Análise Arkade: Override 2 Super Mech League é luta de robôs “made in Brazil”

16 de janeiro de 2021
Análise Arkade: Override 2 Super Mech League é luta de robôs "made in Brazil"

A pancadaria de robôs gigantes com tempero brasileiro está de volta: Override 2 Super Mech League traz até o Ultraman para a porrada, confira nossa análise!

Para quem não lembra, o primeiro jogo, Override: Mech City Brawl, foi lançado no finalzinho de 2018, e trazia um mundo invadido por monstros alienígenas gigantes, que precisava ser protegido por robôs gigantes e seus pilotos. Uma coisa meio Pacific Rim, saca?

Neste novo jogo, a invasão foi contida, e o mundo seguiu adiante. O que fazer com os robôs gigantes que sobraram? Criar um esporte, claro! Assim nasceu a Super Mech League, basicamente um MMA futurista em que pilotos de mechas gigantes batalham entre si, têm agentes que administram suas carreiras, patrocinadores, e tudo mais.

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Não há realmente uma narrativa sendo desenvolvida: Override 2 Super Mech League é um jogo pensado para o multiplayer, e mesmo as Ligas vão tentar te encaixar em arenas contra outros jogadores — enfrentar a IA é sempre a segunda opção. Por fazer essa escolha, o jogo sacrifica qualquer tentativa de ter uma história single player bacana. O máximo que vamos receber são comentários de nossa agente, que servem para nos dar um pouco de pano de fundo daquele mundo.

Da garagem para o ringue

Override 2 Super Mech League é um jogo bem direto ao ponto — até enxuto demais, eu diria — em suas opções. Há partidas rápidas, treinamentos e tutoriais, mas o modo de jogo mais relevante, que tenta ser algo como um equivalente ao Modo Carreira, é onde disputamos as ligas.

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Parece uma luta de Ultraman X Megazord, não? XD

A ideia aqui é simples: somos um piloto novato que precisa provar seu valor para se tornar um dos melhores. E o modo de fazer isso é simplesmente jogando e lutando. Há diferentes modelos de ligas: algumas são combates 1×1, outras são confrontos em grupos (tanto 2×2 quanto todos contra todos), e até um estilo battle royale para 4 players, em que a arena vai “diminuindo” e quem ficar fora do círculo, perde. Você começa na classe F de cada liga, e seu objetivo é chegar aos níveis mais elevados de cada uma delas.

Entre uma liga e outra, pode rolar uma oferta de patrocínio de uma das empresas (fictícias) do mundo do jogo. Elas irão te pedir coisas relativamente simples, como “arremesse 50 inimigos” ou “defenda 30 golpes”. Os contratos de patrocínio têm tempo (geralmente duram de 30 minutos a 2 horas), e se você sair do jogo sem concluir um contrato, irá perdê-lo.

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Essa é a Zoe, nossa agente no modo Ligas

O que você ganha com isso? Dinheiro. Como na vida real, o dinheiro lhe permite comprar coisas legais. Aqui, você pode comprar novos robôs, e uma enorme quantidade de acessórios, chapéus e adereços para seus robôs. Perder um contrato não é o fim do mundo, basta continuar jogando, que novas oportunidades aparecerão.

Na prática, não há muito o que fazer além disso no jogo. Você vai da garagem para o ringue, do ringue para a garagem. Compre robôs e acessórios, lute, ganhe dinheiro, gaste em novos robôs e acessórios. Repita ad infinitum.

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Ainda que isso não seja realmente um problema, essa simplicidade meio que vai contra a tendência dos jogos de luta atuais, que desde Mortal Kombat 9 se esforçam para trazer um Modo História legal, uma narrativa que instigue o jogador a continuar. Não que seja obrigatório um jogo de luta ter história, mas eu acho que esse foco em multiplayer de Override 2 Super Mech League torna a experiência como um todo bem rasa.

Porradaria entre robôs

O gameplay de Override 2 Super Mech League é simples, mas funcional. Em um sistema de botões que lembra a série Tekken, temos botões que controlam os membros do robô de forma independente: gatilhos direitos movem perna/braço direito, gatilhos esquerdos assumem a função de perna/braço esquerdo. Fora isso, temos pulos, esquivas e outras ações fundamentais.

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Megazord em ação

Embora este não seja realmente um jogo de combos, é até possível criar algumas combinações bacanas. Apertar dois botões de ataque simultâneos (por exemplo, R1 + R2, ou R2 + L2) ativa algum golpe especial, e cada robô possui suas próprias habilidades — muitas delas bem legais.

