Análise Arkade: Persona 5 é um JRPG que impressiona por suas novas mecânicas e direção de arte

23 de abril de 2017

Análise Arkade: Persona 5 é um JRPG que impressiona por suas novas mecânicas e direção de arte

Shin Megami Tensei é uma franquia muito conhecida no Japão e a partir dela surgiu a série Persona, spin-off que ao longo do tempo se tornou mais relevante no ocidente que a obra que lhe deu origem. Depois de quinze títulos entre games principais, spin-offs, remakes e expansões, o quinto capítulo numerado finalmente chega ao ocidente depois de ter sido lançado no Japão em setembro do ano passado.

Desenvolvido e distribuído pela Atlus, Persona 5 é um clássico JRPG com foco principalmente nas interações sociais, podendo ser considerado praticamente uma graphic novel em termos de storytelling, mas com muitas batalhas e controle efetivo do gameplay por parte do jogador.

Com versões exclusivas para consoles da Sony (PS3 e PS4), o game foi adiado algumas vezes e em 4 de abril teve seu lançamento oficial em território ocidental. Será que o novo filho pródigo agradou fora do ambiente nipônico? Confira agora em nosso review sem spoilers de história aqui na Arkade!

Bem-vindo à Tokyo

No início do game conhecemos o protagonista e como de praxe podemos nomeá-lo, mas originalmente seu nome é Akira Kurusu segundo o mangá de Persona 5 que foi lançado no Japão em 22 de setembro de 2016, com ilustrações de Murasaki Hisato. O cenário nos põe em Tokyo, onde Akira é um estudante recém transferido para a Shujin Academy após ter se envolvido em um caso de agressão em sua cidade natal.

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Após esse fato, o jovem é encaminhado para viver com uma espécie de tutor durante um ano: Sojiro Sakura, que é conhecido de seus pais e possui um café chamado Leblanc. Nas horas iniciais do game conhecemos alguns companheiros de jornada como Ryuji Sakamoto, estudante problemático e Ann Takamaki, que está envolvida diretamente na primeira grande missão do jogo. É interessante observar como Persona 5 é contemporâneo, tanto que a forma de entrar nas dungeons é através de uma espécie de aplicativo em seus smarthphones.

Dentro do primeiro castelo encontramos outra personagem extremamente carismática, Morgana, que dentro da realidade alterada é um gato que parece um super-herói e no mundo real é apenas um felino comum.

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Um dos backgrounds do game é esse: Akira, no processo de adaptação à Tokyo e com seus novos amigos tentando entender como funciona e qual o propósito dessa realidade alterada. Porém, a história não é linear e a primeira cena do jogo é quando Akira e seus amigos já estão estabelecidos como Phantom Thieves of Hearts, que são uma espécie de grupo contraventor que atua nos dois mundos.

O protagonista é capturado em uma de suas missões e posteriormente começa a ser interrogado depois de ser agredido diversas vezes por oficiais da lei em busca de respostas. O game alterna entre esses dois momentos: Akira preso contando o que aconteceu desde sua chega à Tokyo e os fatos em si acontecendo e sendo comandados pelo jogador.

Como não podia faltar em Persona 5 também existe a figura do personagem Igor e da Velvet Room, local que serve para aprimorar e criar novas Personas, manifestações da personalidade dos personagens que existem na figura de criaturas com poderes mágicos. Normalmente não existe muitas explicações do por que Igor aparece ou o que ele realmente é, mas sabemos que ele normalmente ajuda o protagonista a descobrir seu poder interno em prol de um bem maior.

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Por toda essa descrição inicial pode-se ter uma boa ideia da estrutura narrativa, mas isso é apenas o início porque a história tem muitas nuances, dualidades e toca em temas adultos como suicídio, assédio sexual e até mesmo sobre a já conhecida pressão que os jovens orientais carregam em busca de excelência acadêmica, profissional e pessoal.

Como todo game da série Persona o desenvolvimento é lento, porém, gradual e exige um conhecimento no mínimo intermediário na língua inglesa, pois mais da metade do jogo é baseado em conversas e não há legendas em português.

Mecânicas de jogo otimizadas

Logo no início somos apresentados a comandos não tão comuns no universo Persona, tais como saltar entre plataformas, se esconder atrás de caixas fazendo o clássico “cover” de jogos de ação e, acredite, há muitos elementos de stealth usando desse subterfúgio.

Outra habilidade inserida chama-se Third Eye, que é usada em muitos títulos atualmente. Trata-se de uma espécie de escaneamento no cenário buscando encontrar itens e ajuda também na resolução de puzzles. Mas a nova mecânica mais interessante é que podemos conversar com nossos adversários quando estão frágeis e com pouca vida em busca de vantagens.

Quando usamos uma habilidade que deixa o inimigo no chão por ser fraco a determinado elemento (fogo, por exemplo) podemos usar o já conhecido All-Out Attack, que consiste em todos os integrantes da party atacarem ao mesmo tempo causando muito dano, solicitar ao inimigo um item ou dinheiro para poupar sua vida ou podemos pedir que ele nos conceda seu poder.

