Análise Arkade: New Pokémon Snap, uma simpática e relaxante jornada fotográfica

12 de maio de 2021
Análise Arkade: New Pokémon Snap, uma simpática e relaxante jornada fotográfica

Mais de 20 anos após o lançamento de Pokémon Snap no saudoso Nintendo 64, chega a hora de bancarmos o paparazzi dos monstrinhos mais famosos do mundo dos games em New Pokémon Snap, agora no Nintendo Switch!

Shooter on-rails contemplativo

Esta pode ser uma afirmação meio controversa, mas ambos os jogos da série Pokémon Snap — o original de 1999 e o novo, de 2021 — são, basicamente, on-rail shooters. A questão é que não estamos atirando com armas de fogo nem matando os monstrinhos, mas flagrando-os em seus habitats naturais com câmeras fotográficas (virtuais).

Em New Pokémon Snap, assumimos o papel de um(a) fotógrafo(a) novato(a), que viajou até a região das Lental Islands para ajudar o Professor Mirror e sua assistente Rita a catalogar e estudar os monstrinhos da região e descobrir mais sobre um evento conhecido como Illumina, que afeta a fauna e flora do local.

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O arquipélago abrange um conjunto de ilhas com biomas muito distintos, que servem de lar para centenas de espécies de Pokémon. Há florestas, desertos, praias paradisíacas e áreas vulcânicas. Neste intrincado ecossistema, nossa missão é embarcar em um “carrinho de montanha-russa” criativamente chamado NEO-ONE para fotografar os bichinhos enquanto eles estão livres, soltos na natureza.

É uma premissa simples, mas funcional para o propósito do game. Porém, eu gostaria de ver a Nintendo sendo mais ousada, menos clichê. Sabemos como vídeos de gatinhos e gifs de animais fazem sucesso na internet, então, ao invés dessa premissa batida de “estudo científico”, o jogo poderia ter um tom mais leve e divertido, se, por exemplo, controlássemos algum membro da Equipe Rocket, que está enchendo a internet com conteúdos divertidos sobre Pokémon para encobrir um dos esquemas nefastos da organização. Ou ainda, poderíamos controlar um detetive particular contratado por um treinador que está em busca de um Pokémon específico para treinar.

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Essas são só ideias bobas que eu tive aqui, mas até que poderiam funcionar, vai? Nada contra a história do “ajudante do cientista” e o nobre objetivo acadêmico (de mentirinha) que sustenta o jogo… é só que, como eu disse, é tudo bem clichê. A premissa fotográfica do jogo poderia muito bem ser explorada de formas menos óbvias.

Montanha-russa fotográfica

O gameplay de New Pokémon Snap é bastante simples. Nossa base de atividades é o laboratório do Professor Mirror, onde interagimos com um elenco de apoio que nos fornece equipamentos, dicas e nos passa os objetivos de nossas excursões.

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O NEO-ONE nos leva para as excursões

Feito isso, embarcamos no NEO-ONE — que é operado automaticamente — e estamos prontos para a ação… que no caso, é basicamente ficar atento aos arredores para não perder nenhum clique interessante.

Começamos passeando pelas belas planícies arborizadas de Florio Nature Park, que abriga uma boa variedade de Pokémon. Não demora muito para ganharmos acesso ao passeio noturno na mesma região. Como há monstrinhos de hábitos diurnos e noturnos, visitar cada ambiente de dia e de noite rende experiências bastante diferentes.

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É gostoso ver os bichinhos curtindo a vida selvagem :)

Com o tempo, vamos ganhando novas ferramentas, que acrescentam novas camadas ao princípio básico do jogo: temos acesso a um scanner, que não só detecta pontos de interesse pelo cenário, como faz alguns Pokémon reagirem de formas diferentes. Também podemos atirar frutas para os monstrinhos comerem, ou até tocar música para algumas espécies dançarem.

Em nossa Photodex, cada espécie tem uma página com 4 tipos de fotos diferentes, que ilustram as variações de comportamento que podemos flagrar. Fotografar uma Torterra acordada, por exemplo, rende um tipo de foto; enquanto clicá-la dormindo vale uma imagem de outra categoria. E que tal fazer uma foto dela comendo?

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Uma Torterra dormindo, para ilustrar :D

Ao final de cada excursão, devemos separar nossas melhores fotos para apresentar ao Professor Mirror, que analisará cada imagem, atribuindo pontos em diferentes categorias.

Ele vai avaliar, por exemplo, o enquadramento da foto — centralizar o ponto de interesse sempre rende mais pontos. Também vai atribuir pontos conforme a visibilidade do Pokémon clicado. Se houver mais de um Pokémon no frame, ele irá recompensá-lo por isso. Há outros fatores que são levados em consideração, mas no geral tudo é bastante didático e fácil de entender.

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Um detalhe interessante é que os pontos que acumulamos em uma região elevam o nosso “nível de explorador” daquela área. Isso quer dizer que os bichinhos ficarão mais à vontade com a nossa presença, podendo exibir novos comportamentos e interações entre si. Níveis mais altos de exploração também fazem Pokémon mais raros aparecem em uma região previamente visitada.

