideia de quantos fãs ardorosos pela liga estadunidense de baseball (a tal da Major League Baseball cuja sigla dá nome ao tradicional jogo anual produzido pela Sony San Diego Studios) existem aqui no Brasil, mas posso dizer que a grande maioria deles tem (quase) todas as melhores justificativas para estarem contentes com a mais nova edição de MLB The Show, já que enquanto proposta, o game consegue refinar e melhorar todos os melhores aspectos da edição passada.

Só não posso afirmar que não há o que se criticar no jogo porque eles, os fãs, mesmo que em uma quantidade muito menor do que para jogos de futebol ou mesmo outros esportes, em qualquer lugar do mundo que não os Estados Unidos, não recebem a mesma dedicação do outro lado da história, já que MLB The Show 24 continua ignorando completamente qualquer pessoa que não está totalmente envolvida no contexto norte-americano.

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Jogando taco profissionalmente

Para evitar explicar novamente as regras e o contexto de um esporte que nós, a massa brasileira, conhece muito mais pelos filmes e séries que tratam do tema mesmo que transversalmente, aquilo que foi dito seja em 2019, minha primeira análise da franquia, seja na edição anterior de 2023, continua valendo e, portanto, recomendo que os mais interessados possam revisitar os textos disponíveis aqui na revista.

Na edição mais recente da marca, o que há para se destacar é a inclusão de uma série de pequenos ajustes, sobretudo quando estamos em posições diferentes das mais convencionais de arremesso ou de rebatedor, aquelas que são consideradas mais defensivas. Seja qual for a dificuldade escolhida para os mais diversos modos, o que significa alterações importantes nos sistemas de suporte, as adições são o que de mais interessante temos aqui porque trazem dinamismo, exigem respostas rápidas e podem mudar completamente o resultado de uma partida.

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Sinceramente, se havia algo que incomodava antes era ter que atuar nos cantos do campo, nas diferentes posições de homem-base, esperando acontecer alguma coisa. Agora, sobretudo em partidas mais tensas, até mesmo as ações em QTEs são significativas e exigentes. Por vezes, precisamos digitar rapidamente uma sequência de comandos em uma janela de tempo bem pequena. Por outras, até mesmo o drama da câmera lenta no melhor estilo Zack Snyder adiciona valor à qualidade de vida do game. Nada revolucionário, mas tudo muito bem-vindo.

O cerne da experiência, entretanto, continua sendo obviamente a satisfação em acertar uma bola perfeita no tempo exato, mandando-a não simplesmente para fora do campo, mas para o último lance das arquibancadas, saboreando a expressão de decepção da torcida adversária. Seja você um aficionado por estrelas como Aaron Judge, Shohei Ohtani, ou Ronald Acuña Jr., seja só um expert em jogar taco (ou bets) na rua com um pedaço de madeira velho, não importa: acertar uma boa rebatida é um deleite.

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Os modos de prática, treinamento e aperfeiçoamento, desta vez, estão muito mais satisfatórios do que nunca. Aprender a controlar o tempo de reação, a direção da bola e até mesmo em quais arremessos investir é uma forma muito agradável de se entender as regras do esporte, ao menos aquelas que realmente importam saber para não ficarmos completamente perdido entre bases e pontuações. Claro que não há qualquer interesse aqui em ensinar baseball para leigos, mas ao aprender a jogar MLB, acabamos aprendendo como ele funciona por tabela.

No conjunto da obra, comandos e respostas estão ainda mais precisos, oferecendo uma variedade mais ampla que nas versões anteriores. O resultado de arremessos e rebatidas é um pouco mais imprevisível, tornando cada jogo algo realmente diferente do outro, uma forma muito satisfatória de garantir a atenção do jogador por tantas partidas ao longo das temporadas seja com seu próprio avatar, seja gerenciando uma equipe consagrada.

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Não faltam modos de jogo

Se há algo inegável em games que adaptam campeonatos ou ligas dos EUA é a capacidade deles em transpor para esta mídia toda a produção espetaculosa vista na TV americana. Não é só um esporte, mas um negócio, e como tal, deve ser celebrado quase como um evento épico que, consequentemente, se torna imperdível. Toda a publicidade destas ligas está voltada para a valorização de estrelas, jogos históricos, e narrativas heroicas, e cada um destes elementos ganham destaque nos diversos modos de jogo.

No Storylines, somos apresentados a uma série de eventos-chave, com destaque para atletas negros que, ao longo das últimas décadas, marcaram história e se tornaram ícones consagrados, daqueles que estampam os cards colecionáveis que os conterrâneos do Tio Sam adoram ostentar. Aqui, é possível experimentar pontos essenciais na carreira desses jogadores, compreendendo o que os tornaram tão especiais, uma forma que não é nova, mas continua sendo uma das melhores possibilidades para quem quer se aprofundar naquilo que tornou a liga tão importante por lá.

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Para quem prefere seguir uma jornada mais tradicional, tal como fazemos sempre nos jogos de futebol, o modo Diamond Dynasty segue bastante sólido, possibilitando uma customização completa do nosso time, compondo nosso elenco com os cartões de estrelas do presente e do passado, que podem ser adquiridos como bonificação ao jogarmos este e outros modos, ou com as inevitáveis microtransações que se tornaram regra em jogos do gênero. Com um pouquinho de tempo, dá pra ter um time competitivo para os principais desafios, mas como é de se esperar, as maiores estrelas demandam dinheiro ou muita paciência.