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Usando essa última opção é a maneira que adquirimos novas Personas, visto que cada game da franquia tem um jeito próprio de colecionar as criaturas. Por ser contemporâneo, um dos elementos de diálogo são os smarthphones, então acostume-se a trocar muitas mensagens com seus amigos abordando tanto assuntos triviais quanto informações sobre as missões.

Outra adição foi um sistema básico de crafting que pode forjar desde itens de ataque até lockpicks, que servem para abrir baús na dungeons. Os Social Links funcionam basicamente da mesma forma: aumentando seu nível de interação e consequentemente a confiança e a amizade entre os personagens, somos capazes de otimizar habilidades específicas que ajudam nos combates e em outros aspectos práticos do jogo, sendo que a escala dos Social Links é de 0 a 10.

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Outro aspecto interessante são os codinomes usados por nossos personagens enquanto estão em combate. Akira é chamado de Joker, Ryuji é Skull, Ann é Phanter e Morgana é Mona. Tais apelidos não são cunhados apenas para ser um elemento estético, há uma explicação do por que isso é usado nas dungeons, e, como tudo que envolve Persona, descobrir mais sobre os personagens e seus codinomes insere mais uma camada de profundidade ao denso universo do game.

Audiovisual soberbo

Persona 5 não tem pretensão de concorrer com títulos atuais que prezem pelo fotorrealismo, pois sempre se utilizou de artes mais cartunescas, lembrando animes, para construir seu universo e encantar os jogadores.

E nesse quinto título o diretor do game — Katsura Hashino — elevou tudo a outro nível. Absolutamente tudo é estilizado: desde a transição mais simples entre cenários até o menu de pause, passando pelos impressionantes e frenéticos combates, tudo é carregado de personalidade. Persona 5 é, sem dúvida, um dos jogos mais estilosos dos últimos anos.

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Olha esse menu de pause! *-*

A equipe de som da Atlus — liderada pelo compositor Shoji Meguro — criou uma trilha sonora que é de outro mundo para fãs da música pop japonesa. Tanto que foi lançado no Japão a trilha oficial de Persona 5 com 110 músicas do jogo em 3 CDs.

A Atlus fez um apanhado de algumas músicas e disponibilizou em seu canal oficial do YouTube para que os interessados possam sentir um gostinho do produto.  Se você quer experimentar, clique no play aí embaixo e deslumbre-se:

Shigenori Soejima, que também trabalhou em Persona 3 e 4 assina o character design e novamente faz um trabalho majestoso. Desde deus esboços até a arte final o nível de detalhamento é impressionante e o produto final é de saltar os olhos.

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Conclusão

Persona 5 é um título obrigatório aos fãs da franquia porque pega tudo que estava dando certo e aumenta a escala absurdamente em termos de qualidade gráfica, direção de arte e mecânicas. Porém, justamente  por ser um prato cheio para os fãs que já acompanham a saga há anos, talvez ele não seja a melhor porta de entrada para a série, pois demora para engrenar em termos de ação — não é nada parecido com Final Fantasy XV, por exemplo, que já começa frenético –, possui muitas especificidades e é extremamente desafiador.

Pode-se alternar o nível de dificuldade a qualquer momento, mas até mesmo no Easy há um desafio respeitável, e talvez esse obstáculo desagrade jogadores não familiarizados com a série. Como um clássico JRPG que precisa de dezenas de horas para arranhar sua superfície, Persona 5 tem um ritmo de jogo interessante e te “pega na mão” por pelo menos 10 horas de jogo em função das novas mecânicas, mas depois te deixa livre, e você precisa respeitar o timing do jogo — que é bem diferente do visto em RPGs ocidentais — para progredir.

Análise Arkade: Persona 5 é um JRPG que impressiona por suas novas mecânicas e direção de arte

O que temos aqui é um JRPG “de raiz”, que não embarca em convenções ocidentais para agradar jogadores novatos, e se mantém fiel à sua própria mitologia, ainda que arrume espaço para inserir muitas novidades e tornar o conjunto da obra extremamente contemporâneo.

Persona 5 é um pacote e tanto: o gameplay é frenético e cheio de novidades, mas mesmo assim não dispensa a estratégia. A direção de arte faz com que absolutamente tudo seja estiloso e visualmente bonito. A trilha sonora é maravilhosa e não cansa em momento algum. A história, o mundo e os personagens são incríveis, profundos e cheios de nuances.

Persona 5 foi lançado no ocidente dia 4 de abril e está disponível exclusivamente para PS3 e PS4.

Uma resposta para “Análise Arkade: Persona 5 é um JRPG que impressiona por suas novas mecânicas e direção de arte”

  • 24 de abril de 2017 às 10:03 -

    Glauco Lima

  • Nunca joguei Persona nem Shin Megami Tensei, mas sempre tive curiosidade. Só tenho medo de não curtir todo esse blablabla típico de jogo japonês, kkkkkkkkkkk

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