Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir

25 de junho de 2016

Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir

Odin Sphere é um RPG de 2007 para o Playstation 2. Lançado pela Atlus, o game foi produzido pela Vanillaware, empresa que ficou mais conhecida em 2013 com o lançamento do belíssimo Dragon’s Crown. Ele ganhou um remake este ano, e a gente passou mais de 40 horas jogando para trazer uma análise completa do game para você!

Agora, 9 anos e 2 gerações depois, Atlus e Vanillaware unem forças novamente para apresentar Odin Sphere a uma nova geração de jogadores… ou para velhos jogadores que, como eu, não experimentaram o game no PS2Odin Sphere Leifthrasir é um remake pra lá de caprichado do game, e traz muitas boas novidades!

Um jogo, várias histórias

Em tempos onde recebemos muitos jogos sem campanha, Odin Sphere Leifthrasir capricha e nos entrega nada menos que 5 campanhas diferentes, separadas em livros: temos 5 livros, um para cada um dos personagens principais: Gwendolyn, Cornelius, Mercedes, Oswald e Velvet — todos ligados de alguma maneira às famílias reais dos principais reinos do mundo de Erion.

Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir

Alice é a garotinha que “lê” as campanhas de todos os personagens.

Todos carregam armas chamadas Psyphers, mas as semelhanças não param por aí: os personagens e narrativas meio que se esbarram ocasionalmente, e você vai encontrar uns enquanto joga com outros, e vice-versa, ainda que as histórias não necessariamente ocorram em paralelo. Isso cria uma coesão narrativa interessante.

Na prática, fica difícil fazer uma sinopse de um jogo com tantas histórias, pois cada personagem possui suas próprias motivações e dilemas: Gwendolyn quer ser admirada por seu pai, Cornelius busca a cura para uma maldição que lhe transformou em uma criaturinha esquisita, Mercedes é obrigada a assumir prematuramente o trono que era de sua mãe, e por aí vai.

Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir

Mercedes no leito de morte de sua mãe.

As histórias são bastante densas, com algumas reviravoltas e vários personagens secundários interessantes. Ah, e a trama em si não acaba no quinto livro: quando terminar as 5 campanhas, você ganha acesso a um sexto livro, e se fizer tudo direitinho nele, garante acesso ao sétimo (e último livro), que lhe concede o direito de ver o “final bom” do game. Ufa, é bastante coisa, e fazer tudo isso certamente vai lhe render mais de 40 horas de jogo!

Combates frenéticos

O gameplay de Odin Sphere Leifthrasir mistura exploração com combates em tempo real bem frenéticos, que remetem a jogos como Dust: An Elysian Tail, Guardian Heroes ou Princess Crown, se você é “das antigas”. Temos basicamente um botão de ataque (que resulta em diferentes golpes ao ser usado junto com o direcional), mas são desbloqueados diversos tipos de técnicas especiais e magias enquanto o jogo progride (é possível criar atalhos para as que você mais usa), e também pode utilizar poções variadas — para queimar, envenenar, congelar, cegar — os inimigos.

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Ainda que mecanicamente o game seja essencialmente o mesmo para todos os 5 personagens, cada um têm seu próprio modus operandi, com diferenças bem grandes de agilidade e força. Alguns podem voar, outros não, e a arma principal de cada personagem — lança, espada, besta, adaga e “chicote”, respectivamente — altera bastante a forma como eles se comportam em batalha. Dashes, glides, parries, esquivas e outros pormenores acrescentam boas camadas de complexidade ao combate.

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A árvore de habilidades dos personagens é bem grande.

Independente da arma e do personagem, cada batalha é uma dança frenética de golpes, esquivas e magias, e o contador de hits corre loucamente e passa fácil das centenas de golpes. Confira abaixo o gameplay de uma batalha especialmente complexa que tive contra uma gosma verde o King Ooze, durante a campanha do Cornelius:

O mais legal é que o mapa do jogo deixa bem claro quais são as áreas de combate em cada cenário e qual o level dos inimigos que você vai encontrar lá,o que pode evitar surpresas desagradáveis. E quando precisar upar seu personagem, corra para um restaurante, pois neste jogo temos…

Culinária de primeira

Quando não estiver se engalfinhando com inimigos, você estará explorando belos cenários em busca de itens variados, chaves para abrir certas portas e até mesmo receitas (?!). Pois é, a comida tem um papel muito importante neste jogo: tudo o que você come lhe dá uma quantidade específica de XP, de modo que se alimentar é a melhor maneira de upar seus personagens!

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A Pooka Village tem 2 bons restaurantes para você upar seus personagens.

Você está o tempo todo coletando sementes, que podem ser plantadas para lhe dar frutos comestíveis (há até um tipo de árvore da qual nascem cabritos), e conforme coleta as receitas (e os ingredientes para prepará-las), o Maury’s Touring Restaurant (que é uma das novidades do game, e pode ser acessado de qualquer área de descanso) vai aumentando seu cardápio, e tudo o que você come lá ajuda a subir o level dos seus personagens.

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Receita do sucesso (?!)

A criação de poções também tem toda uma alquimia envolvida, e o tipo de poção (e o poder de seu efeito) varia conforme os ingredientes que você coloca na mistura. O trailer abaixo dá um panorama geral sobre este lado culinário/alquímico do game:

A dica aqui é: não economize na hora de comer. Compre ingredientes, plante sementes, faça visitas regulares aos restaurantes da Pooka Village… enfim, se alimente o máximo que puder, pois além de recuperar (e aumentar) sua barra de vida, a culinária de Odin Sphere Leifthrasir está diretamente atrelada à evolução dos seus personagens.

Um jogo lindo (e com novidades)

Acho que é desnecessário dizer isso se você conferiu os vídeos e imagens acima, mas não custa relembrar: Odin Sphere Leifthrasir é um jogo lindo, e cada frame dele parece uma artwork. A Vanillaware trouxe de volta o estilo “aquarelado” de Dragon’s Crown e acertou em cheio. O character design também é incrível, cada personagem esbanja carisma, e todos os detalhes parecem feitos com carinho e muito capricho.

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Olha esse character design, cara. <3

O game original já era bonito em 2007, mas agora tudo está ainda melhor, pois (no PS4, onde joguei) o game roda lindamente em 1080p e 60 frames por segundo, o que oferece uma experiência muito mais fluida e responsiva.

A trilha sonora mantém a mesma qualidade, apresentando temas realmente inspirados, orquestrações e corais de primeira grandeza para dar o tom épico que um bom RPG de fantasia demanda. Nas dublagens, você pode escolher entre japonês ou inglês, e ambas estão excelentes. Infelizmente, porém, nada de localização em nosso idioma: menus e legendas só em inglês.

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Os menus estão muito mais organizados e intuitivos.

Por ser um remake, a Vanillaware aproveitou para melhorar alguns aspectos do game, tornando os menus mais organizados e intuitivos e até expandindo mapas e acrescentando áreas secretas e sub-chefes. E você ainda pode encarar um New Game +, ou mesmo curtir o Odin Sphere original, de 2007, que vem “de brinde”.Este definitivamente não é um remake preguiçoso, “feito nas coxas” só para ganhar dinheiro: é um remake feito com carinho e atenção a cada detalhe.

Meu único problema com o game

Eu gostei MUITO de Odin Sphere Leifthrasir. Muito mesmo. Ele é impecável em praticamente tudo. Só tem uma coisa nele que me aborreceu um pouco, e é justamente o “excesso de campanhas” que ele oferece, o que acaba tornando o game um pouco repetitivo.

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Permita-me explicar: a primeira das campanhas é a a Gwendolyn. Eu passei cerca de 8 horas com ela, me envolvi com seus dilemas, e com muito esforço, tornei-a uma Valkyrie nível 53 excelente. Estava realmente curtindo jogar com ela… aí a campanha dela acabou e automaticamente eu fui apresentado ao Cornelius. Um novo personagem zerado. Sem level, sem dinheiro, sem itens… sem nada.

Passei 6 ou 7 horas jogando com Cornelius e também consegui ir além do Level 50 com ele, me envolvi com sua trama… e aí a campanha dele acabou e eu fui apresentado a Mercedes, mais uma personagem para ser “lapidada” (literalmente) do zero. E isso aconteceu de novo… e de novo. Particularmente, achei isso bem frustrante, especialmente porque eu gostei mais de jogar com alguns personagens do que com outros.

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Para “piorar”, ainda que cada personagem tenha sua própria história e suas motivações, na maior parte do tempo você vai passar pelos mesmos lugares e enfrentar os mesmos inimigos com todos eles, só não na mesma ordem. O que foi o último chefe nível 50 para um pode ser o primeiro chefe nível 5 para outro, mas ainda é essencialmente, o mesmo inimigo. E isso acontece com 95% dos chefes, sub-chefes… bem, com todos os inimigos, basicamente.

Não sei como isso funcionaria em termos de narrativa, mas talvez se as histórias fossem intercaladas (tipo um capítulo para cada personagem, como nos livros de Game of Thrones), ou pudéssemos formar uma party com todos eles, essa sensação de “estou matando esse dragão de novo” fosse minimizada. E esse feeling de “estou matando esse dragão de novo” acontece bastante:

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Enfrentando Belial pela 1ª vez: da hora!

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Enfrentando Belial pela 2ª vez: ok, ainda é legal.

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Enfrentando Belial pela 3ª vez: esse dragão de novo?

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Enfrentando Belial pela 4ª vez: isso tá ficando chato…

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Enfrentando Belial pela 5ª vez: não aguento mais esse maldito dragão!!

Claro que minhas sugestões para “resolver” isso são pífias. Esta é uma questão de game design que afetaria a qualidade da narrativa, e eu não estou em posição de dizer qual seria a melhor maneira de resolver isso. Talvez isso nem incomode você. Só estou dizendo que, na minha opinião, do jeito que o game está, ele acaba se tornando repetitivo.

Conclusão

Odin Sphere Leifthrasir é um RPG incrível, que mistura gameplay afiado com audiovisual de primeira qualidade e personagens super carismáticos. A inerente repetição causada pelas 5 campanhas me incomodou um pouco, mas isso não ofusca o brilho deste que é sem dúvida um game feito com muito capricho.

Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir

Se você curte RPGs 2D na linha de Dust An Elysian Tail (ou do próprio Dragon’s Crown, também da Vanillaware) ou simplesmente quer matar a saudade de Odin Sphere, não deixe de experimentar este remake. Ele está maior e melhor, e certamente vai te encantar… desde que você não ligue para um pouco de repetição.

Odin Sphere Leifthrasir foi lançado em 7 de junho deste ano, com versões para PS4, PS3 e PS Vita.

2 Respostas para “Análise Arkade: as muitas histórias de Odin Sphere Leifthrasir”

  • 10 de maio de 2017 às 23:05 -

    Roberto

  • Esse jogo é do tipo que você jogaria novamente

  • 28 de janeiro de 2018 às 05:19 -

    Pedro Fontes Baptista

  • Bom dia amigos, eu tenho uma dúvida sobre esse jogo: Será que nele teria a possibilidade de colocar a legenda em espanhol?
    Fico muito grato se puderem me responder.
    Desde já fico agradecido. Abraço. Pedro Fontes.

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