Já em Road to the Show, assumimos criar, personalizar e desenvolver a carreira de um jogador desde as prévias (o famigerado draft) até o estrelato, em um formato que traz vários elementos de RPG, como gestão de recursos e ações fora do jogo, diálogo e relacionamento com outras pessoas (famosas ou não) e opções de aperfeiçoamento, mas que na prática é exatamente o que se espera de um formato onde não controlamos um time na temporada completa, mas sim só uma personagem. Isso significa mais dinamismo, já que não precisamos cuidar de todas as jogadas de uma partida, mas também menos controle do que acontece em uma esfera mais ampla.

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Se você é daquele que prefere cuidar de absolutamente tudo, desde os planejamento tático até cada jogada, passando pelas negociações, contratações e gerenciamento da equipe, então não tem como escapar do Modo Franchise, o espaço onde eu, particularmente, sempre passo mais tempo em jogos esportivos por gostar não só de jogar as partidas em si, mas também de todos os meandros dos bastidores.

O maior problema aqui fica, de novo, pela barreira cultural, porque para saber se precisa investir em um second baseman melhor ou no treinamento do pitcher, é fundamental entender quem são e do que eles precisam para funcionar bem dentro do elenco. A falta de localização do jogo inteiro em português talvez seja mais sentido nesse modo, porque para entender o que está acontecendo, quais as queixas, os problemas mais graves na preparação, os desencontros no calendário, tudo depende de uma leitura mais aprofundada do inglês. Sem proficiência no idioma, fica bem mais difícil.

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Há ainda os mais convencionais modos amistosos e outras opções mais simples para colocar o time em campo, e os mais experientes na franquia não terão problema em encontrar seu time favorito ou os melhores jogadores. Completam as opções de celebração do esporte uniformes históricos e uma série de equipamentos (luvas, bolas, proteções, etc.) desbloqueáveis para os principais modos. Tudo isso deve ser um monte de quinquilharias para a maioria de nós, mas para quem gosta de baseball, impossível não se envolver com tantas relíquias.

Um espetáculo audiovisual, em termos

MLB The Show nunca representou o ápice gráfico de qualquer sistema onde já deu as caras. As figuras humanas transpiram um alto valor de produção, principalmente quando se referem aos principais jogadores da liga, mas sempre caminham perigosamente pelo vale da estranheza, e talvez por isso a franquia tenha se estendido para uma visão quase cartunesca de si mesma. Não que o realismo esteja de lado, mas o exagero tenta dar a volta em uma incapacidade de conferir naturalidade a expressões faciais.

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A edição 24 segue o mesmo princípio, e o que temos aqui são figuras que variam entre o carisma indesejado e o boneco de cera animado. Montar o personagem próprio nos revela uma gama enorme de possibilidades, todas elas capazes de deixa-los sempre mais feios. Completa esse pacote desajeitado um problema crônico com cabelos, barbas e outros elementos de colisão que parecem realmente datados.

Excluindo-se esse (nem tão) pequeno detalhe, porém, toda a apresentação audiovisual do jogo é simplesmente incrível. Estádios são riquíssimos em texturas, vários deles são até reconhecíveis por quem os viu em outras mídias, a movimentação nos personagens dentro do jogo é fluida e bem articulada, e as animações, mesmo as mais repetitivas, cumprem muito bem o papel delas. Considerando a diversidade de trejeitos dos jogadores reais, não tem como não se impressionar.

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Enquadramentos são ótimos, efeitos de iluminação são perfeitos (exceto por um ou outro glitch ocasional), e o modelo de transmissão é de altíssima qualidade. O jogo é bonito, colorido, não economiza da saturação e eleva o nível quando trata de detalhes, desde a textura de uniformes desgastados até a colorização de equipamentos surrados. A atenção às mínimas nuances é de se vangloriar, deixando a modelagem humana em segundo plano. Ela ainda importa, porque vemos os jogadores por todos os ângulos o tempo todo, mas nem tanto, felizmente.

Conclusão

MLB The Show 24 é o que de melhor esta franquia tem a oferecer até então, atualizando significativamente a base robusta estabelecida na edição passada. As melhorias na jogabilidade, principalmente no estado defensivo, são latentes e transformam um preocupante marasmo anterior em algo bem mais agradável. Ainda dá pra escolher jogar trechos, pedaços ou por posição em vários modos, mas seja qual for a escolha, cada partida tem seus atrativos revigorados.

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A manutenção da variedade de modos possíveis de se experimentar on-line e a melhoria daquilo que se joga single player preenchem lacunas que dão longevidade ao título, desde que o jogador consiga entender o que está acontecendo seja pelo traquejo com o esporte, seja pelo domínio do idioma. Em especial, vale destacar a possibilidade de se jogar com uma personagem feminina em Road to the Show, algo que segue uma ótima tendência de tolerância e diversidade, tal como a Negro Leagues já levantava como bandeira antes.

Mesmo que, em um primeiro momento, possa parecer um mais-do-mesmo que ainda tropeça em atualizar alguns aspectos para o que há de mais avançado no mercado, é fácil afirmar que MLB The Show 24 é o que de mais interessante o esporte pode trazer em termos de entretenimento, e para entusiastas ou novatos, melhor do que tentar não dormir assistindo uma transmissão da TV é poder experimentar um pouco do que faz esse esporte tão popular na gringa.

Lançado em 19 de março de 2024, MLB The Show 24 está disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox Series X|S, Xbox One, e PlayStation 4, infelizmente sem localização para o português brasileiro nem em áudio, nem em textos e legendas.

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