Análise Arkade: desbravando o mundo selvagem de Monster Hunter World

10 de fevereiro de 2018

Análise Arkade: desbravando o mundo selvagem de Monster Hunter World

Afie sua arma, equipe seu Amigato com uma boa armadura e prepare-se para enfrentas dragões, dinossauros e monstros variados no fantástico mundo de Monster Hunter World.

Bem-vindo ao novo mundo

Monster Hunter World começa coma pegada de “desbravamento” que sem dúvida remete aos colonizadores antigos que singravam os mares em busca de novas terras: você faz parte da Quinta Armada de humanos que está indo desbravar o chamado Novo Mundo, um continente gigantesco que está sendo colonizado aos poucos para ser nosso novo lar.

Até aí tudo bem. O problema é que este exuberante Novo Mundo abriga inúmeras criaturas selvagens, que juntas compõem um intrincado ecossistema. De mosquitos exóticos a monstros gigantes, o bioma que encontramos ali é tão fascinante quanto perigoso, e cabe a nós, caçadores, a missão de tentarmos pacificar um pouco o local, aproveitando para estudar a fauna e a flora já estabelecidas por ali.

Análise Arkade: desbravando o mundo selvagem de Monster Hunter World

Somado a isso, parece que um dragão ancestral chamado Zorah Magdaros (que é literalmente do tamanho de uma montanha) está reunindo forças na região, e é bom alguém dar um jeito nele antes que ele fique poderoso demais. Embora sejamos majoritariamente caçadores, também acabamos sendo exploradores, e vamos desbravar o Novo Mundo para desvendar seus mistérios e subjugar suas feras, acumulando loot para forjar armas e equipamentos melhores para poder caçar monstros maiores e mais ferozes.

Acessível (mas nem tanto)

Considerando que Monster Hunter passou os últimos anos basicamente em portáteis e plataformas da Nintendo, Monster Hunter World está sendo o primeiro contato de muita gente com a franquia — e eu me incluo nesta conta.

Análise Arkade: desbravando o mundo selvagem de Monster Hunter World

Há muita gente dizendo como as coisas foram simplificadas para tornar o jogo mais acessível aos novatos, e isso até deve ser verdade, mas olha, vou te falar a real: se esse é o Monster Hunter mais simplificado e acessível, eu nem consigo imaginar como ele deve ser em sua versão mais complicada.

Monster Hunter World é um RPG de ação parcialmente de mundo aberto extremamente burocrático. Há menus, sub-menus e sub-sub-menus para tudo. Os tutoriais (há toneladas deles) são breves e te ensinam um monte de coisas “inúteis”, deixando de fora algumas coisas bem mais importantes para sua jornada de sobrevivência.

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Olha quanta informação na tela… ¬¬

Talvez quem já acompanhe a série das antigas não tenha problemas com isso, mas a verdade é que Monster Hunter World não é lá muito encorajador para novatos. Você vai passar as primeiras 6 ou 7 horas lendo tabelas e vendo tutoriais, e mesmo assim vai penar um bocado para realmente se familiarizar com as rotinas do game. É uma curva de aprendizado considerável, mas que deve ser superada para que possamos ver o que o game tem de melhor.

Caçando monstros gigantes

Monster Hunter World possui nada menos que 14 tipos de armas diferentes. Algumas são bem comuns, como espadas, lanças e arcos, mas outras são bem exóticas, como uma lança que também é arma de fogo, um cetro que “dispara” insetos e uma enorme gaita de foles (?!). Cada arma possui um estilo de jogo próprio, com peculiaridades que demandam tempo e treinamento para serem dominadas.

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O mundo selvagem do game não é o lugar mais apropriado para experimentações, então é extremamente recomendável que você acesse a área de treinamento do QG se quiser se familiarizar com as mecânicas de cada arma.

Feito isso, é hora da caçada: selecione uma missão no quadro de avisos, equipe-se, faça uma boa refeição — fundamental para entrar em combate com alguns buffs — e  prepare-se para rastrear e enfrentar sua presa. Você terá que encontrar rastros e pegadas da sua caça em um ambiente selvagem extremamente bem construído, onde criaturas dos mais variados tipos e tamanhos estão tocando suas vidinhas.

Além de seu fiel companheiro Amigato, seu caçador carrega alguns vaga-lumes que apontam pistas, itens e pontos de interesse pelo cenário. Conforme desvenda, você aumenta seu conhecimento sobre aquele mundo, o que torna a caçada e a coleta de recursos mais ágil. Quando finalmente estiver cara a cara com o monstro a ser caçado, prepare-se para uma batalha longa e intensa, onde os papéis de caça e caçador podem mudar em questão de segundos!

A arma que você escolher vai alterar bastante o tipo de experiência que você vai ter durante os combates. Depois de experimentar alguns equipamentos um tanto exóticos, eu acabei ficando com as espadas duplas, que causam um bom dano e são bem rápidas, ainda que não ofereçam muita defesa. Mas antes de me decidir eu testei muita coisa, e o enorme martelo também ficou na minha lista de preferidas.

Não temos nenhuma indicação da energia dos monstros, mas é bem normal cada batalha durar mais de 20 minutos — e há um (desnecessário) tempo limite na maioria das missões, geralmente 50 minutos. Ao invés de oferecer uma barra de energia, Monster Hunter World nos obriga a observar os monstros: escoriações e machucados dão uma pista de que estamos no caminho certo. As feras também irão mancar e demonstrar cansaço, outros sinais de que estão quase jogando a toalha.

Conforme a batalha avança, é normal o monstro fugir algumas vezes — aproveite esse intervalo para afiar suas armas antes de uma nova investida, isso é fundamental! Você não precisa necessariamente matar todas as feras que encontrar, usar sedativos e armadilhas para capturá-las com vida também rende bons prêmios.

Um mundo vivo e pulsante

A rotina de Monster Hunter se resume basicamente a pegar uma missão, caçar um monstro, voltar para a base e repetir o processo. Embora isso soe repetitivo, a imprevisibilidade das situações que encontramos durante as caçadas e explorações é o que torna Monster Hunter World um jogo realmente único.

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Em Monster Hunter World, somos pequenos forasteiros em um mundo de gigantes e estamos invadindo um ecossistema já estabelecido enquanto tentamos nos impor perante a natureza. Mas a natureza não vai deixar barato, e a forma como o mundo reage e se modifica ao nosso redor é surpreendente.

Por exemplo: quando um carnívoro enorme se aproxima de um bando de herbívoros, eles assumem uma postura defensiva de alerta, exibindo seus espinhos e defesas. Uma batalha pode acabar invadindo o território de um outro monstro — ainda maior e mais ameaçador — e do nada você pode ter 2 colossos monstruosos se digladiando na sua frente enquanto você tenta não ser pisoteado… ou simplesmente curte o show:

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Há plantas que soltam esporos e dificultam a visão, insetos que dão choque e sapos que paralisam. Há criaturas pequenas que atacam em bandos e ninhos dos quais você pode roubar ovos para fins de pesquisa. Há árvores que, quando derrubadas no calor do combate, prendem os monstros em suas vinhas e cipós. Há monstros que se camuflam na lama, ou que brotam da areia como legítimos predadores.

Monster Hunter World é aquele tipo de jogo que milhões de pessoas estão jogando, mas a experiência de cada um será única e completamente diferente da dos demais. O mundo do jogo e o comportamento das criaturas está o tempo todo criando situações inesperadas, e ter jogo de cintura para se adaptar a tudo isso é parte da experiência.

Eis um exemplo de situação inesperada:

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Se na série Sombras de Mordor/Sombras da Guerra o grande diferencial é o sistema Nemesis, em Monster Hunter World o que se destaca é quão vivo e orgânico é seu mundo. Há um ecossistema vivo e pulsante ao nosso redor o tempo todo, com simbioses complexas e uma cadeia alimentar instável na qual os humanos definitivamente não estão no topo.

Caçando com os amigos

Um diferencial interessante de Monster Hunter World é que ele pode ser explorado em grupos de até quatro jogadores. O jogo automaticamente aumenta a vida dos monstros caso haja mais jogadores na caçada, mas ainda assim as feras darão um bocado de trabalho.

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O sistema de entrar ou encontrar salas é um tanto burocrático, mas existe um bem sacado recurso de pedir ajuda — mais ou menos como em Dark Souls — que costuma dar bons resultados: você dispara um sinalizador que gera um sinal de socorro no quadro de missões de outros jogadores. Se eles toparem te ajudar, entram automaticamente na sua sessão e podem te auxiliar na caçada, e você também pode ajudar os outros pelo quadro de missões.

O modo online do Xbox One andou tendo diversos problemas, e mesmo quando funciona bem ele ainda parece complicado demais — porque simplesmente não tacar os jogadores num mesmo mapa, como Destiny faz? –, mas não se pode negar que jogar de galera deixa tudo mais legal. E você ainda pode desafiar seus amigos para uma queda de braço, ou até mesmo beber até cair  ao lado deles, como na vida real!

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Considerando quão orgânico e adaptativo é o universo do game, eu realmente gostaria que o multiplayer de Monster Hunter World fosse mais acessível, mais “on the flow”. Mas, como praticamente tudo que tange este game, aqui há uma camada extra de complexidade desnecessária, tornando o ato de caçar em grupo muito menos dinâmico e intuitivo do que deveria ser.

Audiovisual

Monster Hunter World é um jogo visualmente impressionante. Seu mundo é vasto e exuberante, com uma boa variedade de ambientes — florestas, desertos, pântanos — e cheio de plantas e animais exóticos. O design dos principais monstros da campanha é espetacular: cada criatura tem uma aparência única, e conforme acumula “peças” deles, você pode criar armas e armaduras que replicam um pouco da aparência dos monstros.

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Quem jogar no Playstation 4 Pro ou no Xbox One X poderá escolher como quer jogar: com foco nos gráficos (mais detalhes e 30fps), foco no desempenho (60 fps rodando em full HD) ou foco na resolução (priorizando o 4K). As diferenças são discutíveis, mas no geral o game traz um visual excelente para um game desta magnitude.

O game possui uma trilha sonora que não é realmente memorável, mas consegue deixar os combates mais emocionantes. Há três opções de dublagem — japonês, inglês e o idioma próprio do jogo –, com menus e legendas disponíveis no nosso bom e velho português brasileiro.

Conclusão

Mesmo sendo um integrante supostamente mais acessível da série Monster Hunter, o que temos aqui é um jogo sistemático e um tanto burocrático, que só fica realmente legal depois de algumas horas. Porém, quando você entra no clima e se habitua com todas as suas idiossincrasias questionáveis, vai se divertir a valer, especialmente se estiver caçando monstros com seus amigos.

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Não posso deixar de ressaltar que Monster Hunter World repete um deslize que anda se tornando recorrente: dá uma esticada na campanha te obrigando a fazer missões que não desenvolvem a narrativa, o que gera uma barriga bem desnecessária.

Mas, antes dessa “barriga”, temos conteúdo que garante fácil mais de 30 horas de jogatina, e se você quiser realmente se empenhar nas caçadas para forjar os melhores equipamentos, pode dobrar essa estimativa — é necessário caçar monstros de uma mesma espécie várias vezes para conseguir todas as “peças”.

Eu adoraria que ele fosse menos sistemático para que eu pudesse me focar só na parte boa, mas talvez isso seja impossível de ser feito (ou não, vai saber). O fato é que, mesmo depois de 40 horas eu estava me irritando com alguns elementos… mas também estava me divertindo muito com outros.

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Não achei Monster Hunter World essa obra de arte que todo mundo anda pregando por aí, especialmente pelo seu excesso de detalhezinhos irritantes, mas no fim das contas, o saldo foi positivo. Provavelmente vou voltar esporadicamente para o game, simplesmente pela diversão frenética de caçar monstros com a galera.

Monster Hunter World foi lançado em 26 de janeiro, com versões para Playstation 4 e Xbox One. Futuramente, o game deve sair também para PCs.

Uma resposta para “Análise Arkade: desbravando o mundo selvagem de Monster Hunter World”

  • 21 de fevereiro de 2018 às 15:56 -

    Alexander melo

  • Estou jogando, mas estou sem tempo pra jogar direto, porém amei o jogo

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