Confira um pouco de gameplay no vídeo abaixo. Começo tomando uma surra, mas consigo virar e vencer a batalha:

Na prática, o “sair no soco” de cada robô é meio que igual, o que realmente muda a experiência são os ataques especiais de cada um. Alguns soltam bombas, outros atiram lasers, há golpes no melhor estilo shoryuken e robôs que viram uma bola e “atropelam” seus inimigos. Há muita criatividade nestas habilidades, e tudo é muito acessível: não há sequências complexas de botões, então qualquer um pode “jogar bonito” sem dificuldades.

A pancadaria rola em grandes arenas tridimensionais, que geralmente contam com elementos interativos: você pode literalmente arrancar um prédio do chão e arremessá-lo no seu oponente! Em alguns mapas, também temos pontos de entrega de armas — espadas, lanças, pistolas laser e bazucas — que diversificam um pouco as lutas.

Ultraman é artigo de luxo

Vale ressaltar que o jogo é vendido em duas versões: temos a versão padrão, que traz os robôs originais do jogo — são 20 no total, entre novos e alguns reaproveitados do primeiro game — e temos a Edição de Luxo, aka Ultraman Deluxe Edition, que traz, obviamente, o famoso personagem de tokusatsus Ultraman, que já tem aí mais de 50 anos de carreira — e você viu um pouquinho dele em ação no vídeo ali em cima.

Para quem é fã do personagem, é muito legal ver o Ultraman no jogo — até porque faz tempo que ele anda sumido do mundo dos games… mas, o gameplay dele não é tão diferente dos demais robôs. Claro que ele tem seus próprios golpes especiais — incluindo aquele movimento clássico de fazer uma cruz com os braços e soltar um feixe de luz — mas de resto, a história e tradição do personagem meio que são mal aproveitados no jogo: ele é um personagem extra, e só.

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Esse golpe

Por enquanto, apenas o Ultraman está disponível, mas outros 3 personagens do universo dele serão adicionados em breve: Bemular, Dan Moroboshi e Black King. É um conteúdo bacana — mas um tanto limitado — que custa mais de 60 reais para ser acessado (a versão normal do jogo sai por R$ 149 no PS4/5, a Ultraman Edition custa R$ 214, o upgrade/season pass é vendido por R$ 79). Vai do fã desembolsar tudo isso pelos personagens.

Audiovisual

Como um jogo que foi lançado para a nova e para a “velha” geração, Override 2 Super Mech League oferece desempenhos diferentes em cada plataforma — mais detalhes no site oficial. Eu só joguei no PS5, onde ele roda em 4K a 60fps com pouquíssimos loadings, e em alguns momentos, é possível identificar um ray tracing tímido (especialmente no piso da garagem).

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O visual acha um meio termo interessante entre o realismo e o exagero. Alguns robôs realmente têm visuais aerodinâmicos e agressivos, e realmente parecem maquinas de combate… enquanto outros são um pouco mais “lúdicos”, com destaque para a Sprinkles, que parece uma daquelas máquinas de chicletes!

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Ela pode atirar bolinhas coloridas nos adversários

Ah, e vale a pena mencionar que Override 2 Super Mech League não só está com menus e legendas em português, como também é um jogo brasileiro: o que antes era o estúdio The Balance Inc. agora atende pelo nome de Modus Studios Brazil, e é responsável pelo jogo. É legal ver que um estúdio brasileiro foi comprado por um empresa gringa, e está ganhando espaço e visibilidade para lançar projetos mais ambiciosos.

Conclusão

Override 2 Super Mech League é um jogo de pancadaria entre robôs gigantes divertido, mas que tende a se tornar repetitivo depois de algumas horas. Sem um Modo Carreira de verdade, nem nada muito aprofundado, tudo gira em torno das lutas, que são boas, mas também acabam ficando repetitivas, especialmente pelas mecânicas simplistas de combate.

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O apelo do jogo é mesmo o multiplayer, e eu senti falta de algo que valorizasse mais o esforço do jogador solo — até porque, no PS5 está bem difícil de encontrar oponentes online, de modo que o jogo procura, não acha ninguém, e acaba me jogando em partidas contra a IA.

Enfim, é um jogo divertido, mas bastante limitado por suas próprias escolhas de game design. Que em um terceiro episódio, o pessoal do Modus Studios Brazil seja um pouco mais ousado (e criativo), tanto em termos de gameplay quanto em modos de jogo.

Override 2 Super Mech League está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.

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