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BIIIIRL

Na prática, subir de nível significa conhecer cada vez melhor a fauna Pokémon de cada região.

Fator replay & Curiosidade

Isso é o básico do jogo… e na verdade, ele não vai muito além disso. Porém, estimula a criatividade e atenção do jogador com um sistema de solicitações: os personagens secundários irão nos pedir cliques bem específicos, e premiar-nos caso consigamos realizar boas fotos de momentos pitorescos. Nem todas essas fotos são fáceis de conseguir, mas são legais por fomentarem a percepção do jogador e a interação com o ambiente.

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Um exemplo de pedido bem específico: uma foto de um Quagsire pulando na água

Além disso, o fator replay é aumentado pela simples curiosidade de conhecermos novos comportamentos, rotas e bichos. Depois que você libera a possibilidade de tocar música para os Pokémon, por exemplo, vai querer revisitar o Florio Nature Park de posse dessa habilidade, para ver como os bichinhos de lá reagem à música. E quando subir de nível, pode ser que novas surpresas apareçam. O loop de gameplay é retroalimentado por quão “bisbilhoteiro” o jogador é.

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Modéstia à parte, achei essa foto muito boa. :)

Como somos passageiros passivos do NEO-ONE, andamos por um trilho pré-determinado, sem controle da direção. Porém, ocasionalmente ocorrerão eventos que podem liberar novos caminhos e dar acesso a novas áreas, mesmo em cenários já conhecidos. Ao invés de ficar no solo, abre-se um caminho sobre o lago, por exemplo, permitindo uma visão privilegiada das criaturas que vivem por ali.

Audiovisual

New Pokémon Snap tira proveito do hardware do Nintendo Switch para oferecer uma experiência muito mais vívida, colorida e variada. As paisagens estão muito bonitas e os Pokémon são muito bem modelados e animados.

O tal fenômeno Illumina — uma espécie de bioluminescência — deixa o visual especialmente bonito, uma vez que afeta tanto o cenário quanto os Pokémon. E, a troca de dia e noite também é bem-vinda para enriquecer a paleta de cores e o apelo visual do game.

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O fenômeno Illumina em ação

Uma novidade que não existia nos tempos do Nintendo 64 é o controle por movimentos: você pode usar os sensores dos Joycons para “mirar” em várias direções, como faria com uma câmera real. A precisão deixa um pouco a desejar, mas não deixa de ser uma forma lúdica e divertida de sentir-se ainda mais imerso na experiência fotográfica proposta.

Por falar nisso, depois que as fotos já estão prontas, é possível “incrementá-las” com adesivos, filtros e outros recursos. Também podemos salvar nossas melhores fotos para compartilhar com a comunidade em um álbum online.

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Tipo assim XD

New Pokémon Snap tem algumas cutscenes com vozes, mas não são todas. No geral, o que ouvimos são apenas algumas interjeições simples dos personagens, aplicadas sobre diálogos por escrito. Os Pokémon, por sua vez, mantém os ruídos que a gente já conhece do anime e dos games da série. A trilha sonora é simpática, mas suave, contribuindo com a atmosfera contemplativa do jogo.

Conclusão

New Pokémon Snap é um jogo bastante simples, mas também muito relaxante. Eu diria que ele é mais um passatempo “gameficado” do que um jogo propriamente dito, que insere o book fotográfico dos monstrinhos em uma história simples, mas aprazível de acompanhar, acompanhada por mecânicas de gameplay bastante acessíveis e intuitivas.

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Não poderia faltar ele, né <3

Sem nenhum elemento típico de Pokémon — capturas, ginásios, batalhas — o que temos aqui é um exercício de curiosidade e contemplação, que insere os bichinhos mais famosos dos videogames em seus próprios habitats, e nos permite “xeretar” em suas vidinhas quando eles estão à solta.

Quem curte Pokémon, sem dúvida vai apreciar este passeio pacífico pela região de Lental. E, como o jogo vai desbloqueando novos conteúdos a medida que jogamos, revisitar os diferentes biomas pode brindar o jogador com momentos únicos, aparições de Pokémon raros e outras surpresas.

Análise Arkade: New Pokémon Snap, uma simpática e relaxante jornada fotográfica

Sem limitar-se em apelar para a nostalgia do jogo de Nintendo 64, o que temos aqui é um jogo novo, que expande o conceito criado em 1999, sem, contudo, afastar-se do que fez ele funcionar. Então, se você gosta de Pokémon e de fotografia, New Pokémon Snap é uma ótima pedida.

New Pokémon Snap foi lançado em 30 de abril, com exclusividade para o Nintendo Switch. Infelizmente, o game não recebeu localização para o nosso idioma, e conta com áudio, menus e legendas em inglês.

Uma resposta para “Análise Arkade: New Pokémon Snap, uma simpática e relaxante jornada fotográfica”

  • 12 de maio de 2021 às 23:17 -

    Helinux

  • joguei a versão n64…sinceramente não sou muito chegado a esse tipo de jogo!!!! valeu!!!!

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