Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!

30 de novembro de 2017

Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!

Sim, o trocadilho do título é infame. Mas nem por isso deixa de representar a essência de Oh My Godheads, game indie desenvolvido pela espanhola Titutitech utilizando as mecânicas simples do clássico Capture a Bandeira. Se por um lado não há muito de inovador nas mecânicas básicas desse game, por outro é bastante divertido e honesto para uma bela tarde descompromissada com amigos de sofá.

Tão simples quanto divertido

A premissa básica do game é das mais descomplicadas, mesmo para um típico jogo de arena. Dentre os até 4 competidores – que podem ser outras pessoas locais ou bots (infelizmente, não há multiplayer online), aquele que cumprir os objetivos do modo selecionado ganha a rodada e… só. Não há níveis de evolução para personagens ou jogadores, não há prêmios, nem nada. No máximo, alguns desbloqueios de cenários ou cabeças, mas nada que valha como investimento de uma carreira.

Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!

Nesse sentido, são alguns os modos possíveis de jogo: o mais convencional é o de capturar a cabeça, onde cada jogador (ou time) deve levar uma estátua de uma divindade até o ponto definido e impedir o adversário de fazer o mesmo. Para tanto, é possível utilizar alguns ataques simples e utilizar power-ups, como tortas explosivas, espalhados pelo cenário.

Outro modo interessante é uma variação do primeiro, onde ao invés de levar as cabeças até um ponto determinado o jogador precisa segurá-la o máximo de tempo possível antes de ser atacado pelo adversário. A intenção, portanto, é a de conseguir ficar longe dos inimigos, ou até mesmo usar as especificidades de cada estátua a seu favor para se manter mais tempo com a cabeça nas mãos.

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Os outros modos presentes no jogo deixam as cabeças de lado e são pautados no mata-mata. Um conta quantas mortes você causa em seus inimigos e, no outro, quem ganha é o último a ficar vivo. Há ainda um quinto modo de desafios, ou trials, com tarefas simples de serem executadas e que funciona muito mais como um modo treino para as poucas possibilidades de ação, como ataques com saltos, dashs e uso de power-ups.

Fica claro, portanto, que inventividade não é um ponto forte do jogo, e nem parece ser a proposta. O importante é entender que não há qualquer motivação narrativa aqui e nada está lá para fazer sentido. É uma junção de várias coisas nonsense, com personagens como uma caveira, um ninja ou um pinguim dentro de uma arena carregando cabeças de divindades que soltam algum tipo de maldição.

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A questão principal é ser absolutamente descompromissado e feito para diversão pura em um dia de bobeira. E nesse caso, o jogo consegue ser muito competente e bem sucedido, rendendo boas disputas com uma jogabilidade simples. Não demora muito para que qualquer jogador consiga dominar os comandos do game e sair carregando estátuas ou massacrando os inimigos.

O problema é que há pouca motivação para se dedicar de verdade ao jogo. Em questão de minutos, é possível terminar todas as trials, passar por todos os modos, conhecer todos os mapas e experimentar todas as divindades presentes. A possibilidade de conquistar pontuações maiores e entrar no ranking com os amigos pode até render mais um pouco, mas nada que vá muito além.

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É aí que reside o maior obstáculo do jogo: a vida curta, principalmente para quem joga sozinho – ou está a maior parte do tempo sem alguém do lado para tornar o jogo interessante enquanto ação coletiva. É o típico game que só vale a pena para quem realmente gosta de jogar com amigos ou a família e quer ter lá instalado para aquele pós-churrasco de domingo. Do contrário, vai ser mais um daqueles jogos que se baixa, instala, experimenta, e desinstala logo em seguida.

Bonitinho, mas limitado

As mesmas qualidades e problemas relatados acima podem ser vistos no visual. Em um primeiro momento, o jogo é interessante, usa aqui e ali boas referências que lembram os ambientes e também as mitologias que lhe inspiram, mas logo isso não importa muito. O mesmo pode ser dito dos personagens, que no final são sempre o mesmo, com skins que nem importam muito durante as partidas em si.

Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!

As cabeças das diferentes divindades são um pouco mais interessantes em termos estéticos, transparecendo um cuidado um pouco maior da produção em elevá-las ao protagonismo de Oh My Godheads. Curioso que mais da metade dos modos do game ignorem a presença delas e, dependendo do gosto do jogador, elas podem ficar de lado por um bom tempo.

Em termos sonoros, não há um grande destaque também. As músicas aventurescas são muito similares ao que já vemos em jogos de plataforma ou mesmo em games de kart, mas sem muitas inspirações marcantes. Funcionam para o descompromisso, mas só isso. O mesmo pode ser dito dos efeitos sonoros e da mixagem, que estão lá muito mais como complemento da experiência do que, de fato, como um elemento de linguagem. Faz o arroz-com-feijão básico, sem aquele tempero especial.

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Em resumo, é um jogo que até se utiliza bem de uma estética que flerta com um 3D retrô, com polígonos grandes que lembram os primeiros jogos deste estilo – algo similar ao que o pixel art faz com os jogos da era 16 bits – e não decepciona, mas também não brilha, com cenários pouco inspirados, personagens genéricos, cenografia simplificada e sonorização básica.

Conclusão

Oh My Godheads é um jogo casual e totalmente descompromissado. Não tem nenhuma pretensão mais gananciosa e nem tenta parecer mais do que é. É honesto em propor uma diversão multiplayer local descomplicada, com mecânicas e escolhas estéticas que corroboram com essa simplicidade de projeto. Nesse sentido, considerando todas as limitações, é um jogo divertido, que consegue render boas risadas ou aquelas desculpas de que o jogo está roubando para o seu primo. Mas não vai além disso.

Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!

O grande diferencial, como fica explícito na ótima referência do título a uma expressão comum da língua inglesa, é o uso de cabeças gigantes de divindades de diferentes culturas como as velhas bandeiras. Soma-se a isso cenários e personagens que não fazem lá muito sentido mas que promovem uma certa – e limitada – variedade para a partida seguinte. Contudo, nada disso garante longevidade ao título, que só fica lá instalado porque ocupa pouco espaço em disco e entra naquela lógica de “vai que minha família vem pra cá no domingo…”. Se esse é o seu perfil, pode ser bacana investir (pouco) dinheiro no game. Senão, não vale a pena.

Oh My Godheads será lançado dia 5 de dezembro, com versões para PC, Playstation 4 e XBox One, com textos em inglês.

Uma resposta para “Análise Arkade: Não perca a cabeça com Oh My Godheads!”

  • 30 de novembro de 2017 às 18:02 -

    Onigumo

  • Noossaaaa, deuses! E cavaleiros! E multijogador! Parece muito dark souls esse jogo, soul-likezao massa